O desenho de Joeslon Costa dos Santos, aluno do 4º ano da Escola Municipal Frei Afonso, mostra o rio Sanhauá como seu patrimônio, importante rio localizado na região que foi nascedoura da cidade de João Pessoa. Diferentemente de muitas cidades costeiras brasileiras, a capital paraibana não nasceu a partir do mar. Foi às margens do rio Sanhauá que surgiu, ainda com o nome de cidade de Nossa Senhora das Neves. A escola Frei Afonso atende a muitos alunos que moram em bairros e comunidades localizadas à margem desse rio. Essas comunidades geralmente têm uma forte relação com o rio e sua cultura está permeada de saberes e fazeres ligados à pesca. Em síntese, mesmo sem ser conhecedor das teorias que envolvem o tema, o aluno conseguiu mostrar sua noção ampliada do que é patrimônio cultural. Na poesia de Adriana Maia, assistente social da Escola Municipal Santos Dumont, ela relaciona o patrimônio à história de um povo, caracterizado por seu destemor, refletido em “Lutas, dilemas, dramas, dores, bravura, conquistas, vitórias” e “que fez do seu chão,/
seu legado,/ sua bandeira de luta”. E tudo isso é o que constrói a sua identidade. Memórias Ribeirinhas – Porto do Capim A pergunta “O que patrimônio cultural para você?”, de uma certa forma, também embasou as ações de Educação Patrimonial desenvolvidas pela Casa do Patrimônio de João Pessoa na comunidade do Porto do Capim, localizada às margens do rio Sanhauá, patrimônio cultural de Joelson. Em função de um programa municipal de requalificação da área, a comunidade está em fase de transferência para outro local. Com esse cenário, a Casa do Patrimônio de João Pessoa idealizou o projeto “Memórias Ribeirinhas – Porto do Capim”, que tem como objetivo realizar um registro de sua história, cultura e anseios, mas com o olhar da própria comunidade. A finalidade é a produção de material sobre a história e memória da comunidade, com a participação ativa dos próprios moradores.
Interação do público na exposição João Pessoa, Minha Cidade. Foto: Olga Henrique. Reflexões e práticas | 45