Betão n.45 – Novembro 2021

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Técnica

tação, sendo que as cinzas são principalmente responsáveis pela redução da resistência à compressão para igual a/l, mas tendo também uma influência negativa na resistência à carbonatação, para uma equivalente resistência à compressão. Na Figura 4, onde se apresentam os resultados obtidos com escórias de alto-forno, em vez de cinzas volantes, observa-se que a influência das escórias na redução da resistência à compressão é menor, o que se compreende devido ao seu caráter hidráulico latente.

Figura 4 – Resistência à compressão aos 28 dias versus resistência à carbonatação para betões fabricados com cimento ou cimento e escórias de alto-forno

Figura 2 – Resistência à compressão aos 28 dias versus resistência à carbonatação para betões fabricados com diferentes ligantes expostos a ambiente XC4 durante 10 anos

Figura 3 – Resistência à compressão aos 28 dias versus resistência à carbonatação para betões fabricados com cimento ou cimento e cinzas volantes

Fazendo o mesmo exercício, mas usando no eixo das abcissas a resistência à compressão a um ano, em vez da resistência à compressão aos 28 dias, obtém-se a Figura 5 para a influência das cinzas volantes e a Figura 6 para a influência das escórias. Nestas figuras denota-se claramente que o ganho de resistência à compressão com a idade não se traduz em ganho proporcional na resistência à carbonatação, alargando a diferença entre o desempenho do CEM I relativa-

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mente aos ligantes compostos, para igual resistência à compressão. Estes diferentes resultados na influência da resistência à compressão aos 28 dias e a um ano, relativamente à carbonatação a 10 anos, podem ser atribuídos às condições de conservação do betão. Efetivamente, a resistência à compressão é obtida em provetes conservados em água, enquanto os prismas usados para a determinação da profundidade de carbonatação estiveram expostos à atmosfera exterior. Entre os 28 dias e 1 ano, o betão junto à superfície destes últimos sofre períodos de secagem, que podem ser mais ou menos longos, durante os quais, a hidratação fica inibida tornando a estrutura porosa mais aberta do que nos provetes conservados em água. Na superfície dos prismas, mesmo quando existe posteriormente água disponível, a reativação da hidratação ocorre em condições menos propícias devido à exposição anterior ao ar, nomeadamente por ocorrência de carbonatação. Neste âmbito, ligantes com velocidades de reação mais lentas vão tender a prejudicar mais o comportamento do betão. Esta presunção é confirmada pelas figuras, dado que, para a mesma resistência à compressão, o betão, quer com cinzas quer com escórias, apresenta menor resistência à carbonatação, e, de entre estes dois tipos de adição, são as cinzas volantes que apresentam efeito mais negativo, podendo estabelecer-se um escalonamento das velocidades de hidratação a qual é maior no CEM I e menor nas cinzas volantes, situando-se as escórias de alto-forno numa posição intermédia. Analisemos agora o efeito de utilização de cimento CEM I ou CEM II/A-L do ponto de vista da carbonatação, voltando a utilizar a resistência à compressão aos 28 dias no eixo das abcissas. Observa-se, na Figura 7, que as curvas estimadas quase se sobrepõem, quando se comparam betões com CEM I ou CEM II/A-L na mesma proporção do ligante e para idêntica adição. Analisando as características dos dois cimentos, Quadro 1, apesar do CEM II/A-L ter um teor de clínquer


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