Filosofia cliente

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modo que, se elas “não existem”, se “não há” exploração nem alienação, se os operários desempenham suas funções “sem” que ocorra o descompasso entre o real valor de sua força de trabalho e a remuneração atribuída, então todos estão “felizes” e podem seguir com a “manutenção” da “paz”. Entretanto, a contemporaneidade oferece espaço (na tado/em conquista) para profissionais socialmente engajados, reflexivos, críticos, transformadores, criativos. Também, entretanto, vivemos ainda (em grande proporção) os ranços das relações de reificação e subordinação do humano. E, sobre a paz, importa lembrar composição do Rappa “paz sem voz, não é paz, é medo!”. Para combinar com a menção à música do Rappa, utilizamos aqui a expressão de Ribeiro (2003, p. 203): “na razão do mercado, o medo”. Mas o medo, nesta expressão, não está apenas para os menos favorecidos e explorados pelas relações de trabalho que se configuraram na modernidade. O medo está para todos, devido à ameaça de revoluções, quando as contradições ficam mais evidentes, assim como as condições de pobreza e miséria...

A máxima produtividade [...] transformava a sociedade do trabalho em sociedade da barbárie, marcada pela luta entre o capital e o trabalho. A utopia do crescimento infinito, sem contradições, parecia haver atingido seu limite. Diante das tensões surgidas, as elites sustentavam a necessidade de fazer algo além da repressão e da caridade, para evitar um desastre social maior. [...] O próprio

203 Ideologia, alienação e trabalho: uma reflexão tripartite em prol da reconquista do humano que há em nós

realidade, espaço não oferecido, mas historicamente conquis-


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