Comunicaqui #1

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Saúde

EQUIPE

Felicidade acima do peso

Por Rafael Passos

OPINIÃO O Brasil é um país exibido. Nas praias e nas ruas, a exposição generosa de pernas, tórax, bíceps e bumbuns é previsível como o sol quase diário num país tropical. Nos últimos anos, os contornos ganharam volumes. Somos hoje uma nação de gente cheinha. Segundo dados no Ministério da Saúde, quase metade da população (48%) pesa mais do que deveria. Os gordinhos já são maioria (52%) na população masculina. Foi-se o tempo em que a beleza estava somente ligada a ser magra. Hoje em dia, as pessoas gordinhas fazem muito sucesso. Afinal de contas vivemos em um mundo muito grande, há mais de uma década, ativistas pregam que os gordinhos não se escondam, não deixem de se divertir e de se cuidar, entra na polêmica com o meio médico, é possível ser gordo e saudável! Novidades para esse público surgem a cada dia. No ano de 2010, uma empresa brasileira criou a semana de moda Plus Size (Tamanho Maior). Cujo objetivo é incluir modelos maiores ao mundo da moda e aumentar o número de roupas vendidas a partir do manequim 44. No Brasil produtoras, agências de modelos, logistas já estão incluindo a moda plus size em suas propagandas. O crescimento do nicho plus size agora faz com que as pessoas se sintam retratadas em um mercado de consumo em que elas não tinham espaço. Um dos fatores para que o mercado da moda começasse a incluir as pessoas acima do peso foi a pressão das próprias gordinhas, que passaram a demonstrar seu interesse por esse mundo. Vários artistas brasileiras como: Preta Gil, Gaby Amarantos, Tiago Abravanel, entre outros, abraçaram essa causa. “Para mim, gordinha, é um grande alívio não mais ter de ir em lojas de tamanhos maiores e poder fazer compras em lojas de departamentos”, relata a estudante de moda Camila Oliveira. “É uma resposta à discriminação em relação às pessoas gordas. O que descobrimos é que empresas, médicos, escolas estavam começando a discriminar pessoas por causa do seu tamanho”, conta o empresário curitibano, Edson Moraes.

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Diário de um gordinho por Aline da Costa, estudante de Direito “ Desde criança sempre fui grandinha. Não sou uma mulher muito gorda, mas tenho meus pneuzinhos, mesmo assim ainda gosto de mim. Ao contrário do que a maioria das pessoas dizem, os gordinhos também são amados! Acho que as mulheres devem se cuidar. Nem muito acima do peso, nem muito magra. Devemos acabar com essa ditadura da beleza que é realmente inútil, porque nem toda mulher é igual às top models. Cada uma tem seu corpo, seu estilo e seu jeito. E sobre o #momentopretagil, fala sério, não tem ninguém melhor para definir uma gordinha bonita e feliz! Ou seja, fica o recado: seja essência e não aparência.”

Faça já seu Outdoor Por Patricia Castro

No interior de um biarticulado, fico em pé próximo à porta cinco olhando com atenção aos movimentos corriqueiros do cotidiano de nossa Curitiba. Em meio a tantas observações como o trânsito lento, os comércios, pessoas trabalhando, passeando, me atento até mesmo, ao céu acinzentado típico curitibano, que destaca pelo humor fechado da cidade. Seguindo em frente, noto algo que me intriga. Um anúncio de um outdoor que dizia. “Parabéns Curitiba pelos seus 320 anos! Cidade que é da gente, cidade que é de todos”. Realmente a capital paranaense comemorou em 2013 o seu trecentésimo vigésimo aniversário. Até parece que foi ontem que o estado ainda era governado por São Paulo, comarca essa, que se emancipou tornando-se província e escolhendo assim, Curitiba, como a sua capital. Ao longo dos anos a palavra “progresso” se tornou sinônimo para cidadezinha que outrora foi provinciana. Curitiba, vira referência nacional e internacional, titulada como a “cidade modelo” e “capital ecológica”, entre outras menções positivas. Como já disse, o outdoor me intrigava pelo fato das contradições transcritas na frase. “Cidade que é da gente, cidade que é de todos”, mensagem que transmitia às pessoas que passavam pela rua, como era bela capital paranaense, que escondia por trás desse imenso anúncio, um bairro não tão nobre, nem tão conhecido pelos turistas, talvez nem tão visto pelo próprio poder público. Região esquecida que não deixa de ser Curitiba, mas não ecológica e muito menos modelo. É de se questionar esta frase, “Cidade da gente, cidade de todos”. Não seria a cidade das aparências maquiadas onde a face curitibana é apresentada apenas de um lado? Seria realmente a “cidade de todos” ou somente dos que moram em calçadas de granito, em boas ciclovias e com suas ruas pavimentadas? Devemos rever esta frase ou trabalhar para que ela seja verdadeiramente concreta. Curitiba, como todas as outras capitais brasileiras, também tem seus problemas que não podem e nem devem ser ignorados. Continuo o meu trajeto descendo do ônibus e seguindo pela tradicional Rua XV de Novembro. Ainda refleto um pouco sobre a frase daquele outdoor. Em meio a tanta agitação e circulação de pessoas recebo um bilhete, desses entregues habitualmente dizendo. “Para a solução de seus problemas, administrador, faça já sua propaganda!”. Naquele momento ri da situação em que me encontrava, porém, mudaria apenas o final daquela frase publicitária. Para a solução de seus problemas, administrador, faça já a seu outdoor!

Direitos humanos desrespeitados Por Thais Travençoli

Desde que o deputado federal e pastor Marco Antônio Feliciano assumiu a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados do Brasil, uma série de manifestações contra o político ocorrem em todo o país. Em Curitiba, por exemplo, no dia 9 de março, cerca de 100 pessoas protestaram contra o deputado em ato de repúdio no centro da cidade. As polêmicas contra o pastor não são de hoje. Em 2011, Feliciano postou algumas declarações no Twitter que o levaram a acusações de homofobia e racismo. Em uma das publicações ele diz: “O podridão dos sentimentos dos homoafetivos levam ao ódio, ao crime, à rejeição. Amamos os homossexuais, mas abominamos suas práticas promiscuas”. Em outra declaração, interpretada como racista, ele afirma: “Africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé. Isso é fato. O motivo da maldição é a polêmica. Não sejam irresponsáveis, twitters”. O deputado também resolveu mexer com os direitos das mulheres. No livro “Religiões e Política”, uma análise da atuação dos parlamentares evangélicos sobre direitos das mulheres e LGBTs no Brasil, o pastor diz: “quando você estimula uma mulher a ter os mesmos direitos dos homens, ela querendo trabalhar, a sua parcela como mãe começa a ficar anulada, e, para que ela não seja mãe, só há uma maneira que se conhece: ou ela não se casa, ou mantém um relacionamento com uma pessoa do mesmo sexo, e que vão gozar dos prazeres de uma união e não vão ter filhos”. Se a Comissão de Direitos Humanos foi criada para analisar propostas relacionadas ao tema e para preservá-los, uma pessoa que se mostra contra tais direitos não pode representar a população. Enquanto Feliciano estiver na CDHM jamais será possível acabar com os diferentes tipos de preconceito. Ao invés de lutar pelos direitos humanos, Feliciano desrespeita-os.

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05/07/2013 19:13:25


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