Revista Semana da África na UFRGS v.4

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As imagens deste artigo são fotos de cartões postais produzidos pelo francês Edmond Fortier, em 1906, um dos primeiros fotógrafos a retratar Timbuktu, depois da ocupação francesa em 1894. Os cartões postais fazem parte da coleção particular da historiadora Daniela Moreau – Cortesia: Acervo África.

nome até hoje, uma cidade de luz e saber, cidade de conhecimento e de sábios1.

e as tendas foram montadas e por fim uma vila foi construída com casas de barro e de palmares:

Do mesmo modo, Abderrahman As-Sa‛dī afirmou:

Afinal escolheram se instalar definitivamente no local em que atualmente, Timbuctu é requintada, pura, limpa, deliciosa, ilustre, cidade abençoada, rica e fértil que é a minha pátria e é o que tenho mais caro no mundo”. (ES-SA’DI, 1964, p. 35, tradução do autor)

Esta cidade foi fundada no final de quinto século da Hégira por uma das tribos [confederação] tuaregue2, de nome Maghcharen, que se movia com seus rebanhos entre a aldeia Amadagh e a região de Arawan que correspondia a seus limites nas terras altas (a partir de onde iniciam-se os territórios de uma outra confederação de nome Iuillimiden), uma duna à beira do rio Níger. (ES-SA’DI, 1964, p. 35, tradução do autor)

Sékéné Mody Cissoko, professor malinês, detalhou as informações: Podemos dizer que os Maghcharan, fundadores de Timbuctu, eram as linhagens de notáveis das tribos Sanhadja, Madâça, Antassar e provavelmente de outros tuaregues. É possível que, mais precisamente, a cidade tenha sido fundada pelos Medâça, que habitavam, naquela época nas proximidades. Os Massúfa, que viviam das caravanas e comércio, chegaram mais tarde, reforçando o primeiro núcleo. Isto fez daquela pequena aldeia, um centro de comercio de sal do arco do Níger. (CISSOKO, 1996, p. 22, tradução do autor)

No debate atual, existe uma controvérsia da interpretação da história, informada pelas disputas políticas da narrativa da história. Dessa forma, o segmento dos Kel tamachaque imikwalen3 que foram classificados como “cativos ou escravos”, defendem que a fundação de Timbuctu foi realizada pela presença de uma mulher dos imikwalen. De toda maneira, ainda que tenha se tornado cosmopolita com a confluência de diversas culturas, sua história foi iniciada, de acordo com os conhecimentos atuais, como acampamento no contexto da dinâmica do nomadismo tamacheque daquela região e se manteve sob uma autoridade de uma senhora de confiança de todas as comunidades tamacheque.

Assim, decidiram com o tempo garantir sua possessão do lugar e um acampamento foi instalado e fixado Existe uma defesa do movimento social tamacheque que recusa tanto a apelação eklan na língua tamacheque ou ainda, bellah, na língua Songai, ambas significando cativos ou escravos. Assim, explicamos a opção neste artigo pelo termo Kel Tamache win Imikwalan. Há um conjunto de formas pejorativas de nominação da sociedade Kel Tamacheque: tuaregue, bouzou, sorgha, sorgo, daga, bellah.

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