EDITORIAL EXPEDIENTE DIRETORIA Presidente Carmen Rosane Masson 1º Vice-Presidente Lauro Ubirajara Barboza de Aguiar
SUMÁRIO
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PERFIL FISCALIZAÇÃO
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RINGUE TECNOLÓGICO
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GINÁSTICA LABORAL
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2º Vice-Presidente Leomar Tesche 1ª Secretária Débora Rios Garcia 2ª Secretária Miryam Peraça Fattah Brauch 1ª Tesoureira Sonia Maria Waengertner
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CAPA
2ª Tesoureira Ana Maria Haas COMISSÃO EDITORIAL Alexandre Scherer CREF 000021-G/RS
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JUDÔ SOCIAL
Francisco Xavier de Vargas Neto CREF 007683-G/RS Leomar Tesche CREF 000129-G/RS CONSELHEIROS Alessandro de Azambuja Gamboa CREF 001534-G/RS
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ATIVIDADE FÍSICA NO VERÃO
Alexandre Moura Greco CREF 004204-G/RS Ana Maria Haas CREF 004563-G/RS Carlos Alberto Cimino CREF 001691-G/RS Carlos Ernani Olendzki de Macedo CREF 01262-G/RS
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ENSAIO
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NOTAS
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JURÍDICO
Carmen Rosane Masson CREF 001910-G/RS Débora Rios Garcia CREF 002202-G/RS Eduardo Merino CREF 004493-G/RS Eliana Alves Flores CREF 002649-G/RS Felipe Gomes Martinez CREF 003930-G/RS Giovanni Bavaresco CREF 001512-G/RS João Guilherme de Souza Queiroga CREF 000839-G/RS Lauro Ubirajara Barboza de Aguiar CREF 002782-G/RS Leila de Almeida Castillo Iabel CREF 000113-G/RS Leomar Tesche CREF 000129-G/RS Luciane Volpato Citadin CREF 000100-G/RS Marcia Rohr da Cruz CREF 007542-G/RS Miryam Peraça Fattah Brauch CREF 006834-G/RS
EDITORIAL
A
s lutas vêm conquistando um número cada vez maior de adeptos no Rio Grande do Sul, muito por conta do sucesso do MMA, que é exibido pela televisão com uma audiência equivalente aos principais jogos do Campeonato Brasileiro de Futebol. As modalidades, que desembarcaram por aqui com o judô no começo do século passado, cresceram muito nos últimos anos e deixaram de ser praticadas somente por aqueles que desejam se tornar atletas ou que querem se preparar para as grandes competições da área.
Rosa Maria Marin Pacheco CREF 000059-G/RS Sonia Maria Waengertner CREF 007781-G/RS Cláudia Ramos Lucchese CREF 002358-G/RS Clery Quinhones de Lima CREF 000297-G/RS Jornalista Responsável Paulo Finatto Jr. MTE 16215 Colaboração Marcelo Ghignatti MTB 4807 Projeto Gráfico e Diagramação Júlia Carvalho Direção Geral Liziane do Espírito Santo Soares Capa e Contracapas Eskritório de Comunicação Impressão Global Print Editora Gráfica Ltda. Tiragem 16.000 exemplares ISSN 2359-0688
Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores, não expressando necessariamente a opinião do CREF2/RS Conselho Regional de Educação Física 2ª Região Rua Coronel Genuíno, 421 conj. 401 - Centro Porto Alegre/RS - CEP 90010-350 CREF Serra Rua Antônio Ribeiro Mendes, 1849 - Pio X Caxias do Sul/RS - CEP 95032-600 contato@crefrs.org.br • www.crefrs.org.br https://www.facebook.com/crefrs
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CREF2/RS em Revista
Do muay thai ao boxe, passando também pela capoeira e pelo jiu-jitsu, muitas academias oferecem hoje as lutas como uma ótima opção de atividade física. O aumento da autoestima e do autocontrole, além da perda de peso e da diminuição do estresse, são alguns dos objetivos geralmente apontados por quem procura uma destas modalidades. A edição do CREF2/RS em Revista que chega agora até você, além de debater a regulamentação da profissão de lutas, mostra como a formação em Educação Física é essencial para quem atua nesta área. Nas páginas seguintes, você também poderá conferir algumas das ideias pioneiras e transformadoras que surgiram vinculadas a estas modalidades, assim como um pouco mais sobre o trabalho do Conselho envolvendo a Ginástica Laboral e as ações de fiscalização pelo Estado. O CREF2/RS em Revista inicia 2016 com uma modificação importante: esta é a última edição impressa que todos os profissionais recebem em casa. A partir do próximo número, será enviada somente para as Pessoas Jurídicas registradas e para aqueles que solicitarem um exemplar pelo e-mail contato@crefrs.org.br. No nosso site, você continuará nos acompanhando através da edição virtual, lendo todas as matérias no seu computador, tablet, smartphone ou baixando em PDF para consultas posteriores. Boa leitura!
PALAVRA DA PRESIDENTE
PELA REGULAMENTAÇÃO
DAS LUTAS
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Carmen Masson é formada em Educação Física pelo IPA, com especialização em Ginástica de Academia e em Condicionamento Físico. Mestre em Ciências da Saúde – Saúde Coletiva e Mestre d'Armas (Esgrima) pela EsFex, foi a primeira aluna mulher e a primeira colocada do curso. Como atleta da esgrima, conquistou diversos títulos nacionais e internacionais com a Seleção Brasileira. Foi também professora estadual, técnica de esgrima do Grêmio Náutico União e da Sogipa, consultora do Ministério do Esporte, professora da UFRGS e coordenadora da Secretaria de Esportes de Porto Alegre e da Brigada Militar. Na Prefeitura, idealizou e implantou o programa Caminhadas Orientadas, premiado internacionalmente. Defensora da atividade física voltada para a saúde, está atualmente na luta para incluir a Educação Física nos conselhos municipais e estaduais de Saúde.
s lutas, que até pouco tempo eram vistas como esporte de competição, atualmente são muito procuradas como uma opção para a prática de atividade física, pois além da queima calórica em cada sessão de treinamento, comprovadamente possuem benefícios psicológicos, como diminuição do estresse e melhora do autocontrole e auto-estima do praticante. Conjuntamente, com a prática sistemática e bem orientada, podem também reduzir o risco de várias doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão, diabetes mellitus, dislipidemias, etc. Na Educação Física, o tema lutas ainda é um assunto polêmico. Em 2011, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) enquadrou as lutas como “manifestação artística do corpo” e, portanto, elas não se enquadrariam dentro da Lei 9696/98. Por isto, o CREF2/RS está proibido de fiscalizar e exigir registro dos profissionais e estabelecimentos que atuam nesta área. Este assunto ainda não está definido, pois recorremos da decisão e aguardamos posicionamento do Supremo Tribunal Federal (STF), visto que acreditamos que não basta um bom currículo como atleta para capacitar o indivíduo como professor de qualquer esporte ou atividade física. É preciso muito mais: conhecimento do corpo humano (fisiologia, anatomia, cinesiologia, biomecânica, etc.), conhecimentos específicos como metodologia de treinamento, avaliação, capacidade de prescrição respeitando a individualidade biológica de cada aluno, com suas limitações e superações, bem como a prescrição de forma didática e pedagógica. Baseado nisto, o
CREF2/RS acredita que o profissional de Educação Física com conhecimento da respectiva luta é o único habilitado para ministrar estas aulas. No momento que ainda aguardamos a decisão do STF sobre o nosso recurso, trazemos nesta edição do CREF2/RS em Revista uma importante discussão sobre o assunto. Em meio ao sucesso dos eventos de MMA e ao mercado em expansão, nunca foi tão essencial a formação de Educação Física para os profissionais de luta, para a garantia de que estas modalidades sejam ministradas da maneira correta, evitando assim riscos e lesões. Do Perfil à matéria de capa, passando pelas reportagens secundárias, conversamos com diversos profissionais que atuam neste segmento, e muito colaboram com a valorização da nossa profissão no dia a dia das lutas. A formação faz, como você poderá perceber ao longo da revista, a diferença. As ações de fiscalização do CREF2/ RS são um destaque desta edição. Com o intuito de intensificar o trabalho, considerado primordial pela nossa gestão, aumentamos o número de fiscais e a estrutura para receber denúncias e dar prosseguimento aos processos. Fechamos 2015 com números recordes e temos a certeza que este ano novo começa ainda mais promissor, com muito trabalho e conquistas importantes pela frente. 2016 está só começando: vamos encerrar este ciclo ainda mais unidos e com a nossa profissão fortalecida. Conte com a gente, pois o CREF2/RS somos todos nós.
Carmen Masson Presidente CREF2/RS
CREF2/RS EM REVISTA VIRA PUBLICAÇÃO ONLINE A partir da próxima edição, o CREF2/RS em Revista será enviada somente para as Pessoas Jurídicas registradas e para quem solicitar um exemplar diretamente pelo e-mail contato@crefrs.org.br. Os profissionais de Educação Física poderão continuar acompanhando as nossas matérias e reportagens pela Internet. A versão digital de todas as nossas edições já estão disponíveis para leitura online, através do computador ou de dispositivos móveis, como tablets e smartphones, ou pela plataforma Issuu. Para quem preferir, o download da nossa revista também pode ser feito em PDF pela página www.crefrs.org.br/comunicacao/revista.
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PERFIL
FRANCISCO XAVIER DE
VARGAS NETO Numa época em que o judô ainda começava no Estado, Chico do Judô teve uma trajetória pioneira, com medalhas, estudos e treinamento no Japão
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judô, como definiu o seu criador Jigoro Kano (1860-1938), é um caminho. A modalidade, concebida inicialmente com propósitos educacionais, nasceu com o objetivo de preparar os seus praticantes para os percalços da vida. O esporte, que começou a ser difundido mundialmente no início do século, entrou para o programa olímpico somente nos Jogos de Tóquio, em 1964, na mesma época em que passou a ganhar corpo também no Rio Grande do Sul, quando foi transformado em disciplina obrigatória na Escola Superior de Educação Física (ESEF) da UFRGS. Com uma trajetória já consolidada como atleta, Francisco Xavier de Vargas Neto (CREF 007683-G/RS), conhecido também como Chico do Judô, foi um dos primeiros a cursar a ESEF, anos depois, com o intuito de atuar especificamente com a pedagogia desta modalidade. "A minha vida no judô começou em 1960, quando eu tinha dez anos, aqui em Porto Alegre. Eu era uma criança muito ativa, que brigava bastante, até que alguém comentou com o meu pai que seria interessante que eu aprendesse uma modalidade
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de luta para respeitar os outros", lembra. Se na época o esporte ainda era ensinado por pessoas com formação duvidosa e muitas vezes vinculado a outros esportes, Chico encontrou no antigo Ginásio Esparta o início do seu aprendizado. "Uma vez recebemos a visita do professor Bira, que tinha implementado o judô no Grêmio Náutico Gaúcho. Eu me encantei com a aula e acabei indo para lá", conta. No novo clube e um pouco mais experiente, a sua carreira não demorou muito para estourar. Com 16 anos, começou a ganhar praticamente todas as competições que participava e também a disputar torneios nacionais. GRANDES VITÓRIAS O início da carreira de Chico foi bastante difícil, sobretudo porque a modalidade ainda era muito desconhecida no Rio Grande do Sul. "O princípio filosófico, de origem japonesa, não era muito bem entendido pelos nossos atletas, lá no começo dos anos 50", explica. "O esporte era uma coisa nova e ainda tinha poucos praticantes. As pessoas, quando olhavam o kimono, me perguntavam que tipo de roupa
engraçada era aquela. Também havia um certo preconceito, pois muitos achavam que a gente só queria brigar". Independente destes problemas, a trajetória de Chico como atleta foi muito vitoriosa. Com 14 anos, ele já competia, mesmo que os torneios fossem raros no Estado. "A Federação Gaúcha de Judô ainda nem existia e as competições mais pareciam encontros entre clubes. Mesmo assim, com 17 anos eu comecei a vencer as disputas da categoria juvenil e a me destacar", relata. "Eu me lembro do campeonato juvenil de 1968, quando ganhei também a competição adulta. Fui considerado o melhor atleta de todo o campeonato e acho que este foi o verdadeiro início da minha carreira". Além da falta de um suporte científico e de companheiros para os treinamentos, Chico conta que também era difícil passar por longos períodos sem lesões. "O conhecimento técnico era restrito, não havia formação acadêmica na época", analisa. "Por causa disto, muitos treinadores experimentavam coisas com os atletas que nem sempre eram as mais adequadas. Os inú-
meros problemas de joelho que tive ao longo da minha trajetória foram, inclusive, decorrentes de movimentos que eram executados de maneira errada", complementa. Se o Rio Grande do Sul não era o melhor lugar para se praticar judô nos anos 60, as competições nacionais, que reuniam atletas mais bem preparados de São Paulo e de outras regiões do centro do país, se tornaram o melhor caminho para quem queria crescer dentro do esporte. "Quando a gente competia fora do Estado, aprendíamos muito. Foi assim que, a partir da minha geração, começamos a trazer alguns conhecimentos novos para cá e a criar aqui um polo de judô", relembra. Mais bem preparado, Chico foi, em 1972, o primeiro atleta gaúcho a ganhar uma medalha na categoria principal de um campeonato brasileiro. O vice nacional, conquistado na Bahia, foi especial também por outro motivo. "Eu me preparei muito para esta competição e estava confiante para a final. No decorrer da luta, contra o Mauro Junqueira, de São Paulo, o meu adversário machucou o ombro. Os médicos entraram, avaliaram a situação e disseram que ele não deveria continuar", relembra. "Na reta final da luta, todo mundo da equipe gaúcha gritava para eu bater no ombro dele, para que eu forçasse onde estava machucado. Só que eu achei que não deveria fazer isso,
não me sentia à vontade para uma coisa digna de um capítulo à parte. "Eu cheguei assim. Tinha que vencer lutando de igual lá com um nível de judô muito abaixo da para igual, sem bater no local machucado média japonesa e fui treinar num dos só para tirar proveito. melhores lugares do Não iria fazer um momundo, que tinha Fui o primeiro gaúvimento estranho ao campeões mundiais e que normalmente eu medalhistas olímpicho a ir para o Japão fazia só para piorar a cos. Foi muito difícil treinar judô, com lesão. Acho que a mime adaptar. Além da nha atitude foi correta alimentação totalmenuma mala e dois e até hoje sou amigo te diferente da nossa, kimonos apenas dele", conclui. o treinamento era realizado três vezes ao dia, dividido em três partes, que ia das 6h VIVENCIANDO AS ORIGENS às 20h", relata. "Apesar das dificuldades, aprendi muito. Depois de oito meses no Com o esporte evoluindo bastante no EsJapão, consegui trazer para cá muitos cotado a partir dos anos 70, Chico sentiu a nhecimentos e começamos a obter resultanecessidade de dar um passo além. Candos realmente importantes para o judô, sado da rotina de pegar até três ônibus que perduram até hoje". para uma competição nacional e de passar dois dias na estrada só para ir a um torneio, De volta à rotina, Chico participou do Camele decidiu se aperfeiçoar no Japão, a peonato Mundial Universitário de Judô, maior potência de judô na época. Em em 1978, e foi o único gaúcho da equipe. 1975, foi o primeiro a gaúcho a atravessar "Tivemos uma excelente participação, com o mundo e a fazer um estágio na Univerum campeão mundial e várias medalhas", sidade de Tenri e na escola de Isao Okano, conta. Além da trajetória como atleta, uma das referências da modalidade até Chico já tinha uma carreira paralela de hoje. "Eu ganhei uma passagem de uma tia treinador. Ele, que treinava sozinho desde que era executiva da Varig e fui embora paos tempos de Grêmio Náutico Gaúcho, ra Tóquio, com uma mala e dois kimonos passou a atuar na Sogipa. "Virar técnico foi apenas", conta. natural. Desde o início me interessei por isto, comprava livros, inclusive em japoA coragem de Chico, que não falava japonês, e pensava em formas de ensinar o nês e sabia somente o básico de inglês, é
Chico executando golpe em adversário, nos anos 70. Foto: arquivo pessoal
Chico (ao centro) com os colegas da Sogipa. Foto: arquivo pessoal
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consegue dimensionar como o esporte ainda pode crescer. "Os novos campeões tiveram a sorte de chegar num momento em que o judô estava pronto para recebêlos. Isso não teria ocorrido anos atrás, quando ainda era impensável vencer um japonês no tatame", avalia. No futuro, Chico tem o intuito de continuar contribuindo com o esporte, seja participando das atividades da Federação Gaúcha de Judô que envolvem a formação de novos faixas pretas ou coordenando o Departamento de Controle de Doping da Confederação Panamericana de Judô. O convite para o cargo, que foi feito recentemente, ainda precisa ser melhor discutido, mas significa que Chico nunca deixou de acompanhar as grandes competições internacionais. "Volta e meia eu sonho que estava lutando e acordo ofegante e suado. O judô é uma coisa que, definitivamente, ficou no meu sangue". ARQUIVO PESSOAL
judô", revela. "Na Sogipa, vi o esporte cresAlém da formação de técnicos, Chico tamcer, instalamos toda a estrutura que o clubém se envolveu com outras questões be possui hoje. Nós saímos de uma sala relacionadas à Educação Física, sejam mais pequena, com uma próximas da escola ou dúzia de tatames, pada saúde. "Não fiz o O nosso trabalho foi ra um dojo novo. O doutorado na área do nosso trabalho foi lengradativo e deu no que judô, mas levei muito to e gradativo e deu do meu estudo para o deu, com o João Derly no que deu, com João esporte", considera. Derly e Mayra Aguiar, "Com o convite do e a Mayra Aguiar dois campeões munprofessor Eduardo De campeões mundiais diais", enfatiza. Rose para estudar na Espanha, passei seis anos lá para fazer o doutorado. Como na CONSTRUÇÃO DO FUTURO época eu ainda treinava e praticava, isso no começo dos anos 90, eu consegui Embora tenha um grande currículo no tataacompanhar algumas competições me e diversas medalhas, Chico acredita internacionais e até mesmo participar do que não é obrigatória uma carreira de ano pré-olímpico. Nos Jogos de Barcelona, atleta para se tornar um bom treinador. As assisti a vitória do Rogério Sampaio, que vantagens até podem existir, mas nada conquistou a medalha de ouro, e trabalhei substitui o curso de Educação Física. "Acho na equipe de controle antidoping do proque não pode ter, sob hipótese alguma, um fessor De Rose". professor de judô que não tenha formação em Educação Física", considera. "A faculCom o avanço das pesdade é fundamental. Não posso aceitar um quisas científicas e da instrutor de luta que não tenha conheconsolidação do escimento de pedagogia ou de psicologia do porte no Brasil, Chico esporte. A formação acadêmica é necescompara a evolução do sária para que o professor ensine adejudô nacional com o quadamente a modalidade, levando em cenário que ajudou a consideração a fisiologia do exercício e as construir no Rio Grande questões que envolvem as cargas e o nível do Sul, desde a década de esforço exigido", explica. de 60. "O pioneirismo de atletas como o AuAinda no ambiente da UFRGS, Chico relemrélio Miguel, que se bra que entrou para o curso de Educação mudou para a Europa Física, no início dos anos 70, mais para se para treinar, fez com preparar fisicamente e tecnicamente para que o judô brasileiro as competições de judô do que para aprendeslanchasse. A nossa der. "A prioridade era essa. A gente tinha escola é muito técnica e um conhecimento cientificamente distorcias gerações anteriores do na época, mas obviamente tudo o que tiveram um estímulo eu adquiri foi essencial para a minha carrepara que os resultados ira. Com uma boa base, eu pude passar chegassem agora", muita coisa para os meus alunos, que além conta. Com a recente de atletas se tornaram grandes professores aposentadoria, Chico e treinadores", conta.
FISCALIZAÇÃO
FISCALIZAÇÃO BATE
RECORDES EM 2015 DEFOR intensifica ações no último trimestre do ano e projeta 2016 atendendo mais denúncias
A
tendendo cerca de 300 denúncias e realizando visitas de rotina em diversos municípios do Estado, o Departamento de Fiscalização e Orientação (DEFOR) do CREF2/RS fechou cerca de 15 academias somente no último trimestre de 2015. Os estabelecimentos, localizados em cidades como Esteio, Alvorada, Pinto Bandeira, Eldorado do Sul, São Leopoldo e Porto Alegre, tiveram as suas atividades suspensas por não possuírem registro junto ao CREF2/RS e por não contarem com profissionais de Educação Física, devidamente habilitados, orientando as atividades. Os números de outubro a dezembro, como salienta a coordenadora do DEFOR Fernanda Rodrigues (CREF 009604-G/RS), retratam como o CREF2/RS intensificou as suas
ações ao longo de 2015. Além de suspender as atividades de um número expressivo de academias irregulares nesse ano, estimado em cerca de 150, também foi possível dobrar a quantidade de denúncias atendidas e quadruplicar os processos de fiscalização abertos. O balanço feito é que o crescimento da estrutura do Departamento, conduzido durante a última gestão do Conselho, permitiu este avanço. "O DEFOR tem hoje mais pessoas trabalhando internamente, o que possibilita dar ao andamento de processos e de ações civis públicas mais agilidade", avalia Fernanda. Com mais agentes em atividade pela Região Metropolitana e interior, o CREF2/RS também atendeu com eficiência as mais de
1,2 mil denúncias que foram recebidas no ano passado. Os eventos Master Class Beneficente e Dança Mix, ambos realizados no último trimestre de 2015 em Porto Alegre, receberam a visita dos agentes do DEFOR, que autuaram algumas pessoas por exercício ilegal da profissão. "Nós realizamos uma boa quantidade de visitas, em mais de 200 cidades, e voltamos a todos os locais denunciados até constatar as irregularidades previamente apontadas", conta Fernanda. "Em 2016, temos a pretensão de bater o número de processos abertos e de denúncias atendidas. A nova gestão do Conselho tem o compromisso com a fiscalização e o DEFOR, por isto, deve ampliar ainda mais a sua equipe em atuação no Rio Grande do Sul", complementa.
ZUMBA
WIKI COMMONS
Na primeira semana de novembro, o CREF2/RS obteve uma sentença favorável, publicada pela 5ª Vara Federal de Porto Alegre, ao considerar a orientação de zumba como privativa do profissional de Educação Física e submetida, portanto, à fiscalização do Conselho. No processo, ficou explicitado que nesta modalidade o instrutor "não se preocupa em ensinar a dança em seu aspecto unicamente cultural, mas atenta para também acompanhar o condicionamento físico do aluno". De acordo com a decisão judicial, diante da informação extraída do próprio site da empresa responsável pela franquia, a zumba é uma marca exclusivamente criada para atender o mercado fitness e não há ilegalidade na atuação do CREF2/RS em exigir o registro e em "realizar a fiscalização da atividade, conforme exposto na Lei nº 9.696/98".
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FISCALIZAÇÃO PARA EVITAR REINCIDÊNCIAS O DEFOR também realizou, entre novembro e dezembro do ano passado, uma série de audiências para a assinatura de Termos de Cooperação. Os documentos, que têm o objetivo de regularizar a situação de Pessoas Jurídicas registradas no Conselho e evitar reincidências, são o último passo do processo administrativo. Nos casos em que não há irregularidades ou ocorre a regularização dentro do prazo previsto, o processo é encerrado. As demais situações permanecem em aberto e são enviadas à Comissão de Orientação e Fiscalização e à Plenária do CREF2/RS para julgamento. Como destaca Fernanda, das 53 empresas notificadas 35 delas compareceram ao CREF2/RS para assinar o Termo neste período, com o compromisso firmado de regularizar as suas pendências. Os ausentes terão os seus casos analisados pela Comissão de Orientação e Fiscalização e podem ser penalizados com a cobrança de multa. "Em outros 40 processos, ingressamos com uma ação civil pública, diretamente no Ministério Público, pela constatação de irregularidades reincidentes e não sanadas", revela. A coordenadora do DEFOR salienta ainda que a assinatura do Termo de Cooperação
busca também evitar os acionamentos por via judicial, mas mesmo assim não isenta os estabelecimentos de ações fiscalizatórias posteriores. "Toda Pessoa Jurídica que tem reincidência nas infrações de exerLuciane Citadin, Carmen Masson e Fernando Prati em reunião no CREF2/RS cício ilegal ou de falta de um profissional de Educação Física diversas ações de fiscalização conjunta, já no local tem mais uma chance com o a partir deste ano. Termo, para regularizar a sua situação e não cometer mais estes erros", conta. O No encontro, a presidente do CREF2/RS CREF2/RS tem firmado os Termos de Carmen Masson (CREF 001910-G/RS) e o Cooperação desde 2013 e o número de presidente do Crefito5 Fernando Prati disempresas preocupadas em corrigir as suas correram sobre o trabalho multidisciplinar falhas vem sendo maior a cada ano. "O e como as duas profissões tem pontos em ponto mais benéfico é a oportunidade de a comum. "Tudo é ferramenta. O pilates e o gente sentar frente a frente com as Pessoas RPG, por exemplo, não são exclusivos de Jurídicas e poder orientá-las da melhor um único profissional, mas o que faz a difemaneira, indicando os erros e a forma de rença é o objetivo com o qual são utilizaconsertá-los, para que todas possam odos", explicou. "A ferramenta não é melhor ferecer o melhor serviço possível à do que o profissional e não pode substituísociedade", conclui. lo. Para recuperar joelho, ela precisa ser utilizada por fisioterapeuta. Para perder peso, por profissional de Educação Física". EDUCAÇÃO FÍSICA E FISIOTERAPIA
O DEFOR e o Departamento de Fiscalização (DEFIS) do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia OcupacioNÚMEROS DA FISCALIZAÇÃO EM 2015 nal (Crefito5) estiveram reunidos, em outubro, 2.000 Visitas para dar continuidade ao movimento de aproxima212 Cidades atendidas ção das duas instituições. 1.230 Denúncias Além de debater a re229 Processos de Fiscalização alização de audiências públicas e de eventos 99 Termos de Cooperação (TC) coletivos, assim como 60 Ações civis públicas questões relativas ao pilates e à prática da 38 Denúncias à Comissão de Ética zumba, foi firmada uma 8 Aplicação de multa parceria para realização de
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Carmen aproveitou a ocasião também para destacar que a parceria entre os dois Conselhos não é inédita, mas pela primeira vez serão padronizados procedimentos, o que facilitará o trabalho. Por conta disto, novos encontros já estão sendo programados entre a Fiscalização do CREF2/RS e do Crefito5, para a elaboração de uma agenda de visitas. "Estamos nos unindo para coibir o exercício ilegal da profissão, seja de fisioterapeuta ou de profissional de Educação Física", contou. "Um dos problemas que identificamos é que muitos profissionais desconhecem o que os outros fazem, também temos o intuito de orientá-los neste sentido", completou a Presidente.
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COMPROMISSO COM O ESPORTE E WIKI COMMONS
COM A SOCIEDADE As modalidades de luta vêm crescendo no Brasil e a formação em Educação Física é essencial para os profissionais que atuam nesta área
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om o sucesso do Mixed Martial Arts (MMA) no Brasil, as lutas vêm conquistando um número cada vez maior de adeptos, sobretudo no Rio Grande do Sul. Se antigamente o judô e taekwondo eram modalidades praticadas somente nos principais clubes do Estado, hoje há uma oferta de possibilidades, do muay thai ao boxe, em um número incontável de academias. Os treinos, extremamente concorridos e abertos ao grande público, evidenciam o crescimento destes esportes, abrem novas oportunidades de atuação e salientam algumas questões importantes. Os bons resultados, por exemplo, só são atingidos quando as lutas são ministradas por profissionais de Educação Física devidamente habilitados. O Rio Grande do Sul é um Estado forte nestas modalidades esportivas, especialmente nas olímpicas. “O judô é um dos melhores do país", analisa Fabrício Boscolo (CREF 056418-G/SP), professor da UFPel e membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Lutas, Artes Marciais e Modalidades Esportivas de Combate da USP. Com atletas gaúchos se destacando em diversos torneios nacionais e internacionais, Giancarlo
Chemello (CREF 021855-G/RS), técnico de taekwondo em São Marcos, também salienta que, apesar dos resultados de destaque, o cenário gaúcho carece de profissionais de Educação Física atuando na área. "O que precisamos é uma maior profissionalização, para podermos difundir ainda mais o ensino das artes marciais", defende. "Do ponto de vista dos esportes olímpicos, podemos concluir que o momento é positivo, principalmente pela proximidade dos Jogos Olímpicos do Rio", explica Luiz Camilo (CREF 016419-G/RS), medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo (2003) e professor de judô do Lindóia Tênis Clube. "Já no âmbito dos esportes de participação, as lutas estão ganhando cada vez mais espaços em academias e colégios", completa. Para Diego "Popó" di Santo (CREF 010704-G/RS), professor de boxe, jiu-jitsu e MMA da Popó Fight Team, a popularização das artes marciais ocorre também porque se trata de uma ótima opção de atividade física. "Os esportes de combate são potentes inibidores de estresse, depressão e ansiedade, atuando também na parte psicológica e no equilíbrio entre o corpo e a mente do aluno", explica.
LUTA E SAÚDE As lutas, em especial aquelas que possuem o sufixo dô ("caminho" em japonês), carregam em sua prática características que vão além do esporte, potencializando assim o fortalecimento corporal dos seus praticantes. Entre os outros possíveis benefícios das artes marciais, podem ser citados ainda o aumento do autocontrole, da autoconfiança e a prevenção de algumas doenças crônicas, como a hipertensão e o diabetes. "As vantagens das lutas também passam pelo desenvolvimento do raciocínio e da socialização, pois estimulam os desafios e a convivência pacífica entre todos", avalia Carson Siega (CREF 000494G/RS), mestre de capoeira do Grupo Muzenza, de Porto Alegre. Para Ernesto Yee (CREF 013992-G/RS), instrutor de karate-dô, as contrapartidas proporcionadas pelas lutas dependem unicamente dos alunos. "Se o intuito é ganhar campeonatos, se desenvolve a força e a agressividade. Mas se as artes marciais são escolhidas por questões de saúde e de estilo de vida, se trabalham as virtudes", diferencia. "A queima calórica de um treinaCREF2/RS em Revista
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CAPA mento de luta pode chegar a 800 kcal por hora. No karate, temos ainda de três a cinco minutos de meditação, antes e depois dos treinos. Os nossos estudos têm comprovado que esta pequena pausa causa uma grande diferença na saúde mental dos praticantes", revela. Independente do que é compartilhado pelas modalidades, cada luta tem as suas particularidades, tanto no seu aspecto de desenvolvimento físico como na sua forma de trabalhar o lado mental dos praticantes. "Há modalidades com movimentos mais explosivos e outras com características mais resistivas. Cada uma delas gera uma adaptação física diferente", explica o preparador físico Fernando Sant'Anna (CREF 012385-G/RS). Como as técnicas de combate são diferentes, Douglas Potrich (CREF 014028-G/RS), técnico da Seleção Brasileira de judô sub-18 masculino, defende que a escolha por uma modalidade depende, acima de tudo, do vínculo que se cria com o esporte. "Não existe luta ideal, existe a identificação do praticante e dos seus objetivos", sentencia. Por conta disto, o importante é sempre dar a oportunidade do aluno experimentar u-
ma aula antes de escolher a sua favorita. Comitê Olímpico", explica. “Materiais higi"Em primeiro lugar, deve haver um quesenizados e uma academia limpa também tionamento íntimo sobre a escolha, que auxiliam para que a prática das artes marpode ser auxiliado pelo professor. O que é ciais seja mais segura. Os equipamentos interessante para de proteção individual são importantes e alguns pode não ser As vantagens das devem ser utilizados tanto para outros", de modo não comparexplica Camilo. Além lutas também passam tilhado pelos alude pesquisar sobre pelo desenvolvimento nos”, complementa. cada modalidade, Ricardo Zanelato do raciocínio e da (CREF 0071140-G/ FORMAÇÃO socialização RS), professor de jiuESSENCIAL jitsu da academia Lotus, de Torres, também lembra que é imComo se pode perceber, há um consenso portante observar a formação do instrutor. sobre a necessidade do curso de Educação "Antes de tudo é essencial saber se o mesFísica para ministrar aulas de luta, mesmo tre realmente é um professor formado. Se que uma sentença do Superior Tribunal de não, o aluno corre o risco de ter aulas com Justiça (STJ), em 2011, impossibilite que o uma didática inapropriada, mais suscetível CREF2/RS fiscalize e exija o registro destes ao risco de lesões". profissionais. “Os momentos proporcionados pela experiência acadêmica dão um Além destas questões consideradas prigrande embasamento e credibilidade ao mordiais, Boscolo alerta que mais alguns trabalho”, analisa Camilo. “Mesmo que o pré-requisitos precisam ser cumpridos professor tenha um bom currículo como para que um bom serviço de lutas seja atleta, isto não garante um bom aoferecido à sociedade. "O ideal é que este prendizado. A faculdade proporciona uma profissional de Educação Física também perspectiva mais humanista das moseja graduado como faixa preta da sua dalidades de luta”, completa. Para modalidade e vinculado à federação ou ao Sant’Anna, o que não pode ocorrer é a
REFERÊNCIA NO KICKBOXING Entre as modalidades de luta praticadas no Estado, o kickboxing é uma das principais. Isso porque é aqui que está a Confederação Nacional de Kickboxing e Full Contact do Brasil (CNKFB), desde 2007 com sede em Pelotas. "A CNKFB tem um grande papel na fiscalização dos professores, no intuito de garantir que todos sejam faixas pretas", explica o presidente Leandro da Costa (CREF 004025-P/RS). A entidade, que firmou em 2014 uma parceria com o CREF2/RS, também exige que todos que atuam na condição de profissional de Educação Física possuam registro junto ao Conselho. "Nós buscamos a prática perfeita e correta do kickboxing, evitando assim riscos e lesões", considera. Para Leandro, a modalidade vem crescendo bastante. "O kickboxing é uma arte marcial de alto nível e, baseada na filosofia japonesa da disciplina e do respeito, pode desempenhar um papel importante na vida dos seus praticantes, proporcionando bem-estar e amizades", avalia. "No futuro, queremos realizar ações conjuntas de fiscalização com o CREF2/RS, para garantir que os professores sem preparo técnico e as academias irregulares não ofereçam o treinamento de kickboxing. Os profissionais de Educação Física precisam trabalhar unidos pela qualidade de todas as modalidades de luta", completa.
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MERCADO EM EXPANSÃO Não poderia ser diferente. Com um número de praticantes maior a cada ano, as modalidades de luta possuem um mercado atualmente em crescimento e carente de profissionais preparados para ministrar estas aulas. “As artes marciais, ao contrário do futebol, tem cada vez mais clubes e academias procurando gente para treinar os seus atletas”, revela Sant’Anna. “Eu vejo que este é o melhor momento para aproveitar estas chances que estão surgindo”.
Atletas praticam judô. Foto: Wiki Commons
diferenciação das artes marciais de qualquer outra atividade esportiva. “Por mais que o professor seja graduado em uma determinada luta, o seu conhecimento é restrito. Não há como garantir a segurança do aluno e que os resultados planejados sejam alcançados”. Mesmo diante destas certezas, a questão da formação é um pouco mais complexa quando se trata das artes marciais. Isto porque, como frisa Boscolo, ainda falta nas universidades uma disciplina que contemple as reais necessidades do profissional de lutas. “Os cursos de Educação Física contribuem de maneira apenas moderada. Há instituições de ensino em que as disciplinas são genéricas e que contam com a discussão de temas apenas comuns. Elas não capacitam o estudante para se apropriar com profundidade do tema”, critica. “A formação em Educação Física é relevante, mas acho que são poucas as faculdades que contam com docentes que são pesquisadores de alto nível das artes marciais e das modalidades esportivas de combate”, acrescenta.
Para Camilo, as oportunidades sempre estarão abertas para os profissionais qualificados, mesmo que o Brasil viva um momento de economia estagnada. “Nós podemos visualizar boas perspectivas para os profissionais de Educação Física, não só Além disto, a falta de discussões de modo em clubes e academias. As lutas ainda mais crítico nas universidades tem feito podem ser melhor aproveitadas em muitos com que os profissionais de Educação Físioutros locais”, esclarece. Com a mesma ca busquem outras formas de graduar os opinião, Boscolo cita o ambiente escolar novos professores, como conta Yee. “A como um espaço que ainda pode ser ocuFederação Sul-Riograndense de Karate-dô pado. “Temos dados preocupantes mosTradicional (FSRKT) exige que os seus instrando que há um percentual muito baixo trutores sejam formados num curso supede professores na Educação Física escolar rior de Educação desenvolvendo esFísica, mas procura te tipo de contepromover eventos údo”, revela. “As Mesmo que o professor e oferecer cursos. escolinhas de initenha um bom currículo Isto ocorre porque ciação infantil reo estudo adquirido presentam um bom como atleta, a faculdade pelo instrutor de mercado. Além proporciona uma artes marciais faz disto, está cada vez toda a diferença na mais frequente o perspectiva mais qualidade da aula serviço de treinahumanista das lutas ministrada”. O dores personalizamesmo pensa dos que usam as Popó, que avalia como extremamente útil modalidades esportivas de combate para a a vivência do esporte proporcionada pelas melhora do condicionamento físico de não federações. “Na minha opinião, deveria ter atletas”, complementa. um curso de lutas extensivo ou de pósgraduação em lutas para os profissionais Embora o futuro tenha boas perspectivas de Educação Física. Aí sim teríamos mais para os profissionais de luta, Yee reforça qualidade em jogo”, acredita. que a entrada no mercado de trabalho, de CREF2/RS em Revista
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CAPA maneira competitiva, é feita de maneira artes marciais mais atrativas e dinâmicas. muito lenta e gradual. “O instrutor de artes “Nós precisamos fazer com que todos os timarciais precisa coincidir a graduação de pos de público possam praticá-las, da criluta com o título uniança ao senhor que versitário. Além da faassiste às lutas pela Nós precisamos de culdade, um profesTV e gostaria de partisor de karate, por ecipar das aulas. A práuma reformulação xemplo, demora pelo tica de um esporte geral do entendimenmenos cinco anos saudável, com base para adquirir a sua na disciplina e no resto sobre o ensino das faixa preta, que é peito, sem a rivalidalutas, para garantir o também essencial de de equipes, é para dar aula”, explipossível". nosso espaço ca. “No entanto, sempre há oportuniPELA dades, desde que se trabalhe com dedicaREGULAMENTAÇÃO E PELO ção, disciplina e amor ao que se faz”. CRESCIMENTO As dificuldades também são citadas por Siega, que vê ainda uma remuneração defasada aos profissionais de luta e a falta de uma entidade representativa para as modalidades. “Há várias federações lutando pela hegemonia. O que falta é um consenso entre todas elas”, conta. Para Chemello, há também o desafio de quebrar os paradigmas antigos do treinamento e tornar as
A base sólida, construída pelos profissionais de lutas nos últimos anos, ainda pode crescer. Além de preparar melhor os estudantes de Educação Física para que dominem o ensino destas modalidades, a regulamentação da atividade, dentro da lei 9.696/98, que estabelece a profissão de Educação Física, é o primeiro passo. “Nós precisamos de uma reformulação geral do
entendimento sobre o ensino das lutas, para garantir o nosso espaço e a segurança dos seus praticantes”, opina Chemello. “As modalidades de luta precisam se manter organizadas e as pessoas conscientes de que devem procurar profissionais capacitados e habilitados”, acrescenta Zanelato. No entendimento de Yee, a fiscalização por parte do Conselho é o caminho para garantir o correto funcionamento das academias que oferecem estas modalidades e dos seus respectivos instrutores. “Com os profissionais buscando sempre meios de se qualificar e havendo as estruturas adequadas para a prática, o Rio Grande do Sul poderá se tornar, muito em breve, uma grande potência na formação de atletas e de treinadores”, complementa Potrich. Por acreditar que a presença do profissional de Educação Física é fundamental para a qualidade das artes marciais, o CREF2/RS vem lutando pela volta da fiscalização das modalidades de lutas, tendo recorrido da decisão do STJ junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), ainda pendente de uma decisão.
UNILASALLE
ATLETAS DE JUDÔ E KARATÊ GANHAM FORMAÇÃO ACADÊMICA A Unilasalle e a Kiai Associação Canoense de Judô firmaram uma parceria, no ano passado, com o objetivo de proporcionar o estudo acadêmico e científico aos seus atletas, com bolsas de estudo. A iniciativa, que contempla cinco alunos com histórico na Seleção Brasileira de base de judô, tem a pretensão de formar grandes campeões e, em longo prazo, também treinadores ou profissionais envolvidos com o esporte. Clóvis Braga Jr., bicampeão sul-americano de judô; e Giovane Góes, campeão brasileiro da mesma modalidade, são alguns dos atletas que estão cursando Educação Física com o objetivo de continuar atuando na área mesmo após a aposentadoria dos tatames. Rafael Moreira, vice-campeão mundial de karatê em 2011, completa o seleto grupo de atletas bolsistas. "A pessoa que pretende trabalhar com artes marciais não tem que se capacitar somente na sua modalidade específica, mas também buscar o conhecimento científico. A formação em Educação Física é fundamental para os técnicos de judô", avalia Potrich, também treinador dos atletas de judô desta equipe. O grupo tem um calendário de grandes competições internacionais pela frente e deverá continuar conquistando resultados expressivos não só no número de medalhas, mas também na vida destes acadêmicos. "Praticar uma modalidade de luta traz algo incomparável em relação a qualquer outro esporte", analisa Potrich. "Ela desenvolve, educa, socializa e ainda beneficia a saúde física e mental".
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RINGUE TECNOLÓGICO
TECNOLOGIA A SERVIÇO DAS
ARTES MARCIAIS Ringue tecnológico criado por professores universitários promete revolucionar como se assiste aos eventos de MMA
O
Mixed Martial Arts (MMA) é a modalidade de luta que mais cresceu no Brasil nos últimos anos. Com uma audiência televisiva equivalente às principais partidas do Campeonato Brasileiro de Futebol e ingressos sempre esgotados quando os eventos do UFC desembarcam no país, o esporte atualmente recebe a atenção de diversos profissionais de Educação Física, que vêm se envolvendo com o MMA das mais diferentes formas – e não só com o treinamento e com a preparação de atletas. Roberto Mesquita (CREF 000449-G/RS), coordenador do curso de Educação Física
Roberto Mesquita (CREF 000449-G/RS). Foto: arquivo pessoal
do Centro Universitário La Salle; e Jonas Gurgel (CREF 008925-G/RS), coordenador do Laboratório de Biodinâmica do Instituto de Educação Física da Universidade Federal Fluminense, por exemplo, estão por trás de um projeto que promete revolucionar o modo como os eventos de MMA são acompanhados in loco. Além de possibilitar ao público assistir à luta sem nenhum obstáculo à frente, o cage tecnológico criado por eles quer beneficiar também a dinâmica do esporte, impedindo que as grades do octógono sejam usadas para travar o combate. O invento, já patenteado pela dupla, deve ter em breve o seu protótipo produzido nos Estados Unidos.
"A violência das lutas, que poderia ser atenuada com a proibição de algumas atitudes antipedagógicas permitidas, justifica a minha falta de entusiasmo pelo MMA atual", confessa Mesquita, que quer dar uma nova cara à modalidade a partir da adoção do cage tecnológico. "A inspiração está baseada na identificação de alguns problemas relacionados com as grades que cercam o octógono", explica Gurgel. "Os espectadores ficam com a visão comprometida, e também não podem filmar ou fotografar o combate. Além disto, os lutadores seguidamente seguram nesta estrutura para benefício próprio, para evitar quedas. A ação, proibida pelas regras do
Jonas Gurgel (CREF 008925-G/RS). Foto: arquivo pessoal
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RINGUE TECNOLÓGICO MMA, normalmente é punida apenas com uma advertência verbal, o que representa uma vantagem significativa para o infrator", criticam os professores.
rounds e até mesmo anúncios dos patrocinadores", complementa.
O protótipo do ringue, em construção por uma empresa O cage tecnológico Com o intuito de dar norte-americana quer beneficiar a dinâmais agilidade à desde o final do ano luta, a dupla se passado, deverá ser mica do esporte, impebaseou no material concluído em breve dindo que as grades do transparente das e apresentado aos quadras de hóquei organizadores de octógono sejam usadas sobre gelo para eventos de MMA para travar o combate adaptar a proposta espalhados pelo para o MMA. O promundo. O invento, jeto, iniciado em janeiro de 2014, não deque para Mesquita poderá ser aproveitado morou muito para ser finalizado. Em maio também por outras modalidades de luta, de 2015, Mesquita e Gurgel já estavam como o boxe, poderá ser o ponto de parregistrando o cage tecnológico no Instituto tida para mais algumas modificações no Nacional da Propriedade Industrial (INPI). esporte, ainda controverso e carente de "Como o plástico é menos aderente ao avanços. "Apesar da diminuição da viocorpo, será possível diminuir o tempo do lência das lutas ser significativa, quando 'clinch', que ocorre quando um dos comcomparamos o Vale Tudo com o MMA, petidores está em contato com o ringue, acreditamos que novas regras, visando a fugindo da luta", analisa Gurgel. Além integridade física dos lutadores, precisam disto, há a possibilidade de projetar iser urgentemente elaboradas e introdumagens, nos intervalos das lutas. "Neste zidas", avalia Mesquita. sistema, os espectadores também poderão visualizar informações como, por exemplo, Os pontos polêmicos do MMA, além de aa apresentação dos atletas, reprise dos brirem espaço para ideias inovadoras re-
presentam também uma oportunidade para os profissionais de Educação Física que querem usufruir do bom momento que a modalidade vive no Brasil. "Há um receio dos profissionais de testemunharem a reprodução da violência por crianças e por simpatizantes das artes marciais. É justamente neste trabalho de conscientização que entendemos ser fundamental o papel do profissional de Educação Física", defendem Mesquita e Gurgel. "Nas aulas para iniciantes, a repetição do treino de alto rendimento também é um equívoco enorme. A filosofia das lutas, acima de tudo, deve prevalecer". Sem data prevista para receberem o protótipo, Mesquita e Gurgel têm planos de desenvolver outras ideias inovadoras, assim que os primeiros testes práticos forem feitos com o ringue. "Acreditamos que, após a fabricação do modelo, precisaremos nos focar na utilização do cage tecnológico em um evento de MMA propriamente dito", contam. "Nesse momento, poderemos avaliar a aceitação da proposta, bem como questões técnicas do ringue. Após este primeiro experimento, os ajustes e até mesmo algumas ideias para aperfeiçoar o invento surgirão naturalmente", concluem.
TECNOFIGHT: OUTRA PATENTE NO MUNDO DAS ARTES MARCIAIS O pioneirismo do Rio Grande do Sul na criação de recursos tecnológicos para a evolução das modalidades de luta vai além do ringue de Mesquita e Gurgel. Pensando em disponibilizar cada vez mais informações sobre o combate para o público, Alessandro Fontoura (CREF 008526-G/RS) e Fabiano Gonçalves (CREF 008831-G/RS) criaram o TECNOFIGHT, um sistema interativo capaz de coletar dados sobre as disputas, como quantidade de socos, potência e impacto dos golpes. "A principal vantagem da ferramenta é revelar algumas informações interessantes, até então desconhecidas, para todo o público envolvido com o esporte", adianta Fontoura. "Os parâmetros apresentados poderão ser um instrumento útil também para os técnicos e para os árbitros. O chip do TECNOFIGHT ficará inserido dentro da luva, ou até mesmo nas manoplas de treino, e vai encaminhar estas análises para uma central online, onde os resultados poderão ser compartilhados e distribuídos também para os smartphones dos espectadores destas competições", explica Gonçalves. Diferente do ringue, o desenvolvimento deste protótipo, iniciado há sete anos, não tem o objetivo de alterar a dinâmica das lutas, mas sim de auxiliar no desenvolvimento do esporte, seja ele o MMA ou qualquer outra modalidade. "A evolução das lutas apresenta uma tendência forte que vai ao encontro das tecnologias. Já imaginou comparar o seu soco com o dos exboxeadores Floyd Maywheather e Mike Tyson? O TECNOFIGHT responderá questões como esta".
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JUDÔ SOCIAL
LUTANDO PARA
TRANSFORMAR VIDAS Crianças da comunidade mais perigosa de Porto Alegre encontram no judô a possibilidade de viver longe da criminalidade
Willy (à frente) com seus alunos no CETE. Foto: arquivo pessoal
H
á dez anos Willy Schneider (CREF 019121-G/RS) comanda um dos projetos sociais que mais tem modificado a realidade dos moradores da comunidade do bairro Rubem Berta, considerada a região mais perigosa e violenta de Porto Alegre. As aulas de judô, ministradas para cerca de 100 crianças no Centro Infantil Eugênia Conte (CIEC), têm levado aos jovens, de três a 15 anos de idade, os principais valores do esporte, conquistado novos adeptos e revelado futuros atletas. Com mais de 35 anos dedicados à modalidade, muito do sucesso deste projeto se deve à trajetória de Schneider, que se interessou pelo judô aos quatro anos de idade e não parou mais de praticá-lo. "Foram vários os fatores que me despertaram e que me fizeram nunca largar o esporte, mas imaginar que um professor pode dar um futuro para uma criança não tem preço", adianta. Nesta entrevista, o excompetidor e treinador de atuais três jovens campeões citadinos conta como é o dia a dia no CIEC, como a comunidade mudou o seu entendimento sobre o judô e como a Educação Física pode, através das lutas, transformar vidas.
Quando você começou o projeto social no Rubem Berta? Eu era formado em Informática, mas esta profissão não era minha paixão. Resolvi, aos 30 anos, mudar completamente de vida e entrei na UFRGS para fazer Educação Física. Quando ingressei na faculdade, lembro que admirava muito o trabalho do judoca Flávio Canto, que tinha um projeto com as comunidades carentes do Rio de Janeiro, e procurei um local aqui em Porto Alegre que também abraçasse a causa. Os primeiros anos no Eugênia Conte, lá por 2005 e 2006, foram de muito sacrifício, pois não tínhamos o material necessário para as aulas, como os tatames e os kimonos. Mas com muita força de vontade foram surgindo alguns apoiadores. Em 2015, três judocas foram campeões em Porto Alegre e um deles chegou a disputar o Campeonato Brasileiro. Como o projeto conseguiu atingir estes resultados tão surpreendentes? Foram vários fatores, como ter uma equipe competitiva e um professor que sirva de espelho para eles, pois ainda estou competindo. Sou uma pessoa que gosta de incentivar os campeonatos e também de trabalhar muito a questão do ganhar e perder,
pois às vezes você tem um atleta que nunca perde, mas que acaba desistindo do esporte quando conhece a derrota. Isto é muito importante, não só para os judocas de uma comunidade carente, mas para todo mundo. Acho que muitos professores não querem colocar os seus alunos para competir justamente pelo medo de perder o aluno em caso de fracasso. Como é o dia a dia no Centro Infantil Eugênia Conte? Ministro apenas duas aulas por semana, uma no período da manhã e outra na tarde. Fico muito feliz de chegar na escola e ser recebido pelas crianças, vendo o sorriso de todas elas. Isto não tem valor que pague, pois é nítido o amor que elas têm pelo professor e pelo esporte. Infelizmente, ainda por falta de apoio, tenho que organizar sozinho os kimonos para os treinos, que não são poucos, e correr atrás de recursos financeiros para as competições. Às vezes não consigo me dedicar às aulas justamente porque preciso buscar este suporte. De que forma você percebe o judô sendo capaz de transformar vidas? A escola Eugênia Conte possui cerca de 140 crianças e são mais ou menos 100, CREF2/RS em Revista
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JUDÔ SOCIAL entre três e 15 anos de idade, que treinam comigo. O judô envolve as famílias e este vínculo, entre pais e filhos, é muito importante. Observei nestes anos que alguns pais começaram a se envolver com os pequenos, principalmente quando eles passaram a competir. Outro fator de extrema relevância é que o esporte faz com que os seus praticantes tenham uma vida mais saudável, afastando estas crianças, extremamente vulneráveis, das drogas.
Pouco a pouco, estamos conseguindo encaixar estes jovens judocas para treinar em outras academias, para que tenham as condições necessárias para seguirem os seus caminhos dentro do esporte. As oportunidades têm aparecido e é muito gratificante vê-los treinando e competindo em grandes clubes. Acho que só assim eles terão a oportunidade de buscar o seu espaço, seja para ser um atleta ou até mesmo um profissional de Educação Física.
Como fazer com que as crianças realmente se apaixonem pelo judô? Os jogos eletrônicos são cada vez mais comuns e são um fator negativo, pois contribuem com o sedentarismo na infância, que dificilmente será revertido na idade adulta. O incentivo para que os mais jovens gostem do esporte pode ser deixando os pequenos, de três a cinco anos de idade, treinar de forma lúdica, com o professor inventando cada aula e fazendo com que as crianças se sintam super-heróis. Acredito que o professor tem que inovar em cada aula, ser mais flexível e também conquistar a confiança do seu aluno, demostrando que é amigo dele e sempre corrigindo e explicando que ele faz de errado.
Qual a percepção que a comunidade do Rubem Berta tem do judô hoje? Nos dois primeiros anos, alguns pais, sabendo que os seus filhos eram violentos na rua, temiam que, com a prática das artes marciais, eles ficassem ainda mais brigões. Porém, com o acompanhamento das competições e analisando o comportamento deles quando perdiam ou ganhavam, os pais observaram que as crianças conseguiam aceitar a derrota, sempre respeitando o adversário. Acho que fui ganhando a confiança dos pais. Hoje, depois de muita conversa, eles são os que mais ajudam, incentivando os seus filhos, principalmente na hora da derrota.
Como você vê o futuro das crianças que participam do projeto? Elas têm condições de se tornarem atletas profissionais?
Qual é a importância do curso de Educação Física para a atuação dos professores do judô? Como você, que ainda é competidor, percebe isto?
Mesmo com o projeto, Willy não deixou de competir. Foto: arquivo pessoal
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O ensino do judô escolar é um trabalho básico, desenvolvido segundo as perspectivas da escola, e deve ser aplicado por profissionais de Educação Física. Além dos embasamentos teóricos e práticos adquiridos na graduação, temos o conhecimento sobre o processo de desenvolvimento da criança. Além disto, a proposta de ensino do judô abrange aspectos físicos, intelectuais e morais, não apenas técnicos, com o intuito de transformar os alunos não em grandes campeões, mas em verdadeiros homens e mulheres. Também é importante destacar que o professor com formação em Educação Física irá interferir de forma positiva na qualidade técnica e competitiva dos judocas, alcançando melhores resultados, pois o conhecimento sobre as Ciências do Esporte favorecem tais conquistas. De que forma o projeto ainda pode crescer? Aprendi no judô a cair e levantar. Portanto, acostumei a ouvir a palavra "não" como resposta, mas isto nunca me fez desistir. Nestes dez anos de Eugênia Conte, ainda estou atrás de parcerias, pois percebo que os meus judocas podem ir mais longe. Em 2016, devo me candidatar a vereador também, pois acho que a cidade tem que desenvolver mais projetos que auxiliem as comunidades carentes. Entre outras coisas, percebo que precisamos criar leis que facilitem a captação de recursos.
Kimberly Cabral (ao centro), aluna de Willy, venceu Citadino em 2015. Foto: arquivo pessoal
GINÁSTICA LABORAL
O PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA COMO
PROTAGONISTA DA GINÁSTICA LABORAL Conselho comemora Dia Estadual da Ginástica Laboral com talk show e lança publicação sobre o tema
A
comemoração do Dia Estadual da Ginástica Laboral, celebrado em 22 de novembro, foi marcado, em 2015, pela realização do talk show "Profissional de Educação Física como Protagonista da Ginástica Laboral", promovido pela Câmara Técnica de Ginástica Laboral e Atividade Física na Empresa do CREF2/RS. O evento, transmitido ao vivo pela Internet, reuniu diversos profissionais envolvidos com a prática, instituições de ensino e demais interessados pela área, para debater alguns dos principais assuntos ligados ao tema, além de responder as perguntas elaboradas pelas pessoas que acompanharam o talk show em todo o país. Na abertura, o presidente do CREF9/PR e representante do CONFEF Antônio Branco (CREF 000009-G/PR) ressaltou o papel das Câmaras Técnicas como agentes fomentadores da Ginástica Laboral no Brasil. "Foi através do trabalho destes grupos que subsidiamos o livro editado pelo Conselho Federal sobre o tema, que será lançado no
começo de 2016". Branco lembrou ainda que é importante assegurar aos trabalhadores a Ginástica Laboral e a sua orientação por profissionais habilitados.
DISCUSSÕES IMPORTANTES
Uma das questões levantadas durante o talk show teve como ponto de partida a Norma Regulamentadora 17 (Nr17), que A presidente do CREF2/RS Carmen Masson estabelece os parâmetros das condições (CREF 001910-G/RS) aproveitou a abertura de trabalho. Índio Soares, supervisor de do talk show para citar o aumento da proErgonomia e Segurança do Trabalho da dutividade e a melhora da autoestima no Forjas Taurus, explicou que a Nr17 é ambiente do trabalho como alguns dos bebaseada em três pilares: segurança, nefícios proporcioconforto e desemnados pela Gináspenho eficiente. "A tica Laboral. "Se fala Ginástica Laboral A Ginástica Laboral é muito em doenças surge como um fundamental para a do trabalho nos ponto de equilíbrio Conselhos de Saúde destes fatores", prevenção de aciem que o CREF2/RS avaliou. "A tualdentes no ambiente participa", revelou. mente, percebemos "A Ginástica Laboral que os acidentes de de trabalho vem crescendo e etrabalho ocorrem voluindo. A prática muito mais por já é um indicativo de prevenção de problecausa do comportamento do trabalhador mas de saúde e estamos aqui para propor do que unicamente por influência do que os profissionais de Educação Física ambiente. A Ginástica Laboral é funocupem este espaço, que possibilitem o damental para a prevenção destas bem-estar do trabalhador", concluiu. ocorrências", constatou. CREF2/RS em Revista
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GINÁSTICA LABORAL Já Fernando Maraninchi, médico do trabalho da Forjas Taurus, e o conselheiro do CREF9/PR Rony Tschoeke (CREF 004979G/PR) lembraram que a Ginástica Laboral e a Ergonomia são fundamentais para o bem-estar dos funcionários. "Os trabalhadores precisam de atenção. Como eles não têm tempo para realizar atividade física fora deste ambiente, não adianta apenas dez minutos por semana para conseguir bons resultados", explicou Tschoeke. De acordo com Maraninchi, isto ocorre porque as empresas ainda precisam compreender a amplitude dos benefícios proporcionados pela Ginástica Laboral e ver estes programas não como um custo, mas sim como um fator de economia e de produtividade. Na segunda parte do talk show, Isis Brandão, diretora de Recursos Humanos da Schneider Electric; e Nilson Laucksen, presidente do Sindicato dos Técnicos de Segurança do Trabalho (SINDITEST/RS), analisaram a Ginástica Laboral também como um fator de integração entre os funcionários, que passam a se reunir sistematicamente dentro da empresa sem o
intuito de falar exclusivamente sobre trabalho. "Neste momento, as pessoas ficam mais próximas. Além de praticar a atividade, elas aproveitam o encontro para identificar os locais de trabalho onde há situações de má ergonomia e para propor melhorias, o que é excelente", comentou Laucksen. Tony Izaguirre (CREF 002462-G/RS), diretor da empresa SER de Ginástica Laboral, foi quem representou os profissionais de Educação Física no talk show. Ele apresentou os números da Organização Mundial da Saúde, que estima que 45,9% da população mundial seja sedentária, para frisar que os profissionais da Ginástica Laboral têm muito o que contribuir. "Nós podemos atuar diretamente para proporcionar saúde e qualidade de vida aos trabalhadores", enfatizou. "O nosso trabalho é importante e precisa ser repensado no sentido de conquistar novos adeptos. A nossa atuação é educar o trabalhador para que hábitos de vida mais saudáveis sejam adotados fora da empresa também", considerou.
A fala de Magale Konrath (CREF 000378G/RS), coordenadora do curso de Educação Física da Feevale, encerrou o evento, abordando a questão da formação acadêmica. Para a professora, o número de congressos e eventos sobre o assunto cresceu bastante nos últimos anos, mas ainda tem muito o que avançar, sobretudo para oferecer aos profissionais uma formação continuada. "A expansão da Ginástica Laboral, inclusive no âmbito universitário, depende de uma parceria com todos os profissionais de saúde que também atendem o trabalhador, para que se possa evidenciar a importância da nossa prática", reflete. "A Ginástica Laboral tem que estar presente em todos os lugares, nas faculdades e nas grandes e pequenas empresas". ASSISTA ONLINE O talk show "Profissional de Educação Física como Protagonista da Ginástica Laboral" está disponível no Youtube. Para assisti-lo na íntegra, acesse o link:
http://bit.ly/ginasticalaboralCREF
GUIA DA GINÁSTICA LABORAL DO CREF2/RS Elaborado pela Câmara Técnica de Ginástica Laboral e Atividade Física na Empresa ao longo do ano passado, o CREF2/RS lançou oficialmente, também no dia 22 de novembro, o Guia da Ginástica Laboral. A publicação, distribuída gratuitamente e disponível para download no site do Conselho, aborda temas como o conceito da Ginástica Laboral, as finalidades e os resultados esperados, assim como as questões éticas e as orientações para a sua contratação. "A ideia do Guia surgiu justamente quando nós percebemos que faltava um conhecimento maior da sociedade para obter bons serviços de Ginástica Laboral", revela Alessandro Gonçalves (CREF 005863-G/RS), membro da Câmara Técnica. Segundo Lauro Aguiar (CREF 002782-G/RS), presidente da Câmara e 1º vice-presidente do Conselho, a publicação também reflete o atual momento vivido pela Ginástica Laboral no Estado. "Há alguns anos nossos serviços eram privilégio apenas das grandes organizações. Hoje qualquer empresa, independente do número de empregados, pode adotar um programa adequado à sua realidade", explica. "O livro é importante porque diz para a sociedade que a Ginástica Laboral pertence ao profissional de Educação Física. Com ele, queremos auxiliar na qualificação dos profissionais e, em contrapartida, garantir a qualidade de vida do trabalhador", conclui.
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ATIVIDADE FÍSICA NO VERÃO
CUIDADOS PARA CREATIVE COMMONS
SUPORTAR O VERÃO As altas temperaturas, que dão ânimo para sair de casa e para fazer atividade física, podem ser também um grande problema nesta época do ano
C
com sombra, arejados e com vento. A alta umidade também precisa ser levada em consideração, pois dias assim também prejudicam a perda de calor pelo corpo".
"Os melhores momentos para a prática de exercícios físicos no verão são aqueles nos quais a incidência de sol é menor e a temperatura é mais amena, como à noite, no início da manhã e no final da tarde", explica Gabriel Gonçalves (CREF 016669-G/RS), doutorando do Programa de Pós-graduação em Ciência do Movimento Humano (UFRGS) e personal trainer da equipe Efeito Saúde, de Porto Alegre. "Além do horário adequado, é importante procurar lugares
Se o exercício físico tem o poder de liberar Apontada pelo Instituto Nacional de Mehormônios na corrente sanguínea, como a teorologia (INMET) como uma das cidades adrenalina e a endorfina, que proporciomais quentes do Brasil durante o último venam a sensação de bem-estar e de disporão, Campo Bom costuma ver, com certa sição para as tarefas do dia a dia, a câimfrequência, os seus termômetros ultrapasbra, a fadiga e a tontura são alguns dos sisarem a marca dos 40ºC nos meses de janais de que a temperatura do corpo está neiro e fevereiro. Por ultrapassando aquiconta disto, muitos lo que é consideraO profissional dos profissionais de do o ideal. As altas Educação Física que temperaturas e o sol necessita respeitar os atuam na região do forte fazem o corpo limites individuais do Vale dos Sinos têm suar mais para resorientado os alunos friar a pele, o que aluno, adequando o a tomarem cuidados deve implicar uma treinamento ao verão com as questões fiatenção especial ao siológicas importanperíodo pré-treino. tes, como a hidratação e a transpiração. "A principal medida a ser tomada nesta "O calor excessivo exige muito mais do sisetapa é se manter completamente hidratema de refrigeração corporal. O organistado previamente ao exercício e garantir a mo passa a produzir cada vez mais suor e reposição do líquido perdido após a sesisto diminui o volume do plasma sanguísão", avalia Felipe Guilardi (CREF 019624neo, o que compromete também o sistema G/RS), responsável técnico da Coliseu Acacardiovascular e a própria capacidade de demia (CREF 002347-PJ/RS), de Bagé, ourealizar exercícios", relata Solon Vieira tro município quente do Estado.
om a proximidade do verão, é comum as pessoas voltarem a se exercitar ou aumentarem a frequência dos seus treinamentos. De acordo com o Portal Administradores, a procura por academias costuma ser de 30% a 60% maior, sobretudo de dezembro até o Carnaval. Nesta época, gorduras a menos e músculos a mais são os principais objetivos de quem resolve suar a camiseta, nos parques ou nas salas de musculação, para exibir um corpo em forma na temporada de praia e piscinas. O que muitos esquecem é que o calor pode ser tornar um grave problema para a saúde caso a atividade seja realizada sem a devida orientação e sem os cuidados necessários.
(CREF 008580-G/RS), gestor da Fitness Club (CREF 000107-PJ/RS), uma das academias da cidade.
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ATIVIDADE FÍSICA NO VERÃO AQUECIMENTO INDISPENSÁVEL E TREINO SEM EXAGEROS Além de levar em consideração o descanso e a alimentação adequada para quem treina regularmente, um aquecimento específico antes de qualquer atividade física é fundamental, independente da condição do atleta e do clima. "É comum vermos alunos negligenciando ou até mesmo abolindo esta etapa, com o argumento de que 'não precisa, pois está calor'", relata Guilardi. "No entanto, devemos ter sempre em mente que temperatura externa não significa temperatura interna, ou seja, é essencial que a preparação para a atividade seja feita com a especificidade de cada modalidade, para evitar riscos e lesões".
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O aluno precisa, durante o exercício, procurar meios de manter a temperatura corporal mais baixa possível e o profissional de Educação Física necessita levar em consideração, na hora de passar o treino, alguns dos mecanismos básicos da regulação térmica. "A radiação pelo sol é responsável por apenas 5% da perda de calor corporal durante a atividade física. Por outro lado, a perda por condução pode ser maximizada utilizando roupas adequadas, que possibilitem esta transferência de
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calor para o tecido. Jogar água no corpo o normal nos dias mais quentes, precisa ser também é uma boa opção", explica Gonlevada em consideração pelos profissioçalves. "A evaporação é a principal forma nais de Educação Física na prescrição do de regulação térmica exercício durante o durante o exercício, verão. "No momento A câimbra, a fadiga responsável por 80% da atividade, há uma da perda total de canecessidade maior de e a tontura são lor corporal. Por isto, é fluxo sanguíneo em alguns dos sinais de importante prestar aregiões periféricas, tenção no suor e nupróximas à pele, para que a temperatura que haja a perda de ma possível desidrado corpo está calor e a consequente tação. Os isotônicos regulação térmica", não substituem a ápassando do ideal analisa Gonçalves. gua neste processo", "Por este motivo, há completa. uma espécie de 'competição' entre pele e músculos ativos que, por sua vez, neOs impactos da desidratação, como frisa cessitam de sangue oxigenado. Este fato Guilardi, podem comprometer não só a ocasiona um desvio ascendente da freeficiência do treino, mas também todo o quência cardíaca e, portanto, não se deve funcionamento do corpo humano. "O auexigir a mesma performance de um atleta mento da temperatura corporal, além de quando comparada a condições ideais de acarretar uma sudorese acentuada, eleva a temperatura". frequência cardíaca e reduz a passagem de sangue das extremidades, como pés e Se a carga de treino precisa ser mais leve, mãos, ao coração", sinaliza. O cuidado com com o tempo o corpo passa a se adaptar ao o corpo, que começa muito antes da ativicalor. "O sistema cardiovascular necessita dade física, precisa ser também estendido de três a cinco dias de exercício diários, já para o momento pós-treino. De acordo os mecanismos de transpiração levam até com Vieira, é nesta hora que os sais minedez dias para se adequar, geralmente", rais e os carboidratos precisam ser reposcomplementa Gonçalves. Além da parte tos, junto com uma boa sessão de alonbiológica, é fundamental que o profissiogamento, para nal de Educação Física também preste que isto tudo coatenção quanto à vestimenta e ao calçado labore com o relado aluno. "Roupas e tênis leves, que facilixamento da mustem a troca de calor com o meio externo, culatura e com o são de suma importância para o bem-estar retorno às caracdurante o verão", revela Vieira. "O profisterísticas fisiolósional precisa respeitar os limites indivigicas normais. duais do aluno, adequando o treinamento de acordo com as suas capacidades, para PRESCRIÇÃO fazer com o que a sua saúde não seja preDO TREINO judicada. Outra consideração importante é executar o programa de treinamento com A variação da regularidade, para que as respostas fisiopressão arterial, lógicas sejam favoráveis ao bem-estar e que tende a ser aos objetivos propostos", finaliza. mais baixa do que
ENSAIO
TAEKWONDO – ESCOLA – FAMÍLIA:
COMPORTAMENTO E ATITUDES DE ATLETAS DA CIDADE DE SÃO MARCOS Giancarlo Chemello CREF 021855-G/RS
Adaptado do artigo publicado na revista Do Corpo: Ciências e Artes, v. 4, n. 1, 2014, do Centro de Ciências da Saúde (CECS), da Universidade de Caxias do Sul
O
s professores, assim como o técnico de taekwondo, têm um papel muito importante na formação do ser humano no que diz respeito a atos comportamentais na sociedade com reflexos que são evidenciados ao longo da vida. Com a recente popularização das lutas devido à audiência do Mixed Martial Arts (MMA) no Brasil, vem crescendo a gama de professores de artes marciais que buscam parceria com escolas e também escolas que recorrem a estes profissionais a fim de oferecer aos alunos uma ferramenta que deveria, principalmente, trabalhar valores afetivos e emocionais sem ser competitiva. O professor é quem delimita a aplicação de sua modalidade, que pode ser para o bem ou para fins de emprego da violência. Este trabalho tem como objetivo principal verificar se o projeto “Taekwondo Cidadão” tem influenciado nos aspectos comportamentais e atitudinais, nos ambientes escolar e familiar, de atletas participantes da modalidade na cidade de São Marcos (RS). TAEKWONDO O taekwondo é uma técnica de combate desarmado para defesa pessoal que envolve a aplicação hábil de movimentos que
incluem socos, perfurações, saltos, chutes e defesas desenvolvidas em ação com pés e mãos. O taekwondo é mais que mera habilidade de luta corporal, representa um estilo de pensamento e um padrão de vida que requer disciplina. É também um sistema de treino da mente e do corpo, no qual é dada grande ênfase ao desenvolvimento do caráter moral do aprendiz (SILVA, 2010). O taekwondo foi trazido para o Brasil pelo Mestre Sang Min Cho em 1970, em São Paulo, enviado pelo Mestre Choi e fundando a Academia Liberdade. No Rio Grande do Sul, foi trazido pelo Mestre Yong Man Kim, em 1974, na cidade de Porto Alegre (SILVA, 2010; KIM, 2000). Segundo Kim (2000) e Silva (2010), o taekwondo é praticado em mais de 157 países e, devido à sua popularidade e projeção, foi incluído oficialmente nas Olimpíadas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) em 1994, estreando definitivamente nos Jogos de Sidney, na Austrália, em 2000. CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DE PARTICIPANTES Para a investigação deste trabalho, foi realizado um estudo em três escolas de São Marcos, que tinham, em seu turno contrário de aula, o projeto “Taekwondo Cidadão” em seu calendário de oficinas.
O público-alvo do presente estudo é formado por nove participantes distribuídos da seguinte forma: a) três coordenadoras ou diretoras de escolas que tinham exercido seus cargos no ano de 2012 ou anterior a ele; b) três alunos participantes do projeto há, no mínimo, um ano; e c) três pais ou responsáveis de alunos do projeto. IMPORTÂNCIA DO "TAEKWONDO CIDADÃO" PARA ESCOLAS Após terem sido realizadas as entrevistas com os diretores, pode-se perceber a grande valia que um projeto esportivo e educacional, como o projeto “Taekwondo Cidadão”, pode oferecer tanto em termos disciplinares como comportamentais. Dessa forma, analisa-se que o taekwondo, em geral, não era conhecido pelos professores, como relata a Diretora A da Escola 1: por não terem tanto conhecimento da modalidade, eles ficaram um pouco apreensivos. Esse fato se deve ao desconhecimento das pessoas sobre artes marciais em geral, que tendem a generalizar a arte marcial como um todo devido ao que se vê e ouve nos meios de comunicação, banalizando a agressividade como meio de interferência em todas as modalidades, como comenta a Diretora C da Escola 3: tinham alguns professores que eram contra porque achavam que podia compliCREF2/RS em Revista
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ENSAIO car a questão da violência e agressividade, devido ao histórico já agressivo dos próprios alunos da escola. A Diretora B da Escola 2 afirmou: com o passar do tempo eu pude acompanhar, do lado dos professores, que os alunos tiveram melhoras significativas, após iniciarem o projeto. Lima (2005) afirma que através do treinamento cognitivo a violência pode vir a ser amenizada, pois o taekwondo é um esporte com regras e ambiente controlados para a sua prática, a do combate; é um local onde existe respeito e espírito esportivo entre os adversários nas competições, proporcionando autoafirmação. Depois de desmistificar as aplicações e contribuições do taekwondo para as escolas, as mesmas em sua grande maioria vêem o esporte como grande auxiliador da educação, como relata a Diretora A da Escola 1: o taekwondo tem algumas características que levam os alunos a terem regras, disciplina, a cumprirem normas, por isso é bem importante o projeto aqui na escola. A Diretora B da Escola 2 comentou ainda: alunos que iniciaram o projeto aqui na escola hoje se destacam em competições e apresentações. Segundo Rose Junior e Korsakas (2002), o esporte, como ferramenta de auxílio pedagógico e psicológico, vem ao encontro da necessidade das escolas de aplicação da disciplina e do respeito para com o alunoescola, aluno-aluno, aluno-família, alunosociedade, bem como de prevenir a evasão escolar prematura, sendo essa não mais evidenciada somente em alunos de classes econômicas mais baixas. A falta de valores e de comprometimento está presente em todas as classes sociais. Ao fim desses relatos, pode-se concluir que a modalidade taekwondo era desconheci-
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da para alguns professores, mas, com o passar do tempo, seu reconhecimento como ferramenta de auxílio pedagógico tomou força, sendo hoje um grande colaborador no desenvolvimento e na orientação da educação em nível escolar, na cidade de São Marcos. COMPORTAMENTO E ATITUDE DE ALUNOS PRATICANTES DE TAEKWONDO NOS AMBIENTES ESCOLAR E FAMILIAR Na fase escolar, os jovens são confrontados com situações reais do dia a dia que a sociedade exige. Nesse momento, o taekwondo auxilia como ferramenta na transformação e construção do ser humano provocando alterações comportamentais. A Diretora B da Escola 2 comentou: devido a eles estarem mais disciplinados, a conduta comportamental se alterou, se envolvendo menos em conflitos com colegas dentro e fora da aula. Ela prosseguiu: por o taekwondo ser um esporte que prioriza o respeito mútuo entre as pessoas, com certeza, eles vão levar estes ensinamentos não só aqui dentro da escola, mas para fora da sociedade em que vivem e vão viver futuramente. A transição da infância para fase da adolescência é um processo de grandes mudanças comportamentais e hormonais. Nesse momento, o taekwondo tem grande capacidade de influenciar nas atitudes e nas reações desses jovens. Refletindo sobre esse tema, pode-se ver que o papel do professor de taekwondo vai muito além do exercício físico. Segundo Figueiredo et al. (2003) apud Silva (2006), o treinador das categorias de base precisa ser visto como alguém que contribui nos desenvolvimentos físico, motor, social e emocional de seus atletas, integrando-se no processo formativo e educativo deles.
As mudanças de comportamento ocorridas dentro da escola que foram relatadas também são apresentadas em ambiente familiar. O pai do aluno A revela sobre a diferença de relacionamento com o irmão dizendo: melhorou bastante, eles até não se falavam e hoje trabalham juntos. O pai do aluno B, que também possui um irmão, disse: eles eram muito briguentos, hoje tudo é mais calmo. Nesse aspecto, o taekwondo proporciona ao aluno um círculo de amizades saudável e duradouro. O pai do aluno A comentou: ela saía com uma piazada com alguns problemas, mas depois que começou o taekwondo viu que aquelas amizades não serviam pra ela. Ele prosseguiu: as amizades que ela fez aqui dentro do taekwondo são excelentes, tanto que está aí até hoje. CONTRIBUIÇÃO DO TAEKWONDO NA VISÃO DO ALUNO A influência da modalidade em seu crescimento social e físico é relatada pelos alunos de forma direta e objetiva. Todos comentam sobre o ganho de condicionamento físico para as tarefas do dia a dia, mas a real contribuição está no comportamento e nas atitudes. Como comenta o Aluno B: mudou muita coisa, comecei a ter mais paciência e concentração, saber lidar melhor com coisas do dia a dia quando dá certo e quando dá errado. A Aluna C depôs: eu era muito explosiva, principalmente em casa, mas eu passei a me controlar bem mais quanto a isso. Com os relatos, comprova-se que o taekwondo não trabalha somente a parte física, mas também o desenvolvimento do caráter e o senso crítico sobre si mesmo, que é uma das características mais importantes da modalidade. Auxiliando nesse pensamento, encontramos Kim e Silva (2000) que reforçam que o forte espírito da prática do taekwondo acaba por despertar
o desejo de viver bem e com saúde. Em razão disso, identifica-se que o treinamento contínuo de taekwondo pode levar a alterações na forma de pensar e agir dos praticantes, influenciando de forma direta suas decisões no dia a dia. VISÃO DOS PAIS ANTES E DEPOIS DE CONHECER O TAEKWONDO O taekwondo, por se tratar de uma arte marcial, muitas vezes é visto como outros esportes de contato mais agressivos e divulgados mais firmemente na mídia, mostrando somente o caráter esportivo. Outro aspecto é também o desconhecimento por parte dos pais, como relata o Pai A: eu não conhecia, mas imaginava ser um esporte agressivo como boxe, MMA, essas coisas. O Pai B também disse: não conhecia, só ouvir falar, mas o pensamento é que era um esporte agressivo. O pensamento dos pais é um exemplo do que circula na sociedade em geral antes de conhecer a modalidade. Cabe a nós, professores, mudar essa realidade através de treinamentos bem orientados voltados à prática educacional e esportiva. Por esse motivo, o desenvolvimento de um bom trabalho por parte do professor de
taekwondo é sua principal ferramenta de divulgação e capaz de mudar opiniões. CONSIDERAÇÕES FINAIS, PORÉM TRANSITÓRIAS Pode-se concluir com esta pesquisa que os atletas da modalidade taekwondo, em específico aqueles que fazem parte do projeto “Taekwondo Cidadão” na cidade de São Marcos, são influenciados por essa modalidade de maneira positiva nos aspectos comportamentais e atitudinais, tanto no ambiente escolar como no familiar. A responsabilidade dos atletas com o treinamento e a frequência são refletidas de forma direta também na vida social com o cumprimento de horários escolares e profissionais. Esses aspectos são reflexos do treinamento e da metodologia que a arte marcial do
taekwondo pode oferecer a seus praticantes, através de um direcionamento bem orientado por parte do professor. O respeito para com professores e familiares no que se refere à forma de tratamento e atitudes foi alterado de forma positiva, melhorando o convívio com irmãos, pais, amigos e professores. Foi constatado que a agressividade e a violência dos alunos que apresentavam esse temperamento foram amenizadas e até mesmo cessadas com a prática do taekwondo, cuja maioria deles evita se envolver em conflitos. Através dos relatos obtidos nesta pesquisa, conclui-se que o taekwondo é uma excelente ferramenta de auxílio educacional, visto que a escola e a família podem se beneficiar dele, desde que seja orientado por professor com conhecimentos suficientes para nortear os princípios das artes marciais nos tempos modernos que vivemos.
PUBLIQUE SEU ENSAIO O CREF2/RS em Revista abre espaço para que os profissionais registrados no Conselho contribuam com a seção Ensaio Científico. Você pode encaminhar seu ensaio ou resumo estendido, de até três páginas, em fonte tamanho 12 e com espaçamento simples, para publicação na nossa revista, respeitando a seguinte temática e prazo: Jogos Olímpicos (15 de março). O e-mail para envio é contato@crefrs.org.br e todos os artigos recebidos serão avaliados pela Comissão Editorial.
REFERÊNCIAS FEITOSA, S. Rubens et al. As artes marciais no auxílio do controle do comportamento em adolescentes praticantes. Rio de Janeiro: Centro Universitário Celso Lisboa, 2008. Disponível em: <http://artigocientifico.uol.com.br/uploads/artc_1226177413_12.pdf>. KIM, J. Yeo; SILVA, Edson. Arte marcial coreana: taekwondo. São Paulo: Thirê, 2000. KORSAKAS, Paula; ROSE JÚNIOR, Dante de. Os encontros e desencontros entre esporte e educação: uma discussão filosófico-pedagógica. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, ano 1, n. 1, 2002. Disponível em: <http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/remef/article/view/1354/1057>. LIMA, Marcos. Contribuição do taekwondo frente a comportamentos agressivos: uma proposta pedagógica construtiva e transformadora. Novo Hamburgo: Centro Universitário Feevale, 2005. Disponível em: <http://ged.feevale.br/bibvirtual/Monografia/MonografiaMarcosLima.pdf>. SILVA, Luiz. Desempenho esportivo: treinamento com crianças e adolescentes. São Paulo: Phorte, 2006. SILVA, Alessandro. Apostila juvenil adulto de taekwondo: manual do praticante, currículo técnico tradicional. São Paulo: USP, 2010
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JURÍDICO
LUTAS: A POLÊMICA SOBRE A OBRIGATORIEDADE
DE REGISTRO NO SISTEMA CONFEF/CREFS Cristiane da Costa Assistente Jurídica CREF2/RS
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obrigatoriedade de registro para os profissionais que ministram aula de lutas, como judô, karatê, muay thai e boxe, é um dos assuntos mais polêmicos envolvendo o Sistema CONFEF/ CREFs. Isto porque o Poder Judiciário julgou parcialmente procedente Ação Civil Pública movida pelo Ministério Público Federal, que requereu que o Conselho se abstivesse de realizar qualquer ato tendente a exigir a inscrição de profissionais de dança, ioga e artes marciais, bem como se abstivesse de exercer quaisquer atos tendentes à autuação e aplicação de multas a clubes, academias e outros estabelecimentos de ginástica, lutas, musculação, artes marciais, esportes e demais atividades físicas, recreativas e esportivas que permitissem a atuação de leigo como professor de artes marciais (lutas), dança, capoeira e ioga. Desde a decisão prolatada pelo Tribunal Regional da 4ª Região, o CREF2/RS está impedido de fiscalizar e exigir registro dos profissionais de ministram aulas nestas modalidades. A decisão do Tribunal teve como embasamento a convicção de que as referidas modalidades não podem ser consideradas prerrogativas dos profissionais de Educação Física, porque são retrato da cultura corporal e que nem toda movimentação corporal é atividade física. Importante transcrever parte da fundamentação da decisão dos embargos declaratórios julgados pelo TRF4, no processo 2003.71.00.033569-6:
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“Não bastasse, na ótica da Resolução do CONFEF praticamente toda e qualquer atividade que envolva movimentos corporais é considerada atividade de educação física, confundindo-se dois conceitos diversos: educação física e atividade física. Contudo, quem pratica dança, capoeira ou ioga, profissionalmente ou por lazer, não objetiva, em primeiro lugar, um aumento de massa muscular, da flexibilidade corporal ou da capacidade aeróbica. Na dança, a atividade física é apenas um meio para o exercício de uma arte que, em muitos casos, representa típica manifestação da cultura brasileira. A ioga, por sua vez, é uma atividade que busca o equilíbrio mental e corporal através de exercícios basicamente respiratórios e de concentração. Assim, a exigência de registro em Conselhos Regionais de Educação Física dos professores de frevo, danças típicas ou capoeira, que são manifestações culturais, demonstra que além de ilegal, o art. 1º da citada Resolução não está em consonância com o princípio da razoabilidade. Ademais, alguns praticantes de dança já estão sujeitos à Lei n° 6.533/78, que regulamenta a profissão de Artista e Técnico em Espetáculos de Diversões. Da mesma forma, as artes marciais (karatê, judô, jiu-jitsu, etc.), embora naturalmente envolvam movimentação corporal, não são atividades próprias do profissional de Educação Física. Antes de atividade corporal,
as artes marciais possuem ensinamentos teóricos que consubstanciam, até mesmo, um modo do artista marcial portar-se perante as mais diversas situações. Não é por acaso a denominação utilizada é arte marcial. Este tipo de artista não é um praticante de educação física, pois, como na dança e na ioga, não busca, em primeiro lugar, um aprimoramento físico, mas sim se portar de acordo com princípios próprios da arte, desenvolvidos em sua longa tradição. A proposta das artes marciais, bem como a da ioga, é de oferecer evolução espiritual e física, integração harmônica entre corpo e mente. Cada arte marcial possui história própria cujos princípios foram sedimentados ao longo do tempo. Assim, o professor de artes marciais deve transmitir conhecimentos teóricos e padrões comportamentais, atividades estas que não visam o desporto e o condicionamento físico. Da mesma forma que a capoeira, uma das mais autênticas formas de expressão da cultura nacional, várias modalidades de artes marciais foram trazidas para o Brasil por imigrantes, assim como a ioga, fazendo parte indissociável da cultura nacional. Portanto, também elas estão abrangidas pelo disposto no artigo 215, § 1°, da Constituição Federal, que tutela tanto as manifestações de cultura nacional, como 'as de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional. Assim, não cabe ao Conselho Regional de Educação Física, nos termos de Resolução
do CONFEF, exigir as inscrições desses profissionais, independentemente do lugar da prática da atividade, quer em academias, clubes, instituições de ensino, associações ou similares.”
A decisão referida foi mantida pelo STJ e no momento aguarda julgamento de Recurso Extraordinário junto ao STF. O CREF2/RS, juntamente com o CONFEF, vem utilizando todos os instrumentos jurídicos existentes no ordenamento para reformar esta decisão, isto porque no entendimento do Conselho, foi equivocada tal decisão, na medida em que, para ministrar aulas de artes marciais, são necessários inúmeros conhecimentos que somente são adquiridos através da graduação no Curso de Educação Física, tais como fisiologia do exercício, cinesiologia, entre outras. Ainda, é notório que a Educação Física foi inclusa como área da Saúde pelo próprio Conselho Nacional de Saúde, e não há dúvidas que a prática de atividades físicas, inclusive de artes marciais, garante a qualidade de vida e saúde, através da prevenção de doenças. Portanto, não se pode admitir que os profissionais que trabalham nesta área não necessitem de conhecimen-
tos adequados a fim de desempenhar com a máxima qualidade suas atividades profissionais. Embora a Constituição Federal assegure o livre exercício profissional como garantia fundamental, é imprescindível realizar uma ponderação entre o direito à saúde e o direito ao trabalho, visto que o mal desempenho das atividades profissionais poderá acarretar danos irreversíveis. A Lei 9.698/1998 foi publicada, tendo em vista a importância do profissional de Educação Física para a sociedade, bem como no risco que tal atividade pode gerar. As atribuições dos profissionais de Educação Física são coordenar, planejar, programar, supervisionar, dinamizar, dirigir, organizar, avaliar e executar trabalhos, programas, planos e projetos, bem como prestar serviços de auditoria, consultoria e assessoria, realizar treinamentos especializados,
participar de equipes multidisciplinares e interdisciplinares e elaborar informes técnicos, científicos e pedagógicos, todos nas áreas de atividades físicas e do desporto. Não há dúvida de que as artes maciais se enquadram dentro dos esportes, sendo inclusive olímpicos, recebendo incentivo do próprio Estado, e que, portanto, devem ser desempenhadas apenas por profissionais de Educação Física devidamente habilitados e registrados. Diante destas considerações, o CREF2/ RS vem litigando junto ao Poder Judiciário, visando garantir à sociedade que todos professores de todas as modalidades de lutas sejam profissionais de Educação Física devidamente registrados, bem como prestem um serviço de qualidade, obedecendo aos preceitos éticos da profissão.
ENVIE SUA PERGUNTA O CREF2/RS em Revista abre espaço para que os leitores enviem dúvidas sobre questões ligadas à Educação Física e ao Conselho. Faça a sua pergunta para o e-mail contato@ crefrs.org.br, que as mais frequentes serão publicadas aqui nesta seção. No site do CREF2/RS, você encontra uma página com mais perguntas e respostas, na aba ”Fale Conosco”.
PERGUNTAS FREQUENTES QUEM DETERMINA O VALOR DA ANUIDADE E O QUE O CONSELHO FAZ COM ESSE DINHEIRO? A Lei 12.197/2010 fixou os limites para o valor das anuidades devidas ao Sistema CONFEF/CREFs, ao mesmo tempo em que delegou ao CONFEF a possibilidade de aplicar a correção de valores pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Para o ano corrente, as resoluções CONFEF 292/15 e CREF2/RS 094/2015 (pessoas jurídicas) e 095/2015 (pessoas físicas) fixam os valores das anuidades. Com os valores oriundos das anuidades, o órgão desenvolve a função que lhe foi atribuída: defender os interesses da sociedade em relação aos serviços prestados pelo profissional de Educação Física e pelas Pessoas Jurídicas nas áreas de atividades físicas, desportivas e similares. Ou seja, esses valores financiam a estrutura física do órgão (constituída por duas sedes, uma em Porto Alegre e outra em Caxias do Sul), os funcionários (36 na sede de Porto Alegre e três na de Caxias do Sul), a realização dos registros e demais procedimentos internos, como os processos éticos (100 movimentados no ano de 2015), os processos judiciais (136 em tramitação no início do ano de 2016) e, principalmente, todo o sistema de fiscalização (cinco fiscais e cinco veículos locados). No site do CREF2/RS, na aba ”Transparência”, podem ser encontradas informações contábeis, financeiras e contratuais
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NOTAS PRIMEIRA REUNIÃO DA CÂMARA TÉCNICA DE CORRIDA DE RUA A Câmara Técnica de Corrida de Rua do CREF2/RS realizou, em dezembro, a sua primeira reunião. Presidido pela conselheira Cláudia Lucchese (CREF 002358-G/RS), o grupo contou com a participação de diversos profissionais que atuam na área, que puderam conversar e indicar demandas para a Câmara. "Este primeiro contato busca ideias e a intenção é angariar mais profissionais, para fortalecer o trabalho das assessorias e valorizar o profissional de Educação Física", declarou Cláudia. Entre outros temas, também foram debatidas as estratégias para buscar alunos e uma maior fiscalização por parte do Conselho. Para participar das próximas reuniões, é só enviar um e-mail para secretaria@crefrs.org.br.
PROJETO QUALIFICAÇÃO EM GESTÃO DE ACADEMIAS TEM NOVA EDIÇÃO EM 2016 Com cerca de 60 estabelecimentos participantes em 2015, o projeto Qualificação em Gestão de Academias, promovido pelo SEBRAE/RS em parceria com o CREF2/RS e a ACAD RS, terá uma nova edição neste ano. "O curso já ajudou os proprietários na fidelização de clientes. Em 2016, vamos continuar auxiliando os profissionais de Educação Física nas estratégias para o aumento do lucro", adiantou Antônio Melo, gestor de Projetos de Saúde e Bem-Estar. "A maioria das academias que fecham são administradas por profissionais de Educação Física, o que demonstra o nosso desconhecimento sobre a área. Buscamos esta parceria para qualificar ainda mais os nossos profissionais", complementou a presidente Carmen Masson.
DUAS HORAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA POR SEMANA
SENADOR ROMÁRIO
A Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) do Senado aprovou, em outubro do ano passado, o projeto de lei que estabelece a carga horária semanal mínima de duas horas para a prática de Educação Física em instituições de ensino fundamental e médio (PLS 249/2012). Para o autor do projeto, o senador Eduardo Amorim (PSC-SE), há um crescente enfraquecimento da prática da Educação Física nas escolas. Além disto, segundo ele, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) não determina a carga horária desta disciplina, apesar de estabelecer a obrigatoriedade das aulas e os casos em que a prática é facultativa. O texto segue agora, neste começo de 2016, para a apreciação da Câmara dos Deputados.
ENCONTRO ENTRE ACADÊMICOS E CONSELHOS PROFISSIONAIS A Câmara da Saúde do Fórum dos Conselhos Profissionais do Rio Grande do Sul (Fórum-RS) realizou, em novembro, o 2º Encontro dos Acadêmicos com os Conselhos Profissionais da Saúde. O evento visou esclarecer aos estudantes sobre os objetivos e a importância das entidades como órgãos fiscalizadores do exercício legal das profissões. O vice-presidente do CREF2/RS Lauro Aguiar afirmou, na abertura do Encontro, que este tipo de atividade também serve como exemplo, por debater questões importantes com os futuros profissionais de cada área. "Os Conselhos Profissionais têm se mostrado essenciais. Os gestores devem estabelecer as suas decisões em prol do interesse público e das demandas da sociedade".
DEDUÇÃO DE DESPESAS COM ACADEMIAS E PERSONAL TRAINER
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Na primeira semana de outubro, foi aprovada pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado o projeto que amplia o rol de despesas passíveis de dedução da base de cálculo do Imposto de Renda. Pelo projeto, gastos com profissional de Educação Física e com academias poderão ser listadas na declaração. "Esta é uma luta do Conselho. Em 2012, encaminhamos um projeto de lei com o tema e agora temos o apoio do senador Romário (PSB-RJ), que defende a nossa causa e entende que investir em atividade física reduz os gastos com a saúde", afirma a presidente Carmen Masson. Pela proposta aprovada, as despesas passam a ser permitidas, desde que respeitem o teto do mesmo valor que o limite máximo de gastos com instrução.