ENTREVISTA
O Brasil e o
Mundo
Como o senhor vê as atuações de blocos internacionais?
José Luiz Pimenta - O modelo regional de regulamentação do comércio internacional apresenta caráter seletivo, ou seja, os interesses são acordados entre dois ou mais atores, em áreas estratégicas do comércio exterior de cada um. Isso é permitido pela OMC. O problema começa a aparecer quando a regulação bilateral avança em temas que deveriam ser tratados também na esfera multilateral do comércio, justamente por terem um efeito sistêmico, como por exemplo, a relação entre comércio e mudança do clima. Quais as repercussões do acordo de livre comércio dos EUA com a Europa?
José Luiz Pimenta - No que se refere à liberalização do
José Luiz Pimenta, coordenador de
Negociações Internacionais do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, analisa questões internacionais
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comércio de manufaturados haverá ganhos pontuais para ambos, umas vez que tanto União Europeia quanto os Estados Unidos aplicam tarifas baixas para tais produtos. Em termos de comércio agrícola, cada um tentará ao máximo proteger seu mercado, porém deverão atender à legislação da OMC, que exige liberalização total do intercâmbio entre países desenvolvidos. Os principais ganhos, todavia, ocorrerão nos aspectos normativos (regulamentação de barreiras técnicas, por ex.) e liberalização do comércio de serviços e investimentos.