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Total Productive Maintenance ou

‘Todos Podemos Mais’ Com a Usina Hidrelétrica Tucuruí, a Eletrobras Eletronorte torna-se a única Empresa do mundo a conquistar o Prêmio Consistência em TPM e leva para o Sistema uma ferramenta de gestão implementada por algumas das melhores empresas do mundo Michele Silveira Houve tempo que a piada era inevitável. TPM? Pronto. Lá vinha algum comentário óbvio e cheio de ambiguidade. Mas o tempo passou. E o TPM? Esse ficou. Nas lembranças de muitos empregados a piada ficou apagada pela força desse ilustre conhecido que chegou à Empresa na década de 90. “A minha primeira lembrança foi a constituição de um grupo de trabalho, em 1996, pelo diretor de Produção e Comercialização, à época, e atual diretor-presidente, Jorge Nassar Palmeira, para identificar e estudar processos de gestão de ativos que pudessem substituir o processo vigente, o Procom – Programa de Controle da Operação e Manutenção. Esse processo estava esgotado e necessitávamos de melhorias na gestão. A partir da conclusão daquele grupo de trabalho, iniciamos a implantação do método TPM”, conta Antônio Carlos Faria de Paiva, assistente da Presidência. A lembrança de um novo modelo de gestão para a manutenção também é a primeira que vem à cabeça do engenheiro Eduardo Celso Carramaschi (ao lado), outro membro do grupo que coordenou a implantação do TPM na Empresa. “Queríamos modernizar e dar maior consistência ao antigo método de manutenção, o Procom”, explica. Procom o leitor já identificou. Mas e TPM? O Total Productive Maintenance é uma “ferramenta poderosa para a redução dos desperdícios inerentes aos processos produtivos. Sua implantação, apesar de demandar grande investimento inicial, em médio prazo apresenta resultados efetivos e satisfatórios. Esses resul24 correntecontínua

tados são cruciais para a sobrevivência das empresas na atual conjuntura dos mercados mundiais”, segundo o engenheiro de Produção, Alexandre Rodrigues Fernandes, na dissertação ‘Manutenção Produtiva Total: Uma Ferramenta Eficaz na Busca da Perda-Zero’. Ainda segundo ele, “trabalhando com a integração entre manutenção e operação, o TPM é uma forma de crescimento profissional para ambas as categorias e serve como meio de motivação para o ‘chão de fábrica’, enriquecendo o trabalho dos colaboradores, tornando-os mais envolvidos na busca de bons resultados. Isto torna mais simples o caminho rumo à perda-zero, ideal que deve ser procurado incansavelmente. Quanto mais perto se está desse ideal, maiores são as oportunidades às quais as empresas e seus funcionários estão aptos a agarrar”. Essa motivação e envolvimento são palavraschave citadas pelo presidente da Eletrobras Eletronorte sobre a implantação do TPM. “Costumo dizer que um dos aspectos mais fascinantes do TPM é a transformação que ele promove nas pessoas envolvidas no processo. Levamos seus conceitos para nossa vida e isso faz toda a diferença”, afirma Palmeira, que é uma das referências sobre a análise e implantação da metodologia no Brasil. Segundo Carramaschi, ele tem razão: “A metodologia mexe com as pessoas. O primeiro aspecto a ser considerado é a busca determinada pelo resultado aliada ao crescimento profissional do empregado. As pessoas não estavam acostumadas a medir as suas atividades e o resultado operacional não era uma exigência explícita das atividades de manutenção. Nós estávamos acostumados a efetuar a manutenção dos equipamentos conforme previsto nos manuais fornecidos pelo fabricante. O TPM reformula esse comportamento, questiona o antigo modelo,

sugere que o mantenedor avalie qual a melhor forma de executar a manutenção e verifique se os procedimentos atuais permitem alcançar os resultados que a organização precisa”. Lucro e reconhecimento - Quem acompanhou a divulgação do lucro da Empresa depois de 20 anos, pode não imaginar que o TPM também esteve envolvido nesse processo. Carramaschi lembra que a nova metodologia introduziu o conceito de melhoria contínua, “pois demonstra onde o processo de produção apresenta perdas de rentabilidade e lucratividade. Surge a ideia do lucro, que não fazia parte do dia a dia das equipes de operação e manutenção. Assim, conceitos como a sobrevivência empresarial, o fortalecimento do corpo técnico, o crescimento intelectual das equipes e do interrelacionamento das áreas também surgiram com o TPM”. Não é à toa que a Empresa pode ter orgulho de ser uma das poucas do Brasil – e a única do Setor Elétrico – a ter o reconhecimento do Japan Institute Plant Of Maintenance – JIPM, responsável pela marca TPM e pela disseminação da metodologia como uma filosofia gerencial que pode ser aplicada a todas as instalações de uma empresa. No mundo, Ford, Eastman Kodak, Dana Corp., Harley Davidson são algumas das companhias que obtiveram sucesso na implantação do TPM. Segundo Alexandre Fernandes, todas apontam aumento na produtividade com a implantação da metodologia. A Kodak indica que um investimento de US$ 5 milhões resultou em US$ 16 milhões de incremento nos lucros que podem ser atribuídos à implementação do programa. Se todos estiverem envolvidos, pode-se esperar uma taxa de retorno alta em comparação aos recursos investidos. O pesquisador cita ainda que algumas companhias japonesas obtiveram

90% de redução de defeitos e um aumento de produtividade entre 40% e 50%. No Brasil já implantaram o TPM empresas como Pirelli, Yamaha, GM, Texaco do Brasil, Tilibra, Gessy Lever e Votorantin Celulose, entre outras. Em janeiro de 2010 a Eletrobras Eletronorte deu mais um passo na direção de tornar-se maior referência no processo de Manutenção Produtiva Total no Brasil e no mundo: o Prêmio de Excelência em Comprometimento Consistente em TPM para a Usina Hidrelétrica Tucuruí. O prêmio é concedido pelo JIPM às empresas que se destacam na aplicação da metodologia conseguindo cumprir os requisitos para cada nível de premiação e atingir excelentes resultados (foto acima). Mas como lembra o superintendente de Geração Hidráulica, Antônio Augusto Bechara Pardauil, essa história não começou agora: “A força de trabalho de Tucuruí enxergou o TPM como uma grande oportunidade de crescimento. A ferramenta foi utilizada para mexer com as pessoas e dar a elas subsídios para agir e buscar a melhoria. O que poderia ter sido encarado como dificuldade foi traduzido como oportunidade e, hoje, se materializa em resultados”. Entusiasta da metodologia, Pardauil teve a atuação elogiada pelos auditores do JIPM, Tokutaro Suzuki e Prof. Saito, como motivador dos líderes e colaboradores envolvidos no processo de consolidação do TPM. De acordo com o administrador de empresas e economista José Ricardo Scareli Carrijo (ao lado), doutor em Engenharia de Produção pela Unimep e instrutor internacional de TPM pelo JIPM desde 1999, no passado 73 empresas foram premiadas e reconhecidas pela excelência em TPM em correntecontínua 25


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