Senhorita aurora - Babi A. Sette

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fazer isso. — Nós? Que nós? — eu disse agitando os braços no ar. — Você ainda não percebeu que não estamos mais juntos desde que aquela caixa acabou com a minha vida? — Você é quem está acabando com a sua vida. Gargalhei de novo, inundada de dor. — Ai, Daniel, você é ridículo, não sobrou nada na minha vida, a porra de uma caixa me tirou tudo. — Não tudo, ela tirou apenas o balé profissional. — Cale a boca! — eu gritei e avancei para cima dele, comecei a socá-lo no peito. — Cale a merda da boca, faz o seguinte... — Pulei dois passos para trás, me distanciando e cuspi com raiva. — para de tocar, arranca a música da sua vida e me diz se sobraria alguma maldita coisa. Ele ficou quieto por um tempo, respirando pesadamente. — Sobraria o que mais importa, sobraria você — falou com a voz embargada. Ouvir aquilo fez com que eu me sentisse ainda pior, ver como as outras pessoas continuavam a me amar fazia com que eu me sentisse uma merda ainda maior. — Arrancaram todos os meus sonhos — eu disse de maneira falha. Há dois meses, eu não conseguia nem mesmo chorar. — Crie outros sonhos. Não existiam outros sonhos para mim. Nesse período, eu dormia ouvindo os sons dos aplausos que nunca mais teria e acordava suando frio com o som de caixas de metal que destruíram tudo o que um dia desejei. — Eu vou embora, estou deixando a Inglaterra, daqui a três dias — confessei de maneira impassível. Ele levantou os olhos arregalados, cheios de lágrimas. — Quando... quando você ia me dizer isso?


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