Vidas Secas na Cidade

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Hor

Parecia que o garoto não queria mostrar quem era para alguém e também parecia não querer estar roubando o lugar. Ele não tinha o que fazer além de entregar o dinheiro e algumas caixas de comida. No fim do dia tomou um esporro de seu chefe, recebeu pouquíssimo dinheiro e quase foi demitido. Frustrado com o ocorrido Fabiano foi encher a cara para recuperar seu ego.

Capítulo 16:Trabalho do menino mais velho

Ele acordou também cedo, mas mais tarde do que seu pai, despediu-se de sua mãe e seu irmão e foi em direção ao velho trapiche onde trabalhava. Sem pernas o esperava na porta falando para se apressar. Ao entrar ele viu o Professor e Pedro Bala falando com alguns de seus companheiros sobre o assalto do dia. Todos estavam falando que ele seria a pessoa que ia levar o revólver. Ao saírem do trapiche, Pedro Bala passou uma camisa e um revólver para ele. Falou com firmeza “a camisa vai na sua cara, o revólver fica apontado na cara do vendedor”. Chegando à padaria fez exatamente isso, mas com um grande arrependimento, pois o seu pai era quem estava no caixa. Após o assalto o dinheiro foi dividido entre todos. O menino mais velho nunca tivera tanto dinheiro em suas mãos, então antes de voltar para casa algumas

resolveu comprar coisas.

Cápitulo 17:Fabiano o homem

Fabiano vagava na escuridão da praia em busca do fundo de uma garrafa de cachaça. Ao passar em uma rua, uma moça de trabalhos lhe ofereceu um serviço por um preço justo. Fabiano queria este serviço, fazia tempo que não sentia esse prazer, mas logo a culpa ocupou a sua mente. Abaixou a cabeça em direção ao cimento da rua que parecia querer puxá-lo para dentro da terra para relembrar quem ele era. Fabiano não gostava de seu trabalho,nem de onde morava, preferia milhares de vezes o mato e o trabalho com cavalos. Cavalos são animais robustos e fortes assim como Fabiano é, cavalos o acolhiam, humanos o espantavam. Mas ele achava estranho, animais não sentem amor nem medo e ele sentia, animais não tem família e ele tem uma. No bar, Fabiano pediu uma garrafa. Tomou tudo de uma vez, o fundo da garrafa parecia o buraco fundo que havia na sua alma. Ele saiu cambaleando do bar com outra garrafa na mão, gritando para o mundo

do fundo dos seus pulmões ”EU NÃO SOU UM ESCRAVO”, mas o

mundo parecia o ignorar. Caminhou até a praia e se sentou. O horizonte estava negro, realçando o contraste branco da metade da lua e a outra metade estava na água. Estrelas estavam no céu, estrelas que pareciam almas perdidas. Fabiano tentou achar a sua mas não adiantou.

Continua...


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