Do convívio à ruptura: a cartografia na análise histórico-fluvial de Belo Horizonte (1894/1977)

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4.1.2 Casa da Fazendinha

A partir do georreferenciamento e vetorização da planta geodésica e das propriedades rurais, torna-se inviável o fato de que a Casa da Fazendinha tenha pertencido às terras da Fazenda do Cercadinho, visto que o casarão, ainda existente ao lado da Barragem Santa Lúcia (Figura 40), encontra-se localizado a cerca de três quilômetros do local de divisa entre as fazendas Capão e Cercadinho. Portanto, a propriedade se encontra dentro das terras da antiga fazenda Capão, não sendo possível afirmar de maneira precisa a data da construção, possivelmente datada do período de existência da Colônia Agrícola Afonso Pena (1898/1913). O processo de tombamento da Casa da Fazendinha inclui um documento elaborado na época do tombamento que contém informações relacionadas às terras da Fazenda do Cercadinho e não a Fazenda Capão: É praticamente inexistente uma bibliografia que apresente dados consistentes sobre a ocupação da Barragem Santa Lúcia e da Casa de fazenda que se encontra neste local. Esta região, hoje ocupada por uma favela abriga no meio de seus casebres uma construção feita em adobe, de aproximadamente 100 anos que provavelmente foi a sede da Fazenda do Cercadinho. Originalmente, quando da fundação da Capital, esta fazenda com aproximadamente 200 alqueires pertencia a José Cleto da Silva Diniz. Observando o mapa do município de Belo Horizonte de 1940 podemos encontrar o registro da ex-colônia agrícola justamente na região hoje denominada “Favela da Barragem Santa Lúcia”. Em um relatório de 1894 que faz parte do processo de desapropriação da Fazenda do Cercadinho encontramos uma descrição da área. As terras eram servidas por um grande manancial de aguas abastecidos por vários córregos e uma lagoa. A Fazenda do Cercadinho fazia divisa com a Fazenda do Bom Sucesso e também a Fazenda do Cercado, primitiva posse de Joao Leite da Silva Ortiz, terras estas que originaram Belo Horizonte. (...) Havia também uma sede compreendendo uma casa de habitação moinho, engenho de farinha, moinho e engenho de açúcar. Em frente à casa há outras edificações, tudo está quase novo e em bom estado de conservação (BELO HORIZONTE, 1992, PROCESSO 010047139649).

Nesse sentido, ressalta-se que a Fazenda do Cercadinho possuía duas sedes, de acordo com a planta de desapropriação (Figura 41). A Fazenda Velha de Manoel Caetano se encontrava na margem oeste do córrego do Cercadinho, local que atualmente pertence a Copasa. A Fazenda Nova de Miguel Silveira se encontrava na margem leste do córrego Chácara, curso d’água que se encontra atualmente sob a Avenida Barão Homem de Melo. Portanto, a citação acima não se refere a Casa da Fazendinha, ainda que Pereira (2012, p.88), baseada no processo de 1992, afirme que a Casa da Fazendinha se refere à Fazenda Nova do Cercadinho.


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