Em Cartaz

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teatro

Guilherme Leme interpreta personagem extraído da obra do escritor Albert Camus André Gadenberg

TEATRO CACILDA BECKER RECEBE ADAPTAÇÃO DE O ESTRANGEIRO

E

m 1942, Albert Camus, filósofo e escritor franco-argelino, lançou “O Estrangeiro”. O livro, traduzido em diversos idiomas, trouxe uma contribuição fundamental à filosofia, completando o Ciclo do Absurdo. Ganhou uma versão cinematográfica em 1967, dirigida por Luchino Visconti, e inspirou os irmãos Coen ao produzirem o filme “O Homem que Não Estava Lá”. No dia 10, o texto chega aos palcos do Teatro Cacilda Becker em um monólogo. “O Estrangeiro” conta a história de Mersault, indivíduo normal que leva uma vida sem grandes emoções e encara as situações cotidianas com indiferença. Até o dia em que comete um assassinato e se vê em uma situação conflituosa ao longo do julgamento. O trabalho começou em 2007, quando o professor e ator dinamarquês Morten Kirkskov sugeriu que o ator Guilherme Leme montasse a peça no Brasil. “Li a adaptação dele e fiquei encantado (...), trabalhei durante dois anos fazendo leituras dramatizadas no Rio, em Brasília e em São Paulo”, conta. Assim foi nascendo a ideia da concepção para o palco. “Seria uma pessoa, um ator contando uma história, e quando a Vera Holtz entrou para me dirigir, gostou muito dessa proposta e foi ainda 16

FEVEREIRO DE 2012 | emcartaz

mais radical, sugerindo algo minimalista”, completa. Qualquer gesto poderia ser encarado como um excesso, já que a essência estava na palavra de Camus. A função de Leme seria apenas contar essa história. Uma das maiores dificuldades do ator foi extrair a emoção do personagem. “Sou uma pessoa muito forte, principalmente em termos físicos no teatro. Eu uso muito o corpo, sou muito dinâmico no palco”, explica. Ele precisou trabalhar esse lado para apresentar uma pessoa sem emoções, que se guia pelas sensações, pois Mersault não é um ser humano verdadeiro, é um mito, uma ficção. Leme contracena com a iluminação. “Quando convidei o Maneco Quinderé, falei: ‘você não vai fazer a luz, vai interpretar o Sol’. E assim foi feito, com grande maestria, por sinal”. A estrela entra na história como uma protagonista, que permeia toda a angústia do personagem. Embora seja uma versão condensada do livro, o monólogo reflete da mesma forma a complexidade do ser humano e sua dificuldade para se adequar à sociedade. | Lidyanne Aquino | Teatro Cacilda Becker. Zona Oeste. De 10/2 a 4/3. 6ª e sáb., 21h. Dom., 19h. R$ 20


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