ressaca erótica

ressaca erótica

ressaca erótica andré

seis

sete preâmbulo

o homem é todo vísceras e esperma e eu sou terra sou sebo e sou delicadeza e por isso esmoreço sou homem também quando me quero dor quando me quero hoje a noite não vai mais arder em gotas certas e não haverá mais entorpecimento e cor apenas o saber velado está vindo é grande e não pesa em minhas narinas quando se faz veladura de mãos e clareza das pupilas entremeadas por sublimidades eu não esperava esse expandir era contente quando me encontrava só naquele grande circular de descompartilhamento guardava-me embolorado mas amplo agora o que me vêm já não me pertence esse agarrar-se tão esplêndido foram preciso duas luas pra me mostrar as faltas e será preciso mais um quarto esmiuçante para eu passar sou só isso é abundância tanta que agora precisa encontrar caminho em outros peitos e não posso apenas apontar e dizer vai é preciso investir e como fazê-lo quando me penso fraco queria mesmo perder fraqueza e despertar a multidão porque sou ardência quando desperto e não aguento esse desacato esse infiel descaso de lançar incediaduras me falaram que há dificuldade em ser dois eu menti dizendo que não compreendo o inconciliável ser um mas apenas não perdoo o ser verbo mutável e tão vil me parece o esperar que lhe cria na dor e lhe abandona na dor o ser e o esperar me invadem e distorcem eles desconhecem a falta de espaço em mim eles desconhecem meu corpo e então o fazem outro e não posso assumir esse ato porque vem do outro que me esmiúça e reinventa o que desconsolei vão minhas noites minhas toturosas noites tragam-me a imoralidade do sol quero queimar em pedras e lábios e imortalizar a simplicidade poente não me faço término hoje eu quero a continuidade e o afago sofro.

nove parte um

dez erotizo-o, distância, vicissitude do verbo que se faz carícia na língua minguando seu corpo oco qual ausência a reverberar na língua que não lambe mas levanta se dobra preenche boca com sumo outro. não o seu, mas sobre si verte a pulposa larva, palavra substanciosa que lhe chega antiga - no agora, intermitente cópula da exigência

onze há uma festa lá fora e há uma cena aqui dentro e o som do meu anel na garrafa verdeluzente da cerveja marca o passo vai vai vai mas vai pra onde aqui faz calor o homem fala e fala e fala com o triângulo de luz se fazendo tremeluzir o homem fala e fala e fala um sentimento qualquer que não me chega você sumiu em algum momento e sinto ainda agora a brisa do lá de fora que me faz arrefecer que me faz desejar seu peito de selva cabelos preteluzos claudicantes de calma.

doze sonífero, estudo o anseio. resguardo peito. sortido, mente. aberto, quase nulo, o sonho sonado. eu, sujo molhado, após encontrá-lo. eu, lama e chuva deixado na porta de bar algum. não reconhecido. tudo se somando, perdido, sentindo você partido. Eu, ainda sujo molhado, destrinchando a imagem no meu leito do vivido – imaginado.

treze solstício lento. na oclusão do dia cada vez mais extenso pela falta, estico o corpo todo, lençol, álcool e cigarros: lira e arco duvidoso do arquear arfante tocando-me como se não fosse eu–meu mas seu–eu viscoso em mim. fica, diria. prolonga-se soturno. não viso o aquiescer, só a consumação plena, volante. quarto escuro onde aninho, na palha, peito, ovos e tronco. passa. aro. desejo.

catorze

quinze