Maria Mazarello Rodrigues - Coleção Edição e Ofício

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Henrique olhou para mim e já ficou com dó. Era uma IBM executive elétrica. Eu nunca tinha trabalhado em uma máquina elétrica, e essa marca era a precursora das máquinas de composição, muito diferente. O teste era em uma chapa que se chamava “plastplaite”. O processo era assim: batia-se nessa chapa com uma fita especial e passava-se um determinado líquido. Depois, colocava-se o material na impressora e já conseguíamos rodar. Caso não fosse por esse processo, tínhamos que datilografar no estêncil, e eles tinham o mimeógrafo de primeira geração para fazer esse trabalho. Mas eu nunca tinha visto isso na vida. Até sentei para fazer o teste, mas eu não sabia nem como ligar a máquina, e desandei a chorar! Eu chorava muito. Tiveram que me dar água e perguntaram: “Por que você chora tanto? Isso é só um teste! Você não passou no teste porque não conhece a máquina. Por que chorar tanto?” Disse que essa seria a minha última esperança, e como eu sabia que não tinha passado no teste, não teria outra oportunidade. Então, o Henrique virou-se para mim e explicou o que era gráfica, como se faz um livro. E disse que, como era muito amigo do chefe, tentaria me arrumar algo, mas que não poderia garantir um trabalho muito bom. É claro que eu disse que não teria problema algum. Aceitaria qualquer coisa. Ele conversou com o Sr. Antônio, um dos chefes, que teve uma solicitação da equipe de limpeza para uma faxineira. A primeira coisa que eu perguntei foi: “Quanto eles pagam?” E disseram: “Salário mínimo!”. É claro que eu aceitei! Seria para 24


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