Experiências docentes em Psicologia - Em foco o PIBID

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313 acesso ao acervo cultural e científico da humanidade, como condição essencial de emancipação e transformação social. Em uma tentativa de se contrapor a este tipo de formação profissional, centrada no modelo do desenvolvimento das competências e habilidades, a educação deve ser entendida como uma prática social e histórica constituída na contradição entre a necessidade de garantir a adaptação do indivíduo à sociedade e, ao mesmo tempo, possibilitar-lhe tornar-se um sujeito emancipado (ADORNO, 2003). Isso significa que a educação desponta como uma possibilidade para formar sujeitos capazes de pensar, refletir, criar e recriar as formas culturalmente dadas e, consequentemente, de transformar a realidade. Esse entendimento se contrapõe a uma educação e uma formação voltadas para o mercado de trabalho, mas, ao mesmo tempo, contraditoriamente, não as exclui. Haja vista formarmos sujeitos pensantes e críticos desta e para esta sociedade, porém com ênfase na emancipação e na transformação social, portanto críticos do trabalho alienado. No tocante a este entendimento de educação e formação humana aqui defendido, um quesito importante seria apreender e superar a concepção liberal de indivíduo e de sociedade que impregna a maioria das teorias psicológicas e que tem contribuído para a manutenção da hegemonia burguesa e de uma sociedade opressora, excludente e injusta, bem como para justificar teoricamente o sucesso e o fracasso dos indivíduos. Superar esta visão de indivíduo partilhada pela Psicologia implica pensar as possibilidades dessa área do saber no Ensino Médio e as suas contribuições para além de uma formação orientada pelos valores e ditames do mercado. Nesse sentido, no limite, uma Psicologia como possibilidade de superar a concepção alienante do trabalho. A PSICOLOGIA E A CONCEPÇÃO LIBERAL DE INDIVÍDUO A fim de compreender a concepção de homem da Psicologia e sua importância para a educação, é importante voltarmos para as precondições socioculturais e para seu surgimento como ciência no século XIX, tendo como foco de análise os elementos que possuem relação com o trabalho e seus desdobramentos. Para isso, recorremos a Figueiredo e Santi (2004) que nos esclarecem que são necessárias duas condições para o conhecimento científico do que é psicológico, a saber: 1) uma experiência muito clara da subjetividade privatizada; e 2) a experiência da crise dessa subjetividade.


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