Maria Mazarello Rodrigues - Coleção Edição e Ofício

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editorial brasileiro. Aqui fincou pé. E daqui não sai. E daqui ninguém a tira. Ainda em sua introdução, as organizadoras chamam a atenção do leitor para diversas situações enfrentadas por Mazza, que elas não qualificaram. Tento eu defini-las nesta breve revisão, dizendo que as situações que ela enfrentou ao longo de toda sua vida, foram atropelos, percalços e vitórias. Mazza não sabe de sucesso que não seja resultado de luta. Árduas lutas. Invento uma cena, que nada tem de inventada: vejo-a em um campo de batalha, portando um estandarte como gosta de portar buquês de flores, levantando-os à altura dos ombros. Assim a vejo na vanguarda de um exército-debrancaleone, uma joana d’arc a brandir espadas imaginárias. Com bravura e fé in-que-bran-tá-veis. Ao final da leitura de seu depoimento dou-me conta de que sua vida parece um roteiro de cinema. Filme parcialmente visto por mim. Qualquer leitor, certamente, reconhecerá cenas deste filme vivido por si próprio ou por alguém próximo ou distante, pessoa de qualquer idade, gênero e raça. Este reconhecimento é ainda maior naqueles filmes protagonizados por pessoas muito sofridas aqui e em todos os lugares. A narrativa que se segue, narrada por Mazza, parece recontar a vida de cada negra barbaramente capturada na África e transportada ao Brasil, cada negra resistente a todos suplícios infligidos por um mundo de homens e mulheres que se julgavam superiores a ela. Ao ouvir o relato de Mazza nos 13


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