TRILHOS DE UMA VIDA

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As fazendas cafeeiras eram enormes, abrigando, muitas vezes, dezenas de trabalhadores, que viviam em colônias com suas famílias. Duas delas, Segura e Ramires, ambas de ascendência espanhola e vindas da província de Almería por volta de 1920, se estabeleceram primeiramente nas cidades de Santa Adélia (região de Catanduva) e Guatapará (próxima a Ribeirão Preto), respectivamente. Como as oportunidades de trabalho variavam de acordo com a safra de café e a procura por terras próprias era um passo natural para obter melhoria de vida, a migração de um lugar para outro utilizando o trem era uma constante. A família Segura se mudou para uma fazenda em Catanduva e, posteriormente, se estabeleceu em um distrito da cidade, Catupiry. Enquanto isso, os Ramires saíram de Guatapará após adquirirem uma fazenda, localizada também no distrito de Catupiry. O comerciante Sebastião Segura tinha em Catupiry uma máquina para o beneficiamento de grãos de café, arroz e milho (com o qual fazia fubá). Com a mulher, Josefa, teve somente uma filha, Angela. Ela se apaixonou por um rapaz cha­­mado João Ramires, que costumava comprar pro­dutos vendidos pelo pai. Na­moraram e se ca­saram no final da década de 1920. Tiveram três filhos: Sebastião (1929), Renato (1930) e Hélio Reis (1936), o único que tinha nome composto por ter nascido no Dia de Reis (6 de janeiro). Em 1930, o pai de Angela atravessava uma fase di­fícil. Havia acumulado algumas dívidas e, para saldá-las, sua máquina de beneficiamento foi a leilão. Ao mesmo tem­po, a família Ramires resol­veu vender a fazenda que possuíam, pelo fa­to de que alguns dos integrantes já haviam fale­

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A trajetória de Renato e Ercy Ramires


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