Nutrição e Fisiopatologia nas Doenças Hepáticas | Wilza Peres / Juliana Coelho / Tatiana de Paula

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Nutrição e Fisiopatologia nas Doenças Hepáticas

rações vasculares e comprometimento da função hepática. Por meio do exame histopatológico do tecido hepático, é possível separar três tipos distintos de lesão pelo álcool, representados por esteatose hepática isolada, esteatose com inflamação (esteato-hepatite) e cirrose.7 A esteatose é o tipo de lesão observada mais precocemente e caracterizase por acúmulo de vacúolos lipídicos no interior do citoplasma dos hepatócitos. A ocorrência de esteatose isolada é considerada benigna, com baixo risco de evolução para cirrose a longo prazo.8 Por outro lado, pelo menos 40% dos pacientes com esteato-hepatite desenvolvem fibrose significativa e até 20% destes evoluem para cirrose.8 Desta forma, é fundamental a diferenciação entre os pacientes com esteatose isolada e aqueles com esteato-hepatite ou cirrose, seja para determinar o prognóstico, seja para programar o tratamento. A biópsia, embora tenha boa acurácia nesta diferenciação, é um procedimento invasivo e com algumas limitações. A medida da elastografia hepática tem mostrado boa precisão na determinação do grau de fibrose hepática em hepatopatias de diversas etiologias, inclusive na hepatopatia alcoólica.9 Com isso é possível, de maneira não invasiva, determinar o estádio da

doença e acompanhar sua evolução, além de realizar pesquisas testando a eficácia de novos fármacos. ►►Risco de Cirrose A associação entre consumo do álcool e desenvolvimento de cirrose já foi demonstrada claramente em modelos animais e em estudos epidemiológicos, mas ainda existe muita controvérsia sobre quais características são determinantes para o desenvolvimento da doença. Isto porque somente alguns pacientes expostos a doses elevadas de álcool por longo tempo desenvolvem cirrose.10 Uma das associações mais bem estudadas é a relação entre a duração do consumo de álcool e a cirrose. Em um estudo, nenhum caso de hepatite alcoólica ou cirrose foi observado em pessoas com consumo médio diário de 160g de álcool por menos de cinco anos, enquanto 50% dos pacientes desenvolveram cirrose após 21 anos de consumo.11 O estudo de Rehm et al. (2010)12 demonstrou que o risco de desenvolver cirrose é significativo quando o consumo diário de álcool é maior que 30g, elevando-se consideravelmente quando o consumo é superior a 80g/dia. A Tabela 8.1 exemplifica a quantidade de etanol presente em alguns tipos de bebida alcoólica.

Tabela 8.1 Quantidade de etanol presente em algumas bebidas alcoólicas Bebida

Unidade

Cachaça Destilados (uísque, vodca)

mL

Etanol (g)

Dose

50

17

Garrafa

660

220

Dose

50

±16

Aperitivos (Martini , Campari )

Dose

50

±8

Cerveja

Copo

250

9

Lata

350

13

Garrafa

660

25

Taça

200

28

®

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Vinho Fonte: adaptada de Neves et al., 1989.13

Fisiopatologia e Nutricao nas Doencas Hepaticas - Cap-08.indd 112

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