Revista Vida a Dois Nº 04

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Comportamento Luciene Almeida Psicóloga e Psicopedagoga

Recentemente cientistas descobriram que o VMAT2 (gene relacionado com esperança, amor, paciência, fé, relacionamentos, etc.) quando estimulado tem o poder de ajudar no tratamento de várias doenças, inclusive mentais. É explicável, pois a esperança traz bem estar, fazendo com que nossos neurotransmissores produzam mais substâncias como: serotonina, dopamina, noradrenalina e endorfina que fortalecem o sistema imunológico. Estatísticas apontam que a depressão é considerada o mal do século. Será em todo mundo o maior problema de saúde física e mental por volta de 2020, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde). “Para se ter uma idéia do que é uma depressão severa, pense no desconforto de várias noites sem dormir misturado à dor da perda de um ente querido. Depois, imagine a sensação de que essa falta de energia nunca mais vai acabar. Esta é a rotina de uma pessoa em crise depressiva.” - Abril Cultural: Coleção Muito Mais. Pessoas em todo mundo, questionam por que essa doença está, cada vez mais, se alastrando. Qual a causa? Qual a verdadeira origem desse mal? A sociedade pós-moderna traz algumas características que podem responder essa questão. Uma das características é a corpolatria (idolatria ao corpo). Por toda parte, pessoas estão, cada vez mais, investindo de modo exacerbado, em si mesmas, seja em academias, clínicas de

estética ou mesmo cirurgias plásticas. Estamos com sintomas narcísicos. O narcisista é totalmente apaixonado por ele próprio. Ou seja, o narcisista é uma pessoa que está preocupada consigo mesma com exclusão de todos os outros, inclusive seu cônjuge e filhos. Lowen (1983:34) esclarece: A incapacidade para dizer “eu te amo” identifica o narcisista. Amar a própria imagem é visto no mito, como tipo de punição por ser incapaz de amar. Hoje, sabe-se que narcisismo é um traço de nossa condição cultural, que em nível individual indica uma “perturbação” da personalidade caracterizada por um investimento exagerado na própria imagem. Quando há um considerado investimento anormal em si mesmo, deixa-se de investir automaticamente no outro. Isso resulta em outra característica do pós-modernismo que é o individualismo, ou seja; eu não preciso mais do outro, portanto me isolo e deixo de amar. Daí vem a consequência: a falência do amor. De certa forma, isso pode ser inserido no cumprimento da profecia relatada em Mateus 24:12, a qual afirma que no final dos tempos o amor se esfriaria. É interessante como falamos de tudo, lemos sobre tudo, mas não ouvimos com frequência a frase “amo você”. O que aconteceu? Parece que essa frase se tornou estranha. A ponto de que se for dita para alguém, provavelmente, ela terá dificuldades de acreditar. A verdade é que muita gente não se sente constrangida em xingar, gritar e falar mal dos outros, mas morre de vergonha de declarar: “eu te amo”.

Para sua reflexão: A resistência em expressar o amor está por toda parte. Inclusive na família. Mas é frequente ouvir o equivalente a essa frase nos velórios... Por quê? O amor verdadeiro é incondicional. A pessoa ama, sem esperar recompensas. Amar a vida e as pessoas faz bem à saúde. Traz alegria e satisfação ao coração. Em Provérbios 15:13 relata que o coração alegre aformoseia o rosto. É notório que quando se está amando, a pele parece ficar mais bonita, os olhos parecem brilhar mais, a disposição aumenta e todos passam a perceber que você está mais feliz. É uma beleza que vem de dentro. Neste momento podemos citar outra característica dessa sociedade que é a inversão de valores. Infelizmente, a mídia possui a capacidade de manipular a opinião pública a ponto de influenciar decisões, determinar normas comportamentais e de consumo. A calça jeans tem de ter aquela etiqueta, a bolsa tem de ser daquela marca. As mensagens subliminares da mídia sugestionam que você vai ser amado se possuir o carro do ano. E assim, os pais pensam que amar os filhos consiste em oferecer coisas que simbolizam status. Se independente disso, pudessem passar mais tempo com as crianças e demonstrar mais amor, com certeza, os consultórios psicológicos não estariam tão cheios de crianças e as escolas com tantos problemas. De fato, há uma grande necessidade de demonstrar amor nos relacionamentos. Pois, amar mais as pessoas e menos as coisas, faz muito bem. 13


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