Modelo 2

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O sabor amargo da repressão

Jorge Couri, com 33 anos na época, também trabalhava no Diário Mercantil e no Diário da Tarde que funcionavam em frente ao antigo Cine Excelsior. Morava próximo e sempre descia andando para o trabalho, perto da chegada à redação observou aquela movimentação de guardas. Logo, percebeu que algo estaria acontecendo. Quando Couri chegou lá, Décio Cataldi o informou que haviam sido convocados para ir a 4º Região Militar. Ninguém sabia ao certo o que estava se passando. Wilson Cid também testemunhava aquele cenário, via aquela agitação antes mesmo do anúncio, ouvia notícias de algumas prisões e de que alguns políticos estavam sendo procurados. Às 17h, foi feita a proclamação, dizendo que o presidente da República havia descumprido os dispositivos constitucionais. Desta maneira, se esperava que ele deixasse o poder imediatamente. Apesar do clima agitado, a notícia da marcha das tropas surpreendeu também Paulo Emerich, repórter da Rádio Sociedade (PRB-3). Os jornalistas não tinham ideia do que podia acontecer. Havia a oposição contra o presidente da república, mas existia também quem ficasse a favor. Um de seus grandes defensores era Claudemir Dibiane, na época, presidente da Confederação da Indústria. João Goulart era acusado de estar quebrando hierarquia militar, favorecendo uma república ‘’comunisindicalista’’; havia sindicados que debatiam muito a questão, associações num circulo socialistas e os partidos políticos que se reuniam constantemente. “Houve uma movimentação precedente e antecedente do golpe, junto às conspirações dos militares, os partidos políticos de 1964 tinham mais expressão e poder do que tem hoje, Juiz de Fora era a sede da 4º região militar, a guarnição de Juiz de Fora estava à cima da guarnição da capital, isso quer dizer que o general Mourão Filho era superior ao general Luiz Carlos Guedes em Belo Horizonte, dando uma grande expressão a cidade. Não foi em vão que no dia do golpe militar, baixaram na cidade importantes expressões da política, do exercito, como o general Murici, por exemplo, registrando que a ação deveria acontecer entre 2 e 8 de abril de 1964”, relata Wilson. Tanto para Wilson Cid, quanto para muita gente, o golpe de 31 de março causou espanto. Wilson, com 24 anos, não se conformava naquele 38

Universo Memorável


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