EBook - Antropologia e Cultura Brasileira

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ANTROPOLOGIA E CULTURA BRASILEIRA

Nessa dimensão de análise, pode-se chegar à conclusão de que cada cultura fornece os meios para satisfazer às necessidades dos indivíduos que integram o grupo, quer sejam as necessidades básicas ou derivadas. Verifica-se, então, que há características universais (gerais) no desenvolvimento das culturas humanas (DURHAM, 2004, p. 214): Buscando o que poderia haver de geral por trás da particularidade dos costumes e da especificidade da vida cultural de cada povo, Malinowiski estabelece que são as próprias características biológicas do homem que determinam necessidades básicas, as quais, devendo ser satisfeitas por todas as culturas, fornecem parâmetros universais do desenvolvimento cultural que nos dão, de imediato, sua comparabilidade. (...) Assim, referindo as necessidades humanas (básicas e derivadas) a imperativas de natureza biológica, Malinowiski tenta fundamentar a universalidade dos aspectos da cultura na universalidade de suas funções últimas.

Exemplificando a Antropologia Funcionalista de Malinowiski Um exemplo para entender a antropologia funcionalista de Malinowiski é atentar para os estudos sobre os significados das canoas na comunidade das ilhas trobriandesas. As canoas, que envolvem o chamado “Kula” (sistema de bens de troca), foram descritas e analisadas em relação aos usos que o próprio grupo delas realiza, em diversos aspectos da cultura. Então, o antropólogo chegou à conclusão de que as referidas canoas não representam apenas uma dimensão econômica, mas também veiculam significados políticos, mágicos, religiosos do grupo como um todo. Referência Bibliográfica: LAPLANTINE, François. Aprender Antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2007.

De acordo a antropóloga Durham (2004, p. 208-209), o grande mérito do funcionalismo de Malinowiski esteve em reconstruir a cultura como um universo integrado de significados. Desse modo, os elementos materiais, as relações sociais e expressões simbólicas dos Trobriandeses são faces de uma única realidade e não é possível entender nenhum destes elementos em separado, sem correlacionálas. Cada elemento ou traço tem uma função específica a representar no todo integrado da cultura. Diferentemente dos funcionalistas, os evolucionistas desmembravam a realidade em itens separados: tecnologia, crenças, mitos, organização familiar, economia, entre outros. Essa separação possibilitava que o pesquisador manipulasse as formas de comparação entre as culturas, o que não ocorria com a prática antropológica funcionalista do pioneiro Malinowiski.

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