Nunca é o bastante: a história do The Cure

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Nunca é o bastante: a história do The Cure

“Não sei mesmo por que”, ponderou. “Achei que estava bonito. Meus professores eram tão liberais que tentaram arduamente não notar.” Smith sobreviveu ao dia na escola, mas foi agredido no caminho de volta para casa por um bando de colegas de escola que não tinham a mente tão aberta. Lol Tolhurst estava ali, observando. “Robert foi a um bazar e comprou um vestido preto de veludo, muito longo e justo”, contou. “Sua mãe o cortou ao meio e transformou em calças – o que não era um problema até você vê-lo no colégio com as pernas juntas, então parecia que ele estava de vestido.” Na opinião de Tolhurst, essa foi apenas uma tentativa de Smith para ver se as poucas regras da escola realmente eram flexíveis. “Nosso negócio era operar o mínimo possível dentro da lei. Alguns professores sabiam o que estávamos aprontando e tentavam nos incriminar.” Smith concordou, dizendo que usou o vestido “para uma aposta”, como uma maneira de testar o quanto poderia abusar da abordagem casual dos professores à autoridade. “Usava aquilo o dia inteiro porque os professores só pensavam: ‘Ah, é uma fase, ele está em uma crise de personalidade, vamos ajudar a enfrentar’.” Em outra oportunidade, Smith decidiu experimentar os cosméticos da irmã antes de ir para a escola. “Eu me tranquei no banheiro e fui para a escola usando maquiagem.” No entanto, seus professores não foram tão tolerantes nessa ocasião. “Eles me mandaram de volta para casa imediatamente.” A reação dos pais de Smith? “Eles foram muito pacientes comigo”, afirmou. “Esperavam que eu simplesmente parasse um dia.” Um contador de histórias nato, mais de uma vez Smith disse que seu primeiro experimento com maquiagem coincidiu com sua primeira tentativa de se travestir. De qualquer forma, ele apanhou ao voltar da escola, o que não considerou “uma recompensa muito justa” por seus esforços – não que isso o tenha desanimado, claro. Quanto à Notre Dame, seu chamado experimento de “escola fundamental II” havia sido introduzido em algumas escolas britânicas no começo dos anos 1970 – ele foi projetado para “preencher o vão” e suavizar a transição entre o ensino fundamental e o médio. “Era para ser muito liberal”, Smith declarou em 1989. “Você tinha ‘aulas abertas’: se não gostasse de uma, poderia ir para outra. Chamava os professores pelo nome, esse tipo de coisa.” 34


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