Territórios, redes e desenvolvimento regional: perspectivas e desafios

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quadas nas escolas (conhecimento insuficiente do alemão das crianças), nos serviços sociais e de saúde etc. Paralelamente a essas necessidades práticas, se desencadeou uma discussão de ordem geral sobre a “assimilação” (baseado na ideia da adoção dos valores da sociedade maioritária pelos recém-chegados) ou a “integração” (baseado na ideia da convivência e aceitação mútua das diferentes culturas) da população estrangeira na sociedade alemã. Em alguns casos, por exemplo, em Frankfurt am Main sob um governo local social-democrata/verde, se iniciou um debate sobre a sociedade “multicultural” que levou, no caso concreto, a um redirecionamento das políticas locais no sentido de reconhecer a imigração como fato e de iniciar passos concretos em direção à integração, principalmente nas áreas das políticas educacionais e de cultura. Mesmo assim, nos discursos políticos prevalentes perdurou ainda por muito tempo a posição de a Alemanha não ser um país de imigração.

“A Alemanha é um país de imigração”: consequências políticas, socioeconômicas e territoriais Essa autopercepção e sua motivação política somente começaram a se alterar com as mudanças políticas ocorridas no final dos anos 1990. Com a transição para um governo federal socialdemocrata/verde em 1998 se iniciou uma nova fase na longa caminhada de um país de emigração para um país de imigração. A modificação das regras de cidadania foi uma das medidas mais significativas. Até este tempo, a cidadania alemã sempre se definiu através da descendência da pessoa (ius sanguinis). Somente a partir de 2000 se aplicou o princípio do lugar de nascimento (ius soli) para definir quem tem direito à cidadania alemã (Meier-Braun, Weber, 2017, p. 16). Com estes novos regulamentos, que possibilitaram a milhares de filhos de imigrantes a aquisição da cidadania do país em que nasceram e viveram, o governo alemão reconheceu finalmente que o país já tinha se tornado, tempos atrás, um país de 143


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