Livro Agenda Bahia 2014

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No Nordeste, Fernando de Noronha, em Pernambuco, é um bom exemplo da diversidade de cenários no turismo do país. O arquipélago foi lembrado pelo estudo do Ministério do Turismo através do projeto Golfinho Rotador que prestou consultoria gratuita em gestão sustentável aos meios de hospedagem, avaliando o processo de Sustentabilidade do Sistema de Hospedarias Domiciliares do local. Mas, de acordo com Anna Carolina Lobo, coordenadora do Programa Mata Atlântica da WWF Brasil, o destino, uma área ambiental protegida, não comporta o número de visitantes e o tratamento de água e de lixo resultante desse aumento de pessoas. “Os moradores reclamam muito dos visitantes. E, atualmente, há outro problema por conta da visitação dos cruzeiros marítimos que fazem o desembarque de milhares de pessoas no mesmo período. Os turistas desembarcam no local, produzem lixo durante a visita e voltam para os cruzeiros, onde consomem tudo que precisam”, relatou. “Não existe turismo sustentável no Brasil, essa é uma premissa”, disparou Mario Beni. Para ele, existem alguns cenários sustentáveis. Mario Beni explica que, para que haja uma atividade turística sustentável, é preciso que todos os cenários – ambiental, econômico, social, cultural, político e institucional – sejam sustentáveis. Anna Carolina Lobo concorda, mas pondera que a diversidade brasileira não é desculpa para modelos de turismo ultrapassados. “Existem diversos destinos com diversas realidades, mas isso não é motivo para não fazer a sustentabilidade”, avaliou. Para Anna Carolina, falta ao Brasil uma política de governo nesse segmento. “Não tem política de desenvolvimento do turismo no país. Na Nova Zelândia, o ministro do Turismo é o mesmo da Casa Civil, e ele desenvolve o turismo de forma sustentável. Aqui é diferente, esses ministérios, como o do Turismo, são deixados de lado, com menos recursos, e são usados como moeda política”, acredita. Para André Coelho, as práticas sustentáveis estão ligadas a uma consciência sustentável e, principalmente, a um planejamento. “É uma consciência que esses destinos precisam ter. Sustentabilidade é uma questão de gestão. É um conceito muito novo, e é mais sério do que não jogar lixo no chão, e planejamento é a palavra-chave”, alerta. A coordenadora do Programa Mata Atlântica ainda explica que, para vencer as barreiras que impedem o turismo sustentável no Brasil, é preciso que os empresários e visitantes trabalhem a educação ambiental. “Que se ensine desde a escolha do hotel até a não deixar lixo na praia e valorizar a cultura local. É necessário fazer entender que aplicar uma gestão ambiental é um investimento que vai trazer benefícios”, afirmou. 278


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