O Livro de Ouro da Mitologia

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não tinham inimigos a temer. Aquele homem, explicou, era um infeliz peregrino, que tinham por obrigação acolher, pois os pobres e os estrangeiros vêm de Jove. Pediu-lhes que trouxessem alimento e vestuário, pois havia na carroça algumas roupas de seus irmãos. Quando isso foi feito, e Ulisses, retirando-se para um lugar escondido, lavou do corpo a espuma do mar, vestiuse e retemperou as forças com o alimento, Palas dilatou suas formas, e espalhou a graça sobre seu amplo peito e seu rosto viril. Ao vê-lo, a princesa foi tomada de admiração e não teve escrúpulo em dizer às suas damas que desejaria que os deuses lhe tivessem mandado um marido assim. A Ulisses, recomendou que fosse à cidade, seguindo-a e ao seu séquito, enquanto estivessem nos campos; quando, porém, se aproximassem da cidade, queria que ele não mais fosse visto em sua companhia, pois receava as observações que as pessoas rudes e vulgares pudessem fazer, ao vê-la voltar acompanhada de tão garboso estranho. Para isso, ela o mandou parar num bosque vizinho à cidade, no qual havia uma quinta pertencente ao rei. Depois de dar o tempo suficiente à princesa e às suas companheiras de chegar à cidade, Ulisses prosseguiria seu caminho para lá, e, facilmente qualquer pessoa que encontrasse lhe indicaria o meio de chegar ao palácio real. Ulisses seguiu as instruções e, oportunamente, dirigiu-se à cidade, em cujas proximidades encontrou uma jovem carregando um pote de água. Era Minerva, que tomara aquela forma. Ulisses dirigiu-se a ela, pedindo-lhe que lhe ensinasse o caminho do palácio do Rei Alcinous. A jovem respondeu respeitosamente, oferecendo-se para servir-lhe de guia, pois, explicou, o palácio ficava próximo à casa de seu pai. Guiado pela deusa, e envolto, graças a ela, em uma nuvem que não o deixava ser observado, Ulisses atravessou a multidão e observou, maravilhado, o porto, os navios, o fórum (a praça dos heróis) e os edifícios, até chegarem ao palácio, onde a deusa o deixou, depois de lhe haver prestado algumas informações sobre o país, o rei e o povo. Antes de entrar no pátio do palácio, Ulisses contemplou a cena. Seu esplendor espantou-o. Muros de bronze estendiam-se da entrada até o edifício interior, cujos portais eram de ouro, as portas de prata, dintéis de prata ornamentados de ouro. Em ambos os lados ficavam figuras de mastins em ouro e prata, como se estivessem guardando

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