Dica Animal 24

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Meus patrões são os animais Entrevista Exclusiva Sheila Moura, carioca criadora do www.ogritodobicho.com conta como começou sua luta pelos animais imensa gratidão por ter sido escolhida por Deus para tal.

Veja matéria completa no site: www.dicanimal.com.br

Um pouco sobre a Sheila: As coisas que mais me orgulho nos meus 67 anos são meu caráter e meu amor pelos animais. Nasci com as feições muito fechadas que, segundo minha mãe, se abriam ao ouvir o latido do cachorro do vizinho. Até por uma formiga eu abria um imenso sorriso. Ou seja, levei a pincelada divina de entender e me comunicar com animais. Quando adolescente, mantinha vários animais em casa enquanto fazia duas faculdades. Comecei a trabalhar no dia em que fiz 18 anos e considero que o nascimento do meu filho, aos 23, foi o período marco para calcular o início da minha militância na luta pelos direitos dos animais. Como começou sua luta pelos animais? Foi num dia em que vi um

atropelamento de um cão. Levei na SUIPA (ONG mais antiga do RJ) e acabei me tornando voluntária durante anos, fazendo fiscalização. Em 1993, já aposentada, criei minha própria ONG, pois sempre acreditei que só a educação muda os valores de uma sociedade.

Pioneira em castração

Esta é uma luta difícil. Você encontrou muitos parceiros para sua causa? Não muitos da proteção animal,

mas inúmeros dentro dos órgãos públicos. Percebi que o poder público não fazia nada porque não sabia do que estávamos falando. E foi aí que vi uma grande estrada se abrindo para realizar programas que foram marcantes para a proteção como um todo como, por exemplo, a castração gratuita. Fomos nós que, em 1995, conseguimos convencer o poder público (Prefeitura do Rio) que castrar um animal seria muito mais barato do que matar. Este programa serviu de pontapé inicial para muitos companheiros de outros Estados. É um dos meus maiores orgulhos e sinto

Como é seu trabalho? Pelo que a gente vê, você “põe a mão na massa” quando fica indignada e fala o que tem que ser dito quando a maioria não se pronuncia. Atualmente, exerço

nossa militância através de um blog, já que, fundamentalmente, nossa ONG é voltada à Educação. Com a Internet, promovemos a conscientização da sociedade como um todo para as questões do direito animal, além de intervir de várias formas em todo país como até, por exemplo, o cancelamento de eventos. Não tenho compromisso com pessoas e sim com a causa do direito animal. Meus patrões são, única e exclusivamente, os animais.

Sobre o caso da cachorrinha que foi abandonada e seguiu seu dono no carro no congestionamento, como você conseguiu encontrá-la em São Paulo? E sobre a yorkshire que foi assassinada? Você se envolveu profundamente também. O caso da

Pretinha foi o que mais me tocou, por estar tão distante. Ofereci recompensa, não dormi desde que vi a cena daquele abandono... Talvez eu estivesse passando um momento grande de fragilidade emocional, mas a impotência que senti foi de arrasar. Graças a Deus a Pretinha foi encontrada e, segundo se sabe, está muito bem com a nova dona. Quanto a yorkshire, fizemos uma grande campanha em parceria com uma protetora de SP que havia criado uma petição que alcançou mais de 400 mil assinaturas. Além do processo criminal, conseguimos convencer um promotor a abrir um processo civil de indenização por danos morais coletivos. Considero este caso um escárnio da justiça de nosso país. Desde 25/01/12 a coisa está rendendo nos tribunais de Formosa, cidade do crime. Insistimos muito e fazíamos pressão durante as audiências de julgamento e isso levou o Juiz a colocar o processo em sigilo de justiça. Enfim, um escárnio. Se bem que, diante de tantos outros em nosso país, é apenas mais um....

Sobre os maus-tratos, o que você tem a dizer? Quando houve

a regulamentação da lei de crimes ambientais 9605/98, tentamos anexar

uma definição do que seria maus-tratos para que, na composição de uma ação criminal, maus-tratos não fosse algo interpretativo. Infelizmente, graças a um protetor de SP, este anexo foi retirado da mesa do Fernando Henrique quando este assinou o Decreto de Regulamentação da referida lei. Quase morri, posto que havíamos rodado o país com o Procurador do Ministério do Meio Ambiente na discussão desta Regulamentação, recebendo o aval das autoridades de cada Estado. Recentemente, entrei em conflito com um grupo de protetores de SP que sugeriram modificações perigosas nesta lei para que entrasse no novo Código Penal. Pior que foi aprovado e lá se foi para o Senado decidir. Eu havia opinado de que tudo deveria ser mantido com estava e, no referido Código Penal, teríamos este anexo que definiria o que seriam maustratos. Simples assim. Mas parece que este “grupo” preferiu o mais arriscado. A conferir. Aliás, a continuar como está a discussão do PL no Senado, vamos perder até o que conquistamos em 1998 através da Lei de Crimes Ambientais.

O que está sendo feito no Brasil pelos animais? Não é através do Legislativo

que vamos encontrar soluções para todos os problemas. Leis têm a sua importância, evidentemente. Mas é no Executivo que temos que atuar diretamente. 99% dos programas de castração conseguidos nas cidades foram conquistados através da cobrança da proteção ao Executivo. Nos outros setores há também um grande prejuízo por esta insistência de esperar a lei para proibirem isto ou aquilo. Um Prefeito ou Governador bem “trabalhado” por uma cabeça pensante da proteção animal pode, com seus Decretos, fazer uma revolução a favor dos animais.

Dica Animal para quem quer ajudar? Minha vida, crença e ação foram

sempre pensando na educação. Sempre orientamos os cidadãos que querem fazer uma pequena e valorosa contribuição no processo de respeito pela vida animal para que imprimam dicas de como tratar seu animal, de legislação sobre os direitos dos animais, enfim, sobre todo este vasto material que a internet oferece. Daí, passe a andar com isso na bolsa para entregar por onde for. Enfim, é simples, fácil e de uma importância incalculável.

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