Tessituras e tramas

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nele, o pedagogo Gomes da Costa relata sua prática em socioeducação, trabalhando com adolescentes infratores, interpreta sua prática à luz de conceitos ético-pedagógicos e das propostas metodológicas encontrados em Paulo Freire, Anton Makarenko e Célestin Freinet. O livro relata um trabalho concreto de pedagogo num contexto em que ele é posto à prova, repetindo o vivido por figuras como La Salle, Pestalozzi, D. Bosco, Makarenko. Trata-se de uma obra, mais que um livro, que bem merece virar um filme. Ela oferece uma visão emocionante e impactante de um trabalho pedagógico bem orientado. Instrutivo, o livro é profundamente esclarecedor sobre a ação pedagógica. Ampliando o conhecimento da tribo Antônio Carlos, como costumávamos chamar nosso pedagogo brasileiro e mineiro que conhecemos pessoalmente, menciona em seu livro três pedagogos a cujas obras ele recorreu em busca de luzes e de indicações: Paulo Freire, Anton Makarenko, Célestin Freinet. Paulo Freire, brasileiro e pernambucano, deixou as marcas de seu trabalho em educação de adultos, alfabetização (Educação como Prática da Liberdade) e educação comunitária (Pedagogia do Oprimido), além de rica obra de reflexão teórica. Anton Makarenko, pedagogo russo nascido na Ucrânia, trabalhou com adolescentes marginalizados ou marginais no período da Revolução Russa, no início do século XX, tendo realizado um trabalho extraordinário, relatado em Poema Pedagógico e Bandeiras nas Torres. Célestin Freinet, pedagogo francês falecido em 1966, trabalhou com crianças em sala de aula, onde realizou um trabalho diferenciado e, inclusive, estimulou a formação de um forte movimento pedagógico ainda hoje presente e atuante em todo o mundo, inclusive no Brasil, o Instituto Cooperativo da Escola Moderna (ICEM). De minha parte, tenho acrescentado um outro pedagogo, Fernand Oury (1920-1998), francês, que igualmente desenvolveu um reconhecido trabalho, inspirado em Freinet (as técnicas), na psicanálise e na psicoterapia institucional (o grupo e sua vida afetiva, o inconsciente, o desejo). Esse é considerado o expoente número um da pedagogia institucional e das práticas do institucional. Cada cursista poderia escolher um desses nomes (ou outro de sua preferência) com o qual se identificasse em razão de seu projeto pessoal. Tivemos, então, quatro nomes e três opções para escolha: pedagogia em educação escolar (infantil), em educação de adultos e em socioeducação. Um bom panorama introdutório do fazer e do saber pedagógicos, por autores que praticaram uma pedagogia como práxis.

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Dos pedagogos apresentados, Fernand Oury mereceu especial atenção, pois considerado o mais atual de todos e preferência notória do professor autor. Daí a iniciativa de traduzir, e resenhar, os três primeiros capítulos do livro Vers une pédagogie institutionnelle (OURY; VASQUEZ, Tessituras e Tramas: Refletindo sobre a experiência da Licenciatura em Pedagogia a distância na FE/UnB - UAB


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