Comentário - Pastorais

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insultos injuriosos. Portanto, quanto mais percebemos que somos rigorosamente observados por nossos inimigos, mais atentos devemos ficar para evitar suas calúnias, e assim faremos que sua perversidade corrobore em nós o desejo de fazer o bem. 9. Exorta os servos. Já ficou dito que Paulo, aqui, está simplesmente tocando em certos temas à guisa de exemplo, e que não está a tratar deles de forma exaustiva, como ele faria numa tese mais ampla. E assim, ao dizer que os servos sejam em tudo agradáveis a seus senhores, esse desejo de agradar deve limitar-se às coisas que são direitas, como podemos deduzir de passagens semelhantes, nas quais essa exceção é explicitamente expressa, para que façam somente o que está em harmonia com a vontade de Deus. Observe-se que o apóstolo insiste principalmente em que aqueles que se encontram debaixo da autoridade de outrem sejam obedientes e submissos, e ele tem boas razões para agir assim. Pois não há nada mais contrário à natural disposição humana do que a submissão, e havia um grande risco de que os servos fizessem do evangelho um pretexto para rebelarem-se, afirmando que o mesmo não se adequa à submissão ao domínio de pessoas ímpias. Os pastores devem demonstrar a máxima prudência e atenção em apaziguar e abafar esse espírito de rebelião. 10. Não defraudando; revelando, antes, íntegra fidelidade. Ele censura dois erros comuns entre os servos: respostas petulantes e propensão para roubo.8 As comédias clássicas estão cheias de exemplos da excessiva tagarelice dos servos, que zombavam de seus senhores; e havia razões de sobra para tal comportamento, já que nos tempos an8  “Aqui vemos quão estritamente Paulo observava aqueles a quem ele estava falando. Pois os escravos daquela época eram dados à pilhagem, e, além disso, eram contraditórios, como se não temessem os azorragues com que eram castigados. Mas, Descobrimos que às vezes eles se tornavam empedernidos, porque seus senhores não os usavam com brandura, porém os ameaçavam como se fossem bestas brutas, os feriam, os provocavam, os submetiam a tortura e amiúde os açoitavam, quando estavam absolutamente nus, de modo que o sangue fluía de todos os lados. Sendo assim endurecidos para o mal, não devemos sentir-nos atônitos se a corrupção neles se sobressaía de tal modo que se vingavam de seus senhores quando se lhes divisava uma oportunidade. Mas, agora Paulo não deixa de exortá-los a que agradassem seus senhores, isto é, em tudo o que fosse bom e direito.” – Fr. Ser.


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