Diário do Comércio

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DIÁRIO DO COMÉRCIO

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

e

13 O volume de registros cancelados cresceu 8,8% em julho, compensando em parte o volume de carnês em atraso.

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Nelson Antoine/AE

Varejo reduz ritmo de expansão em julho O comércio cresceu 5% no mês passado, ante igual período de 2010. No acumulado do ano, 9,4%. Fátima Lourenço

O

v a re j o n a c i o n a l contabilizou crescimento nas vendas de julho, ainda que em ritmo mais lento que o registrado no início de 2011. De acordo com o Índice Nacional SCPC de Crédito ao Consumidor (INCC), a movimentação do comércio cresceu 5% no mês passado, ante igual período de 2010. No acumulado dos primeiros sete meses, o desempenho aumentou a 9,4%. Na comparação mensal, as vendas de julho, "um mês de férias", apresentaram recuo de 4,3%, decorrente especialmente da comparação sobre base alta. "Em junho, houve o Dia dos Namorados e o início do frio, que impulsionam as vendas", explica o economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo (SCPC), Marcel Solimeo. Ele justifica que a desaceleração de julho em relação ao

início do ano reflete os efeitos das medidas de contenção de crédito adotadas pelo Banco Central (BC) no final de 2010. O consumo mais contido, nesse mês, também foi estimulado pelas últimas altas da taxa básica de juros (Selic); elevação do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF); e pela menor expansão fiscal, acrescenta o economista. E s tí m u l os – Solimeo comenta que o desempenho positivo, no entanto, foi beneficiado pelo aumento do emprego e da renda, além da facilidade de crédito e manutenção dos prazos de financiamento. A esses fatores ainda se somariam, segundo sua análise, a queda dos preços dos produtos eletroeletrônicos (estimulada pela valorização do real) e promoções implementadas pelo comércio. A expectativa do economista é que as vendas se mantenham em crescimento, ainda que em ritmo menos acelerado, devido ao efeito cumulati-

Presidente da BM&FBovespa vê violência em intervenções do governo

BM&F se preocupa com os derivativos

O vo das medidas do governo, com seus esperados reflexos sobre o custo do crédito e os prazos de financiamento. Inadimplência – De acordo com o INCC de julho, a inadimplência nacional cresceu 13,9%, na comparação com igual mês de 2010. "Ela está crescendo, mas os números não indicam descontrole. É mais uma consequência do aumento do volume de crédito. Ela cai historicamente entre

novembro e dezembro, quando entra o 13º salário", afirma Solimeo. O volume de registros (de inadimplência) cancelados cresceu 8,8% em julho, compensando em parte o volume de carnês em atraso. O desempenho regional do INCC destaca o Nordeste com o melhor índice de crescimento de vendas em julho (13%); seguido pelo Sudeste (5,4%); Norte (4,2%); Centro-Oeste (1,9%); e a região Sul (0,3%).

Mantega nega impacto de impostos

O

ministro da Fazenda, Guido Mantega, atribuiu, ontem, a nova onda de baixa nas ações da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuro (BM&FBovespa) à crise financeira internacional. O ministro rechaçou a crítica de

analistas de mercado quanto à carga excessiva de impostos aplicada pelo governo brasileiro ao capital estrangeiro. "Não é imposto o que atrapalha a Bolsa hoje, mas a crise financeira internacional", disse Mantega.

A crise internacional que derruba os mercados financeiros tem direcionado toda a atenção de Mantega. Além de participar de sessão na Câmara na segunda-feira sobre o assunto, o ministro participou de reunião do conselho político no Palácio

do Planalto, ontem, e almoçou com a presidente Dilma Rousseff. De acordo com assessores da Presidência, o almoço, após a reunião do conselho político, foi norteado pela crise financeira, e como o Brasil pode ser contagiado. (AE)

presidente da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&FBovespa), Edemir Pinto, disse ontem que tem assistido as intervenções do governo federal, principalmente em derivativos, com preocupação. "Vejo o pacote de duas semanas atrás com certa violência", afirmou, em evento com a imprensa para apresentação dos resultados do segundo trimestre de 2011. De acordo com Edemir, o pacote dá ao Conselho Monetário Nacional (CMN) "poder de intervenção sem limites, considerando que já temos esses mercados regulados" pelo Banco Central e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). "Regulação essa que foi exemplo para o mundo em 2008", observou. "O conjunto das medidas eu considero como uma violência grande." BM&FBovespa, Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capital (Anbima) e Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos (Cetip) procuraram o governo para discutir as

questões. Ele disse que "está muito difícil" entender as medidas. "Não só entender, mas como operacionalizar." As entidades têm justamente colocado ao governo essas dificuldades e ao mesmo tempo manifestado as respectivas considerações. Pinto lembrou que o governo busca combater a apreciação do real, mas a operacionalização das medidas anunciada há duas semanas é bastante complexa. O executivo alertou para os riscos na implementação. "A bolsa e a Cetip são agentes arrecadadores desse IOF, mas não temos sistema para isso. A partir dessa situação se desdobram outras atividades." Ele afirmou que, no momento, não foi levada nenhuma proposta ao governo, mas as entidades apostam na sensibilidade do Executivo federal. "Estamos sentido receptividade", disse sem comentar que tipo de receptividade é essa. Pinto crê que as medidas prejudicam não somente o mercado, mas também os exportadores, que já têm procurado a bolsa para conversas sobre custos de hedge. (AE)


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