Iatrogenias

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134 | Iatrogenias, Manifestações Oculares de Doenças Sistêmicas e ... 1. Operar o paciente errado: é claro que isto serve para todas as operações, mas, para a cirurgia de estrabismo, é importante que o paciente seja corretamente identificado ao entrar na sala cirúrgica e que sua ficha com o planejamento cirúrgico seja corretamente identificada e fique em local visível ao cirurgião. Ainda que possa soar estranho imaginar esse tipo de equívoco, deve-se estar atento para reconhecer e confirmar o paciente a ser operado, especialmente em serviços com maior volume de cirurgias. 2. Operar o olho errado: como já mencionado, é fundamental que a ficha com as medidas e o planejamento cirúrgico esteja à disposição do cirurgião, para que este possa, sempre que necessário, consultar e conferir o olho a ser operado. Algumas vezes, por exemplo numa eso ou exotropia alternante em que o planejamento era operar determinado olho, pois é o que o paciente mais frequentemente desvia, o fato de operar o outro olho pode não comprometer o resultado da operação, embora cause problema de relacionamento com o paciente ou seus responsáveis. Entretanto, em casos de olhos amblíopes que devem ser operados, há sempre riscos de complicações ao se operar o olho bom. Por outro lado, em casos de paresia unilateral de IV nervo em que o planejamento é o debilitamento do oblíquo inferior, se houver equívoco no olho a ser operado o caso resultará em completo fracasso, exigindo imediata reoperação. 3. Operar o músculo errado: não é exagero o fato de, antes de iniciar o procedimento, o cirurgião confirmar o tipo de desvio e o planejamento a ser executado (qual a técnica a ser empregada em cada músculo). É claro que tudo isto pode parecer óbvio, mas são conhecidos casos de intervenções realizadas no olho errado. Também pode ocorrer a inversão do planejamento (p. ex., em um paciente com exotropia fazer um retrocesso do reto medial em vez do reto lateral, e ressecção do reto lateral em vez do reto medial, o que resultará numa exotropia de maior ângulo do que a original). Outro exemplo são as anisotropias verticais quando se planeja uma transposição vertical dos músculos retos horizontais e a mudança na posição dos músculos ocorre na direção oposta à desejada. 4. Perfuração escleral: a passagem da agulha pela esclera é uma manobra que exige experiência e destreza. Qualquer movimento mais brusco pode resultar em perfuração escleral. O cuidado na passagem da agulha deve ser maior em alguns casos específicos em que a esclera é caracteristicamente mais delgada, como em altos míopes ou em portadores de síndrome de Duane (a esclera fica azulada pelo atrito muscular) (Fig. 3). Ainda que seja uma situação rara, ela potencialmente pode provocar roturas e/ou descolamento de retina, hemorragia intraocular e, em casos mais dramáticos, evoluir para endoftalmite.

Fig. 3 Adelgaçamento escleral abaixo do músculo reto lateral em paciente portador da síndrome de Duane.


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