ARRET - O Diário da Viagem

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Quando os noivos se levantaram e novamente se abraçaram e se beijaram, foram aplaudidos por todos, pois já estavam casados. A cerimônia durou uns quinze minutos e, para não dizer que não houve festa, todos brindaram com um cálice de vinho e ficaram conversando até por volta das sete horas, quando os convidados se retiraram. Acompanhamos o novo casal até a casa dos pais de Vivatra, onde se despediram e partiram em férias nupciais. Voltamos para casa e, após o jantar, Syndi, Vércia e eu fomos ao mirante de Agartha, onde conversamos sobre o novo enfoque dos levantamentos, privilegiando os relacionamentos humanos. Depois, comentei sobre a simplicidade do casamento arretiano, se comparado com as pompas religiosas e as festas dos casamentos terrestres. Elas disseram que todos eram realizados daquela maneira e me forneceram informações sobre o significado de cada uma das suas fases. Disseram que o importante no casamento era a afinidade e a harmonia necessária para cumprir os objetivos que levaram à união dos dois seres, os quais iriam repartir o que possuíam de mais sagrado, representado pelas suas naturezas espiritual e física. O grande objetivo era a ajuda mútua para concluir o trabalho que se propuseram realizar durante suas vidas e obter os méritos espirituais dele decorrentes. Na maioria dos casos, como Tentra e Salino, os objetivos eram idênticos e o casal teria a mesma profissão e os mesmos interesses. A cerimônia tinha um simbolismo simples e profundo. Os pais eram as pessoas mais apropriadas para representar o Pai Celestial e, em nome Dele, oficiar a cerimônia. Os convidados, constituídos por parentes e amigos de grande afinidade espiritual, além de serem testemunhas e padrinhos, eram aqueles que iriam ajudar o casal a cumprir seus objetivos de vida. A liberação para iniciar o trabalho que vieram realizar, estava representada pelo discurso dos pais, pela colocação dos noivos no ponto central, ou inicial, e pela entrega de um para o outro. A aceitação da união e a transformação de duas pessoas em um casal foram simbolizadas nas duas vezes que os noivos se abraçaram e se beijaram. A pureza de intenções e de ações foi representada pelas flores brancas colocadas em suas cabeças. A aceitação conjunta da missão e da vontade divina, com humildade, estava simbolizada no momento em que os dois se ajoelharam e ficaram em silêncio para ouvir o Pai Celestial. Finalmente, quando se levantaram e foram aplaudidos, significava que estavam recebendo os incentivos e o apoio necessário para realizar o trabalho a que se propuseram. Disseram que não havia casamento civil, contratos matrimoniais ou a mudança do nome da noiva. Para oficializar o casamento, informavam alguns dados e o local onde pretendiam residir e trabalhar ao governo central, através do equipamento de áudio e vídeo de suas casas. Alguns dias antes da cerimônia, como se fosse o presente de casamento, recebiam a confirmação daquilo que solicitaram e raramente tinham que escolher algum outro local de residência ou de trabalho. Entre a data da confirmação e o final das férias nupciais, o Ministério da Habitação providenciava uma casa mobiliada e com todas as comodidades oferecidas a qualquer cidadão, incluindo os bens adquiridos, como cabine de teletransporte, aparelho de áudio e vídeo, ou outros que ganhassem de seus pais e padrinhos, ou que tivessem direito e solicitassem. As férias nupciais representavam um período de adaptação do casal ao novo estilo de vida. Quando retornamos, Salino e Tentra já estavam dormindo e nós fizemos o mesmo.

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