País Positivo

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MAR 2020

o grupo norueguês abandonou a empresa e o capital foi adquirido por duas empresas de capital de risco e, nesse momento, a empresa sofreu uma reestruturação, assim como o próprio sistema tecnológico e, começamos, finalmente, a produzir pregado de forma estável, atingindo as 120 toneladas/ano. Em 2010, a empresa faz um investimento de 2,5 milhões de euros e instala um novo equipamento e, em 2012, a Sea8 adquire a totalidade do capital e muda-se, novamente o paradigma. Passamos a introduzir, lentamente, o linguado na produção e, hoje, a nossa produção dedica-se totalmente ao linguado. Em Abril de 2012, a Aquacria foi adquirida pela Sea8. O que terá sustentado o interesse deste investidor? Creio que o principal interesse da Sea8 foi o facto de termos uma tecnologia sustentável. A Sea8 pretendia investir no setor e valoriza a produção sustentável de alimentos de qualidade. O facto de o projeto e a tecnologia assentarem nessa base despertou o interesse. Este tipo de produção mais controlada também permite uma melhor gestão do risco e da própria produção, o que nem sempre acontece na aquacultura. A par, a Sea8 pretende afirmar-se como um player importante na produção de linguado em termos mundiais. E isso permite-nos um crescimento que, de outra forma, não seria possível. A Sea8 é o veículo de investimento para a área da aquacultura de um fundo de investimento de capital espanhol. Existe um interesse estratégico e de longo prazo em investimentos sustentáveis e este fundo está, neste momento, focado em duas áreas distintas na produção primária: uma vertente é a de investimentos em aquacultura e a outra é a de produção de azeitona. A Sea8 tem ambições

muito grandes e esperamos conseguir concretizá-las. De momento, o nosso primeiro objetivo será elevar esta produção de linguado a um nível de duas mil toneladas, o que poderá suceder através de uma expansão do que temos atualmente em Portugal, através da construção de novas unidades em Portugal ou em Espanha, por aquisição de outras empresas ou através de contratos de gestão. Há uma aposta muito grande neste projeto e uma confiança enorme nesta tecnologia, na espécie e na equipa que está no terreno a executar. A Sea8 está muito focada neste projeto e no seu sucesso! Dedicando-se a Sea8 a uma aquacultura intensiva, de que forma procura preservar a sustentabilidade ambiental, minimizando os impactos negativos? O termo intensivo não significa mais poluente… Neste caso, sucede exatamente o contrário. O facto de se processar num sistema em recirculação permite-nos controlar muito melhor o principal recurso que utilizamos, a água. O volume de água que utilizamos é cerca de dois por cento daquele que seria usado em circuito aberto e, ao ser um volume muito pequeno, permite-nos tratar o efluente. Paralelamente, temos um projeto desenvolvido em parceria com a Universidade de Aveiro, a par de muitos outros que desenvolvemos com outras universidades nacionais e estrangeiras, que consiste na implementação de um sistema multitrófico de tratamento do efluente. Temos poliquetas, que se alimentam de matéria orgânica produzida pelos peixes e outras plantas, algumas com interesse comercial como a Salicornia, e também estamos a realizar testes com micro-algas e com bivalves, seres vivos que vão, no fundo, “limpar a água” ao mesmo tempo que otimizam a utilização dos nutrientes. Dezembro 2013

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