A Terra de Leovigildo

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O Liberalismo acabou por integrar no sistema político e administrativo a estrutura eclesiástica paroquial. Entretanto, já em 1770, a Congregação Consistorial do Porto procedeu ao desmembramento da diocese do Porto, criando a diocese de Penafiel, incorporando nove paróquias de Lousada: Nevogilde, Figueiras, Casais, Cristelos, Nespereira, Lodares, Boim, Pias e Meinedo (MOURA, 2009: 357). No entanto, a separação pouco durou porque em 1778 a diocese de Penafiel era extinta e integrada novamente na do Porto.

Os Párocos O direito de apresentação, ou seja o de indicar o pároco, pertencia ao senhor que fundou a igreja e aos seus herdeiros. O rendimento da igreja de Nevogilde era apreciável (400 mil réis em frutos certos e incertos, em 1758) e, por vezes, existiam conflitos sobre a quem de facto competia esse privilégio. Além disso, houve párocos que, apesar de indicados, nunca aqui exerceram, enquanto outros o fizeram por pouco tempo, preferindo ambos abdicar de uma pequena parte dos rendimentos e pagarem a quem os substituía na atividade pastoral. Por isso, torna-se bastante difícil descortinar quem foram, na realidade, os verdadeiros titulares da paróquia, pois, por vezes, eram vários os presbíteros em funções. Em 1833, com o Liberalismo, terminou o direito de padroado.

Pe. Martinho Eanes (1258) É a mais antiga referência ao titular da paróquia de Nevogilde, constando como testemunha nas Inquirições de 1258, no reinado de D. Afonso III. A sua apresentação foi confirmada pelo Bispo do Porto (LOPES, 2004: 298). Pe. Martim Peres “Louredo” (1294) Por falecimento do anterior, foi apresentado a 16/1/1294 por Martim Gil, 2.º Conde de Barcelos, e sua irmã, D. Teresa Gil, e, mais tarde, por um tal João Gonçalves (LOPES, 2004: 298). Pe. Pedro Martins (1294) Era cónego do Mosteiro de Ferreira e foi apresentado por Fernão Pires Barbosa, depois por D. Guiomar Gil e outros, e mais tarde por D. Guiomar Martins e algumas freiras do Mosteiro de Arouca (LOPES, 2004: 298).

Pe. Pedro Anes (1455-1499) Foi apresentado por Luís Álvares de Sousa, 4.º senhor de Baião, e confirmado por D. Luís, Bispo do Porto a 26/3/1455, e pelo Mosteiro de Arouca (LOPES, 2004: 299). Pe. João Anes (1499) Tendo o anterior pároco renunciado a 11/5/1499, o Mosteiro de Pombeiro e o 6.º senhor de Baião, João Fernandes de Sousa, apresentaram o Pe. João Anes, confirmado por D. Diogo de Sousa, Bispo do Porto, a 3/6/1499 (LOPES, 2004: 300). Pe. João Afonso Assume a responsabilidade da paróquia após o falecimento do anterior, sendo confirmado pelo Bispo D. Pedro da Costa, capelão-mor da Infanta D. Isabel (filha do Rei D. Manuel I), após a apresentação feita por João de Sousa, senhor de Baião, e pelo Mosteiro de Pombeiro. Estes concordaram

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