Gazeta do Oeste

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02 OPINIÃO

:: GAZETA DO OESTE :: DIVINÓPOLIS - QUINTA-FEIRA, 08/12/11

editorial

S

A alma de Minas

e não for pelo exercício da analogia fica difícil entender determinadas injunções de setores da indústria brasileira, corroídos pela Lei de Gérson, que recomenda levar vantagem em tudo. Principalmente as transnacionais, que se posicionam entre as mais poderosas do país. À grande indústria dos laticínios não interessa a produção artesanal de queijos históricos e tradicionais, buscando padrões inatingíveis para a produção familiar, com custos inacessíveis à maioria. Diferentemente nos países da Europa e em outras partes do mundo, a produção artesanal é extremamente valorizada transformando seus produtos em bens culturais e históricos. É o caso dos pasteizinhos de Belém, que elevam o nome da culinária portuguesa no mundo. E também dos ceviches peruanos, que igualmente valorizam a tradição pesqueira daquele país andino. O queijo Canastra, assim como o pão de queijo, é tradicional em Minas Gerais e conta parte de sua história rural. Mas as novas exigências de ‘higienismo’ herdadas dos norte-americanos em 1956 recomendam pouco menos que a extinção dos queijos artesanais, da produção familiar, seja da ilha de Marajó (onde o queijo de búfala faz a festa dos apreciadores) da serra gaúcha e catarinense, dos queijos coalho do nordeste do país, à luz desse aguçado ‘higienismo’ “Queijos e outros produtos estarão todos eles condenados lácteos são arrimo de muitas à falência. famílias pelo interior do A quem pode interessar o Brasil, que de outro modo débâcle da produção familiar? Evidente que o queijo industrializado não teriam como subsistir. pelos grandes laticínios, onde Ademais, são parte do inexiste os conceitos históricos e folclore, da história e das tradicionais, atrelados que são ao tradições. Não é possível que capitalismo. as autoridades sanitárias, Reina muita desconfiança enassim como governos em tre os mais antigos, que do mesmo todos os níveis, não tenham modo não entendem a supressão da banha de porco do mercado como monitorar, ajudar brasileiro. Evidente que as expece investir nesse tipo de tativas de vida subiram muito ao produção” final de maciça conscientização sobre o uso de gorduras animais. Mas continua obscuro o caráter dessas sugestões, que igualmente podem estar submetidas aos interesses dos fabricantes de óleos de origem vegetal. É esta a desconfiança de muitos anos. Porque ninguém sabe se realmente existe uma correspondência entre aumento da expectativa de vida com a eliminação das gorduras animais. Pode ser que essa sobrevida advenha das novas tecnologias e medicamentos. A ciência, - e não o óleo vegetal - seria a verdadeira responsável por estender a vida das pessoas nesta era moderna. Queijos e outros produtos lácteos são arrimo de muitas famílias pelo interior do Brasil, que de outro modo não teriam como subsistir. Ademais, são parte do folclore, da história e das tradições. Não é possível que as autoridades sanitárias, assim como governos em todos os níveis, não tenham como monitorar, ajudar e investir nesse tipo de produção. Para os produtores independentes as autoridades sanitárias são seus carrascos, ao contrário de agência reguladora. E para as grandes indústrias de laticínio não interessa se matam o passado e as melhores tradições mineiras, ao dar combate ao queijo do Serro, o Canastra, e outras produções caseiras que foram responsáveis pela construção da alma de Minas Gerais.

ÓRGÃO Do grupo Gazeta do Oeste de comunicação ltda

FUNDADOR: Antônio Eustáquio Rodrigues Cassimiro (1947 2004)

Diretor PRESIDENTE Fernando Marcos Rodrigues

Diretor DE MARKETING Leonardo Marcos Rodrigues

Palavra Do Governador

Desenvolvimento do Estado Operações foram aprovadas e autorizadas pelo Governo Federal e só são possíveis porque Minas Gerais cumpriu o chamado ajuste fiscal, ou seja, nós fizemos o nosso dever de casa ao longo desses anos.

Governador, o governo de Minas enviou recentemente à Assembleia Legislativa projetos de leis solicitando autorização para empréstimos. Qual a importância desses projetos para o desenvolvimento do Estado, a que eles se referem? É verdade. São projetos muito importantes para o desenvolvimento de Minas Gerais. Graças à nossa boa estrutura fiscal e financeira pudemos encaminhar esses projetos à Assembleia. O primeiro deles se refere à renegociação de uma dívida com a CEMIG e um segundo é para a obtenção de empréstimos junto a bancos nacionais e internacionais para o desenvolvimento do Estado, em obras de infraestrutura, segurança pública e mobilidade urbana. Nessa questão da infraestrutura, governador, quais são os projetos principais que serão atendidos? Bem, nesse caso nós tivemos recentemente a autorização do Governo Federal para levantarmos R$3 bilhões para empréstimos novos. Nós vamos colocar esses recursos basicamente em um programa muito importante chamado Caminhos de Minas, que significa a construção de novas estradas asfaltadas entre as regiões de Minas Gerais. É um programa que já foi lançado, estamos fazendo os projetos para realizarmos das licitações das estradas e esses recursos nós vamos obtê-los junto aos organismos nacionais e internacionais para financiar essas estradas. Nós teremos também a destinação de parte desses recursos para a área de segurança pública, sempre uma prioridade no nosso governo, bem como na mobilidade, ou seja, na questão viária e de tráfego das grandes cidades de Minas Gerais. No caso da dívida com a CEMIG, quais serão os benefícios para o Estado e também para a empresa com o pagamento dessa dívida? No caso do Projeto de Lei que se refere à dívida com a CEMIG, trata-se de um bom negócio para ambos. Nós estamos, em síntese, trocando uma dívida de curto prazo e com juros altos por uma dívida que se transforma de mais longo prazo e com juros menores. Na realidade, a CEMIG está concedendo para o pagamento a vista um desconto e nós estamos levantando recursos junto a bancos nacionais e internacionais exatamente com o propósito de pagar a dívida com esse desconto. E com esse recurso que a CEMIG vai receber é claro que ela vai investir na melhoria dos seus serviços. E nós ficaremos devendo menos e pagando juros bem menores. Tudo com a autorização do Governo Federal. Eu queria que o senhor falasse um pouco mais sobre isso. Como se trata de empréstimos internacionais precisa da autorização do Governo Federal? É verdade. Nós precisamos sempre da autorização do Governo Federal. É o chamado aval do Tesouro Nacional. Todas essas operações decorrem necessariamente da aprovação do Governo Federal. Aliás, elas só são possíveis porque Minas Gerais cumpriu o chamado ajuste fiscal, ou seja, nós fizemos o nosso dever de casa ao longo desses anos. Recentemente estive em Brasília com a presidenta Dilma e juntamente com outros governadores nós assinamos esses documentos que reconhecem que Minas Gerais está no caminho certo do seu equilíbrio fiscal e financeiro. Isso é muito positivo porque permite que Minas levante recursos para os investimentos tão necessários para o desenvolvimento de nosso Estado.

EDITORA CHEFE Liziane Ricardo

Assessores Jurídicos Dr. Márcio F. Vaz • Dr. Mauro M. Nogueira • Dr. Breno M. de Faria Administração, Redação E GRÁFICA: Rua Rio Branco, 948 - Porto Velho • Divinópolis (MG) • CEP 35.500-430 TELEFONE: (37) 3222-6322 • www.g37.com.br • gazeta@gazetaoeste.com.br O jornal não é solidário com conceitos emitidos em colunas e matérias assinadas.

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Logosofia

Fundação Logosófica Em Prol da Superação Humana

A correção da conduta da criança. Parte I Para saber ensinar é preciso, antes de tudo, saber aprender. Não se pode dar o que não se tem, não se pode ensinar um caminho que não se percorreu. Nada tão claro! Mas isso não significa, absolutamente, que a tarefa seja simples. “A arte de educar consiste em começar ensinando-se primeiro a si mesmo.” Eis uma orientação da Pedagogia Logosófica que, aparentemente, aponta para uma obviedade. De fato, ela destaca algo que muitos educadores, pais ou professores já puderam comprovar em suas práticas: para saber ensinar é preciso, antes de tudo, saber aprender. Não se pode dar o que não se tem, não se pode ensinar um caminho que não se percorreu. Nada tão claro! Mas isso não significa, absolutamente, que a tarefa seja simples, como veremos a seguir. Comecemos pelo fato de que não basta saber algo; é preciso saber ensinar, é preciso saber como ensinar. Isso envolve toda uma docência, um tato, dosagem, inteligência. Sob esse enfoque, daremos com as formas corretas e com as formas equivocadas de atuar ao tratarmos de corrigir a conduta da criança. As corretas são aquelas que constroem, enquanto que as outras, geralmente, são as que apenas reprimem. Mais do que dizer “não faça isto!”, é preciso possibilitar que o educando saiba a forma correta de se comportar. O educador pode, por exemplo, no intuito de corrigir, utilizar a fórmula fácil do temor, da ameaça ou a da promessa. Pode, também, apontar o erro e ficar nisso, na censura, no castigo. É o procedimento mais comum e, por vezes, o que traz resultados mais imediatos. Entretanto, quando se atua dessa forma, não se propicia o mais importante na alma do educando: a compreensão do erro ante a visão clara da conduta correta a ser adotada, o que abre espaço para o estímulo sincero de mudar. Durante a correção, o educando deve ser tocado em seu entendimento, importantíssima faculdade da mente que é peça básica em qualquer mudança que se queira empreender. O ato de reprimir a má conduta, sem produzir na criança a vontade de mudar, costuma causar depressão, tristeza, insegurança, ressentimento e a sensação de ter sido injustiçada. Se a criança é de temperamento tímido, verá acentuada a falta de confiança em si mesma; porém, se seu temperamento é mais agressivo, rebelde ou argumentador, por falta da compreensão, insistirá na prática do erro, às vezes explicitamente, às vezes de forma camuflada, dissimulada. Em vez de simplesmente reprimir, o ideal é que o educador aprenda a corrigir, o que significa ensinar a eliminar o erro e propiciar o acerto. Isso implica educar para a vida, e não para o momento. Implica ter segurança daquilo que se ensina, visando, acima de tudo, ao bem do educando, e não ao seu bem-estar imediato. A verdadeira correção deve ser feita com afeto e com o sincero empenho de ajudar. Por outro lado, são duas psicologias que estão em jogo: a de quem ensina e a daquele que recebe a correção. É indispensável, pois, um conhecimento dessas duas psicologias. Em um clima de afeto, na certeza de se estar ao lado da criança e não contra ela, é possível fazê-la pensar, para que surja a vontade de mudar, fator indispensável, pois é ela mesma quem, de fato, fará culminar o processo da correção. A criança é quem se corrige, com os elementos e recursos postos à sua disposição. O educador poderá ensinar, aconselhar, encaminhar, exigir, mas a verdadeira correção só se inicia no momento em que ocorre a compreensão do erro, a vontade de mudar e, completando o quadro, a compreensão clara da conduta certa a ser adotada. Há aspectos básicos que,segundo a Pedagogia Logosófica, fundamentam a atuação acertada no processo de correção da conduta de uma criança, seja quem for o educador da vez. Dentre esses aspectos, destacaremos aqui os seguintes: A orientação da criança é, acima de tudo, responsabilidade dos próprios pais. Quando são muitos os que a educam, sem que entre eles haja a devida unidade de pensamento e ação, a criança se torna caprichosa, manhosa. A escola entra como complemento dessa orientação, como importante auxiliar. Os pais, ainda que muito ocupados no atendimento às exigências profissionais, não podem delegar a outros essa tarefa que a própria vida lhes confiou. Se o ideal for difícil de cumprir, que se cumpra o máximo que lhes for possível. À criança devem ser dados conceitos reais, evitando tudo que é falso. Isto facilita correções no futuro. É importante propiciar que as crianças adquiram bons hábitos e que queiram ser boas. Evitar, também, tudo o que estimule a violência: brincadeiras, brinquedos, revistas, filmes, jogos, etc. Quando o assunto são os desvios, também vale a fórmula do mais vale prevenir que remediar. Para a educação de uma criança, é imprescindível que lhe sejam transmitidos conceitos reais do que é o homem, do que é Deus e suas Leis, do que é o Universo. Os conceitos formados ao longo da vida são os orientadores da conduta. É importante que os educandos cresçam gostando da boa conduta, que se sintam felizes e estimulados, que não tenham vergonha de ser obedientes aos princípios de disciplina e de bem, sendo cumpridores, generosos, gratos, etc. Continua na próxima semana. Artigo extraído da Revista Logosofia nº 13, p. 13 a 16 Dulce Regina Feu Alvim Moreira Bacharela e licenciada em Letras, línguas neolatinas pela UFMG e docente da Fundação Logosófica do Brasil


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