Capitu

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em viva voz “Quando você ouve um trabalho, uma composição do Dante Ozetti, da Rosa Passos, do Ivan Vilela, você vê que a canção brasileira está mais viva do que nunca; e isso não é divulgado na maioria dos meios de comunicação”

dos eles me marcaram. Vinicius de Moraes, Carlos Lyra, Roberto Menescal, Ronaldo Bosco. O Tom Jobim, pela inteligência, percepção, conteúdo e, sobretudo, pela capacidade de uma certa premonição, de uma certa previsão em relação à música brasileira feita em 1967 e que, de uma certa forma, se confirmou nos anos seguintes. A Elis Regina também: era uma pessoa maravilhosa, extraordinária, com uma abertura de visão que não se limitava só à música, ela ia mais além. Embora na minha entrevista ela tivesse vinte anos, vinte e um anos, uma coisa assim, ela já tinha essa capacidade de vislumbrar coisas que as cantoras da sua idade não conseguem”. Há outro livro bastante conhecido, já chamado de registro ‘definitivo’ da história da bossa nova por alguns jornalistas: Che-

ga de Saudade — A História e as Histórias da Bossa Nova (Companhia das Letras, 1990), de Ruy Castro. Perguntado sobre o que seu livro traria de novo ao relato de Castro, qual seu diferencial, Mello disse: “Bom, eu não posso comentar isso porque são os leitores que devem comentar sobre esse assunto. Eu acho que, em princípio, um assunto nunca se esgota. Não posso deixar de citar que a primeira edição desse meu livro é de 1976, portanto, anterior ao Chega de Saudade, do Ruy Castro”. De acordo com ele, essa primeira edição teria sido bibliografia de Castro. MPB HOJE Sobre a atual situação da música brasileira, Zuza Homem de Mello se mostrou entusiasmado, mas criticou a mídia pelo

modo com que trata essa arte. “Eu preciso ir atrás do que acontece na cena musical do Brasil hoje, que é muito rica, cada dia mais surpreendente em relação ao que acontece. De maneira que quando você ouve um trabalho, uma composição do Dante Ozetti, você vê que a canção brasileira está mais viva do que nunca; quando você ouve uma cantora como a Rosa Passos, você também chega a essa conclusão; quando você ouve um violeiro como o Ivan Vilela, também” (veja box). “Isso tudo não é, infelizmente, divulgado na maioria dos meios de comunicação. A mídia, em geral, quando não é comprometida, é muito preguiçosa. Na maioria dos casos é comprometida com uma relação comercial que beneficia o bolso de quem faz o programa, ou coisa do tipo”. capitu — novembro — 55


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