Revista Contexto

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MOSSORÓ/RN | JUNHO DE 2011 | NO 1 | ANO 1

Ativismo na web

Como internautas estão fazendo a diferença na hora de protestar, usando o Twitter e o Facebook

Outra face

contexto

Rosalba Ciarlini em família

MOSSORÓ/RN | JUNHO DE 2011 | NO 1 | ANO 1 | R$ 9,90

A nova contexto

família

Presentes cada vez mais em nosso dia a dia, casais gays relatam a experiência e os desafios cotidianos de ter casa, trabalho e filhos

A dança nas

alturas

Cena local se renova e mostra fôlego para os próximos anos

As vaidades de

Lampião

Metrosexual? O mais famoso canganceiro mostra seu lado refinado

Caminhar é redescobrir uma cidade escondida Vida Urbana Flopar

O que andam falando os jovens atuais?


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Interpondo

um pouco de tudo

O significado mais simples de Contexto, dado pelo dicionário, é de uma “inter-relação de circunstâncias que acompanham um fato ou uma situação”. E foi justamente pensando com foco nesse significado que nasceu o projeto da revista Contexto. Uma publicação que chega para somar ao mercado editorial da cidade com uma veia verdadeiramente informativa. A partir desta primeira edição, o mossoroense terá a seu dispor um espaço para debatermos assuntos que norteiam nosso dia a dia de forma simples e leve, mas sem esquecer-se de mostrar todas as variantes que o cercam. O leitor poderá constatar isso já na matéria de capa, onde trazemos uma matéria assinada pelo jornalista Higo Lima sobre o cotidiano de casais gays. Contexto foi saber como vivem esses casais, sem entrar no mérito de ser certo ou errado, afinal entendemos que essa tarefa, caro leitor, é sua! Mas não é apenas isso, Contexto adentra no mundo do colunismo social com ilustríssima participação do consagrado Sérgio Chaves e ainda traz Neisa Fernandes de novidade para os mais antenados. O jornalista César Santos também integra o nosso time e numa coluna despretensiosa contempla o leitor de Contexto com fatos e notícias cotidianas. Entre os convidados desta edição, o

Ponto de Vista do jornalista natalense Rubens Lemos e as indicações do editor da Revista Preá, Mario Ivo, sobre um pouco de tudo do que é bom. Enfim, procuramos apresentar a você todas as “circunstâncias” possíveis a respeito de fatos e de fotos que vão da moda à gastronomia, do bem-estar à saúde e com isso fazer jus ao significado de Contexto. PAULO SÉRGIO FREIRE Editor

Expediente Contexto é uma publicação de responsabilidade da Santos Editora Editor: Paulo Sérgio Freire (RN 01047JP) Reportagem: Higo Lima, José de Paiva Rebouças e Paulo Sérgio Freire Fotografia: Cezar Alves Projeto Gráfico e Diagramação: Augusto Paiva Revisão: Stella Sâmia Comercial: Nilton Baresi Marketing: Larissa Gabrielle Tiragem: 5 mil exemplares Colaboraram nesta edição: César Santos Kildare Gomes Angelina Tavares Sérgio Chaves Rubens Lemos Filho Costa Júnior Neisa Fernandes Mario Ivo Cavalcanti Bruno Sá

(

Quer enviar críticas, sugestões, dúvidas ou apenas dar um alô? Envie e-mail para: contexto@gmail.com Fone: (84) 3323 8900 Contato comercial 9607-6810 e 9172-2381 (Nilton Baresi) Email para receber anúncios: augustodefato@gmail.com Endereço: Avenida Rio Branco, 2203 – Centro – Mossoró (RN) CEP: 59.611-400

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Comportamento

(

Entrevista

Rosalba Ciarlini e a outra face A governadora do Rio Grande do Norte mostra à revista Contexto seu outro lado. De forma simples e direta, ela nos conta como é ser mãe, esposa e avó

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A nova família

Os desafios cotidianos e as alegrias conquistadas pelos casais do mesmo sexo

(( Você sabe o que é flopar? – PÁG. 18 Cultura Popular ( ( Lampião, antes de tudo, um vaidoso – PÁG. 57 Saúde ( ( Pênis: Limpinho e livre de doenças – PÁG. 64 Vida Urbana ( ( Caminhar é redescobrir a cidade – PÁG. 68 Música ( ( As nuances que dividem o forró atual – PÁG. 72 Contexto Indica ( ( Uma seleção de programas para ver, ler e ouvir pelo jornalista Mario Ivo – PÁG. 80 Juventude

Tecnologia

Dança

Ativismo em alta na web

A renovação e evolução da cena local

Campanhas contra gasolina, contra cobranças indevidas, entre outros temas, invadem as redes sociais como Twitter e Facebook

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Em tempos de mais um “Chuva de Balas”, um passeio pela construção da dança em Mossoró e sua arrancada ao profissionalismo

COLUNAS & PONTOS DE VISTA SAÚDE em ação – Costa Júnior

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DE CONVERSA EM CONVERSA – Esdras Marchezan

22 e 23 POIS BEM... – César Santos 32 e 33 cozinha – Angelina Tavares 40 sérgio chaves – 42 a 45 Style Up – Bruno Sá 56 ENTÃO TÁ... – Neisa Fernandes

82 PONTO DE VISTA – Rubens Lemos Filho 84 ConTXTualizando – Kildare Gomes

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Saúde em Ação MEXA-SE! Costa Júnior*

?

VOCÊ SABIA

Michael Boyle, renomado treinador americano, alerta para o que chamou de “síndrome do espelho”, onde as pessoas dão atenção apenas ao treino dos grupamentos que vê no espelho (bíceps, peitoral, abdominal e quadríceps), esquecendo a maioria dos músculos da cadeia posterior (uma das principais fontes de estabilidade da coluna) e dos músculos profundos que, em sua maioria, também são responsáveis pela estabilidade articular.

Lembro-me quando, ainda no primeiro ano do curso de Educação Física, entrei para um projeto chamado “Mexa-se, mas com cuidado!”. É interessante como esse alerta soa lógico e estranho ao mesmo tempo, não é verdade? Em um mundo onde o movimento é jóia rara, muitas vezes pensamos nos exercícios como algo somente benéfico. Porém a coisa não é bem assim, os exercícios podem tanto nos dar ótimos resultados como prejudicar a nossa saúde. Venho fixando este conceito a cada ano de minha vida profissional e percebo que as informações estão aí, na nossa frente, mas não as encaramos e teimamos em realizar aquilo que nos convém. Escolhemos os exercícios físicos de acordo somente com o nosso prazer em realizá-los e não com o resultado que eles podem nos proporcionar. Não que eu seja contra, acredito que o prazer em realizar determinado exercício deixa-nos motivados para continuarmos progredindo. Indago sobre a ideia de realizarmos APENAS o que gostamos. Estamos na era do imediatismo, porém o corpo humano em sua essência é o mesmo de antes: desenvolve as capacidades físicas apenas para o que usamos e acumula gordura sempre que tem uma oportunidade. Erramos quando não levamos isso em consideração. Passamos às vezes anos nos deliciando da vida moderna, ficando cada vez mais instáveis, pouco móveis e descoordenados, mas em poucos meses queremos conquistar um corpo sarado. Quando deveríamos primeiro criar uma base sólida para depois construir a estrutura que queremos.

Tome nota:

1 2 3

Realize exercícios que melhorem a eficiência de seus movimentos fundamentais (agachar, andar, empurrar, puxar, etc), uma vez que este processo irá te ajudar a ter mais eficiência nos exercícios e nas tarefas diárias; Reveze a atividade que você mais gosta com exercícios que te ajudem a ter maior segurança, o chamado “reforço muscular”, para que haja sempre motivação para o treino. Aos praticantes de musculação, treinar apenas os grupamentos musculares preferidos pode ser um veneno. Para cada grupamento que flexiona há um que estende, para cada um que empurra há um que puxa, estas estruturas devem estar sempre equilibradas em força e flexibilidade, o desequilíbrio aumenta os riscos de lesão. * Educador Físico (CREF: 1014g/RN) e Coordenador Técnico da Academia Biofit / Twitter: @costa_fit

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A outra face

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‘Vejo a vida não pelo tempo, mas pela qualidade de se viver cada momento’

Rosalba

Ciarlini POR PAULO SÉRGIO FREIRE FOTOS ELISA ELSIE E ARQUIVO PESSOAL

G

overnadora, senadora, prefeita três vezes de Mossoró, a trajetória política da médica pediatra Rosalba Ciarlini no Rio Grande do Norte é pioneira sob muitos aspectos. Mas antes de todas essas conquistas, Rosalba Ciarlini é mãe, esposa e mulher. Casada com Carlos Augusto Rosado, filho do ex-governador Dix-sept Rosado, tem quatro filhos: Lorena, Carlos Eduardo, Karla e Marlos. A governadora do Rio Grande do Norte é nossa convidada na sessão Preto no Branco, não para falar de política, mas para falar sobre ela mesma, sobre sua paixão pelos filhos, sobre seu gosto por Roberto Carlos, enfim Rosalba revela seu lado cotidiano nesta conversa descontraída com a Contexto. CONTINUA

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ção? Reclamavam de saudade? Como a senhora lidava com situações desse tipo? SEMPRE busquei compensar meus dias de ausência vivendo intensamente o tempo em família. Em casa, sou a mãe, a esposa, a companheira, a amiga dos filhos e marido. Faço as tarefas domésticas como uma mulher comum. Assim, encontro as forças para enfrentar os desafios que a política impõe. Sentimos saudades da vida mansa, corriqueira, mas somos conscientes de que há uma missão que me foi delegada pelo povo e que precisa do esforço de todos, a começar pela família.

CONTEXTO - A senhora já foi prefeita, senadora e hoje é governadora. Que características peculiares são inerentes a cada uma delas? Existe alguma mais difícil? Ou menos complicada? EXISTEM diferenças, claro. No Parlamento, elaboramos as leis e para isso precisamos do Executivo para que elas possam repercutir na vida de cada um dos brasileiros. Mesmo não sendo executores, somos agentes de transformação, na indicação e vigilância dos projetos apresentados. No Executivo, precisamos do Legislativo. Para executarmos, necessitamos de aprovação. Enfim, são poderes que se interligam na concretização de ações. Não diria que existe maior ou menor missão. Cada um tem sua peculiaridade. Existem situações mais difíceis, como essa que estamos enfrentando para resgatar o equilíbrio financeiro do Estado e a partir daí, implementarmos o governo que nos propomos a construir com a participação popular. E A Medicina? Em algum momento ela ainda aflora na política Rosalba Ciarlini? NUNCA me distanciei da Medicina. Mesmo não estando clinicando, tenho o mesmo propósito da proteção à saúde. E faço isso, graças às medidas preventivas e busca de condições para melhorar o atendimento ao paciente, através de políticas públicas de saúde. Aliás, essa é a área que dá o norte aos meus mandatos. AO LONGO de sua carreira política, a família (filhos em especial) cobrava da mãe Rosalba mais participa-

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COMO é cuidar de uma casa, do marido e de todas as atribuições que uma mãe tem e, além disso, ter que ser administradora de um Estado? Existe fórmula? FÓRMULA pronta, não! Com a mesma responsabilidade que assumo e executo a função de administradora pública, cuido da minha casa. Zelando e buscando o bem-comum. A SENHORA vive no momento familiar a chegada de netos, como é viver esta experiência? Qual a grande diferença (emocional) entre ser mãe e avó? AH, bem que diziam que ser avó traz um sentimento infinitamente maior do que ser mãe. É a prova do amor que produzimos em uma dimensão mais elevada. Só quem experimenta sabe do que estou falando. É como se as palavras ficassem inexpressivas diante da grandiosidade do ser avó. Amo meus netos com uma profundidade inexplicável. QUANDO as funções de governadora, de mãe e avó são postas de lado, o que Rosalba Ciarlini gosta de fazer? REUNIR a família, bate-papo com amigos, praia, ir ao cinema (adoro!) e caminhar sossegadamente. A GOVERNADORA sabe cozinhar? No dia a dia que paladar atrai a senhora? SEI sim. Preparar peixada, mariscos, criar receitas com frutos do mar fazem parte das minhas habilidades femininas. A SUA família hoje possui ligações com a Alemanha (haja vista seu genro ser alemão), que há de bom na Alemanha? Que programa a senhora recomenda ao visitar aquele país europeu? A CULTURA é o que mais me chama atenção. Apesar da dureza que os alemães enfrentaram, resultado de tanta guerra e destruição, eles são pessoas que valorizam muito a família, as amizades. Como curtir a Alemanha? Berlim é maravilhosa. Munique, encantadora. Gosto de descer o Reno, visitar os Alpes e a Floresta Negra sempre é um bom programa cultural. E NO Brasil? Existe um local especial? (Não


vale citar lugares do Rio Grande do Norte) Conheço quase todo o Brasil e por onde andei, sai sempre com a vontade de voltar. E nesse roteiro agradável, destaco Fernando de Noronha, Rio de Janeiro (a sempre cidade maravilhosa!), o pantanal mato-grossense, Floripa. Além das belezas naturais, nossa gente conquista pela hospitalidade. Mesmo com a imposição de não citar nenhum lugar do nosso Estado, peço licença para dizer que o RN é um dos melhores destinos turísticos do país pela diversidade de cenários atrativos como salinas, mar, sol, cavernas, sertão e tantos e tantos outros privilégios da natureza. A SENHORA anda lendo algo? Que tipo de literatura prefere? MINHA leitura é diversificada. No momento estou lendo O Verdadeiro Poder – Práticas de gestão que conduzem a resultados revolucionários, de Vicente Falconi. E MÚSICA? Qual a sugestão ao chegar à casa após um exaustivo dia de trabalho? MPB e Bossa Nova. É sempre bom ouvir Roberto Carlos. A SENHORA tem ainda filhos jovens. Qual a diferença entre a sua juventude e a deles? Que comportamento atual a senhora destaca como avanço e o que a senhora desaprova? A INTERNET. Esse é verdadeiramente um divisor de gerações. A rede mundial veio para revolucionar conceitos, aproximar pessoas, conscientizar os jovens de que o mundo é realmente uma aldeia global. Quebramos paradigmas, chegamos às pessoas com um simples toque de um teclado. No computador ou celular. É isso que faz com os jovens de hoje estejam

bem acima dos do nosso tempo. É fantástico! Por outro lado, vejo as drogas como o grande mal para a juventude. Nesse particular, a sociedade precisa estar atenta para não deixar o jovem seguir esse caminho que desfaz famílias, arrebata vidas. Uma coisa que é preciso sempre é a vigilância da família. Os pais devem acompanhar os filhos para que a modernidade da Internet não cause nenhum dano ao comportamento deles e com relação às drogas, essas exigem orientação, relacionamento franco sobre o poder destruidor que elas provocam. E MELHOR idade? O IBGE atesta que nós brasileiros vivemos cada vez mais. A senhora pensa, faz planos da forma que quer chegar aos 70, 80 ou 90 anos? O AUMENTO da longevidade é um passo determinado pela melhoria dos indicadores sociais. Vibro com a possibilidade do ser humano ir desafiando o tempo, as limitações da idade. Meus únicos planos são viver cada um dos dias que Deus me permitir com saúde. Quero envelhecer me orgulhando de cada ato praticado na mocidade, na maturidade. Na vida, enfim! Vejo a vida não pelo tempo, mas pela qualidade de se viver cada momento. A idade depende de cada um. Assim penso e assim procuro viver.

Em casa, revisando discurso, e com os netos em momentos de laser familiar

MINHA leitura é diversificada. No momento estou lendo O Verdadeiro Poder – Práticas de gestão que conduzem a resultados revolucionários, de Vicente Falconi." contexto junho de 2011

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De conversa em conversa A vida que há em nós

I

Esdras Marchezan*

Entre chorar e sorrir, a segunda opção sempre será a preferida. Mesmo quando não for a adequada”

mpressionante como fazemos da vida uma das tarefas mais difíceis de se cumprir. Viver virou sinônimo de desafio e não de satisfação. A experiência da reportagem é uma das mais enriquecedoras que já experimentei, nesse sentido. Um bom repórter passa a enxergar a vida de outra forma quando a sua se depara com outras bem diferentes e aí mora um mistério. Nos lugares onde a pobreza domina, costumamos encontrar sorrisos que procuramos em vários outros lugares, sem sucesso. No encontro desse pouco de alegria, aprendi muitas vezes que a satisfação em viver é uma aposta pessoal e única. Abalável, convenhamos, mas urgente e necessária. São pessoas que preferiram se apegar ao lado bom das coisas como forma de enfrentar as dificuldades

que a vida se acostumou a colocar todos os dias no seu caminho. Entre chorar e sorrir, a segunda opção sempre será a preferida. Mesmo quando não for a adequada. Na reportagem de rua entendi que há sempre uma bela história a ser contada. Há vidas a serem descobertas e reveladas ao mundo, numa forma de dizer que viver ainda é uma das melhores coisas que existe. Viver com letras maiúsculas. Não aquilo de mesquinharia, de encontrar defeitos em qualquer esquina e se incomodar com o sorriso alheio. Falo daquilo de quando o abraço de um amigo não é só um abraço, mas um misto de sentimentos bons traduzidos em um gesto de apoio e conforto. São as primeiras palavras de um filho, acompanhadas de um sorriso de outro mundo, que faz qualquer pai ou mãe se derreter diante da cria. É aquele cheiro de pele que traz a sensação de que tudo poderia parar por ali mesmo, que já estaria muito bom. Diante de vidas bem diferentes da nossa fica mais fácil entender que estarmos aqui é bem maior do que tudo. Mas é preciso prioridades. Entre acompanhar um beija-flor em busca do melhor lugar para pousar e pensar nas tarefas que ainda temos de cumprir, abra espaço ao beija-flor. Mesmo que em um único dia, uma hora, um minuto. Geralmente quando sigo este caminho me deparo com histórias que só me motivam a ser feliz. Afinal é esse o nosso grande objetivo, não é? Então siga o beija-flor. Ele nos levará a um bom destino.

* editor assistente do Jornal O Norte de João Pessoa/PB, além de Mestre em Literatura e Interculturalidade pela UEPB / Contato: esdrasmarchezan@gmail.com Twitter: @marchezan

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Flo par Q

))

mais um verbo

adolescente

JOSÉ DE PAIVA REBOUÇAS Repórter

uando alguma menina aparece com um babado, todo mundo quer ficar por dentro, principalmente se for para zoar do boy que tentou dar uns tiros e vacilou. Tipo, a resenha sempre tem a ver com os boys ou as boyzinhas que, de vez enquanto, também ficam na pista. Quando alguém chega com algum papo marrom, está bombando, mas se perder a noção, tempera o negócio que é “sal”. Como diz Ana Camila, do 3º ano médio do GEO, flopou. Se depender dessa galera, todo mundo pode ser um flopado, um flopador ou se envolver em uma flopação. Mas o que é flopar? Mariana, colega de sala de Ana Camila, explica que “flopar” é o mesmo que “coisar”. Carol, também do 3º ano médio, mas da escola estadual Moreira Dias, disse que flopar é algo “sem noção”, mas que também pode ser usado para qualquer outra coisa, tipo: flopar o celular (atender o celular); flopar o lápis (pegar o lápis); o garoto flopou (se deu mal) etc. Flopar é apenas mais um dos inúmeros termos neologistas (1) usados pelos adolescentes, que surgem a todo o momento, seja na escola, na rua ou nas redes sociais. Segundo a escritora carioca especialista em adolescentes, Thalita Rebouças, os jovens usam essa linguagem para ter um código próprio, uma linguagem diferente daquela que os adultos usam. “Acho que podem surgir de um filme, de uma novela ou mesmo de um adolescente mais criativo”, sugere Thalita. Entender os jovens se tornou uma tarefa complicada.

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Neologismo é um fenômeno linguístico que consiste na criação de uma palavra ou expressão nova, ou na atribuição de um novo sentido a uma palavra já existente.

Cheia de códigos, registros e particularidades, a linguagem dos adolescentes está ficando cada vez mais difícil de ser compreendida, mas, ao mesmo tempo, instigante e convidativa. Conheça um pouco mais desse mundo linguístico que tem atraído adeptos e estudiosos.

CONTINUA

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Os próprios pais e professores estão arrancando os cabelos para compreender uma simples frase. A cabeleira Joalda Gleybe sente na pele esse distanciamento. “Tem hora que eu ‘me perco’ com o que eles dizem”, conta Joalda. “Quando isso acontece, eles brincam comigo: ‘maínha’ viajou! Mas depois, me ensinam para eu ‘ficar por dentro’”, completa. Ela acrescenta ainda que tem mais dificuldade com os registros em inglês ou mesmo em discutir sobre os filmes ou tipo de música que eles estão ouvindo. A professora Milka Patrícia está em sala de aula há 12 anos, mas ainda não conseguiu acompanhar o ritmo linguístico dos alunos. Ela brinca com os termos e até apresenta alguns, mas enfatiza que é preciso tomar cuidado ao usá-los porque, muitas vezes, os adolescentes não sabem ou não se importam em adequar a linguagem ao contexto. Rokatia Kleania, que ensina nas redes estadual e municipal de Apodi, disse que são tantas gírias que tem horas que nem parecem mais gírias. Ainda assim, na maioria das vezes, entende tudo o que eles dizem. “Como convivo com eles a maior parte do meu dia, acabo aprendendo seu linguajar e, às vezes, até uso

em sala de aula pra facilitar a aproximação”, ilustra. Para ela, é importante essa conquista, porque a linguagem é uma ferramenta importante nesse sentido. “Se eu falo a linguagem deles, eles acabam se identificando e percebendo que eu os entendo”, enfoca, esclarecendo que isso não funciona feito um passe de mágica. “Leva tempo. Há altos e baixos, mas, muitas vezes, percebo que funciona. Eles param e percebem que, apesar de ter alguns aninhos a mais, eu não sou de outro planeta”, completa Rokatia. “Deixar no vácuo é quando você fala com a pessoa e ela não te da atenção; se virar do avesso serve para o cara se mancar e ficar na dele”, contextualiza a professora Arlete Mendes, da rede pública de ensino em São Paulo (SP), sobre a linguagem comum entre os jovens de lá. Segundo Arlete, quando não consegue entender uma palavra, pergunta. “Às vezes uso esses termos para descontrair. Eles dão risada. Sabem que estou imitando-os. Brincando com o registro deles”, finaliza.

O jovem não é um transgressor O professor e pesquisador da Universidade Federal do Ceará (UFC), Júlio Araújo, vice-presidente da Associação de Linguística Aplicada do Brasil (ALAB) e da Associação Brasileira de Estudos sobre Hipertexto e Tecnologia Educacional (ABEHTE), explica que o ser humano, independentemente de ser jovem ou adulto, procura um grupo para sentirse apoiado. Quando isso acontece, é natural que os usos da língua feitos por essas pessoas reflitam a linguagem própria dos grupos sociais dos quais são membros. “Na introdução do livro Internet e Ensino (2007), afirmei que ‘a língua não pode estar associada à figura de uma senhora carrancuda pronta a atacar com sua bengala aquele que se descuidar, cometendo o menor deslize’”, disse Araújo. Para ele, infelizmente, é essa a concepção de língua que boa parte das escolas e mesmo a sociedade praticam. “E é dessa visão normativa e retrógada que o jovem deseja livrar-se”, acrescenta. Júlio explica que a palavra “flopar”, usada entre os jovens de Mossoró, tem a ver com o jogo de poker e que tem se popularizado entre jovens com o sen-

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tido de ser eliminado, sem sucesso. “Nunca estudei sobre essa nova gíria, portanto, o que sei é o que todos sabem. ‘Flopar’ é uma corruptela da palavra em inglês Flop que, como verbo, quer dizer falhar, fracassar, ou como substantivo pode assumir o sentido de decepção, fiasco”, contextualiza. De acordo com o professor, quem comanda uma língua não é a gramática normativa (2), mas os diálogos que vão se construindo e se reconstruindo no cotidiano. “A língua é um lugar de interação humana e este lugar sempre será afetado por questões históricas, culturais e locais. Na época em que éramos jovens, também tínhamos algo na ponta da língua que se assemelhava ao ‘flopar’ de hoje e isto não significou que éramos transgressores das normas padrões da gramática. Logo, os usos de expressões como ‘flopar’, sobretudo entre jovens, tem a ver com estratégias linguísticas de autoafirmação diante da comunidade adulta de falantes”, afirma. CONTINUA



INTERNETÊS Quando se fala em linguagem jovem, a primeira coisa que se pensa é na internet e suas formas de comunicação abreviadas, chamadas pelos estudos acadêmicos de “internetês”. No entanto, Ana Camila, do 3º ano do GEO, disse que esse tipo de linguagem já não é mais novidade, ou está “maiada”. Para Júlio César, isso acontece devido à popularização dos chats (3). “De 2000 para cá, onze anos

se passaram, o acesso à internet foi consideravelmente facilitado e novas ferramentas surgiram para comportar as interações online, é o caso dos blogs, fotologs e mais recentemente, microblogs e redes sociais. O internetês deixou de ser novidade, mas permanece como linguagem predominante nos ambientes virtuais, principalmente naqueles que exigem rapidez nas interações, consequentemente, anda longe de estar ultrapassado. Esse movimento nada mais é do que reflexo da relação estabelecida entre a sociedade e o acesso à tecnologia”, conclui.

Conheça algumas das gírias mais usadas entre os jovens Boy – Garoto Boyzinha – Garota Marrom – Mais ou menos Muito Pau – Muito bom Mermão – Meu irmão Azul Metileno – Sair de fininho/tomar um fora Ficou na pista – Deu mole em alguma coisa, passou vergonha Vacilou – Marcou bobeira Zoar ou Zueira – Fazer bagunça Dar um rolê – Passear, sair Ei tá preula – Ficar impressionado Queimou meu filme – Fizeram fofoca a respeito de você Rasga – Sai correndo, sai daqui Rasga – Muito rápido Muito louco – Muito bonito, lindo Mina – Mulher Bicuda ou dedão – Chutar a bola com força Porrada – Soco Cabuloso – Muito bom, impressionante, sensacional Mano – Alguém Trampo/Trampar – Trabalho Uma pá de vezes – Muitas vezes Encher linguiça – Encher o saco, falar muito e explicar pouco Busão – Ônibus Komboza – Perua, Lotação Da hora – Muito bonito, da moda Mocréia – Mulher feia Legal – Algo bom, divertido Paga pau – Aquele que admira as coisas dos outros Bater um fio – Dar um telefonema Sarado (a) – Menino (a) muito bonito Ter moral – Certa pessoa que é respeitada em algum lugar Vaza daqui – Saia deste lugar Rolo – Trocar algo Mané – Pessoa desligada

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((

Dá um perdido – Se despistar de alguém A vera, a rodo – Quer dizer que foi muito legal, muito bom Bolado – Situação que você fica quando acontece alguma coisa inesperada Mó comédia – Otário que é cheio de querer Paia – Um cara chato Pela Saco – Cara mala é usado também quando alguém fala qualquer besteira Pode crê – Tá confirmado Massa – legal Só – entendi, pode crer Largar – ir embora Brogoió – pessoa idiota Fuá – bagunça Bater um lero – ter uma conversa séria Carango – carro Pode crê – sim D.J. – disque joquei Bronca – chingar, falar Style – que anda sempre na moda Chegado – Amigo Véi – “Meu” Ex: E ai Véi como é que vão as coisas? Fulerage – Tá de sacanagem ou algo que não presta Grilado – Preocupado Lombrado – Doidão Peba – Roçeiro Ir nas primas – Ir ao puteiro Birita – Bebida Filé – Gatinha Pelada – Jogo de Futebol Zero Bala – Bem conservado Camelo – Bicicleta Esparro – Coisa exagerada Cantar de galo – Querer comandar os agitos Capa o gato – Ir ou mandar alguém embora Descer a lenha – Brigar com alguém Dar um balão – Pegar alguma coisa emprestada e não devolver

Deu bolo – Não foi ao lugar que marcou com alguém Dar o bote – Pegar alguém em flagrante ou roubar alguém Pega-ninguém – Pessoa que não consegue ficar com ninguém K.Ô – Mentira Saca – Entendeu! Tira onda – Chamar a atenção Trocar Idéia – Conversar com alguém Zuar – Bagunçar



entãotá... Neisa Fernandes

neisaflima@yahoo.com.br

Férias de julho, sejam bem-vindas!

Uma das épocas mais bacanas que eu achava do ano era as férias de julho. Eu ficava toda “serelepe”, fazia até dieta (digaê) pra correr pra Caicó e curtir a Festa de Santana. Antes, porém, eu me divertia muito passeando pelo Coelhão (na época era o shopping de Mossoró). A galera adorava ir pra Tibau, eu preferia ficar em Mossoró mesmo, curtindo as férias sem que mamãe pegasse no meu pé pra eu estudar. Ah, outra coisa que eu gostava das férias de julho é que não havia aquela tensão de resultado das provas finais, néam? É que eu, na maioria das vezes, passava

dois anos em cada série. Mudei de turma umas três vezes e posso dizer que isso me fez fazer muito mais amizades e conviver com muitas “tribos” diferentes. Férias de julho tinham sabor de biscoito de chocolate São Luiz (que hoje é BONO) e assistir “Os Jetsons” toda tarde era uma obrigação. A gente cresce e tudo muda, néam? Em julho pode não ter férias, mas podemos deixá-lo com sabor de BONO de chocolate sim e pensar naquela foto da pinup famosa de biquíni, segurando uma bola colorida. Se julho pode ser assim, então tá!

Ana Paula Santos, agora à frente da loja INSIDE, garante vestir as mais belas durante os festejos juninos

E o “Esquenta” pega fogo com a presença loira das gatas Candice Apolinário e Amanda Amorim. Delicinhas...

Luana Gois, Lara Gois, Lorna Rosado, Clézia Barreto, Larissa Gabrielle e Marina Vidal no "Pingo da Mei Dia"

PRONTO,

FALEI!

Dizem por aí que a linda Sarah Barreto anda suspirando de paixão por André Oliveira e o melhor é que está sendo correspondida. Adoro. Dayvid Almeida, apresentador do “Entre no Clima” e cantor da Banda Bakulejo, foi flechado pelo cupido. Anda se dividindo entre Mossoró e Cajazeiras, cidade onde sua Alessandra Firmino reside.

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O dono do “Buteco” mais animado, Georgiano Azevedo, ao lado da linda Lilían Moura

A arquiteta Luana Cibelle e Kleber Silveira continuam felizes e juntinhos. Será que vai rolar casamento? Na torcida. O Salão Ângela Santos Visual, das elétricas Ângela e Ana Paula Santos, está com uma novidade: trate-se de uma cauterização da marca americana Morroconoil. O potinho azul-turquesa faz sucesso entre as globais. Fica a dica! Por onde anda a “lulu” Sâmara Carlos? Apareça, gatinha.

Judith Dantas viveu um dia de modelo e atriz para a gravação do comercial da Ótica Impacto e o resultado ficou bem legal. Tudo pronto para o “1º Twittencontro Mossoró”, que será realizado no próximo sábado (18 de junho) no Pitts Burg. A entrada será 1kg de alimento não-perecível, os donativos serão doados ao Instituto Amantino Câmara.


RIR PARA NÃO CHORAR “Situação complicada passei em 12 de Junho de 2007, estava em Fortaleza passando o final de semana, peguei um voo para Natal do domingo para a segunda, pois precisava fazer a última prova para concluir o curso de Direito. O voo tinha uma conexão em Recife. O voo, apesar de rápido, foi estressante, ora havia cerca de 20 crianças que estavam disputando um campeonato de natação – já viu o barulho e a confusão né?! Quando a aeronave chegou no solo de Recife, eu esperei todos eles descerem, morta de sono cochilei. Acordei com o piloto dizendo "portas fechadas", porta fechada ninguém desce mais. Morrendo de vergonha e preocupada, chamei a aeromoça que me

disse que estávamos indo para Salvador, e foi para lá mesmo que eu fui. Bem, os pilotos me chamaram na cabine, me fizeram um sustão dizendo que eu iria passar o dia em Salvador até que me colocassem em outra aeronave – e minha prova de conclusão do curso?! Resumindo, a cia aérea me arrumou outro voo de volta a Natal, voei de Recife a Salvador na cabine com os pilotos que tiraram muita onda da minha cara. Minha mãe quase pira, quando me ligou e eu estava em Salvador. Cheguei em Natal e fui correndo fazer a prova. Fora o susto, o mico e o medo de não conseguir me formar, adorei voar na cabine, muito bonita a vista” Germanna Amorim, advogada

DEU NO TWITTER!

1 @jozimarjr

Pensei que era uma nova lagoa de captação, mas é só um novo buraco aqui na rua. (Jozimar Jr, publicitário).

2 @mvsmotta

"Seja você mesmo" - Como responder a uma idiotice dessas? "Não, eu prefiro ser o Eike Batista"?

3 @alexmedeiros59

O problema do mundo é que há muito mais seminários, palestras e reuniões do que ações. (Alex Medeiros, Jornalista)

4 @FrasesDitas

"Por que o Marrone não pode pilotar sem ter licença se ele já canta sem ter voz?" (Alexandre Medina)

5 @Falasca

Quebrei todas as regras, só obedeci à placa de Pare e estou parada até hoje (Paola Giovanna)

6 @marcelorubens

Uma que o MEC precisa ensinar: "Vamos se falar? Te ligo meio dia e meio." (Marcelo Rubens Paiva, Jornalista e escritor)

7 @AlinneFernandes Em almoço preparado para as candidatas a miss RN no Kiko’s Buffet, Lenilson, Akio Frota (amo muito), Arthur Caliman e George Azevedo

Por aí e sempre sob flashes, Priscillyana Gondim, Sarah Barreto e Kelly Moraes

DIGA AÍ Perguntamos a duas leitoras (acho chique ter leitora!) suas opiniões em relação ao casamento entre duas pessoas do mesmo sexo. DIGA AÍ! “Sou a favor do livre arbítrio, do direito que cada ser humano tem de fazer suas escolhas. Para mim, o que define um caráter não é o fato da pessoa ser homo ou heterossexual. Fiquei feliz com a decisão do STF sobre o casamento gay. Para mim foi acima de tudo uma questão de respeito....“

(Ivana Linhares)

Ontem fez um ano e eu só lembrei hoje. Sinal que passou... (Alinne Fernandes, Jornalista)

8 @gustavorocha

O homem que consegue decifrar o enigma do sorriso de uma mulher, consegue despi-la com a imaginação. Não há necessidade de short curto. (Gustavo Rocha, empresário).

“Sou contra, mas respeito os gays, e suas opções. O casamento não é um título isolado, traz consigo outras consequências. Quem casa, visa à procriação, mesmo que futura. O casal gay então acabará recorrendo à adoção, trazendo problemas à criança, porque para nossa sociedade (queiramos ou não) é difícil para uma criança perceber que tanto “pai” e “mãe” são pessoas do mesmo sexo.”

(Lara Góis) contexto junho de 2011

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Gritaria

virtual As redes sociais têm sido usadas como ferramenta de ativismo social: novos comportamentos que aproximam e incitam as novas mobilizações

)) O

Higo Lima Repórter

trecho acima tem exatamente 140 caracteres, considerando as letras, espaçamento e sinais de pontuação. Em pouquíssimas palavras, o texto tenta descrever um episódio conhecido na memória coletiva de Mossoró: a derrota do cangaceiro ao invadir a cidade, depois de ter sido negada pelo prefeito, à época, a quantia exigida para liberar um coronel sequestrado. Desde a batalha travada em 1927, muita coisa já mudou na sociedade, principalmente, as práticas de comunicação. A televisão já viveu sua época de ouro, a telefonia se interiorizou pelo país, trouxe mobilidade com os aparelhos celulares e a internet, aos poucos, se ramifica atingindo vertiginosamente a vida da sociedade moderna. Entre o episódio acima e o surgimento da

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rede, há uma distância imensurável, mas que se afunilam no envio de uma correspondência e na efervescência dos fatos. Se o episódio fosse hoje, certamente Lampião não enviaria uma carta ao prefeito da cidade, por sua vez, este conseguiria mobilizar muito mais que 200 homens dispostos a expulsar o bando. Se àquela época Lampião se valeu do papel e da caneta para mostrar sua fúria, a verdade é que as mobilizações continuaram a existir, porém sob aval das novas tecnologias. A mobilidade dos celulares e a interatividade das redes sociais começam a se transformar nas armas adequadas para as mobilizações que surgem nas redes. O ativismo virtual ganhou o mundo e se inseriu na luta pela queda dos regimes totalitários, foi a principal ferramenta da última eleição presidencial no Brasil e, em Mossoró, já deixa suas marcas. Quase três anos depois que o Cine Pax fechou as portas, em 2008, a jornalista @Iuska (Iuska Freire) não poupava reclamações no Twitter(1) pela falta de um Cinema na cidade. Só não imaginava que seus micro-textos de 140 caracteres receberiam uma dimensão muito além de Mossoró. Ela não estava só, tinha do outro lado da rede @AlessonPaiva (Alesson Paiva), @AndersonSilvstr (Anderson Silvestre), @lazarofabricio (Lázaro Fabrício) e uma infinidade de pessoas que alimentavam um perfil no micro-blog e


compartilhavam da mesma inconformidade pela ausência do Cinema. Foi da resumida frase “Devíamos fazer uma campanha #Cinemajá(2)” que a mobilização por uma “telona” na cidade ganhou eco, foi às ruas e se espalhou na rede de forma viral. A jornalista comenta que em pouco tempo um grupo de trabalho voluntário se formou e passou alimentar um blog (cinemajamossoro. blogspot.com), a espalhar e-mails, a manter discussões nas comunidades do Orkut(3), entrevistas e reuniões. E, coincidência ou não, a campanha só não foi além porque, pouco tempo depois, um grupo empresarial anunciou cinco salas de cinema em um shopping da cidade. “A campanha serviu para que os empresários enxergassem que em Mossoró havia sim um público pra cinema. O próprio dono da Multicine chegou a me dizer, durante uma entrevista, que conhecia o protesto”, diz Iuska Freire, comemorando o sucesso da campanha. Antes mesmo de o primeiro longa ser exibido, foi um filmete da jornalista que deu as boas-vindas ao retorno do “escurinho do cinema”. “Reconheci no convite pra gravar a mensagem um reconhecimento do shopping à nossa campanha”. O ciberativismo(4) tem arrastado multidões sem que elas ao menos saiam de casa, basta um clique. O aumento repentino do preço do combustível nos postos de abastecimento do Rio Grande do Norte foi o pivô para uma das mais sólidas campanhas da rede. Com mais de 4.200 seguidores, a twitteira(5) @thalitamoema(TalitaMoema)alimentaoperfil@GasolinaRN(6) que tem feito “barulho” e incomodado os empresários com seus mais de 6.800 seguidores.

Ela explica que depois que os internautas criaram a hashtag #combustivelmaisbaratoja começaram, simultaneamente, um boicote aos postos com os preços mais altos da capital. Não deu noutra! Assim que a iniciativa começou a ganhar dimensão, algumas entidades organizadas como sindicatos, estudantes, políticos e o Ministério Público também criaram um grupo de trabalho para administrar as mobilizações. “Nos reunimos toda semana e traçamos as estratégias de campanha. Uma delas é o #boicotejá, no qual divulgamos toda semana pelo Twitter os postos mais caros no qual o consumidor não deve abastecer”, explica Moema. De forma despretensiosa, o grupo ganhou a mídia nacional e vem conseguindo o principal objetivo: reduzir o preço do combustível. “O Procon acelerou a fiscalização nos postos e depois que começamos a boicotá-los, já percebemos uma diferença nos preços entre as empresas”, ressalta. Em parte dos exemplos que descrevemos, as campanhas surgem aleatoriamente do encontro de internautas que lançam a sugestão e acabam sendo acatadas pelos pares que também se responsabilizam em disseminá-las. Não faz tempo que um usuário do Orkut deixou na comunidade Mossoró(7) uma reclamação por ter sido esbarrado na portaria de uma boate da cidade porque estava de chinela-rasteira. De resposta em resposta, outros internautas compactuaram da ideia de entrar na boate com uma chinela escondida e, no dia seguinte ao episódio, lá estava no avatar(8) dos perfis dos ativistas as fotos com a chinela na mão – e dentro da boate. “Aquela situação foi uma forma de mostrar a indignação da comunidade por aquela atitude”, explica @djbalinha (Apollo Júnior), um dos moderadores da comunidade.

CONTINUA

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Segundo ele, esse não foi o único caso. Também surgiram da comunidade Mossoró boicote a lojas e outros estabelecimentos de lazer. Entre os inúmeros tópicos de discussão da página mantida no Orkut, destacam-se aqueles que denunciam, relatam episódios pitorescos e realizam campanhas: fim dos buracos na malha asfáltica, pechincha de preços, agenda cultural e abusos são alguns dos pretextos para os ativistas cibernéticos. O professor de comunicação Lucas Milhomens apresentou sua dissertação de Mestrado traçando um paralelo entre o fenômeno do ciberativismo e o Movimento dos Sem Terras (MST). Ele acredita que o avanço das novas tecnologias é irreversível e, dessa forma, “é como se [a internet] fosse hoje a ‘espinha dorsal’ de toda a circulação de dados no mundo e, por consequência, da mobilização que é feita através dela”. A proposta do Twiiter é fazer o usuário postar em 140 caracteres algo que responda à pergunta “O que está acontecendo?”. Um questionamento instigante ao próprio fenômeno das redes e que tem desafiado as práticas sociais.

Agende-se “Confraria do Copinho”

Às sextas-feiras Em um bar da cidade Confraternização dos membros do Orkut O local é divulgado na comunidade “Mossoró”

1º Encontro Blogueiros de Mossoró Dia 09 de julho Hotel Villa Oeste @EncoBlogMossoro

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Com a boca no Twitter Se por um lado os internautas não perdem tempo ao se mobilizarem, é cada vez mais recorrente políticos, gestores, empresários e agentes públicos monitorarem perfis nas redes sociais com intuito de se aproximar do seu público. O vereador @lahyre (Lahyre Neto/PSB) está nas redes sociais desde a década de 90, quando elas ainda davam seus primeiros passos. Hoje, ele mantém Mensseger, e-mail, Orkut, Facebook e Twitter agregado ao seu cotidiano – pessoal e político. Além de amigos e correligionários, o público predominante no perfil do Twitter de @lahyre é formado por cidadãos que veem na rede uma possibilidade de aproximação. “A comunidade cobra, aponta problemas da sua localidade, comentam as ações”, diz o vereador, explicando que é na possibilidade da interação que está o seu fetiche pelas redes sociais. E ele não está só, na ilustração ao lado estão o endereço de outros vereadores, políticos e gestores que mantêm perfil no Twitter. Foi graças a essa interação citada pelo vereador que @FrancinaldoRafa (Francinaldo Rafael) teve o problema com recolhimento do lixo no seu bairro resolvido – e com agilidade. Ele encaminhou uma postagem direcionada ao secretário de Serviços Urbanos, Trânsito e Transportes Públicos (SESUTRA), @alexmoacir (Alex Moacir), que também mantém um perfil no Twitter e “ele [Moacir] prontamente respondeu-me com a solução”, garante @FrancinaldoRafa. Com uma conta no Facebook, Orkut e Twitter, Francinaldo comenta que “[as redes] são um ótimo meio de aproximação, pois alguns representantes do povo eram totalmente inacessíveis”. No entanto, o estreitamento da relação entre a comunidade e o poder público já é percebido também na pasta de Moacir, ele diz que diariamente tem recebido tweets(9) cujo conteúdo era, anteriormente, enviado apenas por telefone. “As pessoas nos solicitam serviços e comentam onde estão os problemas. Procuramos atender da mesma forma”, ressalta o secretário, estimando que a Secretaria realiza, em média, 35 atendimentos por dia.

– Rede social na qual o membro escolhe quem quer seguir e passa também a ser seguido por outros membros que recebem suas mensagens de até 140 caracteres. – Expressões escritas com o símbolo # indicam uma hashtag e sinalizam uma mensagem comum a todos os usuários que usarem a mesma expressão com o # – Uma das primeiras redes socias e a que ainda detém o maior número de usuários no Brasil. - Ativismo político, social, ambiental ou cultural que é feito pelas novas tecnologias de informação e comunicação (TIC’s). – A edição de 2010 do dicionário Aurélio traz o verbete “tuitar”. Que, do Inglês, Twitter, significa “gorjeio”, livremente adaptado para o Português como “frases curtas”. – No Twitter, a conta dos usuários são identificadas pelo nome acrescido do @ – Grupos de discussões por temas de afinidade. A comunidade Mossoró, até meados de maio, tinha mais de 32.200 participantes – Imagem que representa o internauta no espaço virtual. – Mensagens enviadas e recebidas pelo Twitter

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pois bem... cesar@defato.com

Lá no posto ipiranga

P

er­gun­ta fre­quen­te fei­ta ao ti­tu­lar da co­lu­na: “a pre­fei­ta Fa­fá Ro­sa­do re­nun­cia­rá o car­go pa­ra a vice-prefeita Ruth Ciar­li­ni ser can­di­da­ta em 2012?” A su­ces­são mos­so­roen­se cor­re a to­do va­por, abar­ro­tan­do o no­ti­ciá­rio co­ti­dia­no com as mais di­ver­sas – qua­se sem­pre de­sen­con­tra­das – in­for­ma­ções. É a in­dús­tria do boa­to ou da de­for­ma­ção. “Ba­lão de en­ saio” – do di­cio­ná­rio po­li­ti­ca­men­te (in)cor­re­to – téc­ni­ca pri­má­ria que não tem ros­tos vi­sí­veis nem vo­zes pa­ra ci­tar, pa­ra po­der ser des­men­ti­do, ou não, con­for­me as con­ve­niên­cias de mo­men­to. O cer­to é que seus per­so­ na­gens – os pre­fei­tá­veis – ini­cia­ram uma es­pé­cie de “cor­ri­da ma­lu­ca”, on­de a úni­ca cer­te­za é o pon­to de par­ti­da. Tra­vam a dis­pu­ta sem qual­quer ro­tei­ro, re­gra ou pro­je­to. É co­mo se dis­ses­se: olha eu aqui, sou pre­fei­ tá­vel. Cru­zar a re­ta de che­ga­da, po­rém, é uma in­cer­te­ za. Tal­vez, e pro­va­vel­men­te, so­men­te a de­pu­ta­da La­ris­ sa Ro­sa­do po­de afir­mar que a sua can­di­da­tu­ra tem um por­to se­gu­ro: a de­pu­ta­da San­dra Ro­sa­do, sua mãe, que man­da e im­põe a can­di­da­tu­ra da fi­lha. Ade­mais, La­ris­ sa é o úni­co no­me da opo­si­ção ca­paz de fa­zer fren­te a um (a) can­di­da­to (a) do Pa­lá­cio da Re­sis­tên­cia. O PT é pa­to mor­to, com to­do res­pei­to à ave da fa­mí­lia Ana­ti­dae. No sis­te­ma go­ver­nis­ta – con­ges­tio­na­do com cin­co no­ mes, nin­guém é de nin­guém ou to­dos são ja­po­ne­ses, co­mo re­za o di­to po­pu­lar, em­bo­ra exis­tam as pre­fe­rên­ cias, sem, con­tu­do, ter a ga­ran­tia que po­de ser pro­mo­ vi­do à cha­pa ma­jo­ri­tá­ria. Os car­deais, eles, sim, é que sa­bem o que es­tá acon­te­cen­do e o que po­de acon­te­cer. O res­to é o res­to. Mas, a per­gun­ta da aber­tu­ra do co­men­tá­rio: Fa­fá re­nun­ cia­rá ou não pa­ra Ruth? Ra­paz, não sei não, é me­lhor per­gun­tar lá no Pos­to Ipi­ran­ga.

Questão de honra

A cons­tru­ção e ins­ta­la­ção do Hospital Maternidade de Mos­so­ró é uma ques­tão de hon­ra pa­ra a go­ver­na­do­ra Ro­sal­ba Ciar­li­ni (DEM), que vai con­ cen­trar to­dos os es­for­ços pa­ra que o pro­je­to ser exe­cu­ta­do até o fi­nal da sua ges­tão. A cau­sa é no­ bre e ur­gen­te. A go­ver­na­do­ra sa­be dis­so. A ci­da­de e a re­gião não su­por­tam mais a de­pen­dên­cia da su­ca­tea­da Ma­ter­ni­da­de Al­mei­da Cas­tro. O gri­to das mães ne­ces­si­ta­das ecoa ca­da vez mais for­te.

negÓcios & Cia

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Gas­tro­no­mia em al­ta

O cres­ci­men­to do mer­ca­do gas­tro­nô­mi­co de Mos­ so­ró co­me­ça a atrair em­pre­sas tra­di­cio­nais do ra­ mo, com atua­ção prin­ci­pal­men­te em ca­pi­tais. Al­gu­mas de­vem de­sem­bar­car lo­go na ci­da­de. O “Man­gai”, re­co­nhe­ci­da­men­te a me­lhor co­zi­nha do Nor­des­te, pre­pa­ra es­pa­ço no No­va Be­tâ­nia. A festfood Bobs abri­rá no West Shop­ping. E o Ca­ma­rões Po­ti­guar es­tu­da um lo­cal pa­ra se ins­ta­lar. Vão se jun­tar às mar­cas co­mo Sal e Bra­sa, Do­na Tê­ca, Pit­tis­burg, Real Bo­te­quim, Bru­ti­nhos, en­tre ou­ tras.

Fan Em­preen­di­men­tos

O em­pre­sá­rio As­sis da Usi­bras es­tá de­ci­di­do a am­ pliar os ne­gó­cios na cons­tru­ção ci­vil. O su­ces­so do re­si­den­cial “Otá­vio Fer­rei­ra”, com 1.400 uni­da­des, mo­ti­vou o do­no do Gru­po Fan a pla­ne­jar no­vos in­ves­ti­men­tos. O imo­bi­liá­rio con­ti­nua cres­cen­do.

Bo­la cheia

O jo­vem em­pre­sá­rio Ser­gi­nho Fá­bio apos­ta no mer­ ca­do es­por­ti­vo pa­ra am­pliar os seus ne­gó­cios. Ele in­ves­te na am­plia­ção da re­de de fu­te­bol so­çaite. O seu Sport Soc­cer já con­ta com três uni­da­des, con­ tem­plan­do os bair­ros No­va Be­tâ­nia e São Ma­noel.

Mudança no Porcino Park Center

O Grupo Porcino Costa está projetando a mudança do complexo de lazer “Porcino Park Center”. Deve trocar a Avenida Lauro Monte pela chamada “Estrada do Óleo”. O parque de vaquejada ocuparia uma área já adquirida pelo grupo. O Park Center dará lugar a um condomínio de luxo.


Palanque eleitoral

Qual a po­lí­ti­ca dos nos­sos rei­to­res? Edu­ca­ção ou a Olha pro amor… par­ ti­dá­ria? Jo­si­vcéu, an Bar­bmeu o­sa, da Ufer­ sa, es­tá to­da ho­ ra no no­ti­ciá­rio fa­lan­do que quer ser can­di­da­to a pre­ fei­to. Nas elei­ções de 2008, es­treou nas ruas co­mo “cabo-eleitoral” de La­ris­sa Ro­sa­do. Co­pia o co­le­ga Mil­ton Mar­ques, da Uern, no­me que fre­quen­ta o no­ ti­ciá­rio po­lí­ti­co. Em 2010, coor­de­nou a cam­pa­nha de Ibe­rê Fer­rei­ra em Mos­so­ró. E como ficam as instituições, que são públicas e de todos? O pau-ferrense Ivonildo Rêgo deu exemplo – que deveria ser seguido – à frente da UFRN durante longos anos.

Ela sabe o que quer Tudo bem. Dona Wilma não é mais a poderosa de antes. Não dá as cartas na política do Rio Grande do Norte, nem mesmo frequenta as páginas de jornais e o noticiário de rádio e televisão como antigamente. Mas, uma coisa ninguém pode negar: ela continua dona do próprio destino. E sabe muito bem o que quer. Na sucessão natalense, já sabe o que vai fazer: emplacar a deputada Márcia Maia como vice de Carlos Eduardo, para salvar o outro filho, Lauro Maia, das garras da “Operação Hígia”, com a sonhada e redentora imunidade parlamentar. Alguma dúvida, meu povo?

Professor fantasma

Desconfio muito dos veementes. Via de regra, o sujeito que esbraveja está a um milímetro do erro e da obtusidade NELSON RODRIGUES Pensador

Vo­cê acha que a Co­pa do Mun­do 2014, em Na­tal, vai be­ne­fi­ ciar Mos­so­ró? E se sair a obra de du­pli­ca­ção da BR-304, vo­cê mu­da de ideia. As ve­zes é pre­ci­so en­xer­gar o que es­tá ao re­dor do pla­no prin­ci­pal, pa­ra não se per­der no sen­ti­men­to menor do con­tra. O em­pre­sá­rio Jor­ge do Ro­sá­rio, do­no da Re­pav e de uma fa­tia con­si­de­rá­vel do mer­ca­do imo­bi­liá­rio de Mos­so­ró, se pre­pa­ra pa­ra rea­li­zar um sonho de vi­da: ser pre­si­den­te da As­so­cia­ção Cul­tu­ral Des­por­ti­va Po­ti­guar (ACDP) pa­ra do­tar o clu­be de um Cen­tro de Trei­na­men­to (CT). Coi­sa pa­ra 2013. Não pas­sa daí. Tá­cio Gar­cia e Ka­ru­me Nas­ci­men­to con­se­gui­ram co­lo­car Mos­ so­ró no cir­cui­to dos gran­des shows. A Me­ga Fest, no iní­cio do ano, e o Mos­so­ró Mix, em no­vem­bro, são even­tos con­so­li­da­dos, que ofe­re­cem ao pú­bli­co atra­ções con­sa­gra­das nos mais va­ ria­dos es­ti­los. Lu­lu San­tos, por exem­plo, es­ta­rá no Mos­so­ró Mix 2011. Jun­to com Skank, ou­tra fe­ra na­cio­nal. Tá­cio e Ka­ru­me são os “ca­ras”. Não tem nenhum no­me, bem con­cei­tua­do na ci­da­de, in­te­res­ sa­do em dis­pu­tar uma va­ga na Câ­ma­ra Mu­ni­ci­pal de Mos­so­ró. Pe­lo me­nos, até aqui, nin­guém com es­se per­fil se ma­ni­fes­tou. Se­rá que as pes­soas de bem es­tão achan­do que o Le­gis­la­ti­vo não é um exem­plo pa­ra quem quer ser­vir ao po­vo? Is­so preo­ cu­pa, uma vez que a Ca­sa vem pio­ran­do a ca­da le­gis­la­tu­ra. A Pre­fei­tu­ra pre­ten­de man­ter uma mí­dia per­ma­nen­te do Mos­so­ró Ci­da­de Ju­ni­na. Uma for­ma de re­for­çar a ima­gem do even­to, que cres­ceu, mas é pou­co di­vul­ga­do além dos li­mi­tes do Rio Gran­de do Nor­te. A agên­cia ARTC, do com­pe­ten­te Ar­ tu­ro Ar­ru­da Câ­ma­ra, se­rá res­pon­sá­vel pe­la cam­pa­nha pu­bli­ ci­tá­ria. O JOR­NAL DE FA­TO se pre­pa­ra pa­ra al­çar no­vos voos, sem per­der a mar­ca da qua­li­da­de e do Jor­na­lis­mo de Ver­da­de. O jor­nal pas­sa­rá por mu­dan­ças pon­tuais, de­ven­do re­ce­ber tra­ ços mais mo­der­nos, acom­pa­nhan­do a no­va fa­se do jor­na­lis­mo im­pres­so. Se­rá uma eta­pa im­por­tan­te pa­ra con­so­li­dar a pro­ pos­ta do bom jor­na­lis­mo. Os no­vos pro­je­tos es­tão em fa­se de ela­bo­ra­ção, de­ven­do ser exe­cu­ta­dos no se­gun­do se­mes­tre des­te ano.

Q

uase 50% dos professores da rede estadual de ensino não frequentam as salas de aula. Estão à “disposição” de algum órgão, a pedido de um político amigo. São os chamados “grevistas” permanentes, que ganharão o mesmo reajuste salarial dos grevistas de luta. Não é justo. O governo tem a obrigação de acabar com essa distorção. O momento é oportuno. As salas de aulas estão de portas abertas. contexto junho de 2011

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r Ate

ue o v ; no ada mo, ica e e r déc alis rát s al ma ion , a p , c lo últi iss no ias a f a nç na pro um dem até a d h ca iu do se r A u e a l o n l d o ev stra e ca m de ida s o m ixão , alé iver os pa ade , un gios s v in ola reli c es pos u gr

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, ró so de s o a e Mó Cid ens d g aís ssor ona mu P s s o no M per iro pro las es do eus ade de Baa l e B f s rd au de -che a de e ve o gr va d ltura a a u s e h cu o d uv ro fad ia d Ch s car gra mór eleza do “C ário Aut sse o e b m o ere na ul do reo nd tác um a co e à m ha a . Alé cale zia e e int que de e t t n p es omo danç eme ma ntes s no a Lu cen a-se iam tua c s r l a o t r t r e m s r id an va cu s, g ti s, do na za em e no iano inte nser e S um c , es que s de mia a i l i u d a d a s e s o ró a ,t ide ina nfo q woo seu ulos ório par sso anç ont acad pen o p n Ju tru olly o de etác Orat rine M de d de os e uem t um ais h lism esp o o e vi l. Em pos ndos gios -se q r”. a os m a d c a li ru u o i n s sio tr co em loc e g ori s re gan cal fis ”, ou de, serv ança trez são upo s en se “ s las cida ade, e d tam tes e s, gr . Ma ve e a s e o e a i n d c t t d i d er ús ex ra da vis re Lib la m hoje integ ersi ais mp e pe ade inte univ r jam de s cid z a v las, vigo cida o de esc ndo na , ra ça a r st an o d m ea qu

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Cena do espetáculo “Nos destinos” do Grupo Diocecena – 2009

Já se vão vinte e poucos anos que um movimento em prol de um espaço para manifestações culturais dominou Mossoró. O “Movimento Caiçara” mobilizou atores, músicos e dançarinos em uma busca vitoriosa do que hoje é considerada a maior casa de espetáculos do Rio Grande do Norte, o Teatro Dix-huit Rosado. Mas o Movimento Caiçara não serviu apenas para mostrar a ausência de uma casa de espetáculos profissional na cidade, serviu para revelar à população de forma mais contundente uma classe artística viva e com muito fôlego, “Era um movimento intenso. Sentíamos que existia muita vontade e pouco espaço, acredito que a partir daí a profissionalização de vários setores da arte local tomou mais corpo”, explica a gerente executiva de Cultura do Município de Mossoró, Clézia Barreto – uma das integrantes do movimento e precursoras da dança profissional em Mossoró. Entretanto, os primeiros passos da dança local começam bem antes desse movimento nos idos ainda da década de 70. “Foram muitas as dificuldades, eu mesma fazia curso de educação física na Uern (Universidade do Estado do Rio Grande do Norte) e aulas de ballet em São Paulo, além de outros cursos específicos”, conta a professora aposentada de dança Cleia Maria, acrescentando que antes do início de sua profissionalização, a dança nascia apenas da “intuição”. O desejo e a paixão pela dança de Cleia a fez uma das precursoras de todo esse espetáculo atual. Em 1977, no Clube ACDP, Cleia dirigiu aulas de dança onde os primeiros trabalhos surgiram. Após virar professora universitária, Cleia levou sua experiência com a dança para o seio universitário da UERN e o resultado disso foram 28 espetáculos, sendo 18 feitos através da academia e 10 espetáculos ligados ao projeto universitário, “Oficina de Dança”. “O fruto desse trabalho é muito gratificante, pois vi surgir uma continuidade a partir de integrantes de nosso grupo”, diz ela. Mas a cena local não se restringia às mulheres, no mesmo período e tendo, inclusive, feito parte do grupo da Academia Cleia Maria, o professor Boanerges Perdigão Júnior enfrentou “forte preconceito de uma sociedade” que não via com bons olhos homens desenvolvendo arte. “Meu pai era um excelente dançarino de tango e bolero, cresci vendo-o fazer performances na antiga churrascaria O Sujeito. Além de me encantar ao ver filmes com Fred Astaire (dançarino e ator) e Lennie Dale (bailarino e coreografo da década de 70)”, conta. Hoje atuando na Gerência de Cultura de Mossoró, o professor e bailarino opina que “o profissionalismo chegou a duras penas, mas hoje a cidade já conta com isso”. CONTINUA

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Boarneges Perdigão, que após um início enfrentando preconceitos, é hoje um dos fomentadores da cultura local

Essa guinada na dança local rumo ao crescimento começou para muitos na década de 90. Naquele período nascia, pela então professora de dança e também psicóloga recém-formada Clézia Barreto e Boarneges Perdigão, o grupo Cena Aberta com 12 pessoas. Clézia conta que, devido à luta da classe artística por um teatro, eram muitos os caminhos que a arte mossoroense seguia e em um desses projetos, junto com o

Entrevista

Grupo de Teatro Nocaute à Primeira Vista, o Cena Aberta lançou o histórico espetáculo “Nós, vozes e elos”, que unia teatro, dança e música. “Foi uma experiência maravilhosa, fizemos o Nós junto com o Nocaute e o nosso espetáculo próprio intitulado Estado de Coisas”, explica. “Foi um estopim de uma era. Após isso eu abri o Studio de Dança Clézia Barreto e o campo, que já havia sido aberto por Cleia (que nesse período fundou o grupo de dança Grutun pela Uern), começava a se expandir”, diz Barreto. No início do novo século, Mossoró via nascer seu teatro e novos talentos de uma dança agora com requintes profissionais ganhavam a vida. A partir de experiências e novas visões de trabalho, o Cena Aberta era agora o Gesto Cia de Dança e novos grupos pipocavam pela cidade e expandiam seus horizontes chegando, inclusive, às escolas. Em 2006, a professora de dança Roberta Shumara fazia nascer no Colégio Diocesano Santa Luzia – um dos mais tradicionais da cidade – o grupo Diocecena, “A ideia nasceu de uma iniciativa da Prefeitura de Mossoró, com o prêmio fomento que patrocinava a produção de novos grupos”, conta. Com o espetáculo “Chico Buarque por extenso” nascia um dos grupos de dança já considerados tradicionais em Mossoró. “Trabalhar em escola difere da academia. Na escola formamos para vida e não em bailarinos, é sempre tentar fazer algo profissional, sem a cobrança de ser profissional”, explica Shumara. Mas a evolução da dança local ia muito além das mulheres. Em 2003, um garoto se destacava em meio a tantos não menos importantes, nas apresentações de quadrilhas do Mossoró Cidade Junina. Hycaro Mendonça ganhou naquele ano não apenas o título de rei

Hycaro Mendonça

‘É essa paixão que me motiva, que me transforma quando eu subo ao palco’ CONTEXTO – Como você se define dentro da dança em uma única palavra e porque? Hycaro Mendonça – Apaixonado! Por que em muitos momentos não ganho nada para fazer trabalhos relacionados à dança, e nem por isso deixo de fazê-los. Pelo contrário, estou dentro, inteiro. É essa paixão que me motiva, que me transforma quando eu subo ao palco. Costumo dizer, e isso é algo dito por muitos artistas, que não somos nós quem escolhemos a dança, é ela que nos escolhe. Então se fui escolhido, eis-me aqui!

MINHA mãe relata que aos 4 anos de idade eu já ficava tentando imitar Michael Jackson. E que a partir daí ela percebeu que a veia artística existente na família estava em mim. Meu avô era músico, minha mãe sempre dançou em grupos, festas, escolas de samba e também era atriz. Então, acredito que foi de forma natural que a dança foi entrando em minha vida. Aos 8 anos, além de já fazer teatro eu também participava de quadrilhas de bairro. E fui crescendo dentro desse mundo "quadrilheiro" que me levou a ganhar o título de Rei Mossoró Cidade Junina no ano de 2003.

COMO teve início seu interesse pela dança?

SABEMOS que você foi o responsável pela core-

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1 – Boanerges em cena: Espetáculo Mosaicos 2 – A professora Cleia Maria nos primeiros passos

em sua academia na década de 70 3 – Grupo Diocecena em apresentação no Memorial da Resistência 4 – Com passos inovadores, o espetáculo Carcará de 2011 foi um desafio aos jovens estudantes do Colégio Diocesano 5 – Espetáculo “Nos Destinos”, do Diocecena, na lente de Ricardo Lopes 6 – A atual gerente de Cultura de Mossoró, Clézia Barreto, e seu eterno par, Boarneges Perdigão, no palco 7 – Estudantes do Colégio Diocesano em mais um ato de “Nos Destinos” 7 – O mundo dos Beatles também serviu de pano de fundo para mais um musical do Diocecena

do evento ganhava também a atenção de Clézia Barreto, que enxergou nele “uma possibilidade de futuro na dança”. Ele conta que enfrentou inicialmente dificuldades: “Meus pais são separados, e existia uma rejeição por parte do meu pai. Minha mãe não, pois ela via que poderia dar certo, que eu poderia ter futuro. Mas meu pai nunca acreditou. Hoje não mais. Sou apoiado por ele e por toda minha família. Nós artistas levamos a nossa arte como um trabalho. Às vezes esse trabalho não é reconhecido, apesar de hoje já existirem muitas mudanças, mas continuamos tentando até que um dia tudo se encaixe” explica ele. Hycaro é um dos bailarinos da Gesto Cia de Dança e o coordenador responsável pela coreografia do espetáculo “Chuva de Balas no País de Mossoró” edição 2011. “É uma evolução constante”, resume Clézia, acrescentando “que graças a Deus” é um caminho de crescimento sem volta. “Esperamos iniciar ainda em 2011 o projeto piloto da Escola de Artes de Mossoró, o que acredito será o grande propulsor das artes no município, sem dúvida a dança trará muitas alegrias a nossa cidade”, finaliza.

ografia do espetáculo Chuva de Balas deste ano. Quais as dificuldades de produzir um evento como esse? ALÉM de muito gratificante e enriquecedor, uma responsabilidade enorme. Buscamos a interpretação e uma inovação no quesito coreográfico. Minha inspiração se deu no dia-a-dia, em conversas com as pessoas, em ver movimentos do cotidiano e poder desconstruí-los. Minha felicidade foi tamanha e espero ter transferido o melhor neste trabalho, que com certeza foi um marco em minha carreira.

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Cozinha Prática Simplificando as formas de cozinhar

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Angelina Tavares*

lá leitores, recebi o convite para fazer parte da equipe Contexto, o que me deixou superemocionada e com um desejo imenso de agradecer a nossa parceria. Que possamos assim sim-

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esão sã Dica 1s Cones de Tuile, feitos de ps adrm eliciard e inhos e d

locar seu Vamos ao dientes: ntos para co ro P s. so o ote os ingre n A r? charm o b sa plosão de se com a ex X) para 20 (PA Rendimento rmesão 100g de Pa ota 100g de ric á) xícara de ch /2 (1 o ã Lim cl de chá Leite - meia Salame . Maçã Verde multicota em um ri e o sã e che parm e de limão. Fe s : Colocar o u o q ss to a p m a u e o e o Pass te o leit erde em cub r. Depois jun ue a maçã v q lo o processado c . e o h e n m ti com sala elicioso pra a pasta feita ntinho um d ro p á st E ! to dentro. Pron

Dica 2 po tirando a pele de amendmo?im,

ncorda Perder tem so, vocês co ro ze ra p é o isso nã , escorra e pido, molhe rá is a m a sc doim molgrãos da ca rá no amen a d ru g l Para tirar os sa (o roondas na sal a gosto leve ao mic e o ri tá a acrescente fr re uma colher que em um utos. Com in m 3 hado). Colo te n s. Deixe esa (Hi), dura is 3 minuto a m e u q potencia alt lo o misturar e c microondas. mexa para parelho de a o ri p ró p o friar n

plificar a forma de cozinhar. Meu nome é Angelina Tavares de Oliveira, Personal Chef - graduada em Gastronomia pela Universidade Potiguar. Residindo em Mossoró desde outubro de 2010, adotei a cidade de corpo e alma. Afinal, moramos na capital do Oeste Potiguar, município hoje com enorme potencial para investimentos no setor gastronômico. Apesar da fama de cidade do petróleo, o município dispõe de muitas riquezas naturais. E falando em riquezas naturais, julho está chegando, dessa forma aproveite as férias e faça um passeio por tudo que há de melhor na terra de Santa Luzia. Passeios à parte, o mês de julho também é a época perfeita para aquela reuniãozinha com os amigos. Aproveitando o clima e excesso de calor, vamos caprichar no consumo de água e seguindo uma dica: abuse no suco de melancia, nela contém 95% de água e ainda traz vários benefícios; protege o coração, faz os rins funcionarem bem, tem baixa caloria, não contém colesterol, nem gordura, que são encontrados a cada 100g da fruta apenas 25 calorias. Mudando um pouco o contexto de hidratação, vamos direto ao charmoso ato de receber amigos. Diz a história que o alimento para o homem, a princípio, era tido como meio de satisfação alimentar, servindo somente para a sobrevivência e evolução. Atualmente, os rituais de integração e prazer que a gastronomia nos proporciona são uma válvula de escape para o estresse da vida humana. Alia-se a essa satisfação comidinhas simples e com baixa caloria, dando um tom para uma alimentação divertida e saudável neste período.

* Personal Chef, formada pela Universidade Potiguar / E-mail: angelina_cheff@hotmail.com / (84) 8852-5488

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SérgioChaves sergiodefato@gmail.com

Boas Novas

Quando o jornalista César Santos, diretor-presidente do Jornal de Fato, me convidou para este novo projeto, que leva o nome da nossa coluna dominical, não pensei duas vezes. Afinal de contas é um novo canal de comunicação que abrimos com nosso público e, vamos concordar, com uma equipe das melhores. Profissionais comprometidos e super competentes. A Contexto chega cheia de novidades e com um novo conceito, uma revista leve, com conteúdo e, claro, com detalhes únicos. É isso. É Contexto. Boa leitura e até a próxima edição!

Bodas de Ouro Já não é segredo para ninguém, mas a coluna não podia deixar de prestar uma homenagem aos amigos Élder Heronildes e Zélia Macedo, que neste ano comemoram 50 anos de casados. São 50 anos de alegrias, respeito, afinidades, amor e companheirismo de um casal atuante e comprometido com a sociedade em que vivem. Além de tudo, eles conseguem ser presentes, atenciosos e amigos. São duas jóias raras. Parabéns! Walterlin Lopes com Melina, Fátima e Wálbia Carlos na I Expo Garbos

Sergiochaves.com Denilson Paiva e a sua DS Digital fizeram um excelente trabalho e apresentaram na nossa promoção “Sérgio Chaves 4.6”, o nosso www.sergiochaves.com totalmente reformulado. Agora tudo está mais prático, mais limpo e fácil de acessar. E oferecendo o melhor serviço de cobertura fotográfica da região, com fotos no ar em menos de 24hs., após o evento, além da novidade de poder transmitir o seu evento ao vivo para o mundo todo. Interessou? Informe-se pelo (84) 9471 5376 ou pelo sergiodefato@gmail.com.

Cidade Junina O Mossoró Cidade Junina chegou a sua décima quinta edição e prestou uma homenagem mais que justa ao professor Gonzaga Chimbinho, ex-presidente da Fundação Municipal de Cultura, e que comandou o evento no seu início. Como sempre, o Camarote Thermas foi o point da galera mais badalada, com shows exclusivos.

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Élder e Zélia: 50 anos de casados


Colunistas Tica Soares e Wandilson Ramalho

Festa e blog em Caraúbas E já virou tradição. Anualmente os amigos Tica Soares e Wandilson Ramalho abrem as portas de sua bela residência em Caraúbas, no dia 16 de junho, para receber familiares e muitos amigos para um café da manhã em comemoração ao aniversário dela. Este ano, Wandilson aproveitou a data e lançou oficialmente o seu blog, que promete, também, fazer muito sucesso. Parabéns!

SOBE A diversidade cultural do Mossoró Cidade Junina. Além do forró, carro-chefe do evento, o MCJ oferece ótimas opções para se curtir MPB, jazz, teatro e dança.

DESCE O trabalho da Gerência de Trânsito. Os carros alternativos voltaram a tumultuar o trânsito já caótico do centro da cidade e os “amarelinhos” assistem a tudo na maior tranqüilidade.

Rápidas O espetáculo “Chuva de Bala no País de Mossoró”, com direção de João Marcelino e música de Danilo Guanais merece ser visto várias vezes. Este ano João fez algumas modificações que valorizaram e muito o texto de Tarcísio Gurgel. As apresentações acontecem de quinta à domingo, sempre às 21hs., no adro da Capela de São Vicente, até o dia 26. Fátima Carlos, a estilista número um da cidade, recorreu a arquiteta Melina Carlos e colocou em andamento uma super reforma da sua Maison, localizada no Abolição. Até agosto o espaço será reinaugurado. José Carlos Rego e Beth entregaram à cidade um moderno espaço de recepções e eventos no final de maio. O Garbos Recepções é majestoso. Pudemos conferir na I Expo Garbos, que aconteceu nos dias 30 e 31 de maio, reunindo parceiros do RN, PB, PE e CE. Na Expo Garbos, o mago das lentes Ricardo Lopes, aproveitou para lançar a segunda edição do seu Guia Festas – Mossoró. Material de primeira com todas as informações para quem pensa em realizar um grande evento. E os sites de compra coletiva, que tomaram conta do Brasil, já é febre em Mossoró também. A coluna deu uma olhada em todos que estão no ar e chegou a conclusão de que o Peixe Urbano se destaca no mercado, oferecendo sempre ofertas e opções diversas. Confiram! As arquitetas Ana Luíza Borges Soares, Narjara Souza, Doriana Bulamarqui e Priscillyana Gondim estiveram em Sampa no início do mês. Além de participar da Casa Cor SP, as bacanas conferiram os espetáculos e shows em cartaz e se deliciaram com a expo “Os Anos Grace Kelly – Princesa de Mônaco”, em cartaz no Museu de Arte Brasileira em Higienópolis. contexto junho de 2011

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SérgioChaves

Cobertura de Eventos

Sérgio Chaves 4.6 – 14/maio – Kiko’s Eventos

Fotos: Marcelo Bento

O colunista recebendo os amigos Richardson Castro e Carla Iara

Casais Aluísio/Iêda Freitas com a prefeita Fafá Rosado e o deputado Leonardo Nogueira

Casais Nílson Brasil/Ione e Iara/Nelson Chaves

As deputadas Larissa e Sandra Rosado com Poliana Simas

Casal Mara/ Frank Felisardo

Delvaí e Delvací Valdes de Murilo

Os noivos Alexandre e Andréa no bolo de Georgiana Dantas

Isadora e João Gentil

Valme e Pedro Almeida

Cláudia e Afrânio Leite

Fotos: Eduardo Kennedy

Chá Colonial de Walterlin Lopes – 25/maio - Requinte Buffet

Walterlin com d. Ivone Lopes

Fotos: Toinho Dutra

Fotos: Eduardo Kennedy

O casamento de Andréa e Alexandre – 21/maio – Capela de São Vicente/Requinte Buffet

Lisboa com o deputado Ricardo Mota, presidente da AL

Cleide e Sílvio Araújo

Detinha Reis

Aninha Borges Soares e Mary Simone Barrocas Rosado

Rafaella e Nilda Costa

A Festa dos Destaques de Lisboa Batisata – 28/maio – AABB/Pau dos Ferros

Casal prefeito Leonardo Rego/Érica

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Casal vice-prefeito Fabrício Torquato/ Renata

Casal Newton Figueiredo/Maria José

Lisboa com Andréa Medeiros



Fa mí lia Todos são iguais perante o amor Aos poucos, os tradicionais álbuns de família têm evidenciado uma modificação significativa no conceito moderno da instituição familiar

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Higo Lima Repórter

papel de cada membro dentro da estrutura nuclear de uma casa formada pelo pai, a mãe e os filhos começa a se alterar e uma figura sempre tem se repetido nas reuniões familiares que preenchem a vida dos novos casais: os filhos ladeados por dois pais ou por duas mães. Não é mais suficiente a legenda “o aniversário do Pedrinho”, pois as novas recordações fotográficas requerem descrições muito mais minuciosas para evidenciar quem é quem na família homoafetiva que começa a ganhar notoriedade e a conquistar espaços igualitários, ainda que timidamente. Pela primeira vez, no Censo 2010, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mapeou essa minoria que já soma mais de 60 mil famílias brasileiras compostas por pessoas do mesmo sexo. No entanto, ainda à sombra do preconceito e da intolerância, ativistas acreditam que, na realidade, esse número é bem maior que os da estatística. A verdade é que escondidos ou não dos apontamentos sociais, as famílias homoafetivas não têm medido esforços para assegurar um lugar ao sol da mesma forma e com os mesmos direitos devotados às famílias tradicionais (pai, mãe e filho), inclusive se valendo do amor como argumento para legitimálas. As lutas para salvar a instituição familiar já mostraram que o amor não tem cor, nem status social. Agora, a batalha da comunidade GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais) é para mostra que o amor também não conhece a fronteira dos sexos. Um importante passo foi alçado no começo do mês de maio (dia 5), quando o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu por unanimidade a união estável por pessoas do mesmo gênero. Sem abrir mão da sisudez e da formalidade típica da mais alta corte jurídica do País, os ministros justificaram seus votos com palavras articuladas à luz da poesia e com argumentos regados a densa discussão filosófica. Franciscos não poupam atenção e carinho à filha Fernanda

CONTINUA

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Quando a ministra Cármem Lúcia explanou que “a afeição nutrida por alguém é o que há de mais humano em cada um”, ela não imaginava o quanto suas palavras, subjetivadas pelos pronomes indefinitos “alguém” e “cada um”, são humanizadas na história do casal Francisco das Chagas (33 anos) e Francisco Bezerra (35 anos). Eles se conheceram há 10 anos na capital do Rio Grande do Norte, Natal, mas vivem hoje na região Oeste do Estado, na pacata cidade de Serra do Mel, com pouco mais de 10 mil habitantes. O que era para ser um relacionamento com os desafios e percalços de um namoro gay, logo se transformou em uma união estável e, hoje, os Franciscos não dividem apenas o mesmo nome, mas também a mesma casa, os mesmos planos de vida e a criação da pequena Fernanda Almeida Lima (8 anos). “Somos uma família completa!”, defende Bezerra sem esconder a felicidade de ter conseguido, na Justiça, a guarda da sobrinha biológica depois da morte de seu irmão. Como toda família estruturada, a chegada da criança era minimamente planeja pelo casal, embora o destino de Fernanda junto aos tios tenha sido uma peça do acaso. “Há muito tempo pensávamos em adotar um filho, uma vez que já moramos juntos há muito tempo e temos um relacionamento consolidado. A chegada de Fernanda foi um presente porque, de certa forma, ela faz parte do nosso sangue”, explica Chagas. A garota chegou à casa dos Franciscos modificando toda a rotina deles, que antes viviam como solteiros e até administravam uma boate. Hoje, no entanto, preenchem uma nova casa totalmente desenhada para a família, na qual Fernanda tem um quarto somente seu recheado de bonecas, localizado estrategicamente ao lado da alcova dos pais, já para facilitar o acesso em caso de doença ou qualquer outra emergência. Os dois tiram o sustento da família de um salão de beleza e uma academia, mas a primeira obrigação da família é o café da manhã antes de Fernanda seguir para a escola. “Nos conhecemos e logo fomos morar juntos. Tínhamos uma vida de solteiro muito agitada que foi desacelerando à medida que Fernanda chegou na nossa história”, relembra Chagas. E é no dia-a-dia que a história de toda essa família vai se construindo. A rotina do salão de beleza se divide com as obrigações da casa. Além de ir deixar e buscar a filha na escola, os Franciscos participam da vida escolar; vão às reuniões, ensinam tarefa, deixam na aula de reforço e acompanham a evolução da garota. Ainda tem o almoço, a janta, o lanche da tarde e os passeios para darem conta. “É uma maratona porque não temos mais condições de fazer nada sem planejar. Se Fernanda não puder ir conosco, é

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preciso saber com qual tio deixar, explicar os horários das refeições, os gostos, enfim...”, pontua Bezerra. Descrevendo assim, até parece ser tudo muito normal. E seria se a rotina dos três não fosse, corriqueiramente, quebrada por um curioso que insiste em perguntar e demonstrar estranhamento pela forma “diferente” com a qual eles vivem. Eles explicam que vez por outra alguma mãe ousa a indagá-los como é criar uma criança na situação deles, “além dos olhares tortos, a desconfiança, a incerteza quanto ao futuro de Fernanda divide as dúvidas”. Impossibilitados juridicamente de casarem, Francisco das Chagas e Francisco Bezerra já haviam firmado um contrato em cartório antes mesmo da decisão da Suprema Corte. Porém, eles querem mais e já planejam entrar com pedido de união estável logo em breve. “Tudo que construímos foi juntos. Se algo acontecesse com um de nós, não era justo correr o risco de um embate familiar que desamparasse o outro. Hoje, no entanto, temos Fernanda a quem deixar nossa herança, mas nem sempre foi assim”, desabafa Chagas. O casal já tem a guarda provisória da garota, espera a definitiva e já faz planos para a adoção de um segundo filho. Os relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo abrem discussão que adentram a diversas áreas. O judiciário deu um passo no reconhecimento da união estável, mas que ainda não tem valor de casamento, segundo explica a ex-desembarcadora Maria Berenice


Entrevista Dias, especialista em Direitos Homoafetivos. Segundo ela, essa é uma conquista que deve partir do Legislativo através de uma Lei específica que regulamente a atual situação. Em contrapartida, é justamente no âmbito parlamentar que os ânimos se acirram. Enquanto a Frente Parlamentar pela Cidadania GLBT encabeça a luta pela legalização do casamento homoafetivo e endossa o projeto de criminalização da homofobia, as reações mais radicais partem da Frente Parlamentar Evangélica e da Família, que tem na figura do deputado federal Jair Bolsonaro (PP/RJ) seu maior defensor, inclusive, trazendo para o debate o teor religioso. Bolsonaro não mediu palavras para criticar o STF depois da decisão e, pelo seu Twitter, provocou a comunidade religiosa incitando que “o próximo passo será a adoção de

crianças por casais homossexuais e a legalização da pedofilia”. O presidente da LGBT, Toni Reis, ignora o radicalista, enquanto pondera que “a equiparação de direitos entre casais homoafetivos e heteroafetivos não vai, sozinha, aumentar ou diminuir a felicidade, mas ela nos dá a segurança que precisamos nos momentos de infortúnio”, diz ele. A formação dessas novas famílias brasileiras tem polarizado o debate entre aqueles que pregam a falência da instituição familiar e questionam a educação de crianças por casais gays e lésbicas; todavia, no outro extremo, os entusiastas lutam por uma existência harmônica das minorias homossexuais, defendendo a liberdade de escolha individual e a igualdade dos direitos.

Entrevista – Janaiky Almeida*

“Família é uma construção social” CONTEXTO – Pode-se falar em uma reconfiguração do padrão de família? JANAIKY ALMEIDA – Claro! A formação familiar é uma construção social e sempre se modificou com o tempo e de acordo com cada cultura. O modelo de família nuclear como conhecemos, formado por pai, mãe e os filhos, tem um percurso histórico determinado e está relacionado ao conceito de propriedade privada: quando foi preciso determinar para quem ficariam os bens, a herança. Daí vem também a monogamia.

MUITOS preveem uma “falência da família”, isso se confirma? A UNIÃO a partir do Homem e da Mulher é o que temos culturalmente aceito e sempre que algum parâmetro de “normalidade” é quebrado, a sua essência é discutida. Foi assim quando no final dos anos 70 [século XX], o Governo aprovou a Lei do Divórcio, logo alegaram o fim do casamento. Ora, com a relação entre pessoas do mesmo sexo há a formação de novas formas familiares e não a exclusão das que já existem.

SE HÁ essa variação, então por que há tanta resistência a aceitação das famílias homoafetivas? PORQUE existe um modelo familiar predominante, legitimado por instituições como a Igreja, por exemplo, ao qual temos como “normal”. Na nossa sociedade reconhecemos a “Heteronormalidade” da família constituída a partir do Homem e da Mulher. Dessa forma, todas as manifestações alternativas de família são consideradas uma “transgressão” a esses valores já impostos.

COMO explicar, então, essa relação tão dinâmica e diversificada do ser humano? VEJA bem, nascemos macho e fêmea, isso é determinado biologicamente. No entanto, nos tornamos Homem e Mulher através de uma construção social, prova disso é que no Brasil não se concebe a ideia de um homem de saia, coisa que na Escócia é completamente normal. O “ser homem” e o “ser mulher” é relativo a cada cultura. Outra questão é a identidade de gênero, quando o homem se ver ou não com a identidade masculina, e a mulher com a identidade feminina. O travesti, por exemplo, ele nasce macho, mas se reconhece como mulher... As pessoas tendem a misturar essas ideias com a vivência da sexualidade, que já é outra questão. Todos nós temos uma orientação afetivo-sexual, que está relacionada com o desejo/atração por pessoas do mesmo sexo (os homossexuais), do sexo oposto (os heterossexuais) ou de ambos (os bissexuais).

MAS a decisão do STF é um avanço nesses valores? CLARO! O Judiciário permite que parte da responsabilidade do Estado seja cumprida. Porém muito ainda deve ser feito porque o tratamento dado à comunidade LGBT não é igualitário - a impossibilidade do casamento é um exemplo. Essa é uma luta organizada que deve enfatizar as atenções para o Congresso e o Senado além de cobrar do Estado a quitação de uma dívida: o combate à homofobia, o reconhecimento da diversidade na Educação Estatal e várias outras políticas públicas.

CONTINUA

* professora do Departamento de Serviço Social da UERN (FASSO) e membro do Núcleo de Estudos da Mulher (NEM)

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Flávio Tácito em viagens com o filho Miguel

O arcanjo dos Silvas O Rio Grande do Norte é o quarto Estado com maior número de casais gays no Nordeste. Segundo dados do Censo 2010 realizado pelo IBGE, já são mais de 980 uniões alternativas e a novidade também veio para outra modalidade de famílias: as monoparentais, aquelas famílias compostas pelo filho e apenas um genitor. A composição monoparental pode ser formada também através da adoção. Foi o que fez o vereador Flávio Tácito (PSL), que adotou como pai solteiro o pequeno Miguel, um anjo que se anunciava pelo nome. Hoje, a rotina de parlamentar, liderança comunitária e membro ativo da Igreja é interrompida diariamente para se render aos mimos de Miguel. O sonho de adotar uma criança vem de longa data, porém apenas há dois anos ele deu entrada com pedido na Vara da Infância e Juventude. Depois da maratona de documentação para viabilizar o processo, recebeu a triste notícia de que não havia crianças disponíveis para a adoção, teria que esperar na fila. “Para um devoto de Nossa Senhora de Fátima, eu tinha a fé de que a minha vez chegaria rápido”, diz ele. E chegou quando uma amiga avisou que depois de criar sete filhos abortaria o oitavo, caso ele não aceitasse criá-lo. “Na hora fiquei em choque e acreditei que ela fosse ter e criar a criança”, comenta. Para sua surpresa, no exato dia 13 de maio de 2010, enquanto decorava o andor de Nossa Senhora de Fátima para a procissão, o telefone de Flávio toca com a notícia de que seria pai, uma vez que Miguel iria nascer. “Fiquei muito nervoso e sem ação. Mas agilizei tudo, corri para o hospital e dei toda assistência à mãe”, relembra o vereador depois de um ano. A criança ganhou um novo pai, um lar e passou a ter três famílias: a do pai, a da mãe biológica e a adotiva.

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“Miguel é criado com muito amor por mim e tem contato com a mãe e os demais irmãos. É uma relação harmônica e saudável para ele”, justifica. Católico convicto, o vereador devota ao filho as graças de um milagre, pois “ele mudou completamente a minha vida. Estou mais estimulado, mais preocupado com minha saúde em função dele. Tenho hora para todas as refeições e, ao chegar a casa no final de um dia estressante, é uma terapia encontrá-lo sorrindo, brincando...”. Miguel já ensaia os primeiros passos; já falou a primeira palavra (Papai); o primeiro aniversário já foi comemorado com as crianças da rua e tudo é carinhosamente registrado no álbum de fotografia da família. O pai de primeira viagem já superou as primeiras incertezas, porém não para de imaginar as conquistas que ainda irão vir. “Já me informei sobre creche, e até procuro me preparar para as perguntas que ele irá fazer um dia”. Segundo o pai adotivo, hoje a mãe biológica lhe agradece por ter evitado interromper a vida de Miguel e ainda se emociona pela educação e oportunidades que a criança tem. “A única exigência que fazia quando pensei em adotar era que fosse um menino pra colocar o nome de Miguel, o arcanjo de Nossa Senhora de Fátima de quem sou muito devoto. E Deus me mandou justamente no dia dela, às 18h; hora do anjo”, diz ele, comemorando o fato do sobrenome da mãe biológica também ser “da Silva”, como o seu: “agora somos uma só família, da Silva, ligados por Miguel”. Depois que Flávio Tácito conseguiu a adoção, a situação não está muito diferente para os casais que ainda continuam na fila. Segundo Érica Bessa, diretora da Vara da Infância, 20 pedidos de adoção ainda permanecem à espera de uma criança, sendo cinco monoparentais, até meados de maio.

“A única exigência que fazia quando pensei em adotar era que fosse um menino pra colocar o nome de Miguel, o arcanjo de Nossa Senhora de Fátima de quem sou muito devoto“

FLÁVIO TÁCITO pai solteiro


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O que muda com a decisão do STF

Confira as conquistas conseguidas pelos GLBTs depois do reconhecimento da Suprema Corte

>> Vida financeira • Somar renda para aprovar financiamentos • Fazer declaração conjunta do IR • Reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis • Solicitar o sequestro dos bens do casal, caso o companheiro os estiver dilapidando e estiverem dissolvendo a união

cios >> Benefí o de saúde ência, plan ral id v re p a d tes une • Dependen ono-família e auxílio-f b uto a -l r a ç e n b e e c c à família • Re ade, li id rn te a vinculados -m o a ç d n a e st c E li r o d Te • as de program • Participar

>> Vida familiar

• União es tá • Acompa vel, mas sem casa nhar o pa rceiro serv mento público tra idor nsferido • Garantia de pensão • Adotar e alimentícia a • Visita ín ssumir a guarda do em separação tima na pri filho do pa s • Alegar d rceiro ano mora ão l for vítima se o parce d iro • Proibir a e um crime divulgaçã o de escri da palavra tos, a tran , sm utilização ou a publicação, a exposição issão da imagem ou a falecido o d o c o m panheiro u • Autoriza ausente r • Herança cirurgia de risco

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Rafaely Evaristo veste parka de tela, vestido longo e regata, tudo Toli. A bolsa ĂŠ Alpforria Cult para V.Hall. Daniele Fernandes veste blusa em renda da Agatha, saia de couro Farm, tudo Officiale, e sandĂĄlia Arezzo.

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styleup

Bruno

brunospinheiro@hotmail.com

B

em-vindos a Style Up. Esta Coluna é dedicada a todos aqueles que curtem o mundo da moda, o mundo fashion e que adoram estar sempre bem vestidos. Desde já, quero agradecer o convite da Contexto para fazer parte desta equipe e por ter me dedicado este espaço, onde pretendo dar dicas de estilo, tendência e conceitos com muito glamour para a galera antenada da cidade de Mossoró e região. Nesta primeira Coluna – de muitas que estão por vir – falarei da moda de inverno. Em nossa realidade não é algo fácil, por ser uma região muito quente, mas nesta estreia apresentamos um resumo de como estar chique, poderosa e ousar sempre nesse inverno!!!!

Um inverno de luxo!!! Nesta estação, a renda, o couro, as peles fake (sintética), estampas militares, xadrez, bichos, paetê e transparência não podem faltar em seu guarda-roupa, pois eles tornam o mundo da moda bem versátil e vão facilitar a sua vida. Na cartela de cores, o preto está em destaque com o nude e o camelo dando um toque de leveza e suavidade na sua produção. Aproveite as dicas da Style Up e saia por ai arrasando na noite Mossoroense!!

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Rafa veste blusa de paetê de bicho Trettiore, calça pantalona Toli e casaco de pele fake (sintético) para V.Hall e sandália Arezzo.

Dany usa vestido com ombro estruturado em couro e malha para V.Hall e sandália Arezzo.

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styleup

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Bruno

Dany usa maxi camisete de paetê nude e cinto para Closet.

Rafa veste calça boyfriend e t-shirt bicho para loja Closet, camisete drapeado militar para Toli, cinto Bobstore para Officiale e sandália Arezzo.

Ficha técnica

Edição de moda: Bruno Sá. Styling: Luis Henrique Azevedo. Beleza hair e make Up: Mario Souza. Modelos: Rafaely Evaristo e Danielle Fernandes (Tráfego Models). Fotos: César Alves. Agradecimentos: Officiale, Arezzo, Toli, V.Hall e Closet.

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Rafa usa blusa com estampa militar Espaço Fashion e saia camurça camelo Hit para Officiale, bolsa com estampa de onça para Closet e sandália Arezzo.



Lam pião

um valente refinado

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ão posso dizer ao certo o número de combates em que já estive envolvido. Calculo, porém, que já tomei parte em mais de duzentos. Também não posso informar com segurança o número de vítimas que tombaram sob a pontaria adestrada e certeira de meu rifle”. A revelação feita por Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, durante entrevista ao médico do Crato, dr. Octacílio Macêdo, desvenda a valentia do homem que ficou conhecido como o rei do cangaço. Esse encontro, segundo o site oficial Lampião, mantido por Vera Ferreira, neta de Lampião e Maria Bonita, ocorreu no dia 6 de março de 1926, em Juazeiro do Norte (CE), na casa do historiador João Mendes de Oliveira, quando o cangaceiro foi, a convite do deputado federal Floro Bartolomeu, que era amigo pessoal e protegido polí-

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de tafetá francês ou seda pura inglesa; geralmente estampados e coloridos, quebravam a monotonia do tom ocre da roupa.

JOSÉ DE PAIVA REBOUÇAS Repórter

O homem mais temido na história do sertão nordestino tinha preferências refinadas, gostava de usar lenço de seda, perfume francês, tomar uísque e vinhos também importados

“N

LENÇOS

CANTIL

de litro usado por Lampião


Chapéu

inspirado no modelo francês adotado pelo imperador Napoleão Bonaparte, de quem Lampião leu a biografia.

PERFUME

os cangaceiros costumavam ser reconhecidos pelo cheiro excessivo de perfume, inclusive pelas volantes; Lampião preferia o "Fleur d'Amour", considerado um dos melhores perfumes franceses entre os anos 20 e 40.

tico do padre Cícero Romão Batista, e soube usar o nome do pároco para convidar Lampião a integrar o Batalhão Patriótico no combate à Coluna Prestes, com o apoio do Governo Federal. Por décadas, Virgulino Ferreira foi o bandido mais temido do Sertão. No entanto, por trás do sujeito truculento, existia um homem sensível que gostava de produtos refinados. Segundo o historiador mossoroense Geraldo Maia, “Lampião tomava vinho importado, usava lenço de seda e perfume francês”. Essa viagem a Juazeiro, inclusive, talvez tenha mais a ver com o seu lado narcisista, do que com o interesse de servir à nação. Foi nessa viagem que ele recebeu a tão esperada patente de capitão. De acordo com o pesquisador pernambucano Frederico Pernambucano de Mello, Fleurs d’Amor, da masion Roger & Gallet, de Paris, era o perfume preferido de Lampião. O produto era adquirido por coiteiros em Propriá, Sergipe, centro de compras de larga expressão no Baixo São Francisco do período, que subiam o rio de canoa com outro item, também repetitivo: o uísque White Horse, “do desfrute exclusivo de um cangaceiromor já enriquecido, que podia permitir-se a algum requinte de burguês, aprendido do convívio intenso com a flor do coronelismo latifundiário dominante na porção quase terminal do Velho Chico”, disse Pernambucano em livro publicado recentemente. Geraldo Maia explica que não era difícil para o rei do cangaço ter acesso a esses produtos caros que chegavam de todas as maneiras, inclusive a mando dos coronéis. “Para se ter uma ideia, Mossoró, em 1870, já tinha linha exclusiva de navio para Liverpool, na Inglaterra, e 12 armazéns grandes que comercializavam de tudo”, revelou. Antes de ser cangaceiro, Lampião era um tropeiro próspero que vendia produtos de couro fabricados por ele mesmo. Por esse motivo, o chefe do cangaço nordestino era um costureiro habilidoso, fato registrado pelo árabe Benjamim Abraão, em pelo menos duas fotografias de 1936 em que Virgulino aparece costurando com uma máquina de mesa e, possivelmente, consertando a alça de seu bornal, ao mesmo tempo em que exibia para o fotógrafo as flores de chincha bordadas no utensílio. A edição de novembro de 1973 da revista Realidade trouxe um depoimento do cangaceiro Balão, sobre os costumes do grupo. “Cangaceiro não vive só de briga. Lampião sabia tocar uma gaita de oito baixos. E seus homens gostavam de dançar. Havia preferência pelos enfeites de ouro. Muitos levavam moedas esterlinas no chapéu. Ah, era bonito. E o perfume, então! Todos usavam. E não economizavam”. CONTINUA contexto junho de 2011

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A estética do cangaço É atribuída a Dadá, companheira de Corisco, a estética do cangaço. Teria sido ela a primeira a enfeitar as vestimentas do companheiro e atraído a atenção dos outros cangaceiros. O livro Estrelas de couro – a estética do cangaço, publicado em 2010 pelo historiador recifense Frederico Pernambucano de Mello, revela o surgimento dessa cultura que se tornou parte da mística do banditismo nordestino e, talvez, o equivalente necessário para evitar que esse evento histórico tenha se apagado da lembrança popular. A obra, que é resultado de mais de 13 anos de pesquisa e 25 anos de estudo, traz mais de 300 fotos inéditas, em sua grande maioria, de seu acervo pessoal, e importantes depoimentos sobre essa passagem histórica. O trabalho revela situações ainda desconhecidas do grande público e detalha a maneira de vestir do cangaceiro e como ele enfeitava seus equipamentos. O chapéu em meia-lua enfeitado com moedas e detalhes de couro, os bornais e cantis ornados com bordados expondo formas geométricas e desenhos de flores, são apenas algumas das inúmeras maneiras de se pro-

duzir no cangaço. Para enfrentar a caatinga, todas as peças da indumentária foram adaptadas, mas de uma maneira própria, a ponto de os enfeites se tornarem tradição entre eles. Segundo Pernambucano, em seu livro, a sedução por essa estética foi tão grande que os próprios soldados passaram a aderir a ela, tanto que em julho de 1928 o comandante da Força Pública de Pernambuco, coronel Wolmer Augusto Silveira, publica uma determinação proibindo o uso desse material pelos militares. “É expressamente proibido o uso de peças que não constem do uniforme em vigor, como sejam: cartucheiras cow-boy, chapéus exagerados à Lampião, enfeites amarelos nas bandoleiras, alpercatas de todo enfeitadas. É preciso ter em vista que a Força Pública, auxiliar do Exército de Primeira Linha, é uma Força regular organizada e moldada nos regulamentos daquele Exército e que deve antes copiar o que lá existe, e não o que os cangaceiros usam. Vi uma fotografia do destacamento de Buíque, em que comandante e soldados pareciam mais cangaceiros”, reclama. Em 1938, o jornal Gazeta de Alagoas publicou que o cangaceiro Cobra Verde entrou na “bandoleira” por achar bonito os trajes dos “facínoras”.

Conheça um pouco mais a estética do cangaço

Fonte: Instituto de Artes da Unicamp Fotos: Benjamim Abraão/Acervo particular de Frederico Pernambucano de Mello.

>>

Casaco – desenhado e costurado em algodão ou couro por Lampião, que carregava uma máquina de costura Singer para todos os seus acampamentos; tem também inspirações medievais.

>>

Calça – o modelo mais usado era com culote e cintura bem alta; usavam até três no inverno devido ao frio à noite.

>>Cabelo – longo. Lampião deixou

de cortar os cabelos como promessa, após a morte de um de seus irmãos, sendo seguido pelos outros cangaceiros; às vezes, eles penduravam anéis no cabelo, depois de lotados todos os dedos das mãos.

>>

Alpargatas – enfeitadas com desenhos costurados; tinham uma lingueta para proteger os dedos.

>>Anéis – mulheres e homens

usavam até três anéis por dedo.

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Alpargatas – desenhadas e confeccionadas em couro por Dadá, mulher de Corisco, estilista do grupo.

>>Colares – também usados em abundância.

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>>Arma – como outros

adereços, era cravejada de moedas de ouro, influência da marchetaria árabe no sertão nordestino; segundo o historiador Gilberto Freyre, os árabes são uma "eminência parda" na cultura nordestina. CONTINUA


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Mulheres no cangaço: os 100 anos de Maria Bonita Se estivesse viva, Maria Bonita teria completado, no dia 8 de março, 100 anos. Pouca gente lembrou a data, havendo referência apenas por historiadores ou jornalistas. De acordo com o pesquisador paraibano, radicado em Mossoró, Kydelmir Dantas, Maria Bonita foi a primeira mulher a fazer parte de um grupo de cangaceiros, inclusive por opção, integrando-se ao bando de Virgulino Ferreira, o famoso Lampião, de quem se tornou companheira. Mas ela não foi a única. O próprio Kydelmir identifica pelo menos outras 39. O interessante é que, além de não participarem dos combates, elas não tinham obrigações domésticas junto aos bandos, embora a maioria delas tenha entrado na função depois de serem raptadas ou forçadas pelos homens a segui-los. Segundo o pesquisador Geraldo Maia, a principal atividade das mulheres nesse contexto era o bordado, feito muito mais por ocupação do que por obrigação. “Havia uma independência geral dos homens que se habilitavam a cozinhar, lavar e até costurar”, enfatiza. Ao contrário de Dadá, que foi raptada e estuprada por Corisco, por quem se apaixona depois e vive com ele até a volante matá-lo, Maria Bonita entrou no cangaço por vontade própria, inclusive deixando o marido para seguir Lampião. “No Nordeste feminino, ela foi

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uma mulher valente, que deixou seu marido para seguir uma grande paixão que se transformou em amor até o final da vida de ambos. Talvez por isto, sua imagem esteja sempre em evidência, quando se trata do tema Cangaço. Por ser a precursora, abriu espaço para que outras seguissem seu exemplo, juntando-se aos namorados, companheiros e esposos”, explica Kydelmir. “Inclusive, este epíteto de Bonita foi praticamente colocado pela imprensa da época. No bando era conhecida por dona Maria, comadre Maria, Maria do Capitão, Maria de Lampião e, denominada carinhosamente pelo amante, 'Santinha'”, completa. O pesquisador não concorda que Maria Bonita possa ser considerada heroína do Sertão, embora sua atitude de deixar o marido por amor a outro, naquela época, tenha causado muita admiração. “Uma coisa era a mulher abandonar o marido e seguir seu amante. A outra foi Maria de Déa deixar Zé de Neném e seguir Lampião. Causou espanto e admiração para uns, mas nenhum constrangimento para a sua família. Afinal, ela passou a ser a 'esposa' do Rei do Cangaço. Passou a ser uma pessoa nobre no Nordeste agrário de então. Sendo recebida pelas esposas dos coronéis amigos com carinho. Sendo respeitada no bando como dona Maria do Capitão”, contextualizou. Kydelmir acredita que para o movimento feminista, Maria Bonita, talvez, represente apenas uma imagem que é devidamente aproveitada, sem a preocupação com a história real. Para a mulher moderna, um modelo daquele tempo ou uma mulher comum que se transformou num apêndice de um mito atual, o cangaceiro-bandido Virgulino Lampião.



Saúde Aprenda a cuidar bem do seu amigo

Barreiras culturais, baixa instrução... São diversos os fatores que impedem o homem de procurar o médico pensando apenas em prevenção; essa desinformação pode algumas vezes custar caro, diante de um problema tão facilmente evitado, o surgimento de inflamações e até mesmo câncer no pênis

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PAULO SÉRGIO FREIRE Repórter

cena é bastante comum, afinal que homem na infância nunca ouviu a mãe dizer bem alto: “Menino, não se esquece de lavar a mão depois de usar o banheiro”. Pois bem, é a partir desta e de muitas outras ordens de higiene que aprendemos a lavar não apenas as mãos, mas todo nosso corpo. Mas será que sabemos fazer isso mesmo? Em 2009, o astro do futebol Zico foi a TV falar sobre um importante hábito, que por incrível e mais óbvio que pareça não é feito de forma satisfatória por alguns de nós homens. Trata-se da limpeza correta do órgão genital, especificamente o pênis. Um problema que pode, em alguns casos, trazer consequências sérias, inclusive, de doenças como o câncer. “O principal problema refere-se ao risco aumentado do surgimento do câncer de pênis. Está mais do que provado que o câncer de pênis está relacionado a

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problemas de higiene que invariavelmente se associam à piores indicadores sócio-econômicos, de tal forma que a incidência é bem mais marcante em países subdesenvolvidos. Em países desenvolvidos, onde os hábitos de higiene são reconhecidamente mais adequados segundo os estudos, o câncer de pênis é considerado doença rara”, explica o médico urologista Daniel Medeiros. Entretanto, o médico acrescenta que outras doenças também podem surgir diante da falta de higiene. É o caso da doença de nome complicado chamada de “balanopostite”, que é a inflamação da glande e do prepúcio, podendo ter origem infecciosa, irritativa e traumática. Os principais fatores que aumentam o risco são a falta de higiene e a não-circuncisão. O quadro clínico é caracterizado por eritema (vermelhidão) e edema. A falta de higiene favorece a irritação e maior colonização por agentes (fungos, bactérias, etc.), produzindo um quadro inflamatório na glande e prepúcio e que ocorre, muitas vezes, devido ao prepúcio que não se descola totalmente da glande, prejudicando a higienização. Grosso modo, o prepúcio seria uma espécie de excesso de pele que encobre o pênis e a glande a parte inicial do órgão, sem “a pele”. Os casos mais graves que levam a um câncer de pênis, por exemplo, são


de CONTINUA

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ter mais intensamente sobre a Política de Saúde do Homem. Em Natal, falou-se muito em priorizar o acesso a alguns tratamentos cirúrgicos e muito se tem discutido em torno disto. Existe, por exemplo, preocupação em resolver a grande quantidade de pacientes que usam sonda e estão aguardando cirurgia (de próstata, em sua maioria)”, diz Daniel. Em se tratando de prevenção, o médico argumenta que a conscientização masculina de criar o hábito de procurar o profissional de saúde será melhorada somente através de grandes campanhas veiculadas pelos meios de comunicação, já que, segundo ele, “têm um grande alcance na população como um todo”. Entretanto, em casa, no conforto do seu lar, uma medida simples pode evitar grandes problemas para o homem, caso ele não tenham outros agravantes como a fimose. A limpeza correta do nosso “amigo” com água e sabão. “O sabão pode ser neutro (algumas pessoas podem apresentar irritação local com produtos de composição mais “forte”)”, revela o médico urologista. Mas atenção, “é importante evitar passar sabão diretamente no orifício onde sai à urina, o que pode causar ardência ao urinar posteriormente”, alerta. Não menos importante, a lembrança constante de retrair o prepúcio de maneira a visualizar e lavar toda a glande. Após lavar o órgão, deve-se também secá-lo sempre, principalmente a parte que fica coberta pelo prepúcio. E uma última orientação essencial é sempre lavar o pênis após as relações sexuais.

Fonte: www.comofazerdicas.com.br

originados em homens com fimose, que é a incapacidade de retrair o prepúcio e expor a glande. Em Mossoró, seis casos de câncer de pênis foram registrados pelo Centro de Oncologia da cidade, em 2010 esse número foi de dois. Segundo o doutor Daniel, a fimose quando constatada ao nascer é considerada fisiológica, com o crescimento da criança, tende a regredir, de maneira que aos três anos a prevalência da fimose é em torno de 10% e aos 17 anos de apenas 1%. Não existe exatamente uma regra a ser seguida e os riscos e benefícios do tratamento em cada faixa etária têm que ser discutidos com os pais. A persistência da fimose na adolescência e na idade adulta deve sempre ser tratada (na maioria das vezes, cirurgicamente). Isso permitirá uma melhor higiene e até mesmo, uma melhor avaliação do órgão sexual. Outro aspecto a ser considerado é a redução do risco de transmissão sexual do HIV, o que significa dizer que aqueles homens que têm fimose terão um menor risco de contrair o HIV se realizarem a cirurgia, chamada de postectomia. E foi partindo dessa série de problemas que envolvem questões até culturais no tocante à prevenção do homem, que o Ministério da Saúde, em 2009, desenvolveu uma política de saúde específica para eles. Tal qual como existe para mulheres, crianças e idosos. O objetivo é esclarecer este e outros males que podem ser evitados mediante uma visita frequente à Unidade Básica de Saúde. “Recentemente voltou-se a se deba-

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Ci da de À espera de um olhar

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Caminhar pode ser uma ótima oportunidade para descobrir mais sobre a nossa história, conhecer nossa memória arquitetônica e entrar em sintonia com o meio ambiente

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Higo Lima Repórter

primeiro passo para reconhecermos uma cidade como a nossa, é conhecê-la. Ter familiaridade com cada rua, dominar seus significados, mistérios e curiosidades do seu conteúdo histórico, bem como contemplar sua arquitetura fazem parte de um exercício de sintonia entre o indivíduo e o seu espaço. A pressa do mundo moderno, no entanto, limita-nos quanto à capacidade de reencontro do homem com a sua criação, da sintonia da criação com a natureza. A fila do banco, a reunião de negócios, o trânsito congestionado são um convite à cegueira urbana: não sabemos onde estamos, não percebemos por onde passamos e, tampouco, nos damos conta do que encontramos na rua. Uma saída para este vazio é a caminhada ou simples passeios a pé pela cidade com mais atenção. Com a atenção de um curioso por cada linha de concreto erguida, por cada nome que dá vida aos lugares e às coisas, aos prédios e ainda com a curiosidade de saber quem foram nossos antecessores responsáveis por construir uma parcela da história de tudo o que vemos hoje. Caminhar, além do inquestionável bem à saúde, pode criativamente se trans-


formar numa aula de história, ou, quem sabe, num passeio a um museu a céu aberto. Com um acervo que desafia a curiosidade humana. E não precisa ser turista ou visitante para sentir de perto o estranhamento e total desconhecimento das peculiaridades de nossa terra. Alex Pinheiro, há quatro anos, é guia de uma empresa de turismo da cidade e, segundo ele, um dos principais atrativos aos visitantes que chegam a Mossoró é o passeio a pé para mostrar áreas culturais. “Mesmo nas áreas mais frequentadas da cidade, como o Corredor Cultural, por exemplo, as pessoas conhecem pouco da história. Quando conversamos com um mossoroense, ele sabe nos dizer facilmente a história da Resistência ao Bando de Lampião, como tem ilustrado do Memorial da Resistência, porém, há quem desconheça que aquela área passava uma linha de trem e que já foi uma das regiões econômicas mais importantes da cidade”, ilustra o guia. Se há um desconhecimento em áreas com maior fluxo diário de pessoas como pelo centro comercial da cidade e nos equipamentos do Corredor Cultural, composto por teatro, Memorial, Praça de Convivência e a Praça de Esporte; imaginemos então no miolo da cidade, no interior das ruas paralelas ao Centro. Transitar a pé pelo conhecido “centro antigo” é como se deparar com uma galeria viva de fatos históricos expostos por cada prédio que suportou o efeito do tempo. Lá, a Biblioteca Ney Pontes Duarte é apenas o maior pujante de uma região que foi berço de períodos históricos que permanecem latentes no imaginário coletivo de Mossoró. Antes das inúmeras palavras que preenchem os livros da Biblioteca, o prédio era sede da, hoje, extinta

Sociedade de União Caixeiral. “É um prédio muito bonito, totalmente recuperado e reaproveitado pelo poder público, mas quem sabe, por exemplo, o que funcionava ali?”, questiona Alex, explicando que na primeira metade do século passado, a União Caixeiral era o berço da intelectualidade mossoroense; o encontro dos empresários e dos caixeiros viajantes que deram nome ao grupo. Pertinho do centro comercial, por trás do Banco do Brasil, nas proximidades da biblioteca, um senhor sentando na Praça que leva seu nome, Praça da Redenção Jornalista Jorge Freire, nos convida a desacelerar as passadas: senão para ler um livro como o monumento em sua homenagem sugere, mas para sintonizar-se na atmosfera de uma das áreas mais antigas da cidade. “Existe ainda casas de abolicionistas, além da sede da Maçonaria que teve importante papel nas lutas da cidade e até mesmo a residência do jornalista Dorian”, descreve ele. Basta uma primeira pisada na rua para descobrir a infinidade de história escondida (e desconhecida também) nas cores, formas e dimensões da riqueza urbana que passa despercebida por falta de um olhar mais atento. A cidade tem som! Esses ruídos não soam apenas dos carros ou da profusão sonora do cotidiano, mas é preciso sensibilidade e atenção para ouvi o eco que se amplia do centro da Praça Antônio Gomes, ligada ao Museu Jornalista Lauro da Escóssia. Um fenômeno que foge à explicação dos arquitetos e que pouco se conhece em Mossoró. É simples: uma parada no centro da praça, bem embaixo das duas árvores, e de frente para o portão central do Museu, basta emitir um som para que ele se amplifique. CONTINUA

Foto da página anterior mostra painel de mosaico; à esquerda, frente da Biblioteca Ney Pontes Duartes; acima, Praça dos Esportes, na Avenida Rio Branco

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"Acredito que a exposição de trabalhos visuais nesses novos empreendimentos não cumpre apenas uma finalidade artística, mas também social, quando nos permite dinamizar a rotina, quebrar a tensão do dia e, sobretudo, incitar a reflexão"

NÔRA AIRES ARTISTA PLÁSTICA

Arte no concreto Substituir um transporte automotivo por caminhadas não é uma missão fácil para quem vive refém do tempo. Mesmo assim, basta começar aos poucos, iniciar um cooper, visitar um amigo próximo, andar mais a pé quando for fazer as compras para que, aos poucos, o costume seja integrado ao dia a dia. Em todos os recantos da cidade, há subsídios de uma crônica viva que denunciam o cotidiano e a memória de um povo. Ela está na figura mítica e folclórica dos personagens desconhecidos que cruzamos na rua, nas suas formas arquitetônicas que guardam o patrimônio histórico da cidade, nos festejos que denunciam nosso cotidiano. Pelos casarões antigos do Centro, pela ponte de ferro, nos equipamentos institucionais (museu, igreja, biblioteca e palácios) e há também o que se contemplar até mesmo na verticalização da cidade. Junto com o crescimento imobiliário da cidade vem atrelado o risco de ver a paisagem urbana transformada em uma grande floresta de concreto. No entanto, os tons acinzentados das grandes linhas verticais nos novos residenciais recebem a leveza e o colorido das artes expostas em calçadões, jardins e áreas livres conforme determina a Lei que define o planejamento ambiental e urbanístico da cidade. A artista visual Nôra Aires é responsável por parte dos trabalhos expostos nos prédios residenciais da cidade. Seus painéis de mosaicos estão expostos em

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praças, no Ginásio Poliesportivo Pedro Ciarlini e em diversos empreendimentos empresariais. São aglutinações de artefatos que compõem em si a abstração da arte e “deixa a vida mais leve”, como defende a veterana. Não tem forma certa; não tem tamanho exato nem cores cartesianamente estabelecidas, mas a arte musiva – mosaico – proposta por Nôra Aires é mais um convite à caminhada e, sobretudo, a focar nossa atenção. “Não tem explicação! Se contempla e procura uma justificativa para o que se ver, aquilo que mexeu com a pessoa, nem sempre foi o que eu propus”, comenta a artista, sugerindo que as pessoas prestassem mais atenção nos painéis e nas artes plásticas distribuídas pela cidade. “Temos um ritmo de vida muito agitado que muitas vezes nos impossibilita de enxergar o que está ao nosso lado. Acredito que a exposição de trabalhos visuais nesses novos empreendimentos não cumpre apenas uma finalidade artística, mas também social, quando nos permite dinamizar a rotina, quebrar a tensão do dia e, sobretudo, incitar a reflexão”. Cada itinerário traçado traz consigo a subjetividade de cada um, uma vez que a contemplação – ou não – de cada descoberta pelas ruas da cidade é uma experiência individual. O fotógrafo Fred Veras destaca que as cores e os ângulos da cidade que enquadram uma fotografia ganham forma na medida em que a conhecemos “não apenas por fora, no concreto; mas também a alma da sua história”. Com experiência em registro de paisagens urbanas, Veras argumenta que falta atenção para perceber o que temos ao redor e que “é preciso ver, questionar, conhecer e até sentir para poder captar um ângulo belo”. Se dica serve para a fotografia, conhecer nossa cidade com o olhar atento de uma boa caminhada, seguramente serve também para amenizar a nossa rotina.

A artista visual Nôra Aires é responsável por trabalhos expostos nos prédios residenciais da cidade



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“Forró de plástico” ou gosto popular? As críticas de Chico César ao forró eletrônico dividiram opiniões pelo Nordeste sobre a questão de gosto. Músicos e especialistas discutem o ocorrido e como isso reflete na sociedade

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JOSÉ DE PAIVA REBOUÇAS Repórter

m abril deste ano, o cantor, compositor e secretário de Cultura da Paraíba, Chico César, polemizou ao anunciar que não iria contratar “bandas de forró de plástico e grupos sertanejos” para os festejos juninos em seu Estado. Em nota, ele reclama que “Não faz muito tempo vaiaram Sivuca em festa junina paga com dinheiro público aqui na Paraíba porque ele, já velhinho, tocava sanfona em vez de teclado e não tinha moças seminuas dançando em seu palco. Vaias também recebeu Geraldo Azevedo porque ele cantava Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro em festa junina financiada pelo governo aqui na Paraíba, enquanto o público, esperando a dupla sertaneja, gritava 'Zezé cadê você? Eu vim aqui só pra te ver'”. No mesmo documento, Chico explicou que nunca passou pela sua cabeça proibir ou sugerir a proibição de quaisquer tendências. “Quem quiser tê-los que os pague, apenas isso. O Estado encontra-se falto de recursos e já terá inegáveis dificuldades para pactuar, inclusive com aqueles municípios que buscarem o resgate desta tradição”, enfatizou.

CONTINUA

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Como já era de se esperar, o assunto espalhou-se pela mídia e dividiu opiniões. Em show realizado em Campina Grande, a cantora paraibana Elba Ramalho minimizou sobre as declarações de seu conterrâneo, dizendo que tem espaço para todo mundo. “Eu acho que o céu é enorme e infinito, cabem todas as estrelas, então tem espaço para todo mundo”. Para Elba, é preciso considerar o gosto do povo. “Eu respeito quem toca os tais forró de 'plástico', algumas considero horrorosas, mas se o povo gosta, deixe o povo se divertir”, completou. O cantor e compositor Waldonys disse que a divulgação que essas bandas fazem em todo Brasil é bom para o forró. No entanto, sendo da escola de Luiz Gonzaga, vê com muita preocupação a forma como o estilo musical está sendo feito. Para ele, algumas bandas deixam muito a desejar na letra, na música e, principalmente, na mensagem. “As músicas tratam o povo como gado. O que eles não atentam é que isso não tem vida longa, mas eles não estão preocupados com isso, só com o dinheiro que entra agora. O forró se tornou uma grande indústria”, reclama. “Temos muitas bandas que mostram muita bunda e pouca música”, complementa. Para Dorgival Dantas, a declaração de Chico Cesar é uma “safadeza, falta de atitude, covardia e besteira”. De acordo com ele, “inventaram esses apelidos de forró pé-de-serra, forró autêntico. Se não quer convidar uma pessoa para tocar, chama ela de lado e diga que não vai chamar. Pode ter certeza que os músicos que mais sofrem são os que aprenderam a tocar simples. Você conhece alguém que tenha tocado mais simples que Luiz Gonzaga?”. Cantor e compositor, Dorgival passeia pelos dois estilos, embora tenha crescido compondo músicas responsáveis pelo sucesso de bandas como Aviões do Forró e Calcinha Preta. O empresário Tácio Garcia, representante do grupo

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A3 no Rio Grande do Norte, é da opinião de Elba Ramalho e enfatiza que o mercado dá para todo mundo. “Mesmo ele (Chico César) dizendo isso, tá todo mundo no São João de Campina Grande. Ou bota essas bandas, ou o público cai”, ressalta. Ele disse que a média de público de bandas como Aviões do Forró, Garota Safada, Forró do Muído, Calcinha Preta e Saia Rodada, nessa região, é de 10 mil pessoas, já nas grandes capitais e sudeste, pode passar de 25 mil. Tácio enfoca ainda que o Brasil aderiu a esse forró, o que prova que cada artista tem seu valor. “O rei Roberto Carlos se rendeu a esse forró!”, lembra. A cantora mossoroense Khatarina Gurgel reclama que esse forró desinforma e desconstrói a língua portuguesa e a música. “Essa música constrói uma forma de sucesso avessa. Nessa indústria tudo é improvisado. Geralmente, a banda é formada depois que a música faz ‘sucesso’, mesmo que seja uma música que só estimule o consumo”, opina. O produtor Zé Dias, esposo e empresário da cantora Khrystal, acha que quando Chacrinha morreu, levou consigo parte da música brasileira. “No Chacrinha todo mundo cantava, hoje, só canta quem tem dinheiro”, denuncia. “Esse pessoal domina o mercado com dinheiro”, enfatiza. Para ele, o grande problema é que o povo só quer ouvir a mesma coisa. “Levamos Khrystal para um show em Caruaru e ela se apresentou para um público de cinco mil pessoas. O show a mil e todo mundo parado, parecendo mortos, só esperando uma dupla sertaneja, desconhecida, que tocaria depois”, contou. Zé Dias disse também que só conseguiu colocar pouco mais de 400 pessoas no show de João Bosco, no teatro Riachuelo, em Natal, enquanto os empresários de Paula Fernandes colocaram 2.500 pagantes. “Tiveram que retirar parte das cadeiras do teatro!” explica.


Gosto se discute?

rânea. As músicas refletem o amor, num contexto urbano e globalizado. Em termos de melodia, algumas canções Diante dessas várias opiniões, levanta-se a questão: deste forró possuem uma cadência rítmica bastante rica, fruto da influência de ritmos latinos como a conga, a gosto se discute? Para a jornalista, doutora em Ciências Sociais e salsa e também da incorporação de instrumentos comuns professora da Universidade do Estado do Rio Grande do ao rock’n roll, com o aparato das guitarras elétricas”, Norte (UERN), Marcília Mendes, apesar de muitos não esclarece Daiany. “Se é globalizado e dialoga com o consumismo do concordarem, gosto se discute sim, e ter ou não bom gosto é uma questão que passa também pelo conheci- nosso tempo, devíamos culpar Jackson do Pandeiro por mento cultural e intelectual, pois quanto mais conheci- ter composto Chiclete com Banana? Música na qual ele mento uma pessoa tiver, mais refinado o seu gosto se- flerta ironicamente com o balanço do rock do Tio Sam, brinca com estrangeirismos e com nosso colonialismo rá. Para ela, existe um lado ruim e um lado bom no forró forçado. Tais influências estrangeiras são comuns e estão eletrônico. O lado ruim é a ressignificação do autêntico presentes em outros movimentos culturais que também forró pé-de-serra: as letras, em sua maioria, de conteúdo foram rechaçados a seu tempo e hoje gozam de prestígio, vulgar e preconceituoso, além da alta exploração comer- como a Tropicália, por exemplo: Caetano ‘chocou’ a crítica quando adicionou a guitarra elétrica à banda, cial. O lado bom é o incentivo ao turismo de evenquebrando paradigmas”, complementa. tos, como é o caso do Mossoró Cidade Junina. Daiany diz não acreditar que a cultura Marcília considera que esse é mais um esticontrole as mentes das pessoas, sendo lo musical que objetiva apenas o entreteessa uma concepção já superada de nimento de seus consumidores. “Esse nossas relações com os meios e as estilo de música se adéqua ao gosto/ mídias, de que seríamos receptores consumo das pessoas”, completa. passivos e acríticos de tudo o que Daiany Dantas, jornalista mestre consumimos. “Pessoalmente, em Comunicação e pesquisadora de me incomodam as letras sexistas temas relacionados aos estudos cule discriminatórias, mas o sexisturais, acha que se a linha política “a cultura é um mo não é monopólio do forró da Secretaria de Educação da Paespelho que reflete eletrônico, está presente em toraíba é proporcionar investimento a sociedade com dos os produtos culturais, do em cultura no reconhecimento de cult ao populacho, de forma susuas contradições uma memória histórica e exaltação blimada, direta ou com duplo de obras de referência, a postura de e verdades. sentido. Não vejo por que cobrar Chico César é sensata e correta. No a conta do machismo que viveentanto, o discurso que recai sobre mos apenas do gênero musical o forró eletrônico, cuja existência é favorito das classes C e D. Tamatribuída ao mau gosto de um público bém não creio que haja a propenque sustenta essas bandas, é matizado são em se reproduzir comportapor um forte preconceito cultural de clasmentos de uma forma massiva”, se. “Sabe-se que determinados gêneros mucritica. sicais, caros à população de classe C e D, são Segundo Daiany, a cultura é um espelho depreciados pela crítica cultural ou pela intelectualidade de renome justamente por traduzirem o gosto que reflete a sociedade com suas contradições e verdades. Na sua visão, ninguém, hoje, ousa criticar Luís Gondo povo”, comenta. Segundo ela, a intelectualidade nordestina rechaça zaga por cantar “inté mesmo a asa branca” ou “mandao forró eletrônico por acreditar que ele retrata a perda caru quando fulora na seca, é siná que a chuva chegou do referencial no forró autêntico – o hoje chamado “pé- no sertão”. “Creio que o que existe é uma preocupação em se de-serra” – mas o próprio forró dito “autêntico” precisou de um tempo histórico para ser legitimado e elevado à ‘congelar’ no tempo uma ideia de identidade nordestina categoria de arte, sendo hoje compreendido à luz de um que não corresponde à realidade contemporânea, muitas contexto histórico que agora pode ser analisado à dis- vezes atendendo a estereótipos de classe que nos cristalizam – aos nordestinos – a sermos representados por tância. “Luís Gonzaga falava da saudade do sertão, das secas, certos tipos humanos, gostos e formas de expressão – da adversidade comum a um tempo que já não existe Lampião e Maria Bonita seguem ícones regionais, ainda mais. É fácil pensar o valor dessas canções hoje, sobre- que ninguém pareça ou se vista mais como eles por aqui. tudo sob o efeito da nostalgia. Já o forró eletrônico é Como se a cultura de outrora, por já ter sido exposta à feito numa perspectiva de hibridismo cultural, com um peneira da História, fosse superior a de hoje, mas isso o mix de estilos e tendências comuns à cultura contempo- tempo dirá”, finaliza Daiany Dantas. contexto junho de 2011

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Vitrine contexto

Ana Luisa Borges

Berguinho Rocha

Claudinha Vieira

Fatima Santos

Carol e Karenine Fernandes

Germana Gabriela

Gustavo Barreto

Gustavo Rosado

Jean Reis

Leornardo Nogueira e FafĂĄ Rosado

Sarinha e Sandra Barreto

KĂŞnia Marques

Lairinho Rosado

Larissa Gabrielle

Larissa Rosado

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Sérgio Chaves 4.6

Liliani Almeida

Lizana Lima

Maria José Frota

Maria Luisa Queiroz

Mario Filho

Narjara Souza

Neide Carlos

Nellson Bernarde

Nilton Giacomelli

Poliana Rosado

Raiza Aquino

Renata Falcão

Roberta Rosado

Rosângela Barreto

Sandra Rosado

Stella Sâmia

Talita Costa

Zelia Macedo

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contexto

indica

Mário Ivo Cavalcanti*

marioivo@yahoo.com.br

Um livro que você comprou recentemente e gostou Museu do Romance da Eterna: quase impossível de ser descrito, o não-romance do argentino Macedonio Fernández lembra um Sísifo que, antes de chegar ao cume, já retorna à base, em um eterno recomeço, e cujo maior personagem é o próprio romance ou o ato de escrevê-lo. Aliás, o livro só foi publicado na Argentina em 1967, 15 anos depois da morte do autor e 63 após o seu início, e, no Brasil, em 2010, pela Cosac Naify.

Um filme que você viu no Cinema Infelizmente, os melhores filmes não têm sido vistos nos cinemas, mas em casa – tv paga ou DVD –, o que tem suas vantagens e desvantagens. Nas salas, o último foi o claustrofóbico Biutiful (2010), com o sempre bom Javier Bardem, mas dirigido pelo quase sempre pesado Iñárritu. Na tv fechada, recentemente me surpreendeu O divo (2008), de Paolo Sorrentino, originalíssimo na montagem e roteiro, e Mary e Max (2009) animação para adultos do australiano Adam Elliot. Em DVD, a cabeceira se divide em Era uma vez na América (1984), de Sergio Leone, e Os

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pássaros (1963), de Hitchcock, para citar apenas dois. No primeiro, toda a carga dramática de uma história de amor, amizade e violência, fica por conta dos olhares silenciosos de Robert De Niro e a música de Ennio Morricone. No segundo, o fantástico que dispensa explicações, sobre uma cidade atacada por pássaros, é ressaltado pelas cores vibrantes da baía de Bodega e pelo loiro penteado de Tippi Hedren.

Uma play 1. A primeira das quatro list de dez partes do The Koln Concert (1975) – originalmente músicas uma para cada lado do álbum duplo – é sem dúvida a mais intensa. Keith Jarrett (então com 30 anos) preenche todos os vazios comseupiano,seussilênciosesuasexclamações e gemidos quase orgásticos. 2. Yo me quedo en Sevilla, Pata Negra. 3. Sinnerman, Nina Simone. 4. Je T’aime... moi non plus, Jane Birkin & Serge Gainsbourg. 5. My funny Valentine, Nico. 6. It’s a long way, Caetano Veloso. 7. Clube da esquina 2, Milton Nascimento & Lô Borges. 8. Magrelinha, Luiz Melodia. 9. Baby, Mutantes. 10. Preciso me encontrar, Cartola.

Uma peça, show ou lugar que você indicaria Andar pelo centro de qualquer cidade é sempre um bom passeio cultural. Em Natal, nas primeiras horas da manhã aproveite o pouco tráfego e descubra, a pé, belas casas na Cidade Alta, Petrópolis e Tirol, dificilmente vistas de dentro de um automóvel. Em sua imponência (poucas) e simplicidade (maioria), você pode admirar as características de cada década e a passagem dos anos. Infelizmente, quase todas estão sendo descaracterizadas e demolidas para novos prédios que não têm – nem terão, muito provavelmente – nenhum valor estético ou histórico. Um programa de TV Como não suporto o Fantástico, o Manhattan Connection (Globo News, domingos, 23h) é uma boa opção antes da fatídica segunda-feira. Sai um pouco do esquema provinciano ao abordar política internacional, cultura e economia, e, mesmo não concordando totalmente com os comentaristas, a discussão faz pensar além das obviedades de sempre. * Mário Ivo Cavalcati é editor da revista Preá, da Fundação José Augusto


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ConTXTextualizando Os avisos que a tecnologia dá KILDARE GOMES*

Pensamos demasiadamente. Sentimos muito pouco. Necessitamos mais de humildade que de máquinas. Mais de bondade e ternura que de inteligência. Sem isso, a vida se tornará violenta e tudo se perderá”

Charles Chaplin

SIM

O uso de tecnologia nas mais variadas áreas sociais não é mais nenhuma novidade. Já sua ausência é considerada nociva para o desempenho das atividades que executamos diariamente. Agenda de contato, textos pessoais, cálculos, desenhos, músicas e um grande número de outras atividades são é realizado com as ferramentas tecnológicas. Das fábricas para os múltiplos ambientes escolhidos pelos consumidores, essas invenções desembarcam nas prateleiras das lojas – ou até mesmo nos balcões dos camelôs –, e tentam alcançar o mercado comercial. O curioso é que nenhuma tecnologia de ponta pode ser criada sem que a tecnologia da inteligência esteja presente ao longo de todo o processo. Ou seja, não há outra saída para o produto final que antes não passe pelo desenvolvimento criativo da inteligência humana. É dos humanos a capacidade de gerar uma tecnologia (re)produzida pela indústria e comercializada em larga escala no mundo todo. Cada época da humanidade tem sua tecnologia própria. O fogo, por exemplo, vem cumprindo até hoje seu papel, mas as suas formas de produção variaram ao longo dos anos. O desenvolvimento econômico impulsiona cada vez mais o desenvolvimento de tecnologias, e em vários setores da produção surge uma nova ideia para ocupar a atenção das vendas. Com o fogo veio a pólvora, que veio o medo e o terror desenfreado da ameaça de quem provoca um número incalculável de vítimas todos os anos em todo o planeta. É essa mesma tecnologia que vence o produto já defasado, mas não vence a violência.

O digital e o analógico. A exatidão do relógio segue marcando as horas trabalhadas. As mãos calejadas do trabalhador registram os traços marcantes da jornada.

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NÃO

É possível acreditar que a mente humana será substituída pela máquina, sem que para tanto o mundo ainda possa existir.

E NO CENTRO DA ALDEIA? É lá que nos encontramos. Usando a perspicácia filosófica do canadense Marshall McLuhan, que está completando 100 anos em 21 de julho, podemos traçar exatamente a nossa dimensão quando ocupamos a aldeia. Certamente que o próprio McLuhan não poderia alcançar o resultado tecnológico de nossa atualidade, pois que do atual aparato midiático apenas alcançou o rádio e a TV, não mais que isso. Porém, estamos mais do que nunca fincados no meio de uma turbina propulsora de novas tecnologias, que só tem nos deixado mais e mais próximos do conceito de ‘aldeia global’ mcluhaniana. A profecia comunicacional do canadense é disseminada em larga escala, pois é nessa aldeia que acabamos conhecendo – de forma rápida e prática – o mundo. As mídias sociais apenas transferem a comunicação humana para um ambiente com dimensão virtual. Nada mais que isso. Pessoas de boa índole serão sempre benéficas ao meio; as de má índole produzirão uma série de crimes digitais. O ambiente digital da internet não transforma as pessoas, apenas potencializa sua índole. Lembremos sempre desse detalhe. Pouco mais de 3 milhões e 400 mil. Esses são os números de acessos de telefonia móvel no RN. Um sistema com carência de cobertura de sinal, mesmo nas principais cidades, a exemplo de Mossoró. Consumidores reclamam da qualidade do sinal, e com essa deficiência, a impossibilidade de comunicação com outros usuários. Promoção nas lojas, decepção nas ligações.

TALVEZ

A capacidade de diálogo entre os contendores possa vir a substituir a força da arma de fogo, uma tecnologia totalmente subserviente a irreflexão e impulso desmedido.

* Jornalista (PB 4830JP) e professor do Curso de Comunicação Social da UERN Email: kildare.gomes@gmail.com


minuto

visual

CÉZAR ALVES

Imagem composta durante ensaio fotógrafico retratando a comunidade quilombola do Pêga, zona rural do município de PortalegreRN, no dia 11 de julho de 2009. Simboliza a escassez de água. Entretanto, o pouco que se tem, é boa para o consumo humano.

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Ponto de Vista Estocolmo em Natal Rubens Lemos Filho*

Fiz um exercício maluco em fim de expediente e imaginei Lampião invadindo Natal, num pesadelo tragicômico. Suponho a diferença no resultado da peleja. Mossoró fez a vida real, expulsando e humilhando o cangaceiro e os seus jagunços. Não se rendeu um milímetro. "

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O meu amor a Natal é tão imenso que foi gerado no ventre do sofrimento. Meus pais não tiveram tempo de cuidar de mim. Ele fugiu ao exílio caçado por repressores. Ela nem suportou a saudade e partiu ao Chile, comigo de colo, para encontrá-lo. Na Santiago do socialista Allende, uma infecção intestinal me deixou desenganado. Extrema unção e cânticos de despedidas. Havia um médico no grupo, chamado Oto (não sei o sobrenome), que me salvou. A ele devo a vida e dele tampouco tenho o sobrenome. Oto sumiu na poeira da estrada porque aqueles homens fugiam para sobreviver. Sei que está vivo, segundo a minha mãe. Escapamos também, na corda bamba. Voltei e passei a fazer de minha cidade, refúgio. Das suas esquinas, confidentes, de suas meninas, desejos e poucos namoros, condição a que são relegados os magros típicos. Natal passou a ser mais amada quando fiquei distante, contra a minha vontade, pelo destino que fez do meu pai, militante do sonho utópico da liberdade. Cuiabá e Recife me fizeram muito mal e a cada postal ou carta com foto do Morro do Careca ou do Estádio Castelão (Machadão), cascatas de lágrimas e inconformismo. Daí surgiu minha ojeriza às viagens. Quando a trabalho tinha de ir a Brasília ou a São Paulo, me comovia a força espiritual que me causavam os aeroportos JK e Cumbica. Na volta. Por eles, fazia o melhor do programa, retornar ao meu canto e aos meus familiares e amigos. Tempo tira o lirismo de um sujeito com 40 anos. Dos quais, 23 dentro de redação ou de assessoria de imprensa, fazendo jornalismo ou campanha política. As batalhas eleitorais me permitiram conhecer o Rio Grande do Norte em seu mosaico geográfico e humano. E a admirar duas cidades impávidas de amor próprio. Caicó e Mossoró. O Seridó guarda seu sol braseiro temperado pelo bem dos seus filhos, que pela lógica da vida, tornam-se distante. Sob as arcadas de Santana, em julho, vejo o que é o maior painel de companheirismo em terra firme. Famílias e

famílias de gerações antepassadas, se abraçando em plena praça, como num quadro lindo de Newton Navarro. É quando se descobre que confraternizar não é mero verbete. Em Mossoró também morei. Bem perto da Secretaria de Finanças. Nem deu tempo de estudar, pois cheguei para ficar nas férias e antes que elas terminassem, voltamos à capital. A atmosfera mossoroense difere pela postura firme e orgulhosa do seu povo, que observei, olhos de repórter, num desfile que até acharia monótono no dia 30 de setembro. Queria que Natal tivesse a autoestima de Mossoró. Natal é linda e o elogio de terra receptiva vem se confundido com passiva no passar do tempo. Aqui se valoriza muito o que é de fora. O turista deve ser bem tratado, mas o nativo é a raiz cultural da existência de qualquer lugar. Fiz um exercício maluco em fim de expediente e imaginei Lampião invadindo Natal, num pesadelo tragicômico. Suponho a diferença no resultado da peleja. Mossoró fez a vida real, expulsando e humilhando o cangaceiro e os seus jagunços. Não se rendeu um milímetro. Natal, em seus aspectos artificiais de hoje, nas primeiras cartas ameaçadoras e chantagistas do facínora, poderia mandar um emissário propor uma trégua a Virgulino, oferecendo a ele uma candidatura a prefeito, uma casa na Redinha e um terreno em Ponta Negra. Se ele fincasse pé e ainda por cima chiasse como um carioca, falando “tchitchia”, “djia” e “culégio”, seria proposto um título de cidadão na Câmara de Vereadores. Quem sabe haveria de nascer o virgulinismo, nova tendência ou facção política. É surreal a Síndrome de Estocolmo. Ou de Natal. Que eu gostava mais puxada a aldeia emergente e inocente. Nova Amsterdã sem sotaques. Que me tomem por bairrista. Verdadeira é a minha admiração pela capacidade de um povo de amar e defender a sua cidade, por sabê-la berço e repouso dos seus ancestrais e descendentes.

* Rubens Lemos Filho é jornalista desde 1988. Foi repórter e editor dos principais veículos de comunicação de Natal, secretário de Estado de Comunicação Social e hoje é coordenador de Comunicação Social da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte / Twitter: @RubensLemos, e-mail: r.lemosfilho@uol.com.br



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