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ARTIGO
Encontro de “gigantes”: o filólogo Aurélio Buarque de Holanda e o folclorista Théo Brandão
folcloristas. Edison Carneiro (1962), outra figura de proa do “movimento”, no texto “A Evolução dos Estudos de Folclore no Brasil”, mostra como os estudos de folclore, no Brasil, passaram, ao longo do tempo, por diferentes enfoques temáticos.
a valorizar como objeto de estudo, os chamados “folguedos populares”. Isso porque, na ótica dos folcloristas, os folguedos, na medida em que reúnem em um só evento, crenças e práticas, músicas, danças, poesia, cores e sabores, aspectos
Alagoas foi um dos primeiros estados da federação a institucionalizar uma comissão estadual dedicada ao folclore Primeiramente centrado na poesia, no final do século 19, com Silvio Romero, passando pela música, na década de 1930 e 40, com Mário de Andrade, os estudos de folclore, a partir da atuação da Comissão Nacional de Folclore, passa
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materiais e espirituais, são estratégicos para se visualizar a “organicidade” da cultura popular. Entre o final da década de 1940 e durante toda a década de 1950, período em que o “Movimento Folclórico
setembro/outubro 2011
Brasileiro” alcança seu apogeu, o panorama do campo intelectual brasileiro, ainda não marcado pela especialização acadêmica posterior, pode ser caracterizado pela intensa circulação e trânsito de pesquisadores. Folcloristas, sociólogos e antropólogos são, a rigor, interlocutores próximos, sendo tênues as fronteiras entre os campos do saber relativos às chamadas ciências sociais. Só para exemplificar, dois dos maiores nomes do “movimento”, Edison Carneiro e Manuel Diégues Júnior, fizeram parte da comissão organizadora da I Reunião Brasileira de Antropologia, realizada em 1953, no Rio de Janeiro, que teve como um dos seus temas, ao lado da arqueologia, antropologia física e linguística, justamente o folclore. E o que falar de intelectuais como Roger Bastide e Arthur Ramos, cujas produções abarcam ampla gama de temas como religiosidade afrobrasileira, relações sociais e folclore? Esse panorama intelectual, caracterizado pela interlocução e trânsito entre folcloristas,