Projeto: Palco Flutuante na Baía de Todos-os-Santos

Proposta de

Palco Flutuante

na Baía de Todos-os-Santos A Arquitetura Efêmera como geratriz de experiências artístico-culturais

Eliza Bitencourt 1

INSTITUIÇÃO FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

SEMESTRE 2023.2

ORIENTADORA NAIA ALBAN SUAREZ CONSULTORES TÉCNICOS ACÚSTICA: FELIPE PAIM ENGENHARIA NAVAL: DILSON D'ASSUMPÇÃO NETO ARQUITETURA NAVAL: MARCELO BASTOS ARQUITETURA EFÊMERA: GIUSEPPE MAZZONI FILHO ARQUITETURA EFÊMERA: FAGNER NOVAES DISCENTE ELIZA ANDRADE BITENCOURT PEREIRA BANCA AVALIADORA CAROLINA GABRIELI GALVÃO DE SOUZA MARCOS ANTÔNIO MENEZES QUEIROZ GIUSEPPE MAZZONI FILHO SALVADOR DEZEMBRO, 2023 2

3

Sumário

“E quando a viola gemer nas mãos do seres-

01. INTRODUÇÃO CIDADE RECEPTÁCULO 02. SALVADOR: DA CELEBRAÇÃO MUSICAL 03. ARQUITETURA EFÊMERA 03.1 03.2

03.3

teiro na rua trepidante da cidade mais agitada, não tenhas, moça, um minuto de indecisão.

Atende ao chamado e vem. A Bahia te espera para sua festa quotidiana”.

(AMADO, 2010, p.7)

EXPOSIÇÃO DE CONCEITOS APRESENTAÇÃO DO PAPEL DO ARQUITETO NA ELABORAÇÃO DE ESPETÁCULOS MUSICAIS ESTUDO DE CASO

04. ARQUITETURA FLUTUANTE 04.2 04.3

CONSIDERAÇÕES ACERCA DE ARQUITETURAS FLUTUANTES TIPOS DE BASES ESTRUTURAIS E CASOS APLICADOS: BASES DE PONTÃO TIPOS DE BASES ESTRUTURAIS E CASOS APLICADOS: BASES DE BARGE

Imagem 2. Fonte: retirada do link: (https://www.salvadordabahia.com/eventos/qual-a-boa-de-salvador-08-03/).

Acesso 24/06/2023 as 13:33 com edições da autora.

04.1

05. A PROPOSTA 05.1

A BAÍA DE TODOS OS SANTOS: ESTUDOS OCEONOGRÁFICOS E TRAJETO DO PALCO

05. 2

PALCO FLUTUANTE: CONCEITO MATERIAIS E ANÁLISE ESTRUTURAL

05. 3

ZONEAMENTO PONTA DE HUMAITÁ

06. CONSIDERAÇÕES FINAIS 07. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Anexo 1: Fonte: Retirado do site: (https://salvadordestination.com/pagina/1/ Por-que-Salvador). Acesso 24/05/2023 as 14:22 com edições da autora.

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01. Introdução õ O interesse pessoal pelo tema a ser discutido no presente trabalho advém especialmente de um fascínio particular pela efusividade festiva a qual enreda as tramas sócio-espaciais da cidade de Salvador, assim como pela flexibilidade metamórfica em que essa cidade se molda a fim de abrigar o vigor de tal festividade.

Os desdobramentos dessa metamorfose demandam a atuação de uma multiplicidade de profissionais, dentre eles, e de modo destacável, o arquiteto, pois ele detém a capacidade de intensificar as experiências sensoriais dos espectadores em eventos artísticos através do conjunto de elementos funcionais e estéticos que compõem o projeto de uma arquitetura para fins temporários.

A arquitetura efêmera se insere nesse contexto plasmando soluções precisas e que

aumentam o desempenho de construções para atividades detentoras de curta temporalidade, trazendo para elas estratégias de materialização que vislumbrem à versatilidade e a praticidade Assim, dentro do enquadre de Salvador, a arquitetura efêmera se revela como um verdadeiro recurso cultural fomentador da realização de eventos artísticos, espetáculos musicais e dos ritos de apropriação que vitalizam a cidade e que se estendem para além do diminuto período do carnaval. É pensando nesses ritos que manifesto a intenção de propor uma solução projetual criativa para dar guarida a esses eventos que funcionam como um verdadeiro dínamo da participação popular nas ruas de Salvador, reforçando a festividade emanente a qual sublinha a identidade cultural de diversas comunidades.

Entende-se que ao falar de grandes montagens para eventos de rua, algumas preocupações surgem a partir dos possíveis impactos que essas instalações possam incidir sobre as calçadas, ruas e possíveis imóveis seculares adjacentes. Não obstante, é de interesse deste trabalho elaborar uma proposta consciente e artisticamente expressiva com o objetivo de suprir demandas esporádicas de apresentações e performances artísticas possuidoras de curta duração, valendo-se das potencialidades inovadoras, imersivas e versáteis encontradas dentro do escopo da arquitetura efêmera.

Sob essa perspectiva, proponho um projeto de palco efêmero itinerante, o qual poderá ser montado e remontado na Baía de Todos-os-Santos, promovendo a realização de apresentações musicais que poderão ser

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assistidas a partir da borda costeira da capital baiana.

O objetivo é aproveitar a qualidade singular dessa reentrância geográfica litorânea, para propor oportunidades de celebrações culturais que venham a enriquecer a relação e a experiência da comunidade com seu litoral para além das atividades cotidianas triviais.

Reitera-se, ademais, que o enfoque do presente trabalho recai sobre as manifestações musicais promovidas pelo setor público da Bahia, visando a apropriação dos espaços urbanos para fins de impulsionar a ocupação da cidade através da propulsão do entretenimento e da cultura entre as diversas regiões as quais margeiam a Baía.

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02. Salvador:

“Erótica, sagrada e lúdica, a cidade, segundo Manoel José Ferreira de Carvalho, produz pulsões de vida. Quando o ânimo de todas as lutas sociais esmorece, em algum lugar da cidade sempre haverá potência para o desejo, a fé e a alegria para refazer-nos com a cidade” CARVALHO, Manoel José. A cidade efêmera do carnaval. Organizado por Edvard Passos, Salvador: Edufba, 2016. pg 173.

Imagem 3. Foto: Valter Pontes/ Secom . Com edições da autora.

Cidade receptáculo da celebração musical

que se estendem para além do período do carnaval.

As demandas por celebrações populares se expressam de maneira intensa no tecido urbano de Salvador, fazendo com que ocorra uma natural apropriação dos espaços públicos para realização de eventos de rua, os quais geram desafios de materialização e de logística que são equacionados de acordo com o assertivo planejamento oferecido também através do trabalho das esferas arquitetônicas e urbanísticas da cidade.

Diante disso, não é nenhum exagero apontar

A vertente de formação da cidade de salvador teve como marco essencial a miscelânea de povos que culminou na consolidação da capital baiana como sendo um verdadeiro reduto cultural, berço de variadas manifestações artísticas que permeiam e pulsam a extensão de todo o seu território.

Salvador é célebre no cenário nacional e internacional por seu culto a festividade e por incorporar a música como elemento fundamental na vida de sua população, de forma a fomentar a promoção de eventos musicais 8

a arquitetura efêmera, nesse contexto, como sendo um verdadeiro recurso cultural para os agentes propulsores de atividades voltadas para a música na cidade, além de impulsionar a ocupação popular em espaços urbanos que outrora se encontram ociosos, inertes ou apenas monótonos.

No livro “ A Cidade Efêmera do Carnaval”, o filósofo e ex-reitor da Universidade Federal da Bahia, reforça o papel da arquitetura efêmera como ativadora dos rituais festivos e do avivamento da cidade ao dizer : “Movimentos que são construções, rituais que são transfigurações, espaços não mais travados pela fixidez da arquitetura, mas antes uma arquitetura que se faz movimento e transfigura a cidade. Uma arquitetura efêmera, a ser cuidada como projeto, no qual a esperança, no olhar do arquiteto crítico, pretende fazer o espaço depender da reinvenção pela festa ou pela movimentação política, por rituais e rotinas, por coloridos e pessoas. Aqui, a técnica, antes preparada para o ordinário, para a rotina de reprodução da cidade, é chamada a agarrar o efêmero e a reinventar-se nesse esforço de compreender o construído e desconstruído pelo espaço da festa, decifrando ordens e configurações, limites e estruturas, onde parecia imperar o simples caos pulsante.”

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Isso posto, reconhece-se em Salvador uma tradição de aplicação prática desses ritos, sendo múltiplos os espaços que se subvertem e se transfiguram de acordo com as necessidades latentes de celebração musical na cidade. A capacidade de adaptação des-

ses espaços é defluente de um planejamento coerente com o respeito aos bairros, ruas, calçadas e edifícios que montam o quebra-cabeça da cena urbana, além da correta aplicabilidade dos parâmetros arquitetônicos, assim como o assertivo entendimento acerca das limitações da urbe. Esses são os maiores desafios que entravam a execução desses eventos na cidade, especialmente quando se trata de uma escala espacial e de público significativa. É de interesse desse trabalho analisar e discutir a realização de alguns dos eventos musicais ocorridos na cidade de Salvador, para entender os desafios que desenrolam da realização desses shows e suas construções efêmeras na cidade, assim como entender os pontos assertivos e soluções inteligentes de organização espacial e infraestrutura.

recidos pelas esferas públicas de Salvador, dentro de um período de um ano entre Abril de 202215 até Abril de 2023.

1

Justifica-se a escolha do

INCIDÊNCIA EVENTOS MUSICAIS PÚBLICOS SALVADOR (ABRIL 2022 - ABRIL 2023) MÊS

liberação oficial de grandes eventos sem limite de público e sem uso obrigatório de máscara a partir

2a4

PAMBA (Panorama da Música na Bahia)

Largo Quincas Berro D’água.

18 a 26

São João do Centro Histórico

Praça da Sé, Cruzeiro do São Francisco, Largo do Pelourinho e Coreto do Santo Antônio Além do Carmo.

JULHO

2e3

Show em homeCampo Grande nagem ao 2 de Julho

AGOSTO

27

Samba da Ladeira

24 e 25

Largo da Mariquita, Ruas Professora Almerinda Dultra e Borges dos Reis, Campo da Pronaica, Ponta de Humaitá, Festival de Primavera Parque da Cidade, Largo Pedro Arcanjo, Mirante da Lagoa do Abaeté, Fábrica Cultural, Coreto do Santo Antônio Além do Carmo.

JUNHO

de COVID-19. Ademais, adota-se SETEMBRO

próxima do período de elaboração deste trabalho , afim de facilitar a coleta de conteúdo mais atualizado

OUTUBRO

para realização da tabela.

NOVEMBRO

Na capital baiana, concertos de alta adesão popular que não se suprimem a espaços privados e restritos, se espalham pelos bairros especialmente através de ações de incentivo a cultura, em sua maioria impulsionadas pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (SecultBA), sendo alguns deles conhecidos por sua retomada periódica anual, como é o caso do Festival da Virada, o Festival da Cidade, os concertos de São Jõao e, claro, o Carnaval. Na tabela baixo é possível verificar a ocorrência desses eventos gratuitos ofe-

DEZEMBRO

10

LOCAL

MAIO

desse mês durante a pandemia a janela temporal de um ano mais

EVENTO

ABRIL

período adotado iniciando em Abril de 2022 devido a ocorrência da

DATA

Ladeira da Preguiça

1

Festival Boca de Brasa 2022

Boca de Braça subúrbio.

1a4

Festival Salvador Capital Afro

Largo terreiro de Jesus.

5

Baile Todas as Cores

Largo Quincas Berro D’água.

4

Festa Santa Barbara

Largo do Pelourinho.

7

Dia do Samba

Praça Caramuru.

14 a 18

Feira de agricultura familiar

Parque Costa Azul

22, 23, 25 e 26

Pré-Reveillon no Centro Histórico

Largo do Cruzeiro de São Francisco.

28 a 31

Festival da virada

Boca do Rio

JANEIRO

8, 14, 15, 17 Festival do Parque e 19, 21 e 22

Parque da Cidade.

FEVEREIRO

16 a 21

Carnaval de Salvador

Barra–Ondina, Campo Grande–Avenida Sete e Centro Histórico.

MARÇO

25, 26 e 31

Festival da Cidade

Parque da Cidade, Farol de Humaitá e Praça do Campo Grande.

ABRIL

1

Festival da Cidade

Farol da Barra

Tabela 1: Fonte: autoria própria a partir de informações do site do SECULT BA e dados do Jornal Correio e IBahia

Em consonância com essa afirmação, enfatiza-se que é através dessa arquitetura efêmera que se da a corporificação de festivais, dos eventos artísticos temporários e dos ritos de apropriação que vitalizam a cidade, sendo eles capazes de transfigurar não somente a sua paisagem e imagem, mas também sua forma, seus sons, cheiros, sua distribuição funcional sobre a superfície e a definição dos protagonistas da cena urbana (CARVALHO 2016, pg 21). Outrossim, observando também através da ótica da antropologia, analisa-se que esses grandes eventos artísticos urbanos podem ser interpretados como rituais públicos; como “carnavalização” do real face à qual os membros das comunidades participam (re)afirmando e consagrando vínculos sociais, religiosos, étnicos, nacionais, linguísticos e históricos, numa articulação entre a ontogênese dos seus valores vigentes e a sua projeção no futuro societal (BENNET 2014 APUD NUNES, PAULO. Retóricas conjugadas: festivais culturais, cidades e modos de vida urbanos.

CSONLINE (UFJF), v. 29, p. 18-31, 2019).

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As apresentações musicais que são exibidas nesses eventos, dispõem de palcos efêmeros que são alocados em pontos específicos da cidade, sendo alguns deles portadores de um sofisticado aparato tecnológico e de soluções projetuais que abarcam estruturas complexas e designs criativos os quais emolduram e agregam a arte exibida um caráter apoteótico. Tais atributos podem ser observados nas imagens 4 e 5 abaixo.

Entretanto, não são todas as construções temporárias que são pensadas estrategicamente ou que sequer aparentam dispor de uma sólida e fundamentada preocupação arquitetônica e urbanística, levando assim a evidente conclusão de que existe uma escala gradiente que contrasta e separa as construções efêmeras genéricas de construções de arquitetura efêmera de fato, sendo a úl-

tima acompanhada de um lastro de conhecimento aplicado para o desenvolvimento e execução de um projeto.

quando executados de forma assetiva, não deixam de propagandear-se como uma ferramenta atraente de City Branding15, alinhando a fomentação da arte e da cultura local com perspectivas de possíveis investimentos econômicos mundo afora.

Através da tabela 1 é possível perceber que a ocorrência dos periódicos espetáculos abertos ao grande público se da, majoritariamente, em regiões turísticas da cidade, sendo inúmeros deles instalados em locais tombados, como é o caso do Centro Histórico de Salvador. O Largo do Pelourinho, por exemplo, é um espaço sede de inúmeras apresentações as quais, muitas vezes, exibem irrisórias estratégias de preservação para com o patrimônio, dispondo de montagens que impactam casarões e calçadas, além de ignorarem o potencial oferecido pelo declive do relevo a seu favor. Não obstante, a ligadura desses espetáculos e festivais com os símbolos turísticos da cidade,

vais e demais eventos musicais de caráter popular, como verdadeiras alavancas ativadoras do desenvolvimento econômico de uma cidade, já que a intensificação do fluxo turístico que essas expressões artísticas acarretam numa região, geram uma movimentação sublinhável de recursos e vetores de rentabilidade financeira.

A importância dessas ações é reconhecida por organizações como a UNESCO (2016), que legitima, através de seu programa “Cre- Ademais, dentro de um panorama contemative Cities Network”16 a realização de festi- porâneo de globalização em que as fron2 City Branding é um termo que indica o processo teiras de expressão cultural estão constande criação de uma identidade singular e distinta para uma temente entremetidas, observa-se que as cidade através de estratégias de publicidade, posicionando-a manifestações artísticas de tal envergadura de forma positiva na mente das pessoas, aumentando sua tem o potencial de funcionar como verdareputação, atraindo investimentos, fomentando o turismo deiro dínamo de reforço à identidade cultue promovendo um sentimento de pertencimento entre os ral de uma comunidade, de modo a repremoradores. sentar o local dentro de um contexto mais 3 UNESCO. Creative Cities Network, 2016. Disponível: amplo de mudanças sociais rápidas (BENhttps://en.unesco.org/creative-cities/home.

Imagem 5: Palco do show Viva Salvador elaborado pela GMF Arquitetos.

Fonte: Edson Grandisoli Pulsar Imagens.

Com edições da autora.

Imagem 4: Palco do Réveillon da Virada Salavador 2023 elaborado pela GMF Arquitetos.

Fonte: Jefferson Peixoto – SECOM. Com edições da autora.

12 12

13

Salvador valida e incorpora esses saberes de forma empírica em seu cotidiano. Seus espetáculos periódicos de celebração musical, quando alinhados e emoldurados por valores arquitetônicos e incentivados pelo poder publico, tem o potencial de apertar os parafusos da vida cultural da cidade, subvertendo o quietismo formal de ruas pouco ocupadas e pondo em prática o exercício do direito ao acesso à fontes de cultura nacional conforme manda o artigo 215 da Constituição Federal.

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Imagem 7 e 8: Show em comemoração aos 80 anos de Jorge Amado que Caetano Veloso, Bethânia, Gal Costa e Gilberto Gil no Pelourinho em 10 de Agosto de 1992. Fonte: Claudionor Júnior/ Arquivo CORREIO.

Sendo assim, a necessidade de impulsionar a realização desses eventos vai muito além da simples estratégia de movimentação de recursos financeiros, mas significa reconhecer a sua influência na relação de autovalorização e fortalecimento da identidade das comunidades, ativando a sua relação de pertencimento e participação com os espaços públicos através da celebração, da partilha de valores, de ideologias, de mitologias que, sobretudo, estruturam-nas enquanto sociedade.

Ultima-se assim, dentro desse contexto especifico, a posição da arte como elemento catalisador da democracia, seja ela enquanto produto musical ou arquitetônico, mas principalmente, e potencialmente, enquanto união amalgamada entre os dois.

Imagem 6: Festival de Musica e Arte do Olodum que acontece periodicamente no Largo do Pelourinho. Fonte: Magali Moraes - G1 Bahia.

NETT, A.; TAYLOR, J.; WOODAWARD, I. The Festivalization of Culture, Farnham: Ashgate, 2014.).

15

03.1 Exposição de conceitos

O termo “efêmero”15 possui um entrelaço simbólico com a ideia de contemporaneidade, já que esse período histórico apresenta como sinal distintivo a aceleração do ritmo de vida e, por consequência, uma maior dinamização das atividades quotidianas. O avanço tecnológico atrelado a expansão da 15

globalização nas cidades trazem consigo uma constante cadência de fenômenos que aparecem e desaparecem de acordo com as mutáveis necessidades do cidadão contemporâneo e a velocidade, dentro desse contexto, passa a ser então uma variável contínua na vida de uma sociedade sequiosa por eficiência.

em que se produz e se consome arte não fica de fora desse panorama global. No livro “Estética relacional” o autor Nicolas Bourriad discorre sobre como a arte, dentro do enquadramento contemporâneo, não está centrada na produção de objetos físicos necessariamente duradores, mas sim, está essencialmente ligada a criação de relações e experiências as quais sucedem em uma janela de curta temporalida-

Segundo o dicionário Aurélio, a definição de efême-

ro dis respeito a um adjetivo cujo significado indica algo de curta duraçõa, passageiro, transitório.

Imagem 9: Palco protótipo Soundform. Fonte: retirado do, link: (https://www.flanaganlawrence.com/soundforms). Acesso: 13/06/2023 as 14:24

03. Arquitetura Efêmera:

É decerto, por conseguinte, que a maneira 16

de. O autor aborda o termo “duração útil” para se referir ao tempo em que uma obra de arte ou uma prática artística é relevante em sua capacidade de produzir experiências estéticas significativas, não se limitando assim apenas ao tempo em que ela é exibida em uma galeria ou museu, mas sim, ao período em que ela é capaz de manter o interesse e a atenção do público e continuar gerando essas novas experiências estéticas.

Assim posto, é possível inferir a partir da obra de Bourriad, que a “duração útil” da arte na contemporaneidade vem sendo experienciada, progressivamente, dentro de um enquadramento temporal efêmero. Perfomances, happenings, instalações efêmeras, graffitis intencionalmente realizados em muros prestes a ruir, são alguns dos exemplos de práticas artísticas emergentes que ocorrem dentro dessa circunstância temporal, envolvendo ações e interações que são específicas de um determinado momento e lugar. Ademais, eventos e espetáculos em larga escala como bienais de arte e festivais musicais (ver Imagem 10) evocam a capacidade dessa arte efêmera em propiciar experiências imersivas imediatas, as quais capturam o momento presente e mergulham o expectador em uma atmosfera envolvente e de grande apelo sensorial.

Dessa forma, é mais congruente aproximar o conceito da palavra “efêmero”, a partir do en17

quadre aqui abordado, com o seu significado dentro da língua latina: “Longe de ser pejorativo, sua verdadeira definição pode ser percebido ao analisar seu significado arquetípico. O termo ephemerus representa o poder febril de um momento percebido como o ápice do desejo: a menor temporalidade na temperatura mais alta.” (Gian Biagio Conte, Emilio Pianezzola, and Giuliano Ranucci, “Ephemerus,” in Il latino. Vocabolario della lingua latina (Milan: Le Monnier, 2010. Apud MOSETTI, Alessandro 2020).

Essa definição conversa, em essência, com a intenção a qual esse tipo de arte se propõe a evocar e afasta a ideia de efêmero a uma eventual delimitação conservadora que atrela a curta duração de um objeto ou experiência a sua possível escassez de valor, e para objetar tal interpretação, sublinha-se a reflexão de Fernando Pessoa ao dizer que “o valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem”.

(Pessoa, F. 2008).

“Uma definição precisa do efêmero é aquilo que dura apenas um dia - mais comumente pensamos em experiências efêmeras como aquelas transitórias, embora de duração indeterminada. É quase automático presumir que tais experiências passageiras sejam relativamente inconsequentes. No entanto, embora possam ser temporárias em duração, seu impacto pode ser duradouro: a fugaz lembrança da infância pode se tornar a recordação mais poderosa de um indivíduo, e seu poder pode ajudar a focar ou destruir toda uma vida. Portanto, é o poder da experiência, e não sua duração, que é mais importante para avaliar seu significado e efeito. (Kronenburg, R. Ephemeral Architecture. Architectural Design Profile, no.35. September-October 1998. p.7).

18 18

03.2 Apresentação do papel do arquiteto na elaboração de espetáculos musicais.

Assim posto, urge a necessidade de finalmente sublinhar o papel do arquiteto dentro de todo o contexto aqui colocado, mas para isso, é importante, primeiramente, apresentar o ramo da arquitetura que detém a efemeridade como sua condicionante principal e essencial: a arquitetura efêmera. “Projetada para existir por um curto período de tempo e depois desaparecer, proporcionando uma experiência fugaz e deixando para trás uma memória” (ARMADA, 2012), essa arquitetura explora a impermanência e a adaptabilidade a fim de transformar temporariamente o espaço em conformidade com as mutáveis e evanescentes necessidades do grupo de pessoas no qual ali se insere. Alguns autores conhecidos por discursarem sobre o tema, como o arquiteto britânico Robert Kronenburg, aproximam as peculiaridades da arquitetura efêmera com as da arquitetura portátil, já que ambas incorporam estruturas que são projetadas especialmente para facilitar a montagem e desmontagem em um local remoto de sua fabricação (KRONENBURG, 2003, pg 8). Sendo assim, a arquitetura efêmera se destaca por erguer soluções precisas e de rápida execução para espaços

com atividades temporárias e o arquiteto, diante desse contexto, juntamente com uma aquipe de múltiplos profissionais, se posiciona como interprete dessas circunstancias temporais e das demandas que dela se manifestam, materializando soluções assertivas através do projeto e de suas estratégias operacionais que devem visar à agilidade e a praticidade. É a partir dele que se torna possível plasmar a concepção desses espaços, sejam eles pavilhões artísticos, festivais de musica, eventos corporativos ou até mesmo residências temporárias.

“A importância do lugar físico é ultrapassada pelo registo que se gera na memória seletiva. Este é de facto o grande espaço ao qual esta arquitetura se dirige sendo a sua memória e influência o grande contraponto à permanência. Quando as coisas existem na memória, existem mais profundamente, existem significando.” (DUARTE,R. A Arquitetura do Efémero,p.23) São variados os setores que carecem de soluções projetuais para construções temporárias e o arquiteto Rui Barreiros Duarte

Imagem 10: Palco Sunset, Festival Rock in Rio. O festival como exemplo de arte relacional e efêmera. Fonte: retirado do link: (https://www.cidademarketing.com.br/marketing/2022/09/11/rock-in-rio-2022-coldplay-e-plateia-sao-osprotagonistas-de-uma-noite-historica-na-cidade-do-rock/). Acesso 23/08/2023. Com edições da autora.

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em seu texto “Imaginários de futuros Efêmeros" desmembra esses tipos de construções em oito categorias principais: Arquiteturas de Emergência, Habitats Alternativos, Arquiteturas de Representação, Arquiteturas de Funções Lúdicas, Arquiteturas de Espetáculo, Arquiteturas de Festa ou Acontecimentos Sociais, Comunicação Social (publicidade e propaganda), e Guerrilha Arquitetônica.

“As Arquiteturas Efêmeras, apesar do seu breve tempo de existência, respondem a problemas específicos como a criação de abrigo – em contextos de catástrofes e alternativosde representação, festas, espetáculos, acontecimentos sociais, de comunicação, ou como provocação, sendo também utilizados em diversos contextos de ruptura. A operacionalidade deste tipo de intervenção objetiva-se através de diferentes estratégias, a obtenção de respostas qualificadas e em tempo” DUARTE, Rui Barreiros -Imaginários de futuros Efémeros. Artitextos. 05 de Dezembro 2007.

Seguindo essa ótica, dentro do contexto do trabalho que aqui se apresenta, vale-se o aprofundamento mais apurado acerca do escopo e esfera de atuação da Arquitetura de Espetáculo, pois essa é justamente a vertente da arquitetura efêmera a qual concerne a proposta de projeto que será apresentando adiante. Duarte classifica a Arquitetura do espetáculo como possuidora de um âmbito de intervenção decorrente dos

concertos musicais que deixaram de se circunscrever somente aos antigos espaços interiores dos pavilhões e passaram a utilizar os estádios de futebol, as praças, os parques, a escala da cidade e do território urbano. Ele também relata que a evolução das possibilidades técnicas onde os softwares introduzem um potencial de comunicação enormemente expandido e alta resolubilidade sonora, permitem alterar os limites do espaço de intervenção. (DUARTE, 2007, pg 33.).

e emocional na qual o expectador imergirá.

“A efemeridade dos eventos, o tempo para a sua materialização criação, produção, montagem, duração e desmontagem, os materiais e a sua relação com o espaço são condicionantes que determinam as estratégias que devem ser adoptadas para a construção da narrativa expositiva. Considera-se narrativa a criação e o desenvolvimento de um projeto para responder à necessidade de expor, transmitir, comunicar uma ideia e a interação resultante entre o objeto e o expectador”.

Abreu, Fábio Duarte Teles. "Estratégias de design na construção de narrativas expositivas. O efémero como estratégia. Feira do livro de Lisboa". Mestrado, 2010. http://hdl. handle.net/10400.5/3296.

Dessa forma, contemplando as considerações acima colocadas, é possível entender

A arquitetura do espetáculo cria o cenário para a concretização de diversas performances artísticas e manifestações musicais ao redor do mundo, muitas vezes incorporando desafios decorrentes de uma escala de atuação imponente e uma quantidade de público expressiva. O arquiteto, em sincronia com equipes profissionais de eventos, são responsáveis por articular o entendimento acerca do espaço disponível para projeto com a assertiva abstração da ideia a qual se pretende transmitir, além de investigarem à correta aplicabilidade de todos os elementos responsáveis pela ambientação do espetáculo como: luz, som, cor, cenografia, pirotecnia e materialidade. Esses profissionais são responsáveis por traçar a dimensão espacial em que o público vivenciará o evento, conduzindo, através de todos os fatores supracitados, a experiência sensorial 20

que a qualidade de “espetáculo”, no contexto de expressivos concertos musicais, é justamente manifestada a partir de todas as operações que elucidam a vivacidade dessa “narrativa expositiva”. O planejamento dessa narrativa no espaço físico, ou em outras palavras, o próprio projeto arquitetônico se revela justamente como a linha divisória em que separa o espetáculo de uma simples exibição e é o arquiteto, juntamente com a sua equipe de profissionais qualificados, quem deterá o poderio de intensificar o potencial de troca sensível entre o artista e o público ao criar a atmosfera intencionalmente propicia para a exibição desse concerto.

Imagem 11: Palco U2 360° Tour projetado pelo arquiteto Mark Fisher, referênciado no livro: Kronenburg, R. Ephemeral Architecture. Architectural Design Profile, no.35. September-October 1998..

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Palco Portátil -Soundforms Projeto: Flanagan Lawrence Architects; Acústica: Arup Acoustics; 2012.

O projeto de palco intitulado Soundforms, é um exímio exemplar de arquitetura portátil efêmera que possui o pendor de ser transportado e instalado em diversas regiões para fins de abrigar espetáculos musicais. O design, atrelado a disposição de sua estrutura, se combinam em um arranjo côncavo para funcionar como uma concha acústica,

Imagem 12: Palco protótipo Soundform.

Fonte: retirado da página da web, link: shttps://www.flanaganlawrence.com/ soundforms. Acesso: 13/06/2023 as 14:24

03.2 Estudo de caso:

sicais, sendo a sua versatilidade e a sua adaptabilidade o seu principal sinal distintivo comparado às demais construções de palcos utilizáveis em eventos ao redor do mundo.

A sustentação da construção é feita a partir de uma base de aço, na qual são acrescidos lastros de contrapeso que adicionam a ela peso adicional a fim de deslocar o seu centro de gravidade e aumentar a sua estabilidade.

Um conjunto de treliças curvilíneas de alumínio do tipo “Box Truss” também se combinam a base através de juntas de pino articuladas para conceber o formato e dar suporte estrutural para a arquitetura. Essas estruturas pré-fabricadas do tipo Truss são comumente utilizadas em eventos para proporcionar estabilidade e capacidade de carregamento ao vencer vãos significativos. Elas geralmente ficam visíveis ou são individualmente envelopadas ao se inserir nesses eventos efêmeros, não obstante, no projeto do Soundforms toda a estrutura foi externamente envolvida com uma pele de almofadas de poliéster infláveis, impermeáveis e revestidas com PVC, concebendo assim uma percepção de coesão e unicidade para a construção. Internamente, a estrutura foi revestida com um tecido de poliéster elástico, também da

cujo formato potencializa a reflexão e difusão sonora, proporcionando assim uma experiência auditiva aprimorada nos diversos locais os quais essa arquitetura se insere. O protótipo Soundforms já foi instalado em diversos locais, dentre eles, no Parque Olímpico durante os Jogos Olímpicos de Londres em 2012 para sediar diversos concertos mu22

Anexo 13, 14 e 15: : Concepção estrutural e revestimento palco Sounforms. Fonte: retirado do link: (https://www.flanaganlawrence. com/soundforms). Acesso: 13/06/2023 as 14:24.

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cor branca, comumente utilizado em teatro O palco portátil é facilmente transportável e como superfície de projeção devido a sua pode ser instalado em três dias e desmontafacilidade de captação de luz. do em um e se estabelece como um exem-

Imagem 17: : Planta do palco Sounforms. Fonte: retirado do link: (https://www.flanaganlawrence.com/soundforms). Acesso: 13/06/2023 as 14:24.

plo primaz de arquitetura efêmera de palco Também é possível perceber um conjunto capaz de atender demandas esporádicas de de painéis acústicos de madeira compen- atividades vinculadas ao lazer e a cultura. sada de 18mm cobertos com Lycra suspensos na estrutura (Imagem 14), os quais equilibram a quantidade de energia sonora difundida em direção aos artistas e projeta em direção ao público.

Imagem 16 Palco protótipo Soundform.

Fonte do link: (https:// www.flanaganlawrence.com/soundforms). Acesso: 13/06/2023 as 14:24

24

Imagem 18: Corte esquemático do palco Sounforms. Fonte: do link: (https://www.flanaganlawrence.com/soundforms). Acesso: 13/06/2023 as 14:24.

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04. Arquitetura Flutuante:

As construções de arquitetura flutuante sobre superfícies aquáticas apresentam-se como uma alternativa plausível em situações em que se almeje expandir a área aproveitável para construir em localidades detentoras de expressivos corpos d’água, sejam por motivos emergenciais e de imperativas necessidades como costumava ser o caso das comunidades erguidas sobre o Rio Negro em Manaus na década de 60 (Ima-

Imagem 20: Cidade flutuante sobre o Rio Negro em Manaus no ano de 1964. Foto: Otoni M. de Mesquita- Acervo Portal Amazônia.

Imagem 19: Fonte: Isabel Nabuurs- ArchDaily .

04.1 Considerações acerca de Arquiteturas Flututantes

rais necessidades da urbe.

Justificar a utilização das massas hídricas como superfície a qual se erguem ocupações não somente voltadas para o proveito residencial é algo que não se desenreda em um cenário idílico, uma vez que essas construções podem ser inseridas em zonas costeiras para promover a entrega de múltiplos serviços, valorando o aproveitamento espacial dessas zonas a fim de melhorar a vida da comunidade que ali se insere. Com isso, certamente, não faço referência a píers de casas de luxo ou marinas para embarcações particulares que se inserem ao redor das costas, mas, especialmente, a construções de pendor funcional e coletivo, que ofertem oportunidades e que também atentem para os parâmetros de sustentabilidade e respeito legislativo das regiões as quais se inserem.

gem 20), ou por escolhas vinculadas a ambições de ampliação territorial e tecnologia sustentável conforme ocorre na vila flutuante do bairro de Schoonschip em Amsterdam (Imagem 19). As circunstâncias geográficas de cidades avizinhadas ou entremeadas por marés, lagos e rios abrem alternativas contingenciais para o seu aproveitamento como sítio em que também se podem emergir soluções arquitetônicas que atendam as plu26

27

Imagem 22: Plataforma Flutuante da Marina Bay em Cingapura dispondo apresentações no dia 9 de agosto de 2007. Fonte REHMAN, SHUJA. FLOATING ARCHITECTURE. 2020.

28

Imagem 23: Pavilhão Flutuante autossustentável em Roterdã.

Fonte: Retirada do link (https://thedesigngesture.com/floating-architecture/) acesso dia 26/05/2023 as 16:20.

Nesses exemplos percebe-se que a experiência de integração com a antureza é uma peculiariadade convidativa que agrega valor a esses tipos de edificações, além do fato de que algumas delas podem ser transportáveis e também adaptáveis a mudanças de maré e condições climáticas adversas

Imagem 21:Escola Flutuante no lago de Chengdu, na província de Sichuan. Foto: NLÉ - ArchDaily.

Ao redor do mundo são diversos os exemplares de arquiteturas flutuantes para além das construções residenciais que se integram de forma assertiva margeando zonas costeiras e oferendo variados serviços. Dentre elas encontram-se construções voltadas ao lazer a exemplo da Plataforma Flutuante da Marina Bay em Cingapura (Imagem 22) e o Pavilhão Flutuante autossustentável em Roterdã (Imagem 23), como também construções que ofertam serviços públicos tal qual a escola flutuante na superfície do lago Chengdu na China (Imagem 21).

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A tipologia dessas edificações varia de acordo com seus programas, seus sistemas e materiais estruturais e, especialmente, de acordo com as suas diferentes respostas a questões de estabilidade, mecanismo de flutuação, sistema de ancoragem e desafios de impacto a mudanças climáticas e oscilações ondulatórias. Essas constituintes fazem parte do impreterível arranjo semântico desse tipo de arquitetura, as quais a diferem dos demais ramos da disciplina ao apresentar resolutas soluções de como essas

edificações se acomodarão nas superfícies aquáticas. Na Tabela 215 é possível analisar alguns dos diferentes tipos de bases estruturais adotadas na arquitetura flutuante e suas respectivas particularidades e estratégias de estabilização.

15

Sendo assim, no que diz respeito à aplicação dessas plataformas comumente utilizadas para erguer construções sobre massas de água, pode-se dizer que a principal diferença entre elas está na versatilidade de formatações, uma vez que, como a base do tipo barge possui uma estrutura mais robusta, feita para receber cargas elevadas, a sua possibilidade de combinação geométrica acaba sendo limitada, enquanto que as bases de pontão possuem módulos flutuantes fáceis de ser montados e desmontados, que podem ser configurados de formas diversas para resultar na formatação de plataforma desejada. No geral, no que tange os parâmetros de analise estrutural, todas essas bases tem a responsabilidade de apresentar satisfatório desempenho ao equacionar as resultantes de forças verticais, horizontais e transversais operantes sobre a sua integridade, de maneira a conceber harmoniosa estabilidade.

Através da Tabela 3, é possível perceber que a resultante das

Abre-se um parêntese, no entanto, para o enfoque

do presente estudo sobre as construções erguidas através de bases e plataformas flutuantes flexíveis, sem adentrar na análise de edificações elevadas estaticamente acima do nível da água sobre pilotis, estacas ou sistemas como palafitas.

Tipo de estrutura flutuante

Plataformas de Pontão (VLFS- Very Large Floating Structures)

Plataformas de Barge

Construções erguidas por pilotis/estacas/ colunas

Posição na água

Flutuante flexível

Flutuante flexível

Elevado rígido

Geometria da plataforma

Plataformas retangulares, quadradas, circulares ou em formatos poligonais

Plataformas retangulares ou quadradas

_

Deslocamento longitudinal

Deslocamento longitudinal Deslocamento longitudinal restrito pelo restrito pelo sistema de ancor- Não deslocável. sistema de ancoragem. agem

Deslocamento vertical

Possibilidade de deslocamento através de postes de amarração.

Possibilidade de deslocamento através de postes de amarração.

Não deslocável.

Sistema de ancoragem mais comuns

-Ancorado ao peso morto através de correntes ou cabos tensionados.

-Ancorado a uma estrutura vertical rígida.

-Ancorados a partir de postes de amarração integrados.

-Ancorado ao peso morto através de correntes ou cabos tensionados.

Fundação de estaca cravada ao solo aquático.

Mobilidade

Movimentação na água realizada através de embarcações auxiliares.

Movimentação na água realizada através de rebocadores.

Não móvel.

Material

Módulos de aço, alumínio, concreto de Barcaças de aço, alumínio ou alta estanqueidade, compósitos de aço concreto. e concreto, fibra de vidro e plásticos.

Aço, concreto, madeira e compósitos.

Utilização convencional

Passarelas, docas e demais construções de carregamento mediano

Habitações diversas.

Transporte aquaviário de cargas elevadas

Tabela 2: Fonte: autoria própria a partir de fontes diversas (ver referências bibliograficas).

BASES ESTRUTURAIS FLUTUANTES

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Imagem 24: Algumas das possíveis configurações das plataformas de pontão. Fonte: Retirada do link: (https://br.pinterest.com/ pin/59954238797321543/). Acesso dia 02/06/2023 as 15:32.

Imagem 25: Plataforma do tipo Barge. Fonte: Retirada do link (https://pilebuck.com/marine/barge-guide-differenttypes-functions//) acesso dia 02/06/2023 as 15:38.

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FORÇAS ATUANTES SOBRE BASES FLUTUANTES: Tipos de forças atuantes:

Cargas permanentes/estáticas

Cargas variáveis/ móveis

Exemplo:

Estrutura e demais elementos arquitetônicos.

Pessoas e objetos.

Sentido da força:

Vertical

Vertical

Horizontal/ Transversal

Equacionadas por:

Empuxo

Empuxo

Sistema de ancoragem

turas robustas. Nesses métodos, os deslocamentos laterais são equacionados através de processos diferentes, uma vez que, no método de píer/parede de cais, os esforços incidem sobre a estrutura vertical e são dissipados através de sua ligação com a encosta. Já no método do tipo dolphin, a estrutura rígida é fixada ao leito marinho e posicionada ao redor da construção flutuante, sem necessariamente possuir qualquer ligação com a encosta. Os seus esforços laterais se dissipam a partir das defesas de borracha instaladas na parte externa superior dos pilares, se comprimindo e se deformando a fim de criar uma zona de amortecimento que absorve uma quantidade significativa da energia cinética incidente sobre a base flutuante.

Quanto ao método composto por linhas de atracação de corrente assumindo configurações em catenária (Imagem 27), é possível afirmar que “As forças horizontais das ondas são equilibradas pelas forças de tração do cabo que não conseguem vencer a inércia do corpo. Além disso, se o tamanho horizontal da estrutura for maior que o comprimento de onda, as forças horizontais resultantes serão reduzidas devido ao fato de as forças das ondas em diferentes partes da estrutura terem diferentes fases (direção e magnitude).” (WANG, C.M. e Tay, Z.Y. 2011.).

Forças laterais Ondas,

ventos e marítima.

corrente

Tabela 3: Fonte: autoria própria a partir de fontes diversas (ver referências bibliograficas).

forças atuantes na plataforma em um determinado sentido e direção, necessitam de aplicações de demais forças com igual magnitude e direção, porém com sentido oposto para que seja possível manter o corpo em equilíbrio estático. Para o caso das forças verticais, utiliza-se a lei da flutuabilidade, introduzido pelo matemático grego Arquimedes, o qual afirma que qualquer corpo, seja total ou parcialmente submerso em um fluido, é submetido a uma força ascendente igual à magnitude do peso do fluido deslocado pelo corpo, atuando no centro de massa. Essa força, conhecida como empuxo, atua, por exemplo, quando um navio é lançado ao oceano e afunda até que o peso da água deslocada seja igual ao peso do próprio navio, e o que garantirá que esse corpo terá capacidade de flutuar na superfície aquática será se sua densidade total for

menor ou igual à densidade da água16.

Todos os sistemas de ancoragem oferecem certa flexibilidade à construção flutuante, permitindo que ela se mova dentro de limites controlados e se acomode as variações de marés e de forças dinâmicas presentes na água. Não obstante, os métodos de ancoragem do tipo dolphin (Imagem 26) ou píer/ parede de cais (Imagem 28), se apresentam como sendo incrementadamente mais rígidos, devido a implementação de suas estru16

Um objeto é mais flutuante em água salgada do

que em água doce. Isso ocorre porque os sais dissolvidos na água aumentam sua densidade ou sua massa por unidade de volume. O sal já presente na água do mar ou no oceano reage com as moléculas de água, formando uma ligação polar. De acordo com o princípio de Arquimedes, o impulso

É por esse motivo que se faz crucial a preocupação quanto à escolha da região a qual será implementada a construção flutuante, de for-

ascendente atuando no corpo submerso é igual ao peso da água deslocada pelo corpo, atuando no centro de massa. A densidade da água do mar é de 10,3 kN/m3, enquanto a da água comum é de 10 kN/m3.)

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Sistemas de ancoragem mais comumente usados: Método dolphin frame-guide

Estrutura vertical rígida estabilizadora fixada ao leito matinho que se estende até acima do nível da água utilizando defesas de borracha.

Método de corrente/cabo

Uso de correntes ou cabos de alta resistência tensionados de formas variadas para conectar a estrutura a um ponto de ancoragem no leito aquático.

Método píer/parede de cais

Construção de píers ou parede de cais ligadas a encosta para oferecer suporte e estabilidade à estrutura flutuante.

Imagens 26, 27 e 28: Fonte: Sarswat, Gaurav and Mohammad Arif Kamal. “A Critical Appraisal of Off-land Structures: A Futuristic Perspective.” Civil Engineering and Architecture 2 (2014): 323-329..

33 33

ma em que ela não seja instalada em locais em que existam grandes agitações ondulatórias, ou, em caso de inexistência de outras possibilidades, que ao menos seja previsto a presença de soluções como quebra-marés para minimizar os impactos dessas agitações. Ademais, para além das questões retro mencionadas como tipo de base estrutural, sistema de ancoragem e quebra-mares (quando necessário), é importante que o projetista tenha ciência de todas as variáveis que incidem sobre suas escolhas projetuais em superfícies aquáticas, considerando também fatores como: limitações de distância entre construção/ leito marinho ou construção/ encosta, sistema de proteção contra corrosões, soluções de fornecimento de energia, água e escoamento de esgoto, além de fornecimento adequado de inspeção, manutenção e reparo da construção durante toda a sua vida útil. Todos esses fatores determinam a qualidade e o grau de desempenho dessa arquitetura independentemente das especificações de seu programa.

com maior frequência é a base estrutural de pontão. Essa tecnologia corresponde a um arranjo de módulos pré-fabricadas detentores de um proveitoso custo-benefício, os quais possuem tamanhos e formas adaptáveis que se combinam para formar plataformas de geometrias diversas. Esse sistema de blocos modulares ocos ou preenchidos com polietileno expandido funciona como um conjunto de invólucros herméticos e impermeáveis, cuja densidade, volume, rigidez material e sistema de ancoragem, equacionam as forças verticais e laterais atuantes sobre a plataforma, permitindo assim que ela flutue com um grau desejável de estabilidade.

Esses módulos são construídos a partir de materiais como aço, concreto de alta estanqueidade, compósitos de aço e concreto, fibra de vidro e plásticos (em geral (PEAD) Polietileno de Alta Densidade) e possuem um sistema de conectores que se combinam para formar uma espécie de laje flutuante, geralmente implantada em regiões próximas à costa, dentro de uma enseada ou onde quebra-mares ou outras instalações de proteção possam ser construídas para proteger a estrutura de grandes ondulações. Os principais componentes dessas bases de pontão são: o corpo flutuante, sisEntre as construções flutuantes, pode-se dizer que, devido a sua versatilidade e satis- tema de ancoragem, o acesso/ponte flutufatório desempenho, a tecnologia utilizada ante e, quando necessário, o quebra-mar

(Imagem 2917). (REHMAN, SHUJA. FLOATING ARCHITECTURE. 2020.).

A preferência dessas estruturas no mercado se da devido a sua, disponibilidade, sua possibilidade de ser reconfigurada de acordo com o formato desejado, além de ser altamente aconselhável para instalações e construções efêmeras devido a sua facili17

Faz-se importante diferienciar o termo :"Mega float"

encontrado na imagem 29, com o termo: "Pontoon-type floating structures", encontrados em diversas bibliografias sobre estruturas de pontão. Pontoon-type floating structures são estruturas flutuantes de base pontão que são instaladas em regiões de águas calmas enquanto que os mega-floats são

dade de transporte e montagem. Em muitas bibliografias, elas são chamadas de VLFS (Very large floating structures - Estruturas flutuantes de grande porte) ou VLFP (Very Large Floating Platforms - plataformas flutuantes de grande porte) e podem ser construídas para criar aeroportos flutuantes, pontes, docas, instalações de armazenamento (para petróleo e gás natural), usinas de energia eólica e solar, para fins militares, para criar espaço industrial, bases de emergência, instalações de entretenimento , parques recreativos, estruturas móveis offshore e até mesmo para habitação.

pontoon-type floating structures de maior dimensão e que fazem o uso do quebra maré.

04.2 Tipos de bases estrutais e casos aplicados: Bases de Pontão.

Imagens 29:Partes constituintes de uma plataforma de pontão. Fonte: Sarswat, Gaurav and Mohammad Arif Kamal. “A Critical Appraisal of Off-land Structures: A Futuristic Perspective.” Civil Engineering and Architecture 2 (2014): 323-329.

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TIPOS DE PONTÃO Aplicação

Matérial

Plataforma flutuante de Marina Bay SC3Architects + Tang Architects Marina Bay, Cingapura – 2007.

Polietileno de Alta Densidade

Barril de plástico

Módulo de alumínio ou aço inoxidável

Módulo de fibra de vidro

Concreto

Tabela 4: Tipos de Pontão: Fonte:autoria própria a partir de fontes diversas (ver referências bibliograficas).

Módulo

Projeto de Referência:

Imagem 30: Plataforma Flutuante de Marina Bay sediando o desfile do Dia Nacional de Cingapira. Fonte: foto de Kevin Lin

Para análise de caso das instalações flutuantes construídas sobre pontões, o estádio/palco multiuso destinado para eventos como jogos e concertos localizados nas águas da Reserva Marinha de Marina Bay, em Cingapura, se materializa como uma referência notável desse tipo de construção, oferecendo uma solução alternativa ao método tradicional de aterro para criar espaços utilizáveis sobre a água. A instalação é a maior plataforma flutuante do mundo, com dimensões de 123 x 83m e tem a capacidade de aguentar até 1070 toneladas através 36

- Strait Times.

de um sistema de conexão intertravada que interliga 15 pontões de aço com dimensões de 40m x 16,6m x 1,2m, submetidos a extensivos testes de carga para garantir que o palco pudesse suportar massivos carregamentos de elementos cênicos, veículos e dos artistas. Esses pontões foram transportados individualmente por rebocadores do local de fabricação para a baía de Marina e foram projetados de forma a fazer com que a plataforma pudesse ser desmontada e remontada conforme desejado.

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Cada pontão consiste em um módulo de estrutura tipo caixa com base em anteparos ou vigas longitudinais e transversais feitas de aço.

Esse material foi escolhido devido a sua resistência e pelo fato de ser mais leve do que estruturas de concreto com resistência similar.

Cada um desses módulos são unidos entre sí por conectores mecânicos intertravados (5 conectores ao longo das laterais: Imagem 34, e 2 nos cantos: Imagem 35), permitindo que a plataforma tenha certa flexibilidade para que os pontões possam ser e reconfigurados para diferentes fins. O sistema de conexão de canto consiste em um elemento masculino no canto de cada pontão e um elemento feminino em cada um dos quatro lados do conector de canto. Os conectores laterais utilizam um engate do tipo macho-fêmea para suportar as tensões e o momento de flexão entre os pontões adjacentes. Esses conectores laterais unem a parte superior e inferior dos pontões adjacentes para formar uma conexão rígida (Koh, H.S. and Lim, Y.B, 2019).

A plataforma foi projetada de acordo com as regras do American Bureau of Shipping (ABS)15 e foi submetida a variados testes hidrodinâmiA American Bureau of Shipping é uma organização internacional de classificação e certificação marítima reconhecida mundialmente, que estabelece padrões técnicos regulatórios para a construções, embarcações e operações em vias navegáveis intercostais.

cos e cálculos hidroelásticos para prever suas respostas estruturais e examinar a proficiência de seu desempenho.

Imagem 33 e 34: Modelagem dos conectores laterais dos pontões.

Fonte Koh, H.S. and Lim, Y.B. Shaping the Integrated Floating Stage at Marina Bay. Society of Floating Solutions, Singapore.

2019.

“Para a análise estática, a plataforma flutuante foi estudada sob o peso morto estático e diferentes cenários de carga viva, incluindo cargas excêntricas, a fim de determinar as distribuições de tensão e a deflexão da plataforma, bem como as cargas máximas no sistema de conexão. Para a análise dinâmica, foi realizada uma análise hidroelástica para estimar as cargas na estrutura e nos conectores quando a plataforma flutuante estava sujeita a carregamento de ondas. O carregamento de ondas aplicado ao modelo global de elementos finitos foi calibrado com base nos resultados experimentais obtidos a partir do teste de tanque de modelo hidrodinâmico. As tensões foram verificadas em relação aos requisitos de resistência, enquanto as deflexões verticais foram verificadas em relação aos requisitos de utilização.” (Koh, H.S. and Lim, Y.B, 2019).

Esses testes resultaram também em soluções de estabilização dos deslocamentos longitudinais através de sistemas de ancoragem do tipo Dolphin cravados com estacas, posicionados ao longo de sua estrutura e ancorados no leito marinho.

Três pontes de acesso também foram construídas para conectar a plataforma flutuante à galeria de assentos com capacidade para 27.000 expectadores. Na figura X é possível analisar alguns dos componentes do sistema de ancoragem do tipo Dolphin para a plataforma.

Imagem 31 e 32: Planta baixa da plataforma flutuante com 15 pontões (cada um medindo 40m x 16,6m x 1,2m) e três pontes de acesso. Fonte Koh, H.S. and Lim, Y.B. Shaping the Integrated Floating Stage at Marina Bay. Society of Floating Solutions, Singapore. 2019.

15

Imagem 33. : Modelo usado para a análise de deflexões verticais da estrutura. Fonte: Koh, H.S. and Lim, Y.B. Shaping the Integrated Floating Stage at Marina Bay. Society of Floating Solutions, Singapore. 2019..

38 38

Imagem 35 e 36: Modelagem dos conectores de canto dos pontões.

Fonte Koh, H.S. and Lim, Y.B. Shaping the Integrated Floating Stage at Marina Bay. Society of Floating Solutions, Singapore. 2019.

A exímia preocupação desse projeto para com os parâmetros de segurança da Organização Marítima Internacional é o que endossa a sua designação como projeto de referência, uma vez que ele apresenta uma completude de estudos, os quais 39

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Imagem 39: Sistema de ancoragem do tipo Dolphin composto pela coluna, plataforma de ancoragem e os roletes de para-choque. Fonte: Koh, H.S. and Lim, Y.B. Shaping the Integrated Floating Stage at Marina Bay. Society of Floating Solutions, Singapore. 2019.

Imagem 38: Evento na Planaforma de Marina Bay. Fonte: retirado do link: (https://www.asiaone.com/ singapore/floatmarina-bay-will-host-next-yearsnational-day-parade). Acesso: 27/08/2023 as 19:22

Imagem 37: Evento da virada do ano sendo realizado no Palco de Marina Bay. Fonte: Retirada do link (https://www.traveldailymedia.com/star-island-singapore-countdown-2022-2023-returns/) acesso dia 06/06/2023 as 17:38.

contemplam desde a resistência da plataforma aos saltos simultâneos de esportistas, a análise dos limites de tolerância humana para enjoo de movimento em uma duração útil de oito horas, até a provisão de mastros para a proteção da plataforma contra raios. Assim, conclui-se que as plataformas com base estrutural de pontão se revelam como detentoras de o bom desempenho para projetos sequiosos de certa flexibilidade e versatilidade, além de apresentar satisfatório equilíbrio para abrigar atividades possuidoras de carregamentos variáveis, uma vez que seus módulos sejam precisamente dimensionadas. Nos dias de hoje, o palco flutuante integrado de Marina Bay se apresenta como um verdadeiro marco na paisagem urbana de Cingapura e é um exemplo de solução para o desafio de escassez de terra aproveitável em uma região extremamente populosa, expandindo assim sua capacidade de oferecer serviços e atender às necessidades de uma população em crescimento ao aprimorar a sua vida costeira.

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flutuantes. Seu transporte é, costumeiramente, feito com a ajuda de embarcações auxiliares que fixam suas amarras nos rebocadores da estrutura para conduzi-las sobre a água e em alguns casos elas podem integrar sistemas de propulsão própria (ver Imagem 42), com motores e hélices que lhe permitem se mover de forma independente nas superfícies aquáticas. Por conta dessa mobilidade, os sistemas de ancoragem vinculados a torres fixas não são tão preferíveis, sendo mais usuais os métodos de tração ligados a peso morto, ou, a depender do projeto, postes de amarração podem ser integrados as bordas dos barges, possibilitando o seu atracamento a partir da mobilidade dessas estruturas verticais.

04.3 Tipos de bases estrutais e casos aplicados: Bases de Barge.

Diferentemente das bases de pontão que possuem blocos separados que se combinam para montar uma plataforma flutuante, no caso das bases de barge, a plataforma é a própria estrutura robusta integrada e geralmente compartimentada em áreas como casco, convés, compartimentos internos flutuantes e, em alguns casos, compartimentos internos de armazenamento. Existem tipos diversos de barges para variados fins de transportação aquaviária e de carregamento, no entanto, a maioria de suas principais constituintes são padronizadas, tal como seu formato retangular/quadrangular e sua materialidade restringida a concreto, aço ou

alumínio.

Essas estruturas já existentes dentro da construção naval podem ser aproveitadas para a arquitetura, ou, em alguns casos, podem ser projetadas de forma exclusiva para um projeto em específico. De ambas as formas, passam pelo processo de pré-fabricação e são transportadas para o corpo hídrico sem a possibilidade de serem remontadas e desmontadas in loco, sendo essa sua principal diferença dos VLFS feitos com módulos de pontão.

A facilidade de locomoção dessas plataformas é um fator adicional de diferenciação das demais formatações de estruturas

Imagem 40: Armadura da plataforma barge em concreto e transporte por embarcação auxiliar. Fonte: Retirada do link (https://www.h2ofloatingtech.com/en/products/coastal-and-autonomous-structure-dock-extension-and-independent-plateforms/). acesso dia 09/06/2023 as 14:25.) Acesso dia 09/06/2023 as 14:25, com edições da autora.

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Imagem 41 Imagens e cortes da casa de luxo flutuante em Miami erguida sobre plataforma barge com sistema de propulsão própria e postes e amarração integrados. Autoria: Waterstudio NL. Fonte: Retirada do link: (https:// archello.com/pt/project/arkup-75). Acesso dia 09/06/2023 as 14:29, com edições da autora.

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Projetos de Referência:

Escritório flutuante "Brain of Brian" Marraum Architecture - Cornualha, Inglaterra - 2014

Escritório flutuante "Brain of Brian" Marraum Architecture - Cornualha, Inglaterra - 2014

Imagem 42: "Brain of Brian". Fonte: Retirada do link (https://www.archdaily.com/617868/the-brain-of-brian-floating-office-barge-marraum-architecture?ad_medium=gallery). Acesso dia 07/06/2023 as 15:28.

Imagem 44: The Cheese Barge. Fonte: Retirada do link (http://adamrichards.co.uk/projects/the-cheese-barge). Acesso dia 09/06/2023 as 15:22.

Foi-se escolhido ambos os projetos acima colocados para fins de comparar as possibilidades construtivas oferecidas para projetos erguidos sobre bases flutuantes do tipo barge. Enquanto o primeiro se trata de um escritório projetado numa plataforma inaugurada durante a Segunda Guerra Mundial e reaproveitada para oferecer o carregamento da edificação projetada; o segundo se delineia como um restaurante, atracado ao longo do Grand Union Canal, cuja base flutuante foi particularmente elaborada para ser incorporada ao projeto

A base de concreto armado do escritório flutuante funcionava, previamente, como plataforma auxiliar de carregamento para as docas na região, e possui um conjunto de compartimentos internos os quais também foram reaproveitados como espaços a fim de abrigar a totalidade do programa. Para a nova estrutura, pilares e vigas metálicos revestidos com resina foram adotados, dispondo de uma leveza conveniente para esse tipo de construção, além de protegê-los contra a corrosão do sal e do vento.

Imagem 45: Perspectiva isonométrica projeto "The Cheese Barge". Fonte: retirado do link: (https://divisare.com/projects/442980-adam-richards-architects-brothertonlock-the-cheese-barge). Acesso: 09/06/2023 as 16:45.

Imagem 43: Perspectiva Isonométrica projeto "Brain of Brian". Fonte: Retirada do link: https://www.archdaily.com/617868/ the-brain-of-br ian-floating-off ice-barge-marraum-architecture?ad_medium=gallery. Acesso 10/06/2023 as 12:30.

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A construção fica atracada ao cais durante o seu uso para trabalho por meio de cabos e cordas tracionados, os quais, somados a robustez da base estrutural, concedem satisfatória estabilidade a edificação. Para a geração de energia foi-se proposto uma caldeira de biomassa e o tratamento dos dejetos é feito a partir de banheiros e compostagem.

Outrossim, para o projeto do restaurante, observa-se a peculiaridade de uma plataforma barge que segue as formas dos tradicionais barges de canal britânico e que, ao mesmo tempo apresenta um design personalizado e também flexível para abrigar o estabelecimento comercial, tal como os seus possíveis futuros usos. A base flutuante de aço é di-

vidida em duas partes: o restaurante dentro da barcaça principal de 20m de comprimento e uma barcaça menor aonde se encontra a cozinha, a qual tem sua conexão com as mesas feita através de uma ponte. Diferentemente da plataforma do escritório, o barge desse restaurante não possui compartimentos internos submersos, tendo seu programa todo estabelecido a partir do primeiro nível e contando com um terraço onde também são posicionadas algumas mesas.

Ambos os projetos são assertivos em suas especificidades de uso e mostram confiabilidade estrutural dessas bases para alçar programas e designs arquitetônicos diversos.

Imagem 48: Plantas e cortes "The Cheese Barge". Fonte: retirado do link: https://divisare.com/projects/442980-adam-richard sarchitects-brotherton-lock-the-cheese-barge. Acesso: 09/06/2023 as 16:45.

Imagem 46 e 47: Base pré-existente antes e durante a nova construção. Fonte: página da web link: (https://architizer.com /projects/brainof-brian-office-barge/). Acesso 10/06/2023 as 14:40.

Imagem 49: : Planta e corte "Brain of Brian”. Fonte: página da web link: https://architizer.com/ projects/brain-of-brian-office-barge/. Acesso 10/06/2023 as 14:40.

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Imagem 50. Mapa de localização Baía de Todos-os-Santos. Elaboração própria.

05. A Proposta: 05.1: A Baía de Todos-Os-Santos Estudos Oceonográficos

A Baía de Todos os Santos (BTS) é a segunda maior baía costeira do Brasil, dispondo de uma área máxima de 1223 km² e uma profundidade média de 9,8 m. A Baía possui uma forma semi-fechada, o que significa que sua relação com o oceano atlântico se da por um canal relativamente estreito se comparado com a extensão total da Baía.

Esse fator contribui para proporcionar uma proteção significativa contra grandes ondu-

lações e correntes do mar aberto do Oceano Atlântico no interior da Baía devido a sua disposição parcialmente cercada. Tal atributo torna diversas regiões da Baía propícias para oportunizar atividades recreativas em suas margens, uma vez que, as variações de maré menos acentuadas podem oferecer condições mais favoráveis para a ocorrência dessas atividades.

É de eximia importância, ao pensar nessa possibilidade, analisar o comportamento de algumas variáveis tais como as mudanças climáticas, correntes de vento e marés além da profundidade e topografia do fundo do mar para investigar a potência da Baía de Todos os Santos em se apresentar como local capaz de abrigar estruturas flutuantes com significativa estabilidade e segurança.

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A partir do livro: Baía de Todos os Santos: Aspectos Oceanográficos de Vanessa Hatje e Jailson B. de Andrade, é possível observar como se da o comportamento das águas dentro dessa reentrância costeira, a qual possui uma pequena vazão de água doce e, sobretudo, uma significativa descarga de maré responsável por conferir a sua expressiva salinidade. A correnteza tem um comportamento variável ao longo da baía, sendo o seu percurso de propagação no estado de enchente a se espalhar num sentido de rotação anti-horária, tomando como centro a Ilha de Itaparica. Na região do Canal de Salvador, o estreitamento da baía pode resultar em correntezas mais fortes durante as mudanças de maré devido à condição de sua disposição geográfica que impele a propagação da agua para dentro da baía, sendo essa a região mais crítica no que tange a velocidade dessa correnteza, como é possível analisar pelas imagens X e Y. Não obstante, nas margens de Salvador, especialmente a partir da região do Comércio, ocorre uma diminuição na velocidade da correnteza por conta de sua intrínseca dispersão. Ademais, a colocação de quebra-marés nessas localidades, converge para contribuir na difusão dessas correntezas, tornando o espaço propício para o atracamento de diversas 49

embarcações.

No que tange os atributos de profundidade e topografia no fundo da Baía, é possível analisa-los por meio dos estudos de batimetria (figuras X e Y). Através deles, pode-se conhecer a profundidade ideal parar garantir que as estruturas que venham a ser colocadas naquela região tenham espaço suficiente para flutuar sem encalhar no fundo ou tocar em obstáculos submersos, além de ajudar a identificar os pontos mais assertivos para ancoragem dessas estruturas, levando em consideração a profundidade ideal em que essa deverá atracar. Nas regiões da Baía que margeiam a costa de Salvador, a profundidade pode chegar até valores próximos de 10m de profundidade.

Com relação às variações climáticas, é de suma importância entender como se dá o comportamento sazonal desse clima para assimilar quais são os períodos mais críticos no que tange a ocorrência mais intensa de ventos e precipitações na Baía. As chuvas podem afetar diretamente o nível das marés e a correnteza, sendo assim essencial compreender o seu padrão para evitar possíveis problemas causados por enchentes ou variações bruscas no nível da água. Outrossim, entender a velocidade e a direção dos ventos é fundamental para avaliar a intensidade da correnteza e o movimento das águas, e assim, respaldar a escolha do período adequado

para instalar as estruturas flutuantes de forma a evitar o impacto de expressivas oscilações. Segundo o Glossário Náutico da Baía de Todos os Santos oferecido pela SETUR, é possível entender como se da a ocorrência de ventos nessa região: “Principais ventos: O regime principal de ventos, no verão, é de norte (terral) pela manhã e depois a gostosa “viração” de leste/nordeste, firme à tarde, voltando a ser brisa à noite. Eventualmente, há o “lestão”, soprando pelos 15 a 20 nós. No inverno, é comum o sul/sudeste e o sudoeste, sempre acompanhados de frentes frias, com ventos de até 25 nós. As ondas normais são curtas e variam entre 0,50m a 1,00m e, excepcionalmente, com frente fria podem variar de 2 metros a 2,5 metros. “Vento ruim”, só o noroeste, muito forte, que ocorre normalmente uma só vez por ano, durante aproximadamente 15 minutos, sempre nos meses mais quentes, de dezembro a fevereiro, e atinge velocidades superiores a 30 nós15”.

Imagem 51. Campo de correntes na BTS: meia maré vazante de acordo com os resultados do modelo RMA2. Fonte: ANDRADE, JB., orgs. Baía de todos os santos: aspectos oceanográficos [online]. Salvador: EDUFBA, 2009.

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Nó é uma expressão comum em metere-

ologia e navegação que se refere à velocidade do vento. Nesse contexto um nó é igual a uma Imagem 52. Campo de correntes na BTS: meia maré enchente de acordo com os resultados do modelo RMA2. Fonte: ANDRADE, JB., orgs. Baía de todos os santos: aspectos oceanográficos [online]. Salvador: EDUFBA, 2009.

Imagem 53 e 54. Batimetria Baía de Todos os Santos. Dados retirados de cartas náuticas da Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha do Brasil. Fonte: CIRANO, M.; LESSA, G. C. Oceanographic characterístics of Baía de Todos os Santos, Brazil. Rev. Bras. Geofis., v. 25, n. 4, p. 363-387, 2007.

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milha náutica por hora, que é cerca de 1,852km/h.

Portanto, "ventos de 15 a 20 nós" significa que a velocidade do vento está variando entre 27,8 km/h e 37 km/h

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A partir dessa analise, e em congruência to adequado dessas estruturas em relação com a tabela de precipitação e temperatura à costa de maneira a diminuir a incidência abaixo, admite-se o período da primavera e detrimental dessas correntezas. do verão como os mais indicados no quesito Adicionalmente, é de interesse desse estude menor precipitação, velocidade do vento do atentar não somente para as influências e, consequentemente, menor oscilação das e o impacto que as águas da Baía poderão correntezas. Não obstante, mesmo nessas exercer nas estruturas a serem nela instalaestações é necessário atentar para o fenô- das, mas também, entender como essas esmeno conhecido como marés astronômicas, truturas podem impactar nesse ecossistema as quais são causadas principalmente pelas com um todo. A Baía de Todos os Santos pasforças gravitacionais exercidas pela Lua e sou a ser Área de Proteção Ambiental (APA) pelo Sol na Terra. Nos períodos de lua cheia em junho de 1999 atraves do Decreto 7595, e lua nova, as forças gravitacionais combi- de forma a proteger os remanes centes de nadas criam marés mais pronunciadas, co- Mata Atlântica, os manguezais, os ambiennhecidas como marés de sizígia, resultando tes marinhos e estuarinos encontrados nesem níveis de água que podem subir e des- sa região. A APA BTS ainda não dispõe de cer de forma mais intensa durante as marés um plano de manejo, no entanto sua gestão alta e baixa, gerando assim uma corrente de maré mais acentuada. Por outro lado, quando a atração gravitacional da Lua e do Sol estão nas fases de quarto crescente e quarto minguante, suas forças se anulam, resultando em marés menos acentuadas, conhecidas como marés de quadratura. Essa variação na altura da maré pode afetar o acesso ao local de ancoragem e a estabilidade das estruturas flutuantes, especialmente aquelas ancoradas perto da Imagem 55. Precipitação e temperatura do ar mensal em Salvador baseado costa, sendo necessário atentar para numa média de 30 anos (1961-1990). Fonte: CIRANO, Mauro; LESSA, Guilherme Camargo. Oceanographic characteristics of baía de Todos os Santos, o ciclo lunar e para o posicionamen-

vem a enfatizar a promoção de um ordenamento do uso e ocupação das ilhas da Baía de Todos os Santos, visando o desenvolvimento de atividades econômicas adequadas à conservação dos recursos naturais e proteção a sua biodiversidade.

Revela-se de acordo com o evento do III Seminário Nacional Espaços Costeiros15, as operações portuárias mal administradas como uma das principais ações degradadoras da região da baía, sendo as atividades de carga e descarga de produtos perigosos, dentre eles, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos e metais pesados (chumbo, cádmio, mercúrio, cromo, arsênio), pesticidas e solventes como os principais ameaçadores da preservação da região.

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Dessa forma, pensar na utilização da Baía como espaço potencial para abrigar estruturas de lazer e entretenimento, significa especialmente entender e respeitar sua biodiversidade, atentando para que essas instalações não fomentem lançamentos inadequados de resíduos sólidos e efluentes em sua extensão litorêanea, preservando assim a sua beleza natural e suas condições de navegabilidade.

Fonte: SARAIVA PEIXOTO, J.A. (2008). Ameaças e

Vulnerabilidades da Bahia de Todos os Santos. Dissertação do Mestrado em Engenharia Ambiental Urbana da Universidade Federal da Bahia – MEAU/UFBA.

Imagem 56: Vista Baía de Todos-os-Santos. Fonte Arquivo CORREIO com alterações da autora.

Brazil. Revista brasileira de geofísica, v. 25, p. 363-387, 2007.

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1- Pátio do MAM e Praia da Gamboa: maré vazante.

A escolha do espaço foi norteada, •Áreas aproximadas: para além de oferecer satisfatória pro- -Pátio do MAM: 1300m2 fundidade para ancorar embarcações -Praia da Gamboa: 1600m2 nas águas costeiras e possuir corren- • Capacidade de público: teza reduzida, por fatores atrelados à -Pátio do MAM: Por se tornar de um boa visibilidade e a possibilidade de espaço tombado e administrado pelo experienciar o espetáculo a partir de IPAC, não é permitida uma lotação diferentes perspectivas. O espaço de excessiva do espaço. O ultimo estueventos do Solar do Unhão é afamado do mais apurado sobre a capacidade por receber periodicamente turistas e de público no local foi feito em 1988 nativos para prestigiar o JAM no MAM, e apontou para um limite máximo de além de diversas outras celebrações 1.500 a 1.800 pessoas. Atualmente, a que acontecem frequentemente no liberação é de até 2000 pessoas. espaço, revelando o seu potencial de -Praia da Gamboa: Considerando uma adaptação assertiva para receber di- média de 2 pessoas por m2, a capaciversas atividades. Ademais, a praia da dade média na praia da Gamboa em Gamboa se avizinha ao local, soman- maré vazante seria 3200 pessoas. do a possibilidade de apreciar o espe- •Zoneamento: Praia da Gamboa: ZEIS. táculo a partir da faixa de areia que se MAM: ZPR-5. expande mais significativamente na

05.1: Trajeto do Palco Diante dos estudos retrocitados, foi feita uma análise do percurso do palco flutuante, levando em consideração a utilização de pontos de atracamento passíveis de minimizar impactos decorrentes das correntes de vento e de maré. Os locais escolhidos baseiam-se especialmente nas analises levantadas pelos mapas X e Y, nos quais é possível ter uma dimensão de como se da a natureza dos fluxos de correnteza nas marés de enchente de vazante, além de averiguar as regiões com profundidade adequada para que a estrutura possa flutuar e atracar com segurança.

No mapa abaixo é possível observar o itinerário completo do palco, sendo os pontos indicados os de ancoragem para apresentação dos espetáculos que poderão ser assistidos a partir da costa. As regiões escolhidas foram: 1- Pátio de MAM e Praia da Gamboa, 2- Praia da Compahia das Docas (Av. França), 3- Ponta de Humaitá e 4-Baía de Itapagipe.

Nas imagens a seguir retiradas da Carta Náutica 1110, publicada pela Marinha do Brasil em 1962, é possível observar de forma mais ampliada esses pontos da Baía e suas potencialidades: Imagem 57: Mapa do percurso. Elaboração Autoral.

Imagem 58: Carta Náutica região do MAM e proximidades. Fonte: Centro de Hidrografia da Marinha.

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Imagem 59: Vista Praia da Gamboa. Fonte: Retirada do link: http:// asmelhorescoisasdesalvador.com.br/2018/07/12/cores-e-saboresda-comunidade-solar-do-unhao/ Acesso: 13/11/2013 as 12:00

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2- Praia da Companhia das Docas: Avenida da França, 393 – Comércio: A praia da Companhia das Docas se apresenta como uma região com ótimo potencial pra receber estruturas flutuantes devido a existência de quebra-marés que barram a incidência de grandes ondulações e correnteza. A vista panorâmica da região pode ser apreciada a partir de diversos pontos do centro histórico para além da Av. França como a Praça Tomé de Souza, Praça da Cruz Caída e algumas regiões do Santo Antônio Além do Carmo.

A relação visual dos transeuntes do bairro do comércio com a Baía de Todos os Santos, não obstante, não é tão explorada devido às inúmeras construções de galpões que margeiam a costa e acabam por obstruir essa vi-

3- Ponta de Humaitá: A Ponta de Humaitá é uma região conhecida por enquadrar uma das mais belas vistas panorâmicas da Baía de Todos os Santos sendo assim um atrativo chamariz para turistas e nativos. Para além da festa tradicional religiosa de Yemanjá no dia 2 de Fevereiro, o local já sediou alguns eventos, dentre eles o projeto “Vamos ver o pôr do sol” com banda Jammil e Uma Noites, e embora a região possua diversos espaços para acolher e receber o público, conclui-se que a mesma é evidentemente

sibilidade com o oceano. Entretanto, existem alguns pontos na Avenida França onde ainda é possível estabelecer essa relação e oportunizar a realização de alguns eventos como o espaço de estacionamento do Porto Salvador Eventos. O espaço já sediou alguns eventos como por exemplo os shows do projeto #VemProCentro, o projeto “Saulo som e sol” e entre outros, se revelando como um local com suscetível potencial para abrigar uma quantidade de publico aproximada de 3600 (se considerar 2 pessoas por metro quadrado).

•Área aproximada: 1800m2.

•Capacidade de público: 3600 – 4000.

•Zoneamento: Centro Municipal Tradicional CMT.

Imagem 62: Carta Náutica região da Ponta de Humaitá. Fonte: Centro de Hidrografia da Marinha.

Imagem 63: Vista aérea da Ponta de Humaitá. Fonte: retirada do link: https:// tourb.com.br/salvador/lugares/pontos-turisticos/ponta-do-humaita/.

Acesso 28/09/2023 as 12:35.

4- Pátio da antiga Fábrica de São Brás: Na região beira mar próximo ao terminal marítimo de Plataforma e em frente as ruinas da Fabrica de São Imagem 60: Carta Náutica região da Praia da Companhia das Docas.

Fonte: Centro de Hidrografia da Marinha.

Imagem 61: Vista aérea Porto de Salvador. Fonte: Retirado do link: https://pelourinhodiaenoite.salvador.ba.gov.br/porto-salvador-eventos/ Acesso 01/11/2023 as 13::34

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subexplorada no que tange incidência das atividades do setor cultural na cidade, que se debruça essencialmente sobre suas áreas mais centrais.

Sendo assim, propõe-se a utilização desse espaço para receber o público do espetáculo do palco flutuante, como forma de também impulsionar a atividade cultural voltada pro setor musical na região.

•Área aproximada: 3000m2.

•Capacidade aproximada: 6 a 7mil pessoas.

•Zoneamento: ZPR 2.

Brás, situa-se o amplo terreno, pertencente ao antigo complexo fabril (tombado em 2002 pelo IPAC), o qual apresenta um enorme potencial de 57

ocupação para a atividade aqui proposta. A região já foi sede de alguns eventos como o show do aniversário dos 460 anos da cidade de Salvador em 2009, a exibição da banda internacional de percussionistas “ Tambores do Mundo” no mesmo ano, o concerto " Sounding the Fabric" em 2019 e en-

Imagem 64: Carta Náutica região da Orla de Plataforma.

Fonte: Centro de Hidrografia da Marinha.

tre outras apresentações, revelando assim a sua capacidade de acomodar celebrações.

•Área aproximada: 4500m2.

•Capacidade de público: 9000 pessoas .

•Zoneamento: ZPR 2 - Zona Predominantemente Residencial 2.

apresentam satisfatório potencial em receber uma boa quantidade de público, apesar de reduzida em comparação com os locais supracitados, não obstante também possibilita um agradável enquadramento para visualização das apresentações do palco.

Dentre esses lugares, destacam-se a Praça do Largo da Ribeira (em frente a Angra dos Veleiros, Ribeira); a Praça da Rua do Leblon (beira mar da Rua do Leblon, Massaranduba), a orla da Rua Cabo Verde (nova orla da Prainha, Lobato).

•Área aproximada:

-Praça do Largo da Ribeira: 3500m² -Praça da Rua do Leblon: 1600m² -Orla da Rua Cabo Verde:1200m² •Capacidade aproximada: -Praça do Largo da Ribeira: 7000 pessoas.

-Praça da Rua do Leblon: 3200 pessoas.

-Orla da Rua Cabo Verde:2400pessoas.

•Zoneamento: Praça do Largo da Ribeira : ZPR 2 - Zona Predominantemente Residencial 2 e demais locais: ZEIS - Zona Especial de Interesse Social.

Imagem 65: Ruinas e pátio da antiga Fábrica de São Brás.Fonte: SIPAC.

5- Baía de Itapagipe: O estudo do percusso do palco aqui proposto tem como ponto final alguns locais a beira mar presentes na Baía de Itapagipe. A região se torna particulamente favorável para a ancoragem da plataforma flutuante devido a sua condição geográfica natural que amortece correntes e grandes ondulações. Ademais,

a intenção primeva galgada pela proposta do palco de estimular a pulverização de atividades culturais voltadas para a celebração musical, sublinha-se de forma fundamental nessa região, devido a reduzida incidência de eventos com essa finalidade impulsionados pelo poder público. Alguns pontos dentro da Baía de Itapagipe

Imagem 66: Carta Náutica região da Baía de Itapagipe. Fonte: Centro de Hidrografia da Marinha.

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Imagem 67: Praça Largo da Ribeira. Fonte: Google Maps

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5.2 Palco Flutuante: Conceito, Materias e Análise Estrutural

Imagem 68. Render Palco Flutuante. Elaboração propria.

Conceito:

Integrando por completo o material de estudo aqui apresentado, chega-se na proposta final de um palco flutuante itinerante na Baía de Todos-os-Santos . O projeto tem por objetivo valorar a vida litorânea de diversos pontos da zona costeira da cidade de Salvador ao oferecer atividades culturais assim como opções de lazer e entretenimento para além das práticas triviais que acontecem no litoral da cidade. Seu propósito é enlaçar atributos

O seu partido é criado de maneira a simular o arranjo formal de uma concha, uma vez que, além de ser sugestivamente temático ao relacionar-se com o contexto aqui inserido e de possuir uma configuração morfológica comumente encontrada em espaços destinados para receber apresentações musicais, tal objeto também serviu de modelo para inspirar a disposição de uma estrutura a qual, nesse contexto, utiliza-se dessa curvatura para possibilitar a criação de um sistema retrátil que servirá para proteger o palco durante todo o seu transporte aquaviário enquanto estiver fechado, além de fornecer um assertivo enquadramento para as apresentações musicais enquanto estiver aberto. Ademais, a coloração iridescente que emana das conchas também se configurou como uma referência para a escolha do revestimento de toda a estrutura, fazendo assim com que a sua extensão fosse totalmente envolvida por uma trama de poliéster translúcida que possibilita a criação de um efeito backlight, conferindo, de forma cenográfica, essa iridescência tão comumente encontrada nessa carapaça protetora de espécimes marinhas.

das áreas de conhecimento da arquitetura efêmera e flutuante para oferecer um projeto de palco versátil, o qual será facilmente transportado pela Baía através de embarcações auxiliares e será atracado em pontos específicos do litoral para dar guarida a espetáculos musicais que poderão ser deleitavelmente assistidos pelo público através da região costeira.

Imagem 69. Evolução do partido e conceito do projeto através de formato e cores da concha. Fonte imagem: Freepic. Fonte desenhoElaboração propria.

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Estrutura

•Cálculo capacidade de carga por cámara= Empuxo - Peso do Pontão Vazio (Para efeito de cálculo, serão adotadas as medidas admitidas no projeto: pontões com câmaras de 1,5m de comprimento, possuindo um diâmetro de 0,65m e com 2,5mm de espessura).

1-Empuxo: E = ρ p × 60%V × g p: densidade do fluido =1025 kg/m³ 60%V 15 :volume do pontão deslocando a água = 0,6 x 0,497 m³ g: aceleração da gravidade = 9,81 m/s² E= 1025 x (0,6 x 0,497) x 9,81 = 2995,1955N 2-Peso pontão: P = m x a m: massa total do pontão = [volume das pa redes de alumínio16 (0,00925m³) x densidade do alumínio [2700 kg/m³] + [volume contido no interior da cámara (0,488 m³) x densidade do ar(1,225 kg/m³)] = 25,571 kg a: aceleração da gravidade = 9,81 m/s² P= 25,571 x 9,81 = 250,95N

O palco é erguido sobre uma plataforma flutuante com uma área para apresentações de 140,20m², a qual se somam mais duas plataformas auxiliares de 35,60m² para apoio e chegada dos artistas.

Imagem 70. Pontão de alumínio. Retirada do site do fornecedor.

Link: http://www.moskit.com.pl/languages/english/pontoon_description.php#. Acesso 13/11/23 as 16:41.

•Pontões: Na base dessa plataforma, e em contato direto com a água do mar, posicionam-se pontões de alumínio naval tubulares com elevada resistência à corrosão. Essa estrutura será responsável por conferir a flutuabilidade do palco além de facilitar o deslocamento devido a sua configuração formal hidrodinâmica.

Seu comprimento máximo pode chegar até 70 pés (aprox. 21m) sendo essa a determinante máxima de dimensão longitudinal o qual poderá atingir o palco. Foi-se escolhido pontões com esse formato e materialidade devido a sua facilidade de fabricação, atrelado a qualidade de leveza advinda da reduzida densidade desse material em comparação com os demais encontrados na produção de pontão.

O alumínio possui uma densidade média de 2700 kg/m³, enquanto a de aço, por exemplo, é de 7800 kg/m³ e essa variável se torna de grande importância uma vez que, a capacidade de carga de um pontão depende do valor de seu empuxo diminuído do peso do total do pontão. Ou seja, quanto mais leve o pontão, menos o seu peso será reduzido do valor total de carga que ele será capaz de suportar.

PONTÕES EM PLANTA 0

1

2

5

•Capacidade de carga por cámara= 2995,1955 250,95 = 2744,24N ou 279,49 Kg. Somados todas as cámaras da parte apenas destinada ao palco, tem-se 57 (55 + 50% das cámaras laterais) resultando em uma capacidade total de 15,93t, enquanto que as coxias totalizam 3,07t cada (10 + 50% das cámaras laterais).

15

Tendo em vista que o pontão poderá imergir até 60%

de seu volume total para ter um bom desempenho de flutuabilidade, foi-se adotada essa porcentagem como fator de segurança para o valor total de volume submerso..

16

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Valores obtidos através de modelagem em sketchup.

Imagem 71 e 72: Disposição dos pontões em planta e vistas superior e lateral do pontão respectivamente. Fonte: Autoral.

Imagem 73: Detalhe do formato da viga de montagem. Fonte: http://www.moskit.com.pl/languages/english/pontoon_description.php#. Acesso 13/11/23 as 16:41.

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•Subestrutura: Logo acima dos pontões identifica-se uma subestrutura com vigas metálicas cuja funcionalidade será fornecer a base para receber os componentes superiores da plataforma, além de possibilitar a distribuição de carga e conexão entre os módulos de pontão. Essas vigas são compostas de aço eletro-soldado de designação CE 100x11 , funcionando como um material que apresenta satisfatória resistência estrutural e estabilidade para receber os demais elementos e cargas do palco. Essas vigas passarão por um processo de anti corrosão que pode ser feito tanto pelo método de revestimento com tintas especiais, ou a partir da própria galvanização.

Imagem 74. Estrutura tubular. . Link: https://br.pinterest.com/pin/527413806376570303/. Acesso 13/11/23 as 17:11.

•Estrutura Tubular: Após a inserção da subestrutura, posiciona-se a estrutura a qual funcionará como o piso do palco em sí. Elaborada essencialmente a partir de vigas, trilhos e demais elementos feitos de liga de alumínio, essa estrutura terá dimensão padrão 2x1m, tendo os módulos da extremidados adaptados ao formato curvo sugerido na planta da plataforma e receberá o compensado naval envolvido por revestimento antiderrapante o qual firmará toda a área disponível para as apresentações. Essa estrutura é comumente encontrada em construções de palco devido a sua versatilidade e facilidade de montagem, uma vez que seus encaixes permitem uma organização dinâmica de seus módulos.

•Cálculo peso da subestrutura= Massa linear x Comprimento dos perfis -Massa linear aço eletro-soldado = 10,8 Kg/m -Somatório do comprimento dos perfis: palco= 165m; coxia= 49m.

Peso subestrutura palco:10,8 x 165 = 1,8 t Peso subestrutura coxia (cada): 10,8 x 49 = 530kg

PLANTA SUBESTRUTURA PERFIL DE AÇO

•Cálculo peso da estrutura tubular: 1-Massa total compensado naval: m= d x v d: densidade do compensado=650 kg/m³ v: volume= espessura do compensado (20mm) x área total (palco: 140,2m² e coxia: 35,6m²) = 2,8 m³ (palco) e 0,712 m³ (coxia). m= 650 x 2,8= 1,82t (palco) e 650 x 0,712 = 462,8kg (coxia).

2- Massa total tubos de alumínio15: m= d x v d: densidade do alumínio=2700 kg/m³ v: volume total tubos e vigas de alumínio= 0,339 m³ (palco) e 0,0585 m³ (coxia). m= 2700 x 0,339 = 915kg (palco) e 2700 x 0,0585 =158kg (coxia).

•Peso estrutura tubular palco: 1820 + 915 = 2,74t •Peso estrutura tubular coxia: 462,8 +158 = 620,8kg

0

1

2

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VALORES: bf: 100mm d: 100mm tf: 4,75mm tw: 4,75mm h: 91mm

PLANTA SUBESTRUTURA 0

1

2

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PERSPECTIVA EXPLODIDA

15 Cálculo da estrutura de alumínio realizado a partir de tubos conectores de 40mm de diâmetro e 3mm de espessura, 8 de 0,5m de altura, 4 de 1m, 4 de 1,85m e 4 de 0,85m por módulo de 2x1. Ademais foram consideradas 12 diagonais da treliça com 15mm de diâmetro e 0,6m de comprimento.

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•Cálculo peso da Estrutura da concha= Massa linear x Comprimento das treliças -Massa linear aprox. Box C30=10 Kg/m.

-Somatório do comprimento das treliças = 68,55m -Massa linear aprox. Box F30 = 4,5 Kg/m.

-Somatório do comprimento das faixas treliçadas = 37,2 m.

Peso treliças c30 :10 x 68,55 = 685,5 kg Peso faces treliçadas F30 = 167,4 kg

• Estrutura da concha: O “esqueleto” da concha será todo realizado a partir de Box Truss C30, sendo essa estrutura pré-fabricada e adaptada de forma a contemplar toda a peculiaridade do projeto. Outrossim, demais faces treliçadas F30 de alumínio serão fixadas de forma a fazer a conexão entre os arcos principais de Box Truss, além de fornecer a base de fixação para a iluminação, painéis acústicos e colocação do revestimento. Essas estruturas pré-fabricadas possuem determinados valores padrão de comprimento e diâmetro, no entanto os fabricantes permitem a solicitação valores específicos sob encomenda, permitindo assim a uma maior liberdade de caracterização para o projeto .

Imagem 75. Box Truss curvo. . Link: http://trusst.com.br/ wp-content/up loads/2018/03 /CatalogoTrusST2017.pdf.

Acesso 13/11/23 as 17:11.

ESPECIFICAÇÃO ARCOS DE BOX TRUSS

•Cálculo peso da estrutura das coxias= Massa linear x Comprimento das barras -Massa linear barra quadrangular de alumínio 4x4mm = 7,2 kg/m.

-Somatório do comprimento da estrutura = 14m x 4unids = 56m •Peso estrutura das coxias: 7,2 x 56 = 403,2kg

•Estrutura coxias: A estrutura de fechamento lateral das coxias foi inspirada na concepção estrutural do projeto "Gourmet Grilled Cheese" do designer Rodney Wright e, adaptando para este projeto, a estrutura consiste em perfis arqueados de aço inoxidável conectados entre sí através de vigas do mesmo material, permitindo a colocação do tecido de fechamento. Essa estrutura chega até uma altura de 3,30m, possuindo uma curvatura que abraça a coxia e permite que essa fique semi coberta.

DETALHE DE ENCAIXES

SEÇÃO TRUSS C30

SEÇÃO TRUSS F30

Imagem 76: Estrutura do designer Rodney Wright utilizada como referência no projeto. Fonte: https://rodneywrightdesign.com/

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PAINÉL 3

Imagem 77. Referência painel com tecido tensionado em estrutura metalica. Link: https://br.pinterest.com/ pin/383368987046245046/. Acesso: 13/11/23 as 12:11.

•Cálculo peso dos painéis=15 (densidade do alumínio x volume) -Densidade alumínio= 2700Kg/m³ -Volume painel 1: área da seção (0,08 x 0,06 e 5mm de espessura= 0,0013m²) x Somatório dos comprimentos das peças de alumínio (28,6m) = 0,037 m³ -Volume painel 2: área da seção (0,0013m²) x Somatório dos comprimentos das peças de alumínio (35,8) = 0,046m³ -Volume painel 3: área da seção (0,0013m²) x Somatório dos comprimentos das peças de alumínio (46,4) = 0,060m³ -Peso aproximado: painel 1= 2700 x 0,037= 100kg. Painel 2 = 2700 x 0,046= 125kg. Painel 3= 2700 x 0,06 = 162kg

•Painéis cenográficos: esses elementos são adicionados ao conjunto do palco de forma a acrescer a ele qualidade estética.

Seu formato resulta de uma mimese ao formato dos septos internos das conchas de nautilus e através da utilização de tecido translúcido de poliéster revestido com PVC, proporciona um efeito de iluminação iridescente backlight a partir dos refletores posicionados em sua parte traseira. Esses painéis são fixadas a partir de uma estrutura auxiliar com perfis de alumínio e é estabilizada através de contrapesos.

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PAINÉL 2

PAINÉL 1

PAINÉL 1

VISTA PAINÉIS

0

1

2

5

ENTE. FONTE: ht ESC tps :// RID I fab ÃO Ç rit A e N I

/dockside-pa vilio oject /pr n/ om e.c ur ct

• Revestimento: Para envolver e conferir a ideia de unidade aos elementos do projeto utiliza-se o tecido tensionado translúcido com acabamento acústico fornecido pela empresa CLIPSO. O tecido consiste em uma trama de poliéster com uma camada de malha microperfurada de poliuretano (250 000 furos/m2) com espessura de 0.4 mm. A trama possui um acabamento uniforme, resistente a rasgos e de aparência translucida, possibilitando a intenção de efeito backlight para conferir a iridescência cenográfica através da iluminação instalada na estrutura. Para as coxias foi-se utilizado um tecido de poliéster revestido com PVC, também comumente utilizado para resistir a rasgos e a umidade.

PAINÉL 2

RE F. I LU M

•Cálculo peso tecido da concha= densidade tecido x volume ocupado -Densidade aprox.= 0,6 Kg/m³ .

-Volume aproximado (212m²x 0,004m) = 0,848m³ -Peso aproximado tecido de revestimento da concha= 0,5kg

Foi-se desconsiderado o peso dos de-

mais tecidos por se tratarem de valores considerados inexpressivos.

VISTA PAINÉIS

0

68

1

2

5

69

10070

MT-IconBase-01|STEEL

Footprint Ballast reguired

70

7990

•Peso nuvens acústicas: 1 piece Placas convexas de 2,373 x 1,213m possuem 1 piece em média 25kg15. No projeto foi-se utilizado 1 piecetotalizando 200kg de peso total 8 unidades das nuvens 1 piece acústicas.

M390

6,00m 4698 4698

M520

4 m (13.12 ft)

•Peso torres de PA: Torres de possuem em kg 6mlbscom contrapeso 400 (881.85) 16 média 280kg . No projeto foi-se utilizado 1 220 (485.01) unidadekgem lbs cada lado.

3564

m 15

ft

M290 c30 M290

1000 2148 2148 1,5m

3564

5 (16.40)

VISTA LATERAL TORRE DE PA

Valor aproximado oferecido pelo fornecedor

m

ft

2.15 x 1.2 (7.05x3.93)

Wenger. Referência: https://issuu.com/wengercorp/ 900 900

docs/acoustic_shell_overview_binder.

1000 (2204,62) lbs 16

kg

Valor aproximado oferecido Milos System. Referên-

cia: https://www.milos-systems.de/products/tower-ledscreens/mt-icon-base-01-steel#download

10070

1 piece 2 pieces

CORTE LONGITUDINAL NUVEM ACÚSTICA

7990 7990

1 piece M520

1 piece 1 piece

8

• Acústica: A utilização do tecido CLIPMT-IconBase-07B|Hinges|4pcs SO se faz importante uma vez que evitará MT-IconBase-08B|FemaleCon|4pcs a incidência de eco na parte interna conMT-IconBaseHanger cha, diminuindo a taxa de reverberação inMT-PA5030-02|Headsection desejada para dentro da mesma. Ademais, Trus serão instalados painéisM290 ou nuvens acústicas penduradas à parte superior da concha, de modo a manipular a reflexão sonora do WLL seu interior para fora. Assim, foi escolhido Selfweight para o projeto, as nuvens acústicas de teto da Wenger, as quaisHeight consistem em painéis convexos e ajustáveis de madeira laminada Footprint com nucléo de lã de pet e acabamento em pintura branca, cuja Ballast função é refletir e direreguired cionar ativamente o som emitido dentro da concha para o público. Os painéis podem ser facilmente fixados através de cabos de MT-ICON-PA8080 aço e retirados a medida em que for necessário. É importante mencionar, no entanto, MT-IconBase-01|STEEL que a principal fonte de propagação sonora MT-IconBaseLongOutrigger-05|STEEL para o grande público acontecerá através MT-IconBase-07B|Hinges|4pcs dos PAs (Public Audition) os quais estarão situados nas laterais MT-IconBase-08B|FemaleCon|4pcs do palco e fixados através de uma torre deMT-Icon-PA8080-10|BallastFixSet Box Truss equilibrada com contrapeso, além das caixas de retorMT-Icon-PA8080-02|Headsection no as quais estarão voltados para os artistas M390em Heavy-Duty no próprio palco, deTruss forma que esses possam se escutar precisamente. Assim, WLLe de painéis acústias soluções de tecido co configuram-se em alternativas compleSelfweight mentárias e de reforço porém não principais para o desempenho Height auditivo do espaço.

4 R3,0

Imagem 78. Referência painel acústico. Link: https://issuu. com/wengercorp/docs/acoustic_shell_overview_binder

790 790

1 piece

M390 M390

1 piece 7 2,43 3 2,37

7 m (22.96 ft) kg

lbs

800 (1763.69)

kg

lbs

310 (683.43)

m

ft

8 (26.24)

m

ft

3.5 x 1.2 (10.33x3.93)

lbs

3000 (6613.86)

CORTE LONGITUDINAL PALCO 3564

0

1

2

3564 3564

5

71

•Cálculo peso estrutura retrátil: (densidade do alumínio x volume dos arcos) -Volume dos arcos (60mm de diâmetro e 3mm de espessura)= 0,0129m³ -Densidade do alumínio = 2700Kg/m³ -Peso aproximado arcos estrutura retrátil 0,0129 x 2700= 34,83 x 5 = 174,15 kg.

•Cálculo peso tecido: (densidade superficial x área do fuso esférico) -Densidade superficial do tecido= 0,3m² -Área do fuso esferico = 26m² -Peso aproximado tecido: 0,3 x 26 x 4(unid)= 31,2kg.

•Peso total estrutura retrátil = 174,15 + 31,2= 205,35kg

Imagem 79. Render Palco em transportação. Elaboração própria.

• Estrutura Retrátil: Por se tratar de uma construção itinerante, a preocupação com a adaptação de seus elementos para quando o palco se encontra em condição de transporte se torna imperativa. Por esse motivo, foi pensado na colocação de uma estrutura retrátil composta de arcos de alumínio e envoltos com tecido de poliéster revestidos de PVC, possibilitando a realização de um sistema controlado de "abre-fecha" que permite a proteção interna da superficie do palco, assim como de todos os elementos desmontados das coxias que poderão ser

guardados em seu interior durante todo o transporte. Esse sistema retrátil é acionado de forma elétrica através de um controle que ativa o atuador rotativo que, nesse caso , se trata de um motor de passo o qual realizará a rotação dos 70° dessa estrutura de forma gradativa. Quando o palco estiver ancorado e sediando os shows, os arcos dessa estrutura estarão fixados ao arco frontal de Box Truss da estrutura principal da concha e serão encobridos pelo painel cenográfico central.

Imagem 80. Referência Tenda Nano Mollusc. https://www. kickstarter.com /projects/3121 35065/mollusc -the-tentyou-open-and-close

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EIXO DE ROTAÇÃO ACOPLADO AO MOTOR DE PASSO

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• Análise de carregamentos gerais: Após a especificação de todos os componentes, materiais e determinação das cargas fixas do projeto, analisa-se aqui a relação de capacidade de carregamento dos flutuadores com os valores reais de carga dos elementos permanentes do palco. É importante mencionar, no entanto, que apesar da elucidação desses elementos terem sido inseridas neste dossiê de forma sequencial, a intenção de uma analise panorâmica e simultânia foi aderida em toda a execução

do projeto, de forma em que os elementos dispossem de harmonia entre sí e que o carregamento final do palco fosse admissível.

Dessa forma, após o somatório de todas as cargas, chega-se a um total de aproximadamente 6 toneladas somente para a parte de palco e aproximadamente 2 toneladas para cada uma das coxias. Sendo a capacidade de carga dos pontões no palco: 15,93 toneladas e nas coxias: 3 toneladas, chega-se a conclusão de que a relação de carregamento desses pontões está satisfatória, uma vez

que esses apresentarão bom desempenho ao suportar todos os elementos acrescidos ao projeto. No caso das coxias, ambas terão um excedente de até 1 tonelada de carregamento para atender as cargas variáveis (circulação de pessoas, instrumentos e objetos de apoio), sendo um valor apropriado para uma programação esperada de até 5/6h de shows. Já o palco, terá um excedente de até 9,93 toneladas, sendo esse um valor adequado levando em consideração que contará com o carregamento das cargas variáveis dos artistas em perfomance, dos instrumentos e demais objetos de perfomance, mas especialmente, considera-se tal excedente de carreamento pois prevê-se a utilização da área do palco para armazenar os elementos desmontados das coxias enquanto essa estiver fechada e protegida pela estrutura retrátil em seu estado de transporte.

TABELA DE CARGAS COMPONENTE

TIPO DE CARGA

VALOR PALCO

VALOR COXIA

PERMANENTE

1,8t

530kg

PERMANENTE

2,7t

620,8kg

PERMANENTE

852,9kg

_

ESTRUTURA DAS COXIAS

PERMANENTE

_

403,2

PAINEIS CENOGRÁFICOS

PERMANENTE

225kg

162kg

TORRES DE PA

PERMANENTE

_

280kg

PAINÉIS ACÚSTICOS

PERMANENTE

200kg

_

ESTRUTURA RETRÁTIL

PERMANENTE

205,35kg

_

TOTAL

-

5,983t

1,996t

CAPACIDADE DE CARGA DOS PONTÕES

_

15,93t

3,07t

SUBESTRUTURA ESTRUTURA TUBULAR (PLATAFORMA) ESTRUTURA DA CONCHA (BOX TRUSS)

• Elétrica: A principal fonte elétrica deste projeto se encontra nas batérias náuticas, e de forma análoga a maneira como essas batérias são implementadas em embarcações convencionais, o projeto contemplará um local específico na plataforma para instalação e armazenamento dessa batéria, isolando-as adequandamente e considerando um espaço livre para manutenção.

Esse local será delimitado entre a subes-

Tabela 5: Análise de carregamentos gerais: Fonte:autoria própria.

74

trutura e os painéis de compensado naval, já que a estrutura de ligas de alumínio que intercede a conexão desses componentes é facilmente adaptável e já conta com um espaçamento vertical de 1m entre a subestrutura e o compensado e 50cm entre a subestrutura e as treliças horizontais que o sustentam, sendo possível dimensionar a estrutura de armazenamento dessas baterias nessa região.

A implementação da batéria nesse espaço acontece de forma estratégica também por que viabiliza a distribuição do cabeamento (específico para ambientes úmidos e corrosivos) vindo da fonte e passando sob o compensado naval até os pontos de alimentação. Na imagem abaixo é possível entender o funcionamento da distribuição com cabeamentos.

Imagem 81. Ilustração modelada em SketchUp da distribuição das instalações elétricaas sob compensado nava.

Fonte: Autoral.

75

PLANTA BAIXA PALCO ANCORADO

• Gerador: Para fins de recarregamento das de um abrigo acústico ao redor do gerador baterias e funcionamento como fonte de utilizando materiais isolantes como painéis energia secundária, o gerador será coloca- de lã mineral ou lã de rocha, certificando do em uma embarcação auxiliar atrás de de deixar espaço suficiente para a entrada plataforma central do palco, entrando em e saída de ar a fim de manter a ventilação operação caso a bateria principal falhe ou adequada. O posicionamento do gerador sua carga diminua durante o evento, de for- em contato aproximado com a bateria poma a garantir segurança. Considerando que sicionada na parte traseira da plataforma se o palco sediaria shows de médio porte, com da de forma a dinamizar as conexões de cauma necessidade de alimentação de energia bos (devidamente protegidos e resistentes a que não beira a de um show de festival de água) entre o gerador e a bateria, possibilimúsica mas que também não se reduz a um tanto seu recarregamento. espetáculo diminuto ao ar livre, fornecedores estimam que um gerador de 50KVA apresentam-se como sendo suficientes para atender a demanda desse espaço. Funcionando a Diesel e com dimensões aproximadas de 1,925 x 1,12 x 1,361m e com 1374kg, esse gerador ficaria adequadamente assentado na embarcação auxiliar e teria o seu ruído abafado através de algumas estratégias: a primeira seria através do próprio tecido CLIPSO acusticamente adaptado para não absorver as ondas sonoras, fazendo assim uma 1,92m 2m 1,1 barreira acústica entre o fundo Imagem 82: Ilustração gerador 50Kva. Fonte: https://spgeradores.net/locado palco e o gerador; a seguncao-de-geradores-a-diesel/. Com modificações da autora. Acesso: 21/11/2023 as 18:25 da seria através da utilização

1

2

5

1,36m

0

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77

• Ancoragem: Conforme indicado na página 31 deste dossiê, as possibilidades de ancoragem para plataformas flutuantes são variadas, sendo principalmente os métodos dolphin frame-guide, píer/ parede de cais e o método de correntes e cabos os mais recorrentes. Para este projeto foi-se adotado o método de ancoragem por correntes ou cabos amarrados ao peso morto que garante a ancoragem fixando-se ao leito marinho.

Essas âncoras seriam dispostas em configuração cruzada resultando na amarração de cabos de forma diagonal e em direções opostas sob a embarcação. Essa configuração pode ajudar a distribuir as forças de tração e manter a embarcação mais estável, minimizando o movimento lateral. Os cabos poderão ser fixados na subestrutura como é representado na imagem abaixo de letra "A", e durante o transporte, essas âncoras poderão ser guardadas no rebocador.

• House mix: Funcionando, de certa maneira, como o "centro de operações" do espetáculo, a House Mix configura-se em um espaço onde é efetuado o controle dos elementos de sonorização e iluminação do palco. Esse local é comumente encontrado em uma estrutra montada a alguns metros na frente do palco, no entanto, em alguns casos ela pode ser adaptável as contingências fabricadas por cada espaço. Neste enquadre, de forma similar a como acontece em demais palcos sobre superfícies aquáticas, ou em outros em que simplesmente não é possível

Exemplo da estrutura de fixação da corrente na plataforma

Peso morto dimensionado de acordo com a plataforma

acrescer uma estrutura de auxílio na frente do palco, considera-se então a possibilidade adapatação da House Mix de forma em que o operador trabalhe de forma remota, através do uso de câmeras auxiliares (câmeras espalhadas no palco e drones) que permitirão o monitoramento dos aparelhos.

Essa solução não é de nenhuma forma incabível e foi utilizada, por exemplo, nos palcos flutuantes do Marina Al Maré em Fortaleza, cujo operador executava o controle dos elementos do palco através de câmeras auxiliares.

Imagem 84: Render autoral.

Cabo de tensão para estabilização das correntes cabos em caso de movimentação

Imagem 83. Ilustração do sistema de ancoragem por correntes de amarração de configuração cruzada. Fonte: https://www. canadadocks.ca/how-to-anchor-your-dock-updated.

Acesso: 22/11/2023 ás 20:16.

78

79 79

• Chegada e saída dos artistas: A chegada dos artistas será realizada a partir de embarcações auxiliares que conduzirão os artistas da superfície até a parte traseira das coxias. essas embarcações ficarão à disposição para auxilio do palco durante todo o período de apresentações, totalizando no mínimo 3: a embarcação estacionada atrás do palco com o gerador e 2 demais embarcações que estarão rondando a plataforma para auxiliar o deslocamento de artistas, equipe técnica e instrumentos. A rota de fuga poderá ser realizada tanto pela entrada principal ( na parte traseira das coxias) quanto pela parte dianteira da plataforma central do palco caso seja necessário.

Imagens 85, 86, 87 e 88: Renders autorais

80

81

5.3 Zoneamento

PALCO

Imagens 89: Zoneamento dia de evento na Ponta de Humaitá.

ANCORADO

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Para efeito de visualização do funcionamento prático do evento, foi elaborado um zoneamento, tendo como exemplo de local de atracação: a região da Ponta de Humaitá. O zoneamento é realizado para compreender a organização espacial desse evento de forma panorâmica e geral, bem como espacializar os principais serviços que não podem faltar para garantir o bom desempenho da experiência do espetáculo, tais como: serviços de segurança pública, atendimento médico, alimentação e infraestrutura de higiene.

Painéis de LED suspensos e torres de PA também serão distríbuidos no espaço de forma a reforçar a visualização e a sonorização do espetáculo a fim de potencializar o seu alcance audiovisual.

Ademais, é previsto a instauração de um planejamento de limpeza pública durante e pós-evento, de forma tal que a empresa realize a limpeza do local, recolhendo resíduos, lavando áreas sujas e restaurando o espaço para as condições normais.

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06. Considerações õ Finais No transcorrer deste projeto, logrou-se consistentemente a intenção de explorar o enlace entre a arquitetura efêmera e as atividades vinculadas a cultura e ao lazer, evidenciando assim a potência dessa união para promover o avivamento da cidade através do entretenimento. Ratifica-se portanto a finalidade fulcral do projeto: a de pulverizar esses serviços culturais e, principalmente, levar e itinerar a música para espaços os quais, muitas vezes, não tem o seu potencial convincentemente explorado para sediar esse fim. Sendo assim, sublinho o objetivo de fazer do projeto de palco uma estrutura cuja as apresentações nele sediadas sejam abertas ao grande público, visionando a participação do poder estatal para a gerir e implementar esta proposta a fim de fomentar as atividades culturais e os ritos de apropriação da cidade.

Abro um parêntese também para validar a possibilidade de continuidade do trajeto do palco para demais pontos da Baía, e reitero que os pontos de ancoragem do percuso aqui apresentados restringem-se a região de Salvador apenas por questões de delimitação da área de foco para estudo, mas que a estrutura deste projeto possui a potencialdade de ser transportada para diversos locais, desde que as condições de navegabilidade e os locais de ancoragem respeitem as limitações aqui informadas, o que exclui, por exemplo, a possibilidade de atracação do palco em mar aberto devido ao intenso movimento ondulatório.

Ademais, busco através deste trabalho, enfatizar e enaltecer a Baía de Todos-os-Santos como sendo um local riquíssimo e único em potencial para oportunizar a materialização de projetos arquitetônicos flutuantes que

somam-se a essa região de modo a agregar valor e serviços para a população e para as comunidades litorâneas, além de contribuir para o turismo e o desenvolvimento econômico local de forma análoga a como ocorre em diversas baías oceânicas ao redor do mundo.

Assim, somadas todas as intenções aqui colocadas, concluo reafirmando a proposta de apontar a arquitetura como um potente recurso artístico-cultural capaz, não apenas, de promover a movimentação de recursos financeiros, mas, especialmente, de pleitear o reforço a identidade de uma comunidade, ativando a sua relação de engajamento com os espaços urbanos através da festividade e da criação coletiva de símbolos de pertencimento que emergem a partir do impacto social da música.

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07. Referências Bibliográficas • ALVAREDO GÓMEZ, Carmen. Mark Fisher, arquitecto del rock. Análisis de tres escenografias. 2022.

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• CARVALHO, Manoel José. A cidade efêmera do carnaval. Organizado por Edvard Passos, Salvador: Edufba, 2016. pg 173.

• DUARTE, Fábio; ABREU, Teles. Estratégias de Design na Construção de Narrativas Expositivas. O Efémero Como Estratégia. Feira do Livro de Lisboa. 2010. Tese de Doutorado. Universidade Tecnica de Lisboa (Portugal).

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• KRONENBURG, Robert. Live architecture: Venues, stages and arenas for popular music.

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