Edição 11

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COM MARLENE SCHMIDT

“Os brasileiros têm medo de exportar” Líder no Brasil em produtos de neonatologia, a Fanem inaugurou, em setembro último, sua primeira unidade industrial internacional, em Bangalore, na Índia. Companhia brasileira com maior representatividade internacional na indústria de equipamentos médicos, a Fanem também opera ativamente no Oriente Médio, através de um escritório em Amã, na Jordânia. “Sair do Brasil demora muito”, critica Marlene Schmidt, diretora executiva da Fanem. Nos últimos cinco anos, as exportações para mais de 90 países resultaram no crescimento de 250% no faturamento da empresa. “Outros mercados estão começando a surgir em países como Moçambique e Angola”, comenta. Da fundação em 1924, pelo alemão Arthur Schmidt, ao atual processo de internacionalização, a Fanem se tornou exemplo de indústria brasileira bem sucedida. “Lamento que não haja mais empresas com esse idealismo”. qual a sua avaliação do atual processo de internacionalização da fanem? É muita ousadia uma empresa familiar de porte médio como a nossa ter a coragem de montar uma fábrica na Índia. Apesar de a inauguração oficial ter ocorrido em setembro, a Fanem vem tendo visibilidade no mercado indiano desde o início do ano. Fornecemos cerca de 500 equipamentos para diversas unidades do país, equipamos a ala neonatal do hospital Bapuji Child Health Institute e nomes de produtos nossos já são vistos nas concorrências públicas. Portanto, estamos colhendo os primeiros frutos. Na Jordânia, montamos um liaison office com show-room e assistência técnica para atender melhor nossos representantes no Oriente Médio, que representa 35% das nossas exportações. Sair do Brasil demora muito, e nós queremos distribuir de forma mais eficiente e rápida para países como Arábia Saudita, Iêmen e Emirados Árabes, além de Ásia e norte da África. A FÁBRICA NA ÍNDIA SERIA O PRIMEIRO PASSO PARA A TRANSFERÊNCIA DO MERCADO FABRIL BRASILEIRO PARA PAÍSES COM GRANDE DEMANDA 36 Diagnóstico | set/out 2011

E MÃO DE OBRA BARATA, CABENDO AO BRASIL, NO FUTURO, SE DEDICAR APENAS AO DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS? Ainda não pensamos nessa estratégia. Neste primeiro momento, a unidade na Índia será uma montadora e, no próximo passo, passará a ser fabricante. Nossa proposta é atender ao mercado indiano e, em seguida, passaremos a distribuir para outros países, como Malásia e Indonésia. Nasce um bebê por segundo na Índia, por isso escolhemos estar lá. A ÁFRICA É UM MERCADO REAL? Sim, sobretudo em países como Egito, Líbia, Tunísia e Marrocos. O mundo árabe, incluindo a região muçulmana da África, representa 45% das nossas exportações. Também temos negócios na região sul do continente, principalmente na África do Sul. Embora ainda de forma tímida, outros mercados começam a surgir em países como Sudão, Moçambique e Angola. A FANEM É REFERÊNCIA QUANDO SE TRATA DE “INDÚSTRIA BRASILEIRA MÉDICO-HOSPITALAR QUE DEU CERTO”. POR

Marlene Schmidt, diretora executiva da Fanem: “Nasce um bebê por segundo na Índia, por isso decidimos estar lá”

QUE ESSES EXEMPLOS SÃO CADA VEZ MAIS ESCASSOS? Os brasileiros têm medo de exportar. Os empresários não investem no seu potencial de atuar no exterior e ficam apavorados diante das adversidades dentro do nosso próprio país. Os impostos são muito altos, e a estrutura de transportes é péssima. Queríamos exportar para Nicarágua e descobrimos que só tinha um navio de bandeira por mês, enquanto na China são três navios por semana. O brasileiro se deixa engolir pelas multinacionais. Assim como essas empresas estão invadindo o Brasil, a Fanem está entrando em outros países. Lamento que não haja mais empresas com esse idealismo. COMO MUDAR ESSE CENÁRIO? O governo precisa auxiliar a indústria nacional de forma mais direta. Nossas mercadorias atendem a uma série de exigências. Quando lançamos um produto novo, a liberação da Anvisa demora quase um ano. Temos que lutar pela produção da indústria brasileira. Nosso setor também pode auxiliar barateando os preços e melhorando cada vez mais a qualidade para competir de uma forma mais forte com os produtos estrangeiros.


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