Diário do Comércio

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DIÁRIO DO COMÉRCIO

quinta-feira e sexta-feira, 23 e 24 de junho de 2011

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cultura EM SÃO PAULO PARA LANÇAR O FILME, CATHERINE DENEUVE DISSE QUE "TODO MUNDO JÁ FOI POTICHE". ESTREIA TAMBÉM A ANIMAÇÃO CARROS 2, DA DISNEY-PIXAR.

Fotos: Divulgação

Catherine Deneuve e Gérard Depardieu: dupla protagoniza cenas engraçadíssimas no filme Potiche - Esposa Troféu, de François Ozon. Abaixo, Depardieu com Fabrice Luchini.

A feminista-objeto Lúcia Helena de Camargo

ela como poucas mulheres aos 67 anos de idade, Catherine Deneuve estrela Potiche - Esposa Troféu. A atriz, que veio a São Paulo para lançar o longa, respondeu a todas as perguntas feitas pelos jornalistas (debochou de algumas, é verdade) e fumou durante o encontro com a imprensa, que aconteceu em uma sala sem janelas de um hotel paulistano. Sobre sua rara beleza, falou sem falsa modéstia: "É a genética. Minha mãe, uma senhora idosa, ainda é bonita". Deneuve foi A Bela da Tarde (1967), de Luis Buñuel, encarnando Séverine, a esposa jovem, rica e profundamente infeliz que ocupava suas tardes trabalhando em um bordel, e A Sereia do Mississippi (1969), de François Truffaut, no qual vira objeto de

adoração de um empresário (Jean-Paul Belmondo). Esses são apenas dois dos filmes que a alçaram a categoria de ícones do cinema. Trabalhou com Claude Chabrol, Roman Polanski (Repulsa ao Sexo, 1965), entre muitos outros. Com François Ozon, diretor de Potiche, fez 8 Mulheres, em 2002, atuando ao lado de Isabelle Huppert, Emmanuelle Béart e Fanny Ardant. Agora, na pele de Suzanne Pujol, contracena com Fabrice Luchini (Robert Pujol), Gérard Depardieu (Maurice Babin) e Jêrémie Renier (filho de Suzanne). Ela vive uma esposa que procura fazer tudo certo: ginástica e corrida para se manter em forma, cuidar da casa, das roupas, da comida. Submissa, aceita sem reclamar as imposições do marido, que comanda uma próspera fábrica de guarda-

chuvas. O ano é 1977. A cidade, Sainte-Gudule, no norte da França. Os operários da indústria entram em greve. E por circunstâncias variadas que não vale a pena citar para não estragar algumas boas piadas do filme, Suzanne acaba na cadeira da presidência da empresa. A nova chefe chega a buscar o apoio de um parlamentar comunista (Depardieu, excelente no papel), que esconde segredos do passado. Ela começa a tomar gosto pelo poder. Porém, chega a hora na qual o marido insiste em reassumir a função. E tudo fica mais complicado e engraçado. Baseado na obra teatral de Pierre Barillet e Jean-Pierre Grédy, Potiche Esposa Troféu, é uma comédia sobre o feminismo dos anos de 1970, com o toque irônico tipicamente francês. A começar pelo título. A palavra "potiche"

significa uma peça de decoração. No caso, uma mulher-objeto. Deneuve tira de letra as comparações consigo própria e dispara, sem se abalar: "Todo mundo já foi potiche em alguma fase da vida. E há muitos homens-objeto também". Sobre exigências que ela teria feito para vir a São Paulo, como 400 toalhas brancas no quarto, apenas ri e mantém o mistério: "Não pedi toalhas. Estão me confundindo com a Sharon Stone? Minhas extravagâncias são bem mais particulares". Potiche - Esposa Troféu (Potiche, França, 2010. Com Catherine Deneuve, Gérard Depardieu, Fabrice Luchini, Jêrémie Renier. Direção e roteiro: François Ozon.

Bilhões em um relâmpago

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as lojas de brinquedos, as prateleiras já estavam abarrotadas de produtos relacionados ao filme Carros 2 há duas semanas. E agora, que a animação acaba de chegar aos cinemas, as vendas vão acelerar. Não que a bilheteria deva decepcionar, mas a maior fonte de lucro da Disney-Pixar com a franquia – nascida em 2006 com o primeiro filme – é mesmo a venda de carrinhos em centenas de tamanhos e cores representando os personagens, jogos e livros. A marca já rendeu faturamento da ordem de US$ 8 bilhões, sendo US$ 462 milhões referentes à bilheteria mundial. Neste Carros 2, com 145 novos personagens, o corredor Relâmpago McQueen retorna à cidade de Radiator Springs, reencontra a namorada Sally e velhos amigos, como o caminhão-guincho Mate, que tem uma participação significativa. A equipe inteira

vai para no Japão, onde McQueen disputará a primeira etapa do Grand Prix Mundial. Seu adversário e desafeto declarado é um italiano. As corridas seguem pela Riviera da Itália (foto) e Inglaterra. A trama se desenvolve com qualidade de criação de cenários, detalhes e imagens impecáveis, além do humor, como é a praxe nas produções da Pixar. Desta vez, o diretor John Lasseter teve um codiretor, Brad Lewis. Há cenas em 3D, mas quem assistir em 2D ficará igualmente satisfeito. O original em inglês conta com as vozes de Michael Caine (agente secreto britânico Finn McMíssil); Emily Mortimer (Holley Caixadibrita) e até do piloto de Fórmula 1 Lewis Hamilton, que escolheu o esquema de cores amarela e preta de seu carro. A versão em português é bem feita. O expiloto Emerson Fittipaldi está entre os dubladores. O locutor Luciano do Valle dubla seu

colega de profissão Brent Mustanburger e o comentarista José Trajano faz a voz de seu colega americano, o mordaz comentarista David Hobbscap. A cantora Claudia Leitte interpreta a corredora brasileira, Carla Veloso. Entre as curiosidades relacionadas ao filme está a origem do nome de Relâmpago McQueen, uma homenagem a Glenn McQueen, animador da Pixar que trabalhou no original Carros. Os pneus Lightyear usados pelo corredor são uma referência a Buzz Lightyear, de Toy Story. E o número 95 que ele usa é referência ao ano 1995, quando Toy Story, o primeiro da Pixar, foi lançado. Em Carros 2, McQueen ganhou faróis. No primeiro filme ele "usava" apenas adesivos. (LHC)

Nesta edição: teatro recebe Cruel, de Elias Andreatto. Na televisão, estreia Falling Skies, série dirigida por Steven Spielberg sobre uma invasão alienígena à Terra. Entrevista com José Antônio de Souza, dramaturgo que prepara Auto da Independência. Gastronomia dentro do museu. Novo CD de Fábio Jorge. A música homenageia Zimbo Trio. E visuais: exposição de fotos e pinturas de Anca Gravis.

Carros 2 - 3 D (Cars 2 - 3 D, Estados Unidos, 2011, 106 minutos). Direção: John Lasseter.


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