Ditadura, Repressão e Conservadorismo

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Neofascismo, internet e História do Tempo Presente

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muitos membros do DReP. O discurso do SRP incluía as bases do que viria a ser conhecido como “negacionismo”4, ao afirmar que os fornos crematórios no campo de concentração de Dachau teriam sido construídos pelos EUA após o término da II Guerra Mundial. O SRP chegou a possuir dez mil membros, conquistou cadeiras nos parlamentos da Baixa Saxônia e em Bremem, além de possuir um braço paramilitar conhecido como Reichsfront. O artigo 21 da constituição alemã previa a possibilidade de fechamento de partidos políticos “radicais” por sentença do Tribunal Constitucional. Também vários artigos do novo código penal qualificavam como crimes a participação em atividades de organizações proibidas, a difusão de material de propaganda extremista e a utilização de insígnias nazistas (JIMENEZ, 1998, p. 47). Em função disso, o partido foi extinto pela justiça alemã em 1952. Após o fechamento do SRP, seus antigos membros formaram alianças com outros partidos de direita, dando origem em 1950 ao Deutsche Reichspartei (DRP). Os principais líderes deste novo partido haviam sido membros do NSDAP. Nas eleições de 1959, o DRP conseguiu 90 mil votos na Renânia-Palatinado (Rheinland-Pfalz). Em 1964, o partido se dissolveu com a intenção de formar uma nova força de extrema-direita com expressão nacional. Dessa forma, no mesmo ano, derivado do Deutsche ReiO negacionismo constitui uma subdivisão do “revisionismo histórico”, e procura reescrever a história negando o holocausto judeu. A vertente negacionista desenvolveu-se principalmente na Alemanha, Estados Unidos e França, logo após o final da Segunda Guerra. Já em 1948, o francês Maurice Bardèche publicava em Paris a obra “Nuremberg où la Terre Promise”, onde lançava a ideia de que os crimes nazistas eram uma farsa. Para Bardèche, as câmaras de gás serviam apenas para “desinfecção”, e não para o extermínio. Apesar de ser uma obra pioneira, o livro tende a ser ignorado pelos negacionistas atuais, devido ao alto comprometimento ideológico de seu autor, um fascista militante. (VIDAL, 1994, p. 17). Todavia, o desenvolvimento do negacionismo viria a ganhar impulso na década de 1960. Foi importante neste processo a editora francesa La Vieille Taupe, fundada por Pierre Guillaume em 1965. Inicialmente de orientação trotskista, a editora rompeu com o comunismo no final da década de 1960 e gradualmente foi afastando-se da esquerda (JESUS, 2006, p. 37-38). 4


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