Lecio Dornas Socorro Sou Professor de Escola Dominical

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SOCORRO! Sou professor de Escola Dominical

BÍBLIA: QUE LIVRO COMPLICADO! Como interpretar e estudar a Bíblia, descobrindo suas maravilhas. Aplica-te à leitura, à exortação, e ao ensino (1Tm 4.13). Estamos distantes do mundo da Bíblia cultural, geográfica e cronologicamente. Este fato naturalmente dificulta o entendimento das Escrituras, pois como entender hoje, quase dois mil anos depois de Cristo, escritos datados de até 3.500 anos atrás? Daí a razão pela qual muitas pessoas não conseguem compreender bem a Palavra de Deus e a têm como difícil e complicada. Por esse mesmo motivo, entende-se também o surgimento de tantas heresias e distorções teológicas, pois tentando interpretar a Bíblia sem critérios sérios muitos acabam por afirmar doutrinas e posturas que realmente a Bíblia não apóia nem autoriza. A única maneira de alguém compreender a Palavra de Deus é dedicar-se ao seu estudo de forma zelosa e disciplinada. Como disse Paulo Freire: "estudar é, realmente, um trabalho difícil. Exige de quem o faz uma postura crítica, sistemática. Exige uma disciplina intelectual que não se ganha a não ser praticando-a."11 Só será possível entender a Bíblia, portanto, com um trabalho sério, lançando mão dos princípios de interpretação universalmente aceitos e difundidos. São princípios que, uma vez observados, abrem diante do estudante as portas de acesso à verdade eterna. Deus, pelo seu Espírito Santo, capacita o ser humano a compreender o texto sagrado através da utilização destes princípios.

ALGUNS TERMOS-CHAVES Antes de uma exposição dos princípios de interpretação da Bíblia, vamos proceder a uma definição de termos, tanto para evitar confusão no entendimento como para situar o amado leitor, ajudando-o a se localizar no espectro da revelação de Deus. REVELAÇÃO - Há hoje o uso desta palavra de forma completamente diferente do seu sentido original. A palavra revelação no Antigo Testamento é galah e significa descobrir, mostrar o que está encoberto. No Novo Testamento a palavra é apokálypsis, que significa tirar o pano ou puxar a cortina. A idéia é a do momento em que no teatro grego as cortinas eram puxadas e a platéia podia ver o que estava por trás, escondido. Teologicamente, revelação é o ato de Deus em que ele se dá a conhecer ao homem. É o próprio Deus quem se revela ao ser humano e o faz de forma geral, por meio da natureza que ele criou (SI 19.1) e, de forma especial, através do seu filho Jesus (Jo 1.18). INSPIRAÇÃO -Ao revelar-se, Deus desejou que as gerações futuras tivessem acesso à sua revelação. Por esta razão ele capacitou homens a registrarem a sua revelação. A essa capacitação chamamos inspiração. Por isso lemos em 2Timóteo 3.16 que "toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para ensinar em justiça". A expressão divinamente inspirada é tradução do grego theopneutos (theós [Deus] + pneutos [sopro]), com sentido de que a Escritura tem sua origem no próprio Deus que a transmitiu ao homem para que ele a registrasse. O resultado da inspiração é a Bíblia Sagrada, que tem sido sabiamente definida como o registro da revelação de Deus. ILUMINAÇÃO - Deus se revelou e inspirou homens para registrarem sua revelação. Porém, com o passar dos anos, o sentido do que foi registrado corria o risco de se perder e as gerações futuras ficarem privadas do registro da revelação de Deus. Assim sendo, ao longo dos séculos e dos milênios, Deus tem capacitado pessoas a interpretarem o registro de sua revelação, a Bíblia. A isso chamamos iluminação: Deus usando homens para interpretarem sua Palavra. A este conjunto de definições alguns chamam tríade revelatória. Observe que não há mais revelação, no sentido teológico da palavra, o que Deus desejou revelar ao homem sobre si, já o fez. Também não há mais inspiração, o que deveria ser registrado da revelação de Deus, já o foi. O que existe hoje é iluminação. Deus continua e continuará capacitando e usando pessoas para interpretarem a sua Palavra.12 11

FREIRE, Paulo. Ação Cultural para a Libertação. 5a. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981, p. 9. Para uma explanação mais exaustiva dos conceitos descritos, ver VIERTEL, Weldon E. A Interpretação da Bíblia. Rio de Janeiro: Juerp, 1979, 200p. 12


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