Filosofia cliente

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(RIBEIRO, 2003, p. 198-199) Mediante à concepção da referida espécie de contrato social, bem como as concepções de liberdade e (já que havia os direitos e deveres) e igualdade, surge a concepção de realização (não mais punição, nem servidão) associada ao ato de trabalhar. (RIBEIRO, 2003). Importa, contudo, recordar a questão da incompletude humana, assim como da existência e conquista/construção do próprio ser em movimento constante, incessante; de tal modo que não há uma realização plena do indivíduo, o humano está sempre em busca de, sempre em construção, em autoelaboração, está a caminho e no caminho de si mesmo e das relações que tece e pelas quais é também tecido, conforme você já estudou, nessa teia complexa que constitui a vida. Portanto, a realização plena pelo trabalho não encontra, necessariamente, um lugar, tanto porque não há uma realização humana plena, absoluta, total (o humano corresponde ao vir-a-ser, ao projeto que faz de si), quanto porque no mundo do trabalho, assim como nas expressões de consumo

199 Ideologia, alienação e trabalho: uma reflexão tripartite em prol da reconquista do humano que há em nós

produção. A novidade em relação aos modelos anteriores de sociedade é que, a conceder a liberdade para todos os indivíduos, a sociedade estabeleceu uma espécie de contrato social, em que ficavam definidos os direitos e deveres de cada parte. Instituía-se nesse momento a divisão da sociedade em classes sociais. [...] O período da Revolução Industrial, nos séculos XVIII e XIX, foi o momento em que essa separação se consolidou.


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