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Eletrobras

Eletronorte

orientar a adoção de procedimentos futuros, no que diz respeito à redução dos impactos ambientais, sociais e econômicos. Também é necessário obter dados que possam contribuir para o conhecimento técnico sistêmico dos fenômenos sísmicos naturais ou induzidos por reservatórios.

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Estações sismográficas - O reservatório da Usina Hidrelétrica Tucuruí é monitorado por uma rede composta por quatro estações sismográficas e quatro acelerográficas. As estações

Equipamentos digitais - O Observatório Sismológico da UnB mantém parceria com diversas empresas energéticas, principalmente com as empresas do Sistema Eletrobras, como Eletronorte e Furnas, e também Cemig e Itaipu, desde o final da década de 1970. “De lá para cá, o Observatório desenvolveu-se muito, graças aos recursos financeiros obtidos com as parcerias e, principalmente, devido aos dados produzidos pelas estações sismográficas dessas empresas. Isso permitiu conhecer melhor a realidade sísmica do País. No caso da Eletrobras Eletronorte, por exemplo, foi possível conhecer a sismicidade da Amazônia”, afirma Darlan. Os equipamentos digitais produzem dados mais exatos e permitem o uso de técnicas de análise mais modernas, diferentemente dos equipamentos de tecnologia analógica, que

Estações de dados estão ligadas à sala de registro da UnB

Eletronorte

Sismógrafo

sismográficas localizam-se nas proximidades do reservatório e possuem tecnologia moderna, contando com digitalizador e sismômetro triaxial de banda larga, ambos do fabricante inglês Guralp Systems. As estações acelerográficas realizam a medida das acelerações em três pontos da estrutura da barragem e em um ponto de referência distante da estrutura. Contam com equipamentos de tecnologia digital e são compostas de digitalizador e de acelerômetro triaxial do mesmo fabricante inglês. Os dados são adquiridos em cada estação remota a uma taxa de 100 amostras por segundo e enviados, inicialmente, via rádios digitais para uma central de registro no escritório da Usina e depois para a Sede da Empresa em Brasília. Para tanto, utiliza-se o sistema de transmissão por fibras óticas instalado na linha de transmissão de energia em alta tensão. Em Brasília, após a recepção dos dados no computador servidor, é realizada a tradução do endereço IP (protocolo de internet) local para o endereço IP público, permitindo o acesso aos dados pelo computador do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília - UnB, no qual os dados são recebidos em tempo real. O coordenador técnico do Observatório da UnB, Darlan Portela Fontenele (abaixo), diz que Tucuruí é a primeira Usina no Brasil a ter uma rede de acelerógrafos instalada e enviando dados em tempo real para a Universidade. “O monitoramento permite saber imediatamente qual a aceleração máxima que um possível evento causou na estrutura da barragem. Isto dá suporte ao pessoal de segurança de barragem para empreender ações de mitigação dos possíveis efeitos provocados por tais eventos. Os dados que chegam ao Observatório

geravam dados nem sempre de boa qualidade, o que induzia a possíveis erros de interpretação. Uma característica da tecnologia analógica era não poder utilizar ferramentas computacionais modernas. Tudo era feito ‘no braço’. Segundo Darlan, “a própria coleta dos dados requeria a ida de um operador a cada dois dias para trocar o sismograma. De forma prévia, o operador precisava preparar o papel que iria gerar o sismograma. Isto era feito a partir de um processo de esfumaçamento. Precisava-se impregnar o papel com a fumaça oriunda de uma lamparina, criando uma fina camada de fuligem sobre o papel para poder, então, ser riscado pela pena do sismógrafo. Depois, no processo de retirada do sismograma, era necessário banhar o papel em uma solução de álcool e goma laca, o que fazia com que a fumaça impregnada não se soltasse do papel. Tinha-se um sismograma pronto para poder ser manuseado pelo analista”. Sobre os recursos dispostos nos equipamentos digitais, o coordenador do Observatório explica que eles permitem desde a obtenção do tempo, com precisão de milésimos de segundos, a partir de receptor GPS, até a gravação

Eletrobras

Sismômetro

Acelerômetro

são analisados para que se saiba se houve a ocorrência de eventos sísmicos de qualquer natureza. Uma vez catalogados e classificados, são determinados parâmetros acerca da fonte que os originou: localização (coordenadas geográficas); profundidade (eventos tectônicos); e magnitude”, esclarece Darlan. A utilização de equipamentos digitais e modernos, instalados nas estações sismográficas e acelerográficas, permite obter respostas mais precisas, empregando-se técnicas computacionais modernas. A diferença entre estações sismográficas e acelerográficas está relacionada à quantidade de dados produzidos. “As estações sismográficas, devido à natureza de suas aplicações, produzem uma quantidade de dados maior que estações acelerográficas. Isto se explica pelo fato delas serem capazes de perceber desde os pequenos até os grandes eventos. Estações acelerográficas são desenhadas para perceber apenas os eventos que geram acelerações maiores na estrutura em que estão instaladas”, explica Darlan.

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