Medicina Neonatal | Adauto Dutra

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Cristiane Sousa Nascimento Baez Garcia Ana Carolina Gomes Martins Michele Ramos Lourenço

INTRODUÇÃO A fisioterapia na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) requer do profissional conhecimento abrangente, treinamento avançado e competências clínicas em assistência neonatal para atender de maneira segura e eficaz recém-nascidos (RN) com instabilidades fisiológica, metabólica e neuromusculoesquelética.

FISIOTERAPIA MOTORA NA UTI NEONATAL As habilidades de autorregulação (de trazer as mãos à boca ou à linha média) são consideradas a base do desenvolvimento neuromotor. No RN pré-termo, porém, estas habilidades estão prejudicadas em função das escápulas retraídas, das extremidades abduzidas e rodadas externamente e do predomínio da extensão. É atribuição do fisioterapeuta dar suporte à postura e ao movimento funcional para o bom êxito das habilidades de autorregulação. As orientações práticas para o sucesso da fisioterapia motora na UTIN baseiam-se em quatro conceitos: a Teoria dos Sistemas Dinâmicos; a Classificação Internacional de Funcionalidade; a Incapacidade e Saúde; e o cuidado centrado na família. Segundo a Teoria dos Sistemas Dinâmicos, todos os componentes biológicos do RN (fisiológicos, físicos e comportamentais) interagem entre si e com os ambientes físico e sociocultural (profissionais e familiares), influenciando seu desempenho funcional (p. ex., habilidades de autorregulação) e a relação entre a família e o bebê (Figura 91.1). Por exemplo, em decúbito dorsal, as tentativas malsucedidas de trazer a mão à boca desestabilizam o sistema autônomo, que, por sua vez, é a base para a organização motora, do estado comportamental, da atenção ou interação e da regulação dos mesmos Ao posicionar o RN pré-termo em decúbito lateral, sem a ação gravitacional, o fisioterapeuta facilita o controle

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da postura, do movimento funcional, a homeostase fisiológica e a interação social. Para saber se o RN está apto a interagir e a manter sua homeos­ tasia, durante a avaliação e o tratamento devem-se monitorar os sistemas: ■■ Autônomo: frequência respiratória (FR), frequência cardíaca (FC), saturação de pulso de oxigênio (SpO2), coloração, soluços, espirros, tremores e reações de sobressalto. ■■ Neuromusculoesquelético: tônus, postura, movimento e alinhamento biomecânico. ■■ De estado: variação, vigor, atenção, transições e capacidade de orientar-se para objetos animados e inanimados. A regulação destes sistemas (Tabela 91.1) deve ser prioridade para facilitar a organização comportamental do bebê e a relação afetiva entre os familiares e os bebês, dando suporte ao controle postural e às habilidades de autorregulação. As experiências sensório-motoras iniciais repercutem na arquitetura do sistema nervoso central (SNC). O ambiente adverso da UTIN modifica o desenvolvimento do SNC, preservando células que seriam eliminadas; eliminando células que seriam preservadas; modificando a poda dendrítica ou axonal e sinapses. Adequar a UTIN significa proteger o desenvolvimento do SNC, que depende da interação de aspectos biológicos com aspectos ambientais. A Classificação Internacional de Funcionalidade, a Incapacidade e Saúde reforça a complexa relação entre a condição de saúde do bebê e os fatores contextuais do ambiente e da pessoa, abordando os principais componentes da função: ■■ A integridade estrutural e funcional do corpo (deficiências). ■■ A promoção de posturas e movimentos adequados (limi­ tações).

C o p y r i g h t ©2 0 1 6E d i t o r aR u b i oL t d a . D u t r a . Me d i c i n aNe o n a t a l . A l g u ma sp á g i n a s , n ã os e q u e n c i a i s , ee mb a i x ar e s o l u ç ã o .

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Fisioterapia na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

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