Jornal Ipanema

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Corpo em Forma/Saúde

Seborréia – o excesso de gordura na pele Fala-se em seborréia ou dermatite seborréica, quando as glândulas sebáceas produzem substâncias gordurosas acima do normal. Tal excesso deixa a pele oleosa, brilhante, levemente vermelha e espessada e os poros ficam dilatados. Trata-se de uma anormalidade relativamente frequente, com localização predominante nas áreas de grande concentração destas glândulas, como nas asas do nariz, sulco entre o nariz e bochecha, região do esterno (peito), interescápulo-vertebral (costas) e ano-genital. A doença apresenta evolução crônica e recorrente, podendo, nos casos intensos, o sebo escorrer em mistura com suor. Nos portadores deste distúrbio, a compressão do folículo sebáceo provoca a eliminação do chamado filamento seborréico, de cor esbranquiçada e constituído de

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gordura, células da pele e germes. Todavia, quando muito espesso e consistente recebe o nome de comedão. Tal problema aparece na puberdade e relaciona-se com a evolução genital e com o aumento de testosterona nos homens e estrógenos nas mulheres. Atinge o máximo aos 20 anos e pode persistir até a velhice. Também se admite uma predisposição genética, isto é, a pessoa já nasce com esse distúrbio herdado dos pais e avós. Nos indivíduos predispostos, a dermatite seborréica pode ser desencadeada ou aumentada por fatores climáticos, tensão emocional, fadiga, infecções ou excesso de gorduras e açúcares às refeições. Entre as infecções destaca-se a presença de um fungo – Pityrosporum ovale. Por outro lado, a seborréia é observada com maior frequência nos portadores de Aids. A dermatite ou eczema seborréico mostra-se sob a forma de uma erupção vermelho-escamosa,

existindo duas formas: do lactente e do adulto. Nos lactentes, as crostas lácteas surgem nas primeiras semanas ou meses de vida, principalmente no couro cabeludo, face, tronco, e em áreas de dobras da pele (pescoço, axilas, regiões inguinal e genital), geralmente no local da fralda. Porém, não confundir com a dermatite das fraldas, que é uma agressão da pele decorrente da amônia da urina do infante ou com a candidíase, uma infecção por fungo. Nos adultos, as lesões aparecem nos locais dos lactentes, mas predominam no couro cabeludo e face. Em relação ao tratamento, nas crianças as crostas são removidas com óleos vegetais (amêndoas doces, amendoim etc.) ou minerais (vaselina líquida), assim como, com a lavagem de xampus antiseborréicos contendo enxofre, ácido salicílico, cetoconasol etc. Já nos adultos, os xampus podem ser mais agressivos pela presença de

sulfeto de selênio, zinco-piridiona, coaltar e cetoconazol, aplicados três vezes por semana. Ainda, nos casos mais graves, também se empregam produtos a base de cortisona associados aos xampus. Na face, tronco e dobras da pele, os melhores resultados são obtidos com aplicação local de cremes de cortisona. Ainda, em ambos os casos (lactentes e adultos), as infecções por bactérias ou fungos merecem tratamento específico. De modo geral, com o tratamento mencionado à maioria dos casos respondem de forma satisfatória. Porém, o grande problema é a predisposição genética, que a medicina não consegue controlar ou interferir, pois é decorrente de alterações nos genes. Por isso, a seborréia é um distúrbio crônico e recorrente. Isto é, melhora com tratamento, mas pode sempre voltar. Mário Cândido de Oliveira Gomes, médico

JORNAL IPANEMA - 11 de dezembro de 2010


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