Revista NónaPalavra

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NรณnaPalavra



Revista NónaPalavra Nó na palavra, nona palavra. A palavra do nono ano. A voz que baixa o tom até o chão da sobriedade. A fuga da resposta imediata, do grito oco, da conclusão veloz. A luta do pensamento para achar a sua forma: Atar e desatar, tecer, refazer, ponderar, reavaliar. A juventude e seu lugar. As juventudes e seus lugares. Arte, política, comportamento, educação. A casa, a rua, a escola, a cidade. A ciência e o desejo. A opinião construída e em construção. A palavra do nono ano sobre si e, principalmente, sobre os Outros: Eis o nó. Evandro Rodrigues

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A revista NónaPalavra resulta da trajetória do Projeto de Escrita, disciplina organizada especialmente para o 9º ano, série essa que marca, como sabemos, o fechamento do Ensino Fundamental II e promove a passagem para um momento muito privilegiado da escolaridade, o Ensino Médio. O objetivo do curso é levar o aluno a perceber a escrita como um espaço importante para a compreensão do texto, elemento organizador de nossas ideias. Durante o ano, a partir de práticas dissertativas e argumentativas, os alunos aprimoraram técnicas de pesquisa, exposição, explanação, explicação de ideias, bem como, no caso argumentativo, persuasão, convencimento e construção de opinião crítica. Tivemos como tema central o conceito de Juventudes, no plural, a fim de reforçar o caráter múltiplo da ideia de juventude. Lançamos mão de contribuições de distintos campos do saber (literatura, história, sociologia, psicanálise, música popular), com o intuito de transcender o recorte meramente etário que se costuma dar ao conceito de juventude e refletir sobre a experiência do ser jovem enquanto construção do presente. Esta revista apresenta artigos de opinião escritos pelos alunos que partem de perguntas como “Afinal, escola para quê?” e “Há no Brasil contemporâneo espaços de representação legítimos das juventudes?”, questões que norteiam duas das seções desta publicação. Também apresentamos textos que tratam de temas como drogas, padrões de beleza e desigualdade de gênero, assuntos também trabalhados nas aulas de Português com as turmas de 9º ano.

Boa leitura e boas reflexões! Laura Meloni Nassar e Evandro Rodrigues Laura Meloni Nassar é coordenadora pedagógica de 8º e 9º ano do Ensino Fundamental II e do 1º ano do Ensino Médio. Evandro Rodrigues é professor de Língua Portuguesa de 8º e 9º ano do Ensino Fundamental II e de Produção de Texto do 1º ano do Ensino Médio.


Sumário Afinal, escola para quê? Agatha Lucchi........................................................................................ 10 Alice Araujo ........................................................................................... 11 André Bollos........................................................................................... 12 Beatrice Silva Vieira .............................................................................. 13 Ettore Bento Schultze........................................................................... 14 Gabriel Chiaratto................................................................................... 15 Gabriel Vergani....................................................................................... 17 Iago Carvalho de Oliveira ..................................................................... 18 Ian Kanda Bernucci................................................................................ 19 Iara Terra Pereira da Veiga.................................................................... 20 Isabela Cavalcanti.................................................................................. 22 Isabela Pimentel Seppelfeld.................................................................. 23 João Tavano Gabriel............................................................................... 24 Laura Palma Ávila Pereira...................................................................... 25 Leonardo Volpe ..................................................................................... 26 Luca Perini de Melo............................................................................... 27 Luiza Moura........................................................................................... 28 Maria Clara Verderame.......................................................................... 30 Maria Julia Santo.................................................................................... 31 Mariana Corrêa Giannella...................................................................... 32 Marina Perpetuo Cornacchioni............................................................. 33 Pedro Nadaleto...................................................................................... 34 Rafael Giannella..................................................................................... 35 Raissa Ré Guimarães Marques.............................................................. 36 Sabrina Polak Baldo .............................................................................. 37 Tomás Almeida Cardoso........................................................................ 38 Tomás Valente....................................................................................... 39


Há no Brasil contemporâneo espaços de representação legítimos das juventudes? Ocupação das Escolas Estaduais em 2015........................................... 42 A influência do jovem na política atual ................................................ 43 Jovens como formadores de opinião.................................................... 44 Jovem no mercado de trabalho............................................................. 45 Não tem espaço?.................................................................................... 46 Atuação do jovem na política................................................................ 47 O Planalto quebrou o termômetro....................................................... 48 Eles também querem ter voz................................................................ 49 Não fechem minha escola .................................................................... 51 Os jovens também podem .................................................................. 53 Jovens na política................................................................................... 55 Os jovens se expressando..................................................................... 57 Os jovens vão à luta............................................................................... 58 Ocupa, São Paulo................................................................................... 59 Jovem mulher: conquistas e dificuldades............................................. 61 Preocupação........................................................................................... 63 Quem são os jovens na vida pública no Brasil...................................... 64 Liberdade De Expressão........................................................................ 66 O jovem na política................................................................................ 67 Ocupações nas escolas estaduais.......................................................... 68 A influência da violência na educação ................................................. 70 O jovem hoje.......................................................................................... 71

Outros textos Drogas na escola: uma questão complexa........................................... 74 O que é beleza?...................................................................................... 76 O que a cidade tem pra falar................................................................. 77 Os manifestos no espaço urbano.......................................................... 77 Você pode morrer apenas por ser mulher............................................ 79



Afinal, escola para quĂŞ?


Agatha Lucchi O Brasil possui uma desigualdade social gigante, os índices de desemprego só aumentam e isso faz com que a pobreza só aumente. Essa desigualdade social reverbera em diversas outras instâncias, como na educação, em que 22,9% dos jovens de 15 a 29 anos cursam ou cursaram o Ensino Fundamental de primeira a quarta séries, 34% cursam ou cursaram de quinta a oitava séries e apenas 7,2% cursam ou cursaram o Ensino Superior. É possível notar que apenas uma pequena porcentagem dos jovens cursam ou já cursaram o Ensino Superior, sem o Ensino Superior completo. Com isso, são menores as chances de conseguir bons cargos de trabalho na sociedade, e isso causa desigualdade social econômica. A maior parte dos estudantes que abandonam o Ensino Médio não acreditam que a educação vai proporcionar melhor qualidade de vida. Mas por quê? Se a educação é a chave para proporcionar uma melhor qualidade de vida, talvez porque nem todos têm as mesmas chances pois, no Brasil, apenas 58% dos estudantes concluem o Ensino Médio, e as diferenças sociais são decisivas.

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Enquanto 85% dos alunos mais ricos no Brasil finalizam essa etapa. Então, se todos os jovens tivessem as mesmas chances, independentemente de poder aquisitivo, talvez a desigualdade social diminuísse. Então, é importante uma educação de qualidade a todos, pois o que mais causa abandono é a falta de interesse na educação. E, para isso, é preciso melhorar e valorizar a escola pública, para que a particular vire uma opção.


Alice Araujo Os jovens e a educação têm uma relação complicada, e muito disso vem da imagem que é passada sobre a educação, que é algo obrigatório, pois durante esse período serão passados conteúdos necessários para entrar em uma faculdade, que futuramente irá tornar-se um trabalho. Para a maioria dos jovens, a educação é algo chato; necessário, mas chato. Além de não darem a importância necessária à educação, ela também não muda, continua igual, com os mesmos métodos de 100 anos atrás. A juventude é um período em que a formação de ideias, conceitos próprios, se inicia e o auxílio ao jovem nessa época é muito necessário, o que é responsabilidade dos pais e da escola, e, por isso mesmo, a postura da escola deve ser renovada. O jovem dos anos cinquenta e os de hoje em dia são iguais? Têm as mesmas questões? O mundo já mudou muito, as grandes questões que rodeiam nosso mundo são outras, porém a estrutura da escola ainda não mudou. Os jovens, hoje, têm muito mais acesso a variados tipos de conteúdos de informações: o que há vinte anos seria difícil de se achar, hoje você poderia achar em segundos.

A internet dá a todos muita autonomia, mostrando diferentes opiniões de diferentes assuntos, algo que se for explorado pode gerar experiências educacionais mais ricas, mais amplas e, também, mais apelativas aos jovens. A educação deve ser mais que uma simples obrigação, deve ser algo que as pessoas possam aproveitar ao máximo e ter vontade de participar. Existem dados que mostram evidentemente as questões discutidas acima: apenas 35,8% terminam o Ensino Médio, e o argumento dos estudantes que não terminam o Ensino Básico é de que a educação não irá proporcionar melhor qualidade de vida. Diversas razões podem levar os jovens a sair da escola antes de se formar, porém, se a escola fosse um pouco mais apelativa aos jovens, alguma porcentagem significativa poderia persistir em estudar. Ou mudamos o nosso sistema de educação ou continuaremos a ter problemas.

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André Bollos Certamente, ninguém duvida da capacidade da juventude de realizar mudanças. Mas, também, muitos acreditam na fala do senso comum que diz que os jovens da atualidade estão mais rebeldes, não valorizam os estudos, não contribuem para o desenvolvimento do mundo. Pesquisa realizada em 2015 pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) mostra que, no Brasil, cerca de 76% dos jovens entre 20 e 24 anos estão longe dos estudos, sendo que de outros países, como Noruega, Dinamarca e Canadá, a estimativa é de 54%. Os dados revelam ainda que a maior parte desses jovens estão trabalhando, representado 52%. A partir desses números, podemos perceber que existem outros fatores que colaboram para a existência desses números, e o principal deles é a questão social, e essa questão influencia diretamente a economia do país. Podemos nos referir à desigualdade social, relacionando-a com outro tema, a desigualdade econômica, pois na atual sociedade capitalista em que vivemos há uma grande presença da má distribuição de rendas para a população. De acordo com dados de

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2005 da CIA, o Coeficiente de Gini do Brasil é de 56,7. Esse coeficiente mede a desigualdade na distribuição de renda, sendo que: se ele for igual a 100, indica distribuição totalmente desigual; se for igual a 0, indica total igualdade na distribuição da renda. Além disso, a desigualdade mostra que os mais favorecidos socialmente e economicamente entram em boas universidades e, consequentemente, têm acesso a profissões mais bem remuneradas, enquanto os menos favorecidos, que são os que não tiveram oportunidade de estudar ou, até mesmo, se recusaram a estudar, vivem em favelas, lugares em regiões mais pobres. Portanto, a desigualdade não dá oportunidade às pessoas subirem na vida. Posso concluir, então, que a falta de educação de jovens colabora para um possível subdesenvolvimento econômico do país, e para mudar isso devemos nos preocupar em criar mais instituições públicas de ensino, com um alto nível de ensino, ou até mesmo fortalecer as nossas escolas que já existem.


Beatrice Silva Vieira Educar pra quê? Qual o motivo de educar nos dias de hoje? O que é educar? Afinal de contas, vivemos na era da tecnologia, qualquer coisa que as pessoas querem saber elas podem perguntar para o Google e ele “sempre” vai saber a resposta. Então, por que educar? Pois bem, a educação da escola é, depois da família, a principal fonte de conhecimento dos jovens, tornando ela quase indispensável. Mas a escola e esse tipo de educação são uma coisa cultural, pois desde sempre tivemos a escola como um jeito de passar conhecimento e apenas isso. Hoje em dia, a escola tem a função de convivência, pois, graças à internet, a sociedade de hoje não conversa, não se fala e se deixarmos por isso as pessoas não se olham na cara.

Seria ótimo se as pessoas do século XXI entendessem a importância da educação, das artes, ou a importância da alfabetização visual. Ao invés de acreditar apenas na cultura da performance, não que coisas como linguagem escrita/ oral e habilidades matemáticas deixem de ser importantes. Mas seria incrível se os jovens fossem alfabetizados visualmente, pois a arte é importantíssima e pode mudar para sempre a vida das pessoas.

Mas as pessoas de hoje se esquecem dessa segunda função e são dominadas pela cultura da performance. O conteúdo está em alta, especialmente o de imediata aplicação. Fazendo com que as pessoas acreditem que conteúdo é mais importante do que conhecimento e mesmo que hoje em dia as pessoas mostrem que conhecimento, além de não ser a mesma coisa, é bem mais importante que educação imediata.

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Ettore Bento Schultze A escola é um lugar onde crianças e jovens aprendem o básico, a teoria, a ter criatividade, a viver em sociedade e a ser um cidadão. Apesar disso, muitos jovens, em sua maioria pobres, como já sabem que as chances de entrarem em uma faculdade são muito baixas, tendem a largar a escola mais facilmente. Muitas vezes para ajudar em casa, arranjar trabalhos exploradores que não respeitam seus direitos, ou então para entrar para o crime, onde podem ser presos ou mortos pela polícia. E o pior é que esses são apenas alguns motivos para largarem a escola. De acordo com o IBGE de 2002 (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de todos os estudantes que entraram no Ensino Fundamental I, apenas 22,9% concluíram, e destes apenas 34% concluíram a oitava série (nono ano), apenas 35,8% cursaram ou concluíram o Ensino Médio, e o dado mais triste é que apenas 7,2% dos que entraram no Ensino Fundamental cursaram o Ensino Superior. A verdade é que mesmo os que se interessam em cursar uma faculdade não têm dinheiro. A média de duração de um curso na faculdade é de 4 a 6 anos, o que não sai nada barato.

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Para que tudo isso mudasse, o governo deveria investir mais em cotas que ajudassem os jovens necessitados a entrar e continuar na escola, aumentar as vagas das universidades públicas e melhorar a qualidade do ensino público.


Gabriel Chiaratto Atualmente, no Brasil, 1,7 milhões de jovens entre 15 e 17 anos estão fora da escola segundo a UNICEF. Esse dado levanta uma séria questão sobre o nosso país e sobre a juventude como um todo: o que será que leva uma quantidade tão grande de pessoas que estão em seu ápice físico e mental a não irem ao local onde deveriam desenvolver primeiramente seu raciocínio e, também, em segundo plano, seu corpo? A primeira resposta que nos vem à mente ao pensarmos nessa questão é a falta de interesse por parte dos que deveriam estudar, esse raciocínio é apoiado pelo dado apontado pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), que mostra que a maior parte dos jovens entre 13 e 15 anos que abandonam a escola o fazem como razão principal pela falta de interesse. Ao analisarmos certezas tão incômodas, que provam que o maior desafio das escolas atualmente é manter seus jovens interessados em suas aulas, comprovamos uma tese e criamos a necessidade de criar outra tese nova, uma tese que explique o desinteresse dos adolescentes e crianças em ir para a escola. Um fator decisivo para entender a falta de uso da educação é lembrar que

as relações interpessoais mudaram, assim como o mundo, o que levou inevitavelmente a uma mudança na forma dos mais jovens verem seu lugar de estudo. Essas mudanças afetaram, por consequência, o peso acadêmico que um diploma tem no mercado de trabalho, o que antes significava um emprego bem remunerado, estável e seguro, hoje tem muito menos relevância, pois existem muito mais cursos disponíveis do que 50 anos atrás, o que leva o mercado e o jovem a desvalorizar esse certificado. Curiosamente, uma das coisas que pouco mudou no século XX em relação ao XXI foi a tão necessária e polêmica educação, muitas escolas obrigam os alunos a usarem uniformes, de forma idêntica ao século passado, as aulas são muito semelhantes a palestras, com uma grande verticalidade entre professores e alunos, de forma idêntica ao século passado, as relações entre a orientação, a coordenação, os professores/professoras e alunos seguem iguais às escolas do século XX, com raras exceções. Diante de tal realidade, como interessar alguém com muita disposição e com muita vontade de ser ativo na sociedade e se interessar na escola? Como fazê-lo acreditar

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que ficar diante de uma escrivaninha durante horas decorando o teorema de Pitágoras e resoluções de equações de segundo grau para ganhar um certificado de pouca relevância é mais importante do que entrar em um trabalho e ganhar seu parco salário? Existem várias respostas para esta pergunta, porém, a defendida pelo cientista cognitivo Daniel T. Willingham é de que o aprendizado tem de ser uma experiência mais envolvente. E esse despertar começa quando a criança percebe que pode expressar suas ideias no papel, que a escrita pode ser algo extremamente prazeroso, que um texto contém mais mensagens e fantasias nas entrelinhas do que podemos supor. “Estudar não é devolver ao professor aquilo que ele já sabe. Estudar é encantar-se com o conhecimento e querer encantar-se cada vez mais” é uma frase de professor Natal, professor de matemática deste século. A escola não é uma máquina, seus alunos muito menos, então já está no momento de criar um centro humano e interessante de aprendizado onde “o importante é que os alunos realmente compreendam as perguntas para poder respondê-las. Muitas das perguntas que fazemos na escola

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são aplicáveis a adultos. (…) A importância do que é ensinado deve ser muito bem explicada aos alunos. Perguntas não são interessantes para quem não as compreende.”, disse Daniel T. Wilighan em uma entrevista sobre educação.


Gabriel Vergani A escola é uma instituição que prepara para a vida, garantindo um emprego e um bom desempenho no trabalho e que todos que estudam nela tenham condições de fazer tudo em uma sociedade que exige rapidez. Ma, além de preparar para o trabalho, ela te dá uma série de aprendizados, fazendo aprender a conviver com pessoas sem ser da sua família e com ideias diferentes do que você está acostumado. Cada escola opta por um sistema de ensino diferenciado. Umas são mais construtivistas e outras mais tradicionais. A tradicional foca mais em fazer o aluno ter um emprego que ele ganhe dinheiro e descarta ensinamentos que para eles são inválidos e que não ajudariam os alunos a passar no Enem.

os alunos a seguirem carreiras artísticas e só dando o foco em matérias como matemática, português, ciências, entre outras, sendo um ensino limitado e precário. A escola construtivista serve para formar uma bom trabalhador em qualquer área da sociedade e não só onde você terá certeza de ganhar muito dinheiro. Além desses dois sistemas de estudo, muitos estudiosos afirmam que o melhor jeito de aprender é em uma escola onde você aprende se divertindo e não dentro de uma sala. Eu acho que, caso você possa se divertir em vez de estudar, você não iria estudar e assim se distrairia muito em um sistema de ensino assim.

Já escolas construtivistas pensam mais em formar pessoas cultas em todos sentidos, e não só nos que são tradicionais, como foco em artes plásticas, música, teatro, entre outros. Com essa formação você pode ter um olhar mais plural e mais amplo culturalmente para todos os tipos de matéria. Escolas tradicionais muitas vezes dão aulas de arte e música, porém, não é um bom aprofundamento, dificultando

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Iago Carvalho de Oliveira Os jovens dos dias de hoje não levam os estudos a sério, estão sempre indo em festas e não se preocupam como será suas vidas adultas. O estudo é muito importante para formar um cidadão, mas infelizmente grande parte dos jovens não está na escola ou está mas não leva ela a sério, pois não demonstra rendimento ao longo do ano, chegando no colegial sem aprender o esperado. Números de uma pesquisa mostram que 84% dos alunos chegam no final do ensino médio sem aprender o esperado em matemática. Não levar a escola a sério ou não terminar a escola trará grandes problemas na suas vidas adultas, mas infelizmente grande parte não termina o estudo. De 100 jovens, cerca de 36 abandonam a escola. Os jovens que abandonam a escola terão grandes problemas na suas vidas adultas. Terão dificuldades em receber um bom salário, pois não terão grandes conhecimentos, e com isso uma saída que grande parte acha é entrar no mundo do crime, roubando, traficando. Podemos perceber que o estudo é muito importante para poder construir uma vida no futuro, mas uma boa

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parte dos jovens não acha relevante se dedicar a ela e acaba trocando os estudos por festa ou até acaba abandonando de vez o seu futuro.


Ian Kanda Bernucci A escola têm muita importância na vida das pessoas, desde a formação do pessoal dela quanto a educação, que irá gerar um futuro promissor a ela e, assim, ao próprio país também. Mas para isso é preciso disponibilizar uma boa educação pública.

Como nem todos os jovens se beneficiam da mesma forma de ensino, é possível que aumente a desigualdade na qualidade da mão de obra que, consequentemente, atua no mercado de trabalho e futuras desigualdades de rendimento.

Miriam Abranovay, em seu artigo de opinião, diz “Enquanto 85% dos alunos mais ricos no Brasil finalizam o Ensino Médio, apenas 28% dos jovens de família com menos recursos conseguem o mesmo”.

Hoje, na política, vivemos um processo (medida provisória do Ensino Médio (colegial)) aprovado pelo nosso Presidente Michel Temer, que aparentemente só prejudica o ensino e tira completamente a educação artística e física, o que deixa ainda mais sem incentivo a ir na escola.

De fato, há certa desigualdade, mas por que hoje em dia essa desigualdade ainda existe? Apesar de a maioria das escolas públicas quase nunca terem aula, o estado das classes, cadeiras, mesas, ar-condicionado está péssimo, o ensino não tem uma boa qualidade e outros fatores ruins, esta desigualdade nos números não acontece por falta de vontade dos alunos, e sim por falta de recursos e, principalmente, oportunidade. A dificuldade de acesso da população mais “pobre” a uma boa qualidade na educação, não só restringe a expansão do ensino, como também gera heterogeneidade educacional (segundo Marlon Gomes, em seu artigo de opinião).

Se a educação concedida às camadas mais pobres não melhorar (em questão de estruturas, acesso, material, valorização de professores, etc.), teoricamente, no futuro, esta questão pode se agravar e o país não se desenvolver. Já se houver um desenvolvimento educacional em todo país, o próprio irá se desenvolver,podendo até se tornar uma grande potência.

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Iara Terra Pereira da Veiga No começo do século XX, os jovens eram muito reprimidos por suas famílias e pelos padrões morais. A partir dos anos 1950, a juventude passou a ter um papel mais significativo na renovação da cultura global. Isso representou uma possibilidade de mudança e inovação para a sociedade da época ao promover um movimento de contestação dos valores morais e estéticos, propondo novas formas de se vestir e de se relacionar. A crítica ao sistema capitalista e aos padrões de consumo vigentes foi a principal bandeira desse movimento conhecido como Contracultura. Nos Estados Unidos, nesse mesmo período, um grupo de jovens intelectuais (escritores, poetas, dramaturgos e boêmios em geral) ligados às inovações musicais trazidas pelo jazz, à experimentação de drogas, à liberação sexual e inspirados por uma vontade de conhecer melhor o seu país, criaram um movimento cultural chamado Beatnik. Os beatniks tinham como meta constituir uma literatura que estivesse mais perto da realidade, uma poesia mais urbana e um estilo de escrever exclusivo, diferente de qualquer outro já criado. Alguns de seus principais participantes foram Allen Ginsberg, William

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Burroughs, Jack Kerouac, Gregory Corso e Gary Snyder. O termo Beatnik vem da palavra “beat” (batida ou ritmo, em inglês) somada com o sufixo “nik”, uma referência ao satélite soviético Sputnik, lançado em 1957. Outro exemplo de intervenções juvenis na organização da sociedade é o movimento Hippie, que surgiu na segunda metade do século XX, também nos Estados Unidos. Eram contrários aos ideais da sociedade daquela época, os hippies tinham uma filosofia orientada por mestres espirituais, cultuavam a natureza, viviam em comunidade e apreciavam a utilização de drogas como LSD, maconha e mescalina. Eles defendiam os ideiais da igualdade entre os seres humanos (uma causa muito discutida ainda hoje), ou seja, que todos deveriam ser tratados como iguais. Também eram a favor de um mundo onde não houvesse divisões territoriais ou fronteiras. Durante a década de 1970, em plena ditadura militar, surgiram ainda vários outros movimentos liderados por jovens que propunham maior liberdade de expressão e igualdade social. Os principais expoentes dessa revolução cultural, no Brasil, foram


Gilberto Gil, Caetano Veloso, Tom Zé, Os Mutantes, entre outros (na música, com o Tropicalismo), Glauber Rocha (com o Cinema Novo) e José Celso Martins Corrêa (com o Teatro Oficina). Esses movimentos fizeram com que muitas pessoas começassem a questionar a razão de estarem se submetendo a tantas imposições e tantos padrões nessa sociedade capitalista e consumista. Foram criadas inovações tanto na música quanto no teatro, na literatura e nas artes.

aprimoradas e, mais tarde, ganharam o nome que agora é utilizado. O Graffiti é uma democratização das artes (liderada principalmente por jovens), por ser feito e exibido no espaço público, qualquer um pode realizar ou ver, ou seja, é uma das partes desta revolução artística que está mais perto da idealização do que é a Contracultura, e é cada vez mais comum nos dias de hoje.

A juventude está sempre contestando e questionando os conceitos que são dados e impostos pela sociedade e pelas famílias desde cedo sobre eles. Tais movimentos mostram isso de forma clara; tanto os Beatniks quanto os Hippies são jovens que estão lutando para que ocorra uma transformação de certos padrões da sociedade. Hoje em dia, também temos exemplos de movimentos que participam desta revolução, por exemplo, o Graffiti: ele surgiu nos anos 1970, com jovens que pixavam mensagens nas ruas e nos muros. Claramente, essas pessoas são as que não se sentem livres para expressar suas opiniões livremente. Com o tempo, essas pixações começaram a ser

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Isabela Cavalcanti Desde pequenos somos ensinados na escola a ficar sentados em fileiras, olhando para frente, prestando atenção. A minha educação é assim, a dos meus pais foi e a dos meus avós também. Existem muitas formas de aprender, mas a escola não utiliza essas maneiras. Em uma palestra do “TED-Ed”, o professor Ken Robinson disse que a escola não explora as peculiaridades de cada aluno, alguns aprendem melhor escrevendo, outros com música, por exemplo. Ken Robinson disse: “A criatividade hoje nas escolas deveria ter o mesmo status da alfabetização”. Mas como a escola conseguiria incentivar a criatividade se o modo como aprendemos hoje foi criado na revolução industrial? Nessa época, o modo de ensinar foi desenvolvido para alimentar a indústria com pessoas que vinham da lavoura, praticamente uma educação em massa. Os último três anos escolares são extremamente focados em uma grande prova, o vestibular, que determinará seu curso superior, sua faculdade e muito provavelmente seu emprego. As pessoas que não tiverem oportunidade de estudar em uma

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escola de boa qualidade têm muito menos chance de tirar uma boa nota no vestibular. De acordo com o portal G1, das 1000 melhores notas no vestibular de 2015, menos de 10% eram de escola pública. O principal papel da escola hoje em dia é preparar para uma vida de trabalho, mas com a desigualdade em relação ao ensino, nem a parte intelectual a escola consegue lidar. Apesar disso, para formar uma pessoa é necessário muito mais do que só aulas de matemática ou português, precisamos da arte, do teatro, da economia, da música, da política. Tudo isso junto ajuda a formar o caráter de cada um. Se a escola explorasse mais o individual, o modo com que cada aluno consegue absorver melhor as informações, não só as informações utilitárias, mas também todo tipo de arte, teríamos pessoas mais cultas e com conhecimento mais diverso, o que ajudaria não só na formação intelectual mas também pessoal.


Isabela Pimentel Seppelfeld Um estudante no Brasil passa cerca de 1200 horas por ano na escola, pra quê? Além do direcionamento acadêmico, a escola é cenário de conflitos desde que somos pequenos, sendo ela essencial para o desenvolvimento social e emocional de cada um. Se tão importante, qual o motivo da resistência dos jovens em relação aos estudos? Língua portuguesa, matemática, biologia, física, química, filosofia, inglês, geografia, história, sociologia, educação física, educação artística e literatura eram (até a reforma do Ensino Médio proposta por Michel Temer) as 13 matérias obrigatórias na grade curricular de cada colégio. Uma das razões pelo desinteresse dos alunos pelo estudo é a “falta de utilidade dos conteúdos”, de acordo com uma pesquisa feita pelo portal Correio Brasiliense, 78,2% consideravam português e matemática as matérias mais importantes e 36% consideravam história, geografia, biologia e física descartáveis. Mas seriam? Os resultados parecem chocantes, porém, já esperados, devido a supervalorização das matérias de português e matemática nas escolas. Estudantes da periferia apresentam um ponto diferente, de acordo com uma matéria publicado em 2015 pelo ‘Eu estudante’, os tais têm desinteresse devido à falta de tecnologia e infraestrutura nas escolas. De acordo

com o Uol, apenas 0,6% das escolas no Brasil tem infraestrutura adequada para ensino, isto é, têm biblioteca, laboratório de informática, quadra esportiva, laboratório de ciências e dependências adequadas para atender os estudantes com necessidades básicas. A escola, espaço atuante no desenvolvimento acadêmico e pessoal de cada um, não têm cumprido o seu papel. O método de ensino e funcionamento das escolas foi adquirido há cerca de 150 anos, toda a competição, supervalorização de notas, desdém em relação a matérias como educação artística e filosofia, todos esses fatores apenas nos impedem de progredir na educação. Países como a Finlândia (conhecida pelos seus métodos diferenciados de ensino) trabalham com a colaboração ao invés da competição, os alunos se ajudam, e matérias como educação artística e matemática tem o mesmo peso. O grupo ‘escolas transformadoras’ luta contra todos esses paradoxos, além de discutir como certos assuntos, como gênero e política, devem ser discutidos nas escolas. O interesse é essencial para o aprendizado, portanto, é melhor tornarmos as escolas mais interessantes, ou então nunca iremos progredir no modo que criamos nossos futuros cidadãos.

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João Tavano Gabriel A escola deveria ser o local onde as pessoas (quando crianças) têm os seus primeiros contatos sociais (com outras pessoas, colegas de classe e professores), também deveria ser o lugar onde as pessoas teriam seus ensinos básicos (como se comportar na sociedade, trabalhar em grupo e também conhecimento acadêmico). A escola é um lugar importante para um país, pois é base de ensino acadêmico e social na sociedade. E também é a base do mercado regional. A escola (em grande parte dos casos) é o lugar onde as pessoas passam a maior parte de seu tempo na juventude, seja estudando, socializando-se, fazendo projetos, entre outros. Mas também há casos de pessoas que abandonam a escola (que é um direito da pessoal), pois estas pessoas não são incentivadas a continuar a estudando ou são obrigadas a sair por diversos motivos (expulsão, ter que ajudar a família trabalhando, como a escola é “fora de mão” pela distância). Como apenas 7,2% dos jovens passam para a faculdade (Ensino Superior) há uma desmotivação geral entre os jovens, pois com a faculdade as chances de entrar em um emprego são maiores (não é a maioria, mas sim a minoria).

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No Brasil, que é um país emergente e é uma das potências econômicas mundiais, segundo a Wikipédia, 91,3% da população é alfabetizada, mas ainda tem um IDH baixo em relação às potências mundiais e países com uma economia mais estável. O Afeganistão, que é um país subdesenvolvido economicamente e está em crise pós-guerra, tem somente 28,1% da população alfabetizada, que é considerado muito baixo (está na posição 171 no índice do IDH). Já a Alemanha, que é uma das superpotências mundiais, tem 99% da população alfabetizada, mostrando como é importante ter escolas boas para todos para ter uma economia mais saudável. Como muitas pessoas abandonam a escola (somente 56% dos jovens estão na escola no Ensino Colegial) apesar de muitos completarem o fundamental. Mas muitos ainda não tiveram a socialização adequada e também o ciclo completo, que é muito importante para a sociedade e para a economia do país.


Laura Palma Ávila Pereira 1968, cerca de cem mil manifestaramse contra a opressão no Brasil. 2015, ocupam escolas contra o fechamento delas. O que há em comum nesses dois momentos? Jovens. Jovens que lutam, que fazem política, não através do voto, mas, sim, se manifestando.

Fundamental II do Ensino Médio. Depois de meses de ocupação das escolas, conseguiram que o Hermann Volvard, Secretário da Educação, fosse demitido e que o Geraldo Alckmin, Governador de São Paulo, desistisse dessa ideia de fechar as escolas.

Há quem considere que os jovens são baderneiros. Mas não, muitos jovens só querem seus direitos de ter liberdade para se expressar e estudar em melhores condições.

Em 2013, em São Paulo, ocorreram manifestações contra o aumento da tarifa do transporte público. Novamente, os jovens fizeram parte dessas manifestações contra o aumento da passagem do ônibus de R$ 3,00 para R$ 3,20. Depois de muitas manifestações gritando “não é por 20 centavos”, e depois de muito pressionar o governo, conseguiram que o governo transformasse a tarifa de volta em R$ 3,00.

Em 26 de junho de 1968, no Rio de Janeiro, cerca de cem mil pessoas foram às ruas se manifestar contra a ditadura militar. Entre trabalhadores, artistas, professores e políticos estavam jovens do movimento estudantil, que, assim como trabalhadores, artistas, professores e políticos, queriam o fim da opressão no Brasil. É comum ouvir quem considere que os jovens são adultos que ainda não cresceram, que então não têm uma opinião formada e que, por isso, não podem fazer política. Mas não, como em setembro de 2015, quando estudantes, principalmente do Ensino Médio, das escolas públicas de São Paulo, ocuparam mais de duzentas escolas contra o fechamento delas pelo governo, que tinha como argumento que iriam reorganizar as escolas, separando o Ensino

Então, por que os jovens se manifestam? Como podemos ver, muitos jovens estão presentes na política, desde 1968 até atualmente, em 2015. Os jovens estão em busca de seus direitos, de ter voz na política, de melhores condições de ensino, contra o aumento da passagem ou, até mesmo, contra a opressão no Brasil. E um dos meios pelos quais eles buscam esses direitos é através de manifestações.

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Leonardo Volpe O que fazer quando a desigualdade faz com que o direito do estudo não seja ideal para pessoas de renda mais baixa? Desse modo, muitos jovens não se sentem motivados a continuar ou começar os estudos. Muitas vezes, a educação, que é um direito de todos, não é entregue a todos, pelo menos, não com um nível de qualidade adequado. Segundo o site “UOL”, menos de 15% das escolas têm um nível adequado de infraestrutura, apenas 0,6% alcançam um nível avançado e 5% das instituições públicas não contam com água e ou energia. O Governo do Estado de São Paulo vem demonstrando que, para eles, a educação para os jovens de renda mais baixa não é importante, podemos perceber o tamanho da falta de investimento, pois apesar da verba reservada ser de 1,04 bilhões, a prefeitura de São Paulo tem dificultado a liberação dessa verba para compensar desvios de dinheiro em outros setores. Devido às circunstâncias apresentadas neste texto, é muito difícil solucionar esses problemas, como a desigualdade e a falta infraestrutura nas escolas públicas do estado de São Paulo. Poderia começar com a valorização dos professores, para que assim fossem atraídos para as escolas públicas.

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Luca Perini de Melo Poderíamos dizer que a educação serve para muitas coisas na vida, sem ela não iríamos ter respeito aos outros e nem mesmo um trabalho de boa qualidade, com uma boa taxa de renda. A educação, a princípio, ganhamos com nossos familiares, nossa escola e outros lugares. A educação possui impacto em todas as áreas da nossa vida. Entenda a educação como um direito fundamental que ajuda não apenas no desenvolvimento de um país, mas também de cada indivíduo, sua importância vai além do aumento da renda individual ou das chances de se obter um emprego. “Sem conhecimento ou acesso a informações adequadas de trabalho, a pessoa pode ser tratada sem dignidade”.

Um cargo maior não quer dizer apenas maior salário, mas também maior responsabilidade, mais satisfação e realização pessoal e a educação nos ajuda com essa tarefa, pois sem ela não há como avançar em qualquer profissão. Com o mundo cada vez mais moderno e a tecnologia sempre se inovando, abriu um leque de novas profissões e, assim, novos problemas ou desafios a serem resolvidos, e é com o estudo que é possível superar, entender e agir dentro de cada situação.

A educação pode fazer em um país muitas coisas boas, como o combate à pobreza, fazer a economia crescer, promover a saúde, diminuir a violência, garantir o acesso a outros direitos, ajudar a proteger o meio ambiente, aumentar a fidelidade, fortalecer a democracia e a cidadania, ajudar a compreender o mundo. A educação é um dos pilares da sociedade e no emprego não é diferente. Um povo culto está mais preparado para criar, planejar e executar os projetos para tornar a nossa sociedade um lugar melhor.

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Luiza Moura Muito se ouve dizer que a juventude não se interessa por política. Que nossas opiniões não tem fundamentos e que nós somos rebeldes sem causa. Mas e se um grupo de estudantes de escolas estaduais de São Paulo resolvesse provar o contrário, mostrando que, sim, nós temos força? Nós temos voz. E nós somos capazes de mudar as coisas. O cantor e compositor Dani Black diz, em sua música “Trono do Estudar”, escrita para as ocupações escolares, o seguinte: “Não venha agora fazer furo em meu futuro, me trancar num quarto escuro e fingir que me esqueceu. Vocês vão ter que acostumar porque ninguém tira o trono do estudar...” Eles entraram em ação em novembro e dezembro de 2015. Nos últimos dois meses do ano, a juventude paulistana mudou as coisas. Eles vieram de mansinho... Escola Estadual Diadema... Escola Estadual Fernão Dias Paes... Em duas semanas eram duzentas escolas ocupadas no estado de São Paulo. Foram às ruas, pediram ajuda, boicotaram o SARESP - uma prova super importante para o estado.

Governo do Estado. 94 escolas seriam fechadas e 311.000 alunos seriam prejudicados. Queriam melhorias no ensino e nos espaços físicos da escola. Queriam o que é deles por direito. A proposta do governo era dividir as escolas por ciclos, alegando que isso melhoraria o desempenho escolar dos alunos e “protegeria” os alunos mais novos dos mais velhos. Os alunos não aceitaram. Seriam muito prejudicados. Quem estudava a 15 minutos de casa, passaria a estudar a 40 minutos. Era uma medida econômica, não pedagógica. Foram tratados como vândalos por ocuparem suas escolas. Em artigo publicado no dia 23/11, no site da revista Época, o repórter especial e blogueiro José Fucs diz: “Não sou especialista na área de educação, nem advogado do governador Geraldo Alckmin, mas não precisa ser muito inteligente para perceber que há algo estranho, muito estranho, por trás das ocupações em série de escolas em São Paulo na última semanas”.

Apanharam da PM. Muito.

O que é estranho? Jovens querendo uma educação de qualidade e sua escola aberta? Não acho isso estranho, acho isso louvável.

Lutavam contra a medida de reorganização escolar proposta pelo

No documentário recém-lançado “Acabou a paz, isso aqui vai virar o Chile”

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do diretor Carlos Pronzato, os estudantes contam que não houve diálogo com o estado e que esse queria manter a reorganização a qualquer custo. E eu visitei duas escolas ocupadas, a Fernão Dias Paes e a Fidelino Figueiredo. Lá vi jovens orgulhosos do que estavam fazendo, jovens que estavam transformando suas escolas. Jovens que queriam mudança. Portanto, não há mais desculpas para fingirem que nos esqueceram e não nos ouvir. Porque jovem é capaz de mudar o futuro. E nós acabamos de provar isso.

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Maria Clara Verderame Com o progresso de nossa sociedade, a educação se tornou cada vez mais uma necessidade, uma demanda e um direito. Todo jovem deve receber uma educação completa e ter as mesmas oportunidades de receber esse ensino, mas, na sociedade brasileira atual, ainda são muitos aqueles que não têm esse acesso. A sociedade de classes no Brasil forma uma divisão social baseada na quantidade monetária que cada indivíduo possui, que torna a educação de qualidade um privilégio para aqueles que podem pagá-la. Desta forma, a diferença de classes reforça a diferença de educação entre elas, não só educação escolar, mas também educação cultural, musical, saneamento básico, alimentação e moradia de qualidade. No Brasil, 58% dos estudantes concluem o Ensino Médio e a sua posição econômica é um fator decisivo para isso, de acordo com a análise do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Na classe dos jovens privilegiados (mais ricos), 85% finalizam o colegial, mas, na sociedade pobre e sem recursos, somente 28% conseguem o mesmo. Quanto mais embaixo você está na escala social, menores são suas chances como estudante e cidadão

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educado. Na sociedade indígena, por exemplo, entre os 12 e 17 anos, 40% está fora da escola, segundo a pesquisa realizada pelo BID. Essa situação trágica na qual nos encontramos pode e deve melhorar com ações do governo brasileiro. As medidas que devem ser tomadas incluem melhorar as condições das escolas públicas, abrir atividades artísticas e esportivas nelas e poder deixá-las abertas e disponíveis em tempo integral, para se tornarem um espaço de estudo. Todas essas medidas ajudarão em grande parte o estado brasileiro educacional.


Maria Julia Santo Escola é, segundo a Wikipédia, “uma instituição concebida para o ensino de alunos sob a direção de professores e coordenadores”. Mas seria só isso? Em minha opinião, escola é mais que isso, é o responsável por formar crianças, adolescentes e até mesmo adultos na base do diálogo, da tolerância e da arte, além do ensino de outras matérias como matemática ou português.

A educação ideal, portanto, seria uma que conseguisse formar um aluno não só em matérias que orientam as bases curriculares, mas, sim, também pela arte e a educação física, por exemplo, que têm sua importância questionada por aqueles que pensam na educação como um projeto meramente pragmático.

Quando uma escola é baseada nestes três pilares, diálogo, tolerância e arte, ela permite e facilita um olhar mais abrangente sobre o mundo e os conteúdos a serem explorados. Se a escola conseguir aproveitar/incorporar em seus conteúdos o repertório trazido por cada um de seus elementos (professores, alunos, coordenadores), o aprendizado torna-se uma via de mão dupla, tornando mais fácil a compreensão e a vivência durante este período tão importante. Como diz Miriam Abramovay: “A cultura escolar, hierárquica e pouco sensível ao que chega nas ruas, das formas de ser e querer, dos jovens em suas múltiplas vivências, ambas têmse também de promover e elaborar reflexões críticas (...)”. O que é trazido pelos alunos é matéria-prima valiosa a ser lapidada e trabalhada de forma crítica.

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Mariana Corrêa Giannella É possível imaginar uma sociedade onde 100% da população tenha acesso a uma educação e um ensino escolar de boa qualidade? Muitas coisas iriam mudar: o desenvolvimento científico e tecnológico iria melhorar, a pobreza iria diminuir, iria haver um aumento na taxa de emprego, os crimes poderiam reduzir-se e mais pessoas teriam acesso à saúde. Podemos perceber que uma educação de qualidade pode mudar muitas coisas. No entanto, sabemos que isso é uma utopia, pelos menos no país em que vivemos; hoje, apenas 35,8% dos jovens concluíram o Ensino Médio. Além disso, os professores, que são a base de um ensino de qualidade, são mal remunerados e pouco valorizados, isso faz com que menos pessoas queiram assumir esse cargo. Um estudo feito em 2013 pela fundação Varkey Gems mostrou que o Brasil ficou em penúltimo lugar na valorização dos professores, o que foi atribuído à precariedade da maioria das escolas públicas. De acordo com Miriam Abramovay, muitos estudantes que abandonam o Ensino Médio não acreditam na educação como forma de melhorar a qualidade de vida. Uma das razões

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aventadas para explicar isso é a diferença entre a linguagem escolar e a linguagem usada pelos jovens. As soluções desse problema não parecem ser muito complicadas e eu acabo me perguntando por quais razões elas não são implementadas. Será que é tão difícil valorizar mais os professores? Ou até mesmo elaborar estratégias de ensino que usem as linguagens juvenis sem abrir mão dos objetivos didáticos?


Marina Perpetuo Cornacchioni O direito à educação de qualidade é básico, porém, sendo o Brasil um dos piores países na distribuição de renda, a desigualdade social é contrastante. De acordo com um estudo abrangente realizado pelo Credit Suisse, o Global Wealth Databook 2015, quase metade da riqueza mundial (45,5%) está nas mãos de apenas 0,7% da população adulta. Essa desigualdade social acaba refletindo no sistema educacional, as escolas públicas, que eram para ser para todos, acabaram virando escolas para aqueles que não têm dinheiro. O ensino das escolas públicas piorou muito nos últimos anos, de acordo com a instituição Todos pela Educação, 34% dos alunos que chegam no 5º ano de escolarização ainda não conseguem ler. Com isso, as pessoas com dinheiro optam por escolas privadas, que aqueles que não têm dinheiro não podem pagar. Então, o direito à educação de qualidade, que era para ser para todos, passou a ser um privilégio para aqueles que têm dinheiro.

apenas 13,5% pertencem às classes mais altas B e A (11,2 na B e 1,3% na A). Ou seja, boa parte da juventude está concentrada nas classes mais baixas. Esses jovens que se encontram em classes mais baixas normalmente abandonam a escola por diversos motivos, sendo um deles a necessidade de trabalhar para ganhar dinheiro. De acordo com o Censo Demográfico de 2002, 22,9% dos jovens de 15 a 29 anos cursam ou cursaram o Ensino Fundamental, 1,34% cursam ou cursaram o Ensino Fundamental II, 35,8% cursam ou cursaram o Ensino Médio, e apenas 7,2% cursam ou cursaram o Ensino Superior. A extrema desigualdade social é também um motivo pelo qual os jovens pobres têm uma educação de menos qualidade do que os jovens que têm mais dinheiro, pois a desigual distribuição de renda faz com que os jovens de classes mais baixas não tenham acesso à cultura, à saúde e à infraestrutura, e tudo isso reflete na escolarização desses jovens.

Segundo uma pesquisa feita pela IBGE em 2002, 51,8% dos jovens brasileiros pertencem às classes mais baixas D e E (41,4% na D e 14,4% na E) e

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Pedro Nadaleto As escolas têm uma razão muito importante na sociedade, mas seu papel não é feito corretamente. A educação do Brasil é considerada abaixo da média, as escolas públicas deveriam fornecer o ensino básico de qualidade, o que aumentaria as chances de muitos brasileiros terem empregos melhores. Quando as pessoas não têm um emprego que supra suas necessidades básicas, geralmente procuram outra forma de ganhar dinheiro, muitas vezes as alternativas vão para criminalidade. No nosso país é comum o dinheiro público não ser posto como prioridade na área da educação, por exemplo, os gastos de milhões para reformas e obras, obras da Copa de 2014 foram extremamente caras, obras que deveriam facilitar a locomoção da população e auxiliar na Copa não estão prontas até hoje, segundo o G1, 6 aeroportos, 1 estádio e 7 obras de mobilidade não estão concluídas, é comum o governo investir dinheiro em alterações de monumentos em bairros mais ricos, onde poderiam chamar mais atenção ao local, embelezando-o; enquanto isso, em bairros com classes mais baixas, o investimento é baixo, como se tentasse excluir

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da cidade. O dinheiro utilizado para embelezamento poderia estar sendo usado para aplicação em instituições públicas que poderiam melhorar a qualidade de vida. A escola não tem o único dever de passar sabedoria, tem o dever de ensinar a viver como adulto, tomando suas decisões sozinho, diferenciando o que é certo e errado, se as escolas tivessem o dinheiro necessário para fornecer o ensino, possivelmente a qualidade de vida de muitas pessoas melhoraria. Com tanto desvio de dinheiro e corrupção, as instituições públicas ficam com uma baixa renda, coisa que dificulta a vida dos que não tem condições para pagar escola e faculdade privadas, deixando mais longe a possibilidade de ter um emprego e levando a população para um caminho melhor.


Rafael Giannella A escola deveria ser a principal forma de encaminhamento de crianças e jovens à cidadania e uma chance de entrar numa faculdade. Mas o que vemos é uma educação péssima, onde as escolas não têm infraestrutura adequada e uma metodologia de ensino atraente. Se concordarmos com Nelson Mandela, que “A educação é a arma mais poderosa para mudar o mundo”, a escola deve ser considerada o berço dessa mudança, pois é lá que ocorre a alfabetização, o início das convivências sociais, o despertar de habilidades e de interesses profissionais. É preocupante saber que 24,3% de crianças e jovens abandonam a escola (segundo o portal do UOL). Esse abandono escolar pode causar ao jovem um retardamento acadêmico e social. Com isso, o jovem perderá a oportunidade de fazer uma faculdade e até de conseguir um emprego, e seu relacionamento social será afetado.

é de 99% de jovens com mais de 10 anos de idade. Já no Afeganistão, que é um país subdesenvolvido, o nível de alfabetização é de 28,1%. Sendo assim, a educação é a base do desenvolvimento de um país, e a escola é a base da educação, portanto, se as escolas dessem uma boa educação, as relações sociais e o desempenho acadêmico melhorariam. Se o governo investisse nas escolas, as condições do país melhorariam e a criminalidade abaixaria. Portanto, a escola é fundamental para uma sociedade bem formada e, por isso, ela deveria ter mais investimento do governo.

Uma das principais diferenças entre um país desenvolvido é o nível de educação de sua população, medido no IDH, por exemplo: a Alemanha é uma das maiores potências do mundo, tanto econômica quanto social, e seu nível de alfabetização

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Raissa Ré Guimarães Marques Escola é uma instituição que tem o encargo de educar, segundo programas e planos sistemáticos, os indivíduos nas diferentes idades de sua formação. Mas não é só essa definição básica que dá conta dos desafios atuais da escola. Hoje em dia, a escola, além de ensinar, tem que preparar o estudante para viver no mundo. Um mundo cada vez mais competitivo, que exige uma adaptação constante para as necessidades da sociedade, que futuramente será ocupado por estes jovens. Fazer parte de uma escola significa aprender a trabalhar em grupo, aprender a aceitar as diferenças, estabelecer valores éticos e morais. Ou seja, a escola não deve somente ensinar os fundamentos da matemática, a língua formal, a ciência na vida cotidiana, o valor da história ou como relacionar o espaço geográfico com as sociedades, mas também ensinar a interpretação de informações e como transformá-la em conhecimento, a criatividade natural, a capacidade de aplicar conhecimentos na solução de problemas, etc. Há diferentes escolas, que têm diferentes ideias, depende muito da política escolar. Há escolas que pensam que uma boa educação forma “provistas”, avaliados por exames secos e impessoais, traduzidos em provas

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de português e matemática que, por sua vez, são traduzidos em números e índices. Há outras que têm ideias mais construtivistas, menos tradicionais, que têm como objetivo fazer o aluno entender o mundo em que vive, não só com experiências, estudos, concentração e dedicação, mas também com arte, música e esporte. Não há uma escola ideal, com propostas perfeitas, tanto colégios tradicionais quanto os mais construtivistas são válidos, mas, por mais que seja uma utopia, elas deveriam formar um cidadão. Um cidadão disposto e com os recursos certos de conhecimento e entendimento, pronto para mudar o mundo. Para isso, os jovens devem ser estimulados de todas as formas possíveis, tanto com conteúdos curriculares tradicionais como com conteúdos novos ainda questionados.


Sabrina Polak Baldo A educação, além de ser um direito, é também o fator mais importante para a formação de um indivíduo. Sendo assim, todos deveriam ter acesso a uma educação de qualidade, porém, nem sempre isso acontece, muitas vezes os jovens de classes sociais mais baixas são prejudicados. A desigualdade social está diretamente ligada com a educação: segundo o BID (Banco Internacional de Desenvolvimento), 85% dos alunos mais ricos concluem o Ensino Médio e apenas 28% dos alunos pobres conseguem terminá-lo. As escolas estaduais e municipais, apesar de terem sido criadas para todos, passaram a ser utilizadas por camadas sociais mais baixas. Isso ocorre pois, ao longo dos anos, as escolas públicas passaram a ser relacionadas a colégios de má qualidade e má infraestrutura. Por conta dessas características, os responsáveis por jovens que estão em classes sociais mais altas optam por colocar seus filhos em colégios particulares.

cenas em que estes são maltratados e desrespeitados pelos próprios alunos; sendo assim, qual seria a melhor maneira de fazer com que os jovens se interessem mais pelo aprendizado? Hoje em dia, ser professor de escolas públicas não é uma profissão atraente. Isso ocorre pois, além de serem mal remunerados, são desvalorizados. Os jovens têm condições de escolher entre escolas públicas ou particulares, os professores tendem a ir lecionar em escolas privadas. A desigualdade social está diretamente relacionada ao fracasso da educação. Uma possível solução para esse problema seria a realização de ações múltiplas, tais como a valorização dos professores e um investimento nas infraestruturas.

A má qualidade de ensino e a precária infraestrutura pode ser uma das causas do desinteresse, principal argumento utilizado por jovens entre 13 e 15 anos que abandonam a escola. No documentário “Pro dia nascer feliz”, há uma grande ênfase na questão da desvalorização do professor, há

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Tomás Almeida Cardoso Educação na juventude é algo importante, que precisa estar presente na formação do jovem, não só pelas aulas e pelo ensino, mas também pela convivência e pela formação do jovem como pessoa. Embora seja importante, muitos não têm acesso à educação, o que influencia de uma forma em geral negativa no modo pelo qual o jovem irá pensar no futuro. Se 100% dos jovens tivessem educação de qualidade e completa, o futuro da geração de hoje e das próximas iria ser diferente e provavelmente muito melhor. Infelizmente, estamos muito longe disso, e ter uma educação particular de qualidade igual jovens de uma classe mais alta têm é um privilégio. Dados mostram que 22,9% dos jovens de 15 a 24 anos cursaram o ensino fundamental do primeiro ao quarto ano, 34% cursaram ou cursam do quinto ao oitavo ano, os que estudavam ou estudam no ensino médio somam 35,8% e apenas 7,2% entraram e cursaram o ensino superior. Um dos principais fatores que influenciam esses dados é a desigualdade social, que torna as oportunidades de ter uma boa educação menores. Da população jovem que soma 20% da brasileira, cerca de 51,8% pertencem

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às classes sociais mais baixas (na E, 14,4%, e na D, 41,4%) ou seja, mais da metade da população jovem. Nas classes sociais mais altas, 11,2% pertencem às classes sociais mais altas, 11,2% pertencem à B e 1,3% apenas, pertencem à classe A. O jovem que não tem ensino e não pertence aos meios de educação não se “encaixa” e provavelmente não irá conseguir se “encaixar” na sociedade e nas formas de convivência. Para tentar diminuir isso ou até mesmo resolver, foram buscadas soluções e programas ou projetos, que visam dar oportunidade àqueles que não as tem. Isso se chama Política Pública, que procura trabalhar com educação e fatores que influenciam na formação do jovem. Os dois principais projetos que procuram trabalhar com isso são o Pronatec, criado em 2011, e o Prouni, criado em 2005. O Pronatec visa dar ofertas de cursos técnicos e profissionais de nível médio de graça. O Prouni dá oportunidade do jovem ter ensino superior, ou seja, bolsas para a universidade. A educação, que é tão importante para a formação do jovem, está precária e precisa ser solucionada ou pelo menos melhorada. Não pode ser mais exclusivo ou um privilégio, tem que ser de qualidade e para todos.


Tomás Valente Muitas escolas brasileiras ajudam o aluno a se preparar para o Enem, mas deveríamos pensar mais sobre isso, pois a educação deveria ser muito mais do que apenas a preparação para o Enem. Claro que também deve-se ajudar o aluno a se preparar para o Enem, mas também deve-se ajudar para outras vivências e experiências. As escolas não devem ensinar os alunos o que pensar, mas, sim, a como pensar. Deve ensiná-lo a ser crítico e a ter base para várias situações da vida, exemplo como situações de experiência que a maioria das pessoas adquirem ao longo da vida, geralmente se prejudicando para poder aprender. O sistema de educação brasileiro está quebrado, a função do Enem é avaliar como é o desempenho do aluno por uma prova. Ao invés de ser como algumas universidades estrangeiras, que avaliam seu histórico escolar. Só que o sistema do Enem não funciona direito, pois todas as notas e tudo que aluno fez durante seu curso escolar não pode ser avaliado em uma prova. As escolas são instituições adaptadas para o século XIX e deveriam se adaptar para o século XXI, para o aluno do século XXI, para a cabeça das pessoas. Como exemplo a medicina, tente usar a medicina do século XIX em um paciente do século XXI, nada funcionaria.

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Há no Brasil contemporâneo espaços de representação legítimos das juventudes?

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Ocupação das Escolas Estaduais em 2015 Por Agatha S. Lucchi

Em 2015, cerca de 151 escolas foram ocupadas segundo a Secretaria Estadual da Educação e 163 segundo a APOESP (Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo), em um movimento que possui como grande destaque a iniciativa dos jovens, principalmente, junto de professores. Foram 94 escolas fechadas e o remanejamento de cerca de 300 mil alunos. Existem em São Paulo 5.147 escolas estaduais, que atendem 3,8 milhões de estudantes. Essa iniciativa foi tomada por Geraldo Alckmin, Governador de São Paulo, segundo o que ele diz, está fazendo isso para “restaurar” a rede de ensino no estado. O projeto do Governador é separar os estudantes por idade e, para isso, estaria fechando algumas unidades escolares. Cada escola deverá ter exclusivamente um dos ciclos de ensino: Fundamental 1, 2, ou Médio. E um de seus principais argumentos é a falta de demanda e a necessidade de cortar despesas. Essa iniciativa foi fortemente criticada pelos jovens estudantes e professores, foi questionada a maneira pela qual o Governador tomou a decisão; sem discutir com as comunidades, os alunos e professores. Ele estaria fechando escolas sem saber antes se as pessoas que estudam lá têm condições de se locomover para outras unidades. Uma outra crítica é que 30 das 94 escolas tem um bom desempenho. Por isso, não faria o menor sentido fechá-las.

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Após as ocupações, o governo tomou, sim, uma iniciativa e suspendeu temporariamente a reorganização da rede estadual de ensino para a realização de debates até o fim do ano, se os alunos desocuparem as escolas. Ocorreu a reposição de todas as aulas perdidas, diz a Secretaria de Educação, o governo Alckmin diz que os professores não serão demitidos. Quem sai perdendo nessa história são os 311 mil alunos e os 74 mil professores, que são afetados diretamente pela mudança. Na minha opinião, eu sou a favor do movimento de ocupação dos jovens estudantes nas escolas estaduais, pois a visão que eu tive deste projeto proposto por Geraldo Alckmin é que a educação, segundo essa proposta, não é vista como investimento, mas, sim, como contenção de gastos. E eu acredito no poder da educação pública, se o Governador diz que esse projeto é pela falta de demanda, ou seja, uma desvalorização da escola pública, precisamos melhorar a qualidade da educação e investir nela para que ocorra a demanda e a valorização. Por isso, não vejo cortar gastos como uma solução. E concordo que o governo estava tomando decisões autoritárias, sem ao menos consultar a opinião pública. Fonte: vídeo – acabou a paz isso aqui vai virar o chile


A influência do jovem na política atual Athos Michellepis de Siqueira

Você, leitor, acha que o jovem tem uma influência na política atual? Diretamente ou até mesmo indiretamente? Pois ele tem um forte papel na política sim, principalmente por meio de protestos e manifestações. No artigo a seguir, eu irei me posicionar perante aos fatos, além de trazer mais informações dessa série de acontecimentos, como ocupações e manifestos, ocorridos a partir do ano passado. No início de outubro de 2015, a Secretaria da Educação de São Paulo começou a aplicar o projeto de reorganização da rede estadual do aprendizado, com o objetivo de ampliar em São Paulo o número de unidades de um ciclo único. Ou seja “uma unidade de Ensino Fundamental para crianças e outra adequada aos jovens de Ensino Médio”. O principal conflito está aí, pois, além de o projeto estar sendo realizado sem participação da comunidade escolar, ele poderia gerar a demissão de cerca de 20 mil professores para que o projeto pudesse seguir em frente, cerca de 200 escolas públicas tiveram de ser fechadas temporariamente e, em alguns casos, permanentemente. Aí que o papel da juventude vem à tona. Os primeiros manifestos foram começando a aparecer. No dia 06 de outubro, pais, alunos e professores da rede estadual iniciaram protestos em frente ao MASP (Museu de Arte de São

Paulo) contra os projetos trazidos à tona pelo sistema educacional do estado de São Paulo. Segundo os organizadores, houve cerca de aproximadamente dez mil pessoas participando do ato. Dia 20, ainda de outubro, ocorreu-se outra manifestação organizada por pais e alunos participantes do sistema de ensino de educação público. Mas dessa vez se reuniram em frente ao prédio da Secretaria Estadual da Educação, na Praça da República, centro da capital paulista, e saíram em caminhada até a Praça da Sé. Como se não bastasse, alunos e professores pensaram em outro modo de atrair a atenção da mídia e do governo da Secretaria da Educação. Assim se iniciou o processo de ocupação das escolas que estavam sendo fechadas. Cerca de 200 escolas acabaram sendo ocupadas por alunos e professores, por meio dessas manifestações com ajuda de pais e apoiadores da causa. Assim, trazendo-nos a 2016, no dia 04 de fevereiro, o governo anunciou a normalização do ano letivo para escolas cujas obras do projeto não haviam sido iniciadas, para alunos que estavam a cerca de cinco meses sem aula. Após muitos e muitos manifestos, a juventude, com ajuda de grandes mídias, conseguirá fazer com que o Governador Geraldo Alckmin voltasse atrás. Assim, comprovando um enorme papel da juventude na política atual de nosso país.

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Jovens como formadores de opinião Por Camila Certain Sgarbi

No Brasil, os jovens sempre foram muitos influenciados pelas artes, por exemplo, músicas, filmes, vídeos, livros, porém, existe uma “ponte” que liga as artes aos jovens, e essa é a famosa internet. Na internet, existem vários jovens que influenciam por vários modos diferentes outros jovens, e esses são vistos como formadores de opinião. Uma grande parte dos jovens são influenciados pelo “youtube”, jovens que gravam vídeos dando sua opinião ou simplesmente se expressando. Um exemplo deles é o Christian Figueiredo, que é dono do canal “Eu fico loko”, ele tem 21 anos, seu canal tem mais de 4 milhões de inscritos, e já escreveu 2 livros que venderam mais de 200 mil cópias cada, em seu canal ele grava vídeos contando histórias de sua vida, seu dia-a-dia, desafios com os amigos, e outros assuntos. Muitos jovens também são influenciados pela música. O que faz muito sucesso para a juventude hoje em dia, são os “mc’s” que cantam funk. A maior parte das letras de funk fala sobre “ostentação”, festas, mulheres, bebidas, drogas e sexo. Um mc muito famoso é o mc “Bin

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Laden”, com 22 anos, chega a fazer até 5 shows por noite, ganhando até 20 mil por algumas apresentações, tem muitas músicas famosas e até turnê marcada, as letras de Bin Laden influenciam os jovens como “quem não bafora aqui, aqui não transa”, isso, por exemplo, influencia os jovens a usarem lança perfume. Também tem a outra parte dos jovens, que são influenciados pela literatura, e também os que se expressam como a Bruna Vieira, que tem 20 anos, já escreveu 6 livros e tem um canal no youtube com mais de 900 mil inscritos. Em seus livros, ela conta histórias fictícias de alguns personagens que vivem novas “aventuras”, como intercâmbios, escolas novas, mudanças de cidades, novos amigos, novas vidas, e isso tudo acaba influenciando os jovens a viverem novas aventuras, experiências. Então, nisso tudo podemos chegar à conclusão de que a arte por meio da internet é um grande modo de os jovens serem influenciados e também influenciarem.


Jovem no mercado de trabalho Por Diego Sena Cáceres

Hoje em dia, os jovens representam uma boa parte do mercado de trabalho. Porém, eles enfrentam problemas ao longo deste sistema. Neste artigo, falarei um pouco mais sobre esse processo. Muitos jovens representam uma posição importante em empresas. Alguns já são donos de suas próprias empresas, mesmo não parecendo ter idade para isso. O dono do Facebook, por exemplo, tem apenas 31 anos hoje em dia, porém, estava na faculdade quando o Facebook lançou. As opiniões em relação aos jovens terem tantos cargos importantes é variada. Alguns acham que é um absurdo um jovem ser dono de seu próprio negócio e acham que eles “roubam” as vagas de quem realmente precisa. Outros acham que um jovem ter sua própria empresa é uma ótima experiência de vida para ele. Na minha opinião, os jovens são a coisa mais importante no mercado de trabalho e no avanço da tecnologia. Pois as redes sociais e aplicativos de chat, como o WhatsApp, foram destinados aos jovens, mas já se adaptaram para os outros. Hoje em dia, não é difícil para um jovem criar uma empresa de sucesso, tudo o que ele precisa é de uma ideia revolucionária, e isso gera uma alta quantidade de empresas criadas por jovens.

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Não tem espaço? Por Ettore Bento Schultze

Muita gente acha que os jovens não participam de decisões políticas e questões sociais, mas, apesar de não terem o direito ao voto até os 16 anos, existem muitos exemplos de jovens mudando a maneira da sociedade ver as coisas e interferindo em decisões políticas e sociais, mesmo que várias vezes sejam oprimidos fisicamente e moralmente pela polícia e, de vez em quando, pelos próprios adultos, em manifestações, na mídia e até mesmo em casa. O programa de reorganização da rede estadual de ensino (programa do governo Alckmin), que na prática significa o fechamento de dezenas de escolas, gerou muita indignação de alunos, professores e até mesmo alguns pais. Totalmente contrários a isso, muitos deles vinham ocupando escolas em diferentes partes de São Paulo e organizando manifestações. Muitas dessas manifestações e ocupações de escolas foram hostilizadas e oprimidas, a polícia invadiu escolas diversas vezes em busca da retomada, agredindo alunos e professores. No fim de 2015 (ano passado), houve muitas manifestações organizadas por estudantes. No dia 09 de dezembro de 2015, centenas de estudantes se

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reuniram na Avenida Paulista para protestar contra a reorganização da rede estadual de ensino, os manifestantes também exigiram uma investigação sobre a atuação da PM (Polícia Militar) nos últimos protestos. Segundo os organizadores, mais de cinco mil pessoas participaram da manifestação, porém a PM não divulgou números. Outra manifestação ocorreu no dia 04 de dezembro de 2015, que aconteceu em frente à Cidade Universitária e, apesar de os estudantes estarem protestando pacificamente, a PM lançou bombas de gás lacrimogêneo, de estilhaço e de efeito moral na tentativa de dispersar as centenas de manifestantes. Muitos se machucaram, porém, continuaram firmes. Depois desses e de muitos outros protestos contra a reforma educacional, o governo cedeu. A reestruturação da rede estadual de ensino, além do fechamento de 93 escolas, foi cancelada devido a tamanha pressão que os alunos fizeram sobre o governo. Esse artigo mostra que, apesar de que uma grande parte da sociedade reprimir e não dar espaço aos jovens na política, na escola, na família e na sociedade em geral, se nós, jovens, nos juntarmos, ganhamos esse espaço.


Atuação do jovem na política Por Frederico Munhoz De Augustinis

Algumas pessoas questionam o poder do jovem em influenciar na política, e mesmo se este é necessário ou ao menos importante, dizendo que como o jovem não tem tanta experiência de vida não deveria poder influenciar em decisões importantes e na decisão para um novo chefe de estado. Os jovens, sim, possuem certo poder político, mesmo antes de adquirir o poder de votar, como pode-se observar em eventos como as manifestações estudantis do final de 2015, na qual estudantes ocuparam escolas do sistema público e se manifestaram nas ruas contra uma reestruturação das escolas estaduais de São Paulo, que acabaria fechando mais de noventa escolas, e conseguiram mudar o projeto de fechá-las em 2016. Esse episódio gerou uma certa quantidade de polêmica, pois uma parte da população diz que fechar avenidas da cidade não é um direito, e por casos de uso indevido da força pela polícia contra manifestantes, em sua maior parte composta por adolescentes desarmados. Há também relatos da polícia invadindo escolas, o que é proibido, é um absurdo que policiais armados invadam uma escola para desocupá-la, principalmente considerando que os ocupantes das escolas não estavam prejudicando ninguém enquanto estavam lá dentro.

Existem pessoas que dizem que a polícia está certa em usar bombas de gás para dispersar os estudantes, pois eles estavam bloqueando vias essenciais da cidade sem aviso prévio e causando um grande congestionamento nas vias, que poderia causar grandes atrasos para entrevistas de emprego, encontros e atividades comuns em geral, ou pior, como atrasos para consultas médicas, bombeiros e casos de emergência em geral, o que mesmo assim não justifica violência policial. De acordo com Ariel de Castro Alves, advogado e coordenador estadual do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH), o ECA afirma que crianças não podem ser submetidas a vexames ou constrangimentos. Além disso, seria muito difícil alcançar um resultado sem se manifestar nas ruas, e se este não fosse alcançado, as escolas já cheias ficariam lotadas, e os policiais não precisam perseguir os manifestantes até uma escola na qual eles não podem entrar (e mesmo assim entram em algumas). O movimento causado pelos estudantes foi essencial para manter seu direito básico de educação, e mostrou que jovens conseguem se organizar com outras pessoas e gerenciar de forma a dar certo um movimento tão grande como esse, que ocupou mais de duas centenas de escolas, segundo a Secretaria de Estado da Educação.

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O Planalto quebrou o termômetro Por Gabriel Cassettari Chiaratto

2015 foi um ano conturbado para o Planalto Central, houveram denúncias, discussões e até um ato inconstitucional, a aprovação do PEC 33/2012 ou, como é mais conhecida, maioridade penal. Essa emenda prevê que infratores da lei que tenham até 18 anos sejam abandonados à sorte em presídios superlotados, ao invés de investir em sua reeducação na Fundação Casa. Assim que notei esse fato, comecei a imaginar se diminuir a violência é realmente o objetivo dessa ação. Antes de aprovarem essa emenda, que prevê mudar os artigos 129 e 228, os menores infratores eram mandados para a Fundação Casa para ações socioeducativas, que teriam a intenção de dar educação para manter os jovens (que curiosamente são as maiores vítimas da violência) longe do crime, com essa mudança eles serão entregues aos presídios, onde a reincidência é de 70%, mantendo-os perto do crime e, consequentemente, da violência. “Eu apoio integralmente a posição do Governo Federal, contrária à redução da maioridade penal. Estão brincando com fogo. Quem conhece as prisões brasileiras (e os estabelecimentos de ‘ressocialização’ de menores) não apoia essa insensatez (...). Desconfiemos dos propósitos e da ideologia dessa maioria parlamentar que quer impor a sua agenda ao nosso

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País.” Foi o que disse o ex-presidente do STF, antigo conhecedor do sistema carcerário brasileiro, Joaquim Barbosa, como um antigo membro do Supremo Tribunal Federal, ele também é uma personalidade importante e representante do poder judiciário, acrescentado o fato de que ele também é juiz, se alguém com tanta prática para lidar com criminosos e tanta capacidade de julgamento é contra uma ação tão irracional e culminada no ódio e na postura racista de uma sociedade que despreza jovens por serem pretos ou pobres, porque a maioria parlamentar foi a favor dessa medida? Os fatos recentes me fizeram refletir sobre uma questão interessante, essa medida alimentará a violência ao invés de reduzi-la, como era planejado, segundo a Unicef, ONU e antigos países que adotaram a medida; então, por que a Câmara dos Vereadores insistiu em votá-la de forma tão insistente? A resposta é simples, agradar a setores conservadores com uma medida populista e ineficiente, que não curará o real problema de nosso país, o Brasil está com uma doença causada por menores violentos e, ao invés de curar a atual febre coletiva de ódio, o planalto quebrou o termômetro que a evidencia e o escondeu bem fundo em uma cela de um presídio qualquer.


Eles também querem ter voz Por Gabriela Tegoshi Azevedo

Nos dias de hoje, em 2016, os jovens não conseguem ficar calados, quase tudo é motivo para se manifestar, eles organizam eventos, passeatas e vão para as ruas. Muitas vezes essas manifestações são organizadas pela internet, pela facilidade que a tecnologia nos disponibiliza, como, por exemplo, o Facebook, milhares de manifestações são organizadas através dessa rede social. Antigamente, por exemplo, nos anos 1970, não era a mesma coisa, pois não existia essa tecnologia. Mesmo assim as manifestações não eram muito diferentes, eram pessoas se manifestando contra algo que estava trazendo insatisfações, a maioria eram contra quem estava no poder, como hoje em dia, estão todos manifestando-se contra a presidenta Dilma e essas passeatas possuem participações de todos os tipos de pessoas, idosos, adolescentes, crianças, etc. Nesses anos, o que aparenta ter mudado foi a forma de divulgação dos eventos, como, por exemplo, nos anos 1970, a maioria desses eventos eram divulgados pelo “boca a boca”, uma pessoa contava para outra e assim a

notícia se espalhava. Já hoje me dia, em 2016, ocorre a divulgação instantânea através de redes sociais, smartphones, iPads e laptops, podemos perceber isso apenas abrindo o Facebook e vendo os eventos disponíveis, e apenas com um clique confirmamos a presença e podemos compartilhar a informação com o mundo todo. Algo que podemos perceber que também mudou foi o formato das manifestações, nos dias de hoje (2016), essas manifestações adquiriram um clima festeiro, podemos perceber isso nas manifestações a favor do impeachment da presidenta Dilma, o povo parecia feliz, bebendo e dançando, mas nem todas possuem esse formato, algumas são cheias de angústia e nem sempre possuem final feliz, como as que tiveram no Brasil por volta de 1980, quando ocorria a ditadura, eram cheias de angústia, opressão e muita violência. Nos dias de hoje, o que continua bem presente é a violência, muitas das ações violentas são tomadas pela própria polícia. Muitas vezes, os que mais estão presentes nas passeatas são os jovens, um exemplo disso foram as manifestações que ocorreram há

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pouco tempo contra o fechamento das escolas públicas de São Paulo. Foram organizadas e realizadas por jovens que ocuparam as escolas, a maioria estudantes, tanto das escolas públicas quanto das particulares, podemos ver isso pelas fotos das manifestações, a maioria das pessoas eram jovens. Nas manifestações dos anos 1970 contra a ditadura brasileira, maior parte dos participantes também eram os jovens, eles sempre parecem estar presentes. Os jovens desafiam tudo e todos, parecem não temer nada, nem mesmo a polícia, muitos se demonstram mais corajosos e confiantes do que os adultos. Os adultos nem sempre veem esses protestos como algo positivo, acham algo ridículo e uma perda de tempo, outros acham que são apenas “crianças” tumultuando e, por isso, pela idade das pessoas, elas não merecem os mesmos direitos e não precisam ter voz na sociedade, mas muitas vezes essas ”crianças” conseguem resultado, como evitar o fechamento das escolas que já citei. Os jovens vão às ruas, usam sua voz para conseguirem seus direitos, correm atrás e, mesmo assim, muitas vezes não são compreendidos como deviam,

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mesmo às vezes tomando decisões erradas e cometendo muitos erros, não podemos esquecer que eles fazem parte da sociedade, querem compreensão, carinho e não querem ser tratados como “crianças”, eles são iguais a todos e merecem o mesmo respeito, compreensão, direitos e, o mais importante, que todos os escutem, eles querem ter sua voz na sociedade e estão progredindo cada vez mais.


Não fechem minha escola Por Ian Kanda Bernucci

Desde sua existência, o Brasil tem lutado para combater o problema da exclusão social, que gerou grande impacto nos sistemas educacionais. Porém, ainda assim, temos mais ou menos 3,6 milhões de jovens sem acesso à escola, segundo um artigo do portal EBC publicado por Amanda Cieglinsk (06/03/2013).

Ano passado, 2015, um sério caso de causar revolta entre todo o país aconteceu, o Secretário Estadual de Educação de São Paulo, Herman Voorwald, anunciou que ao todo 94 escolas estaduais (públicas) deixariam de existir, porém, não foram dadas justificativas que provassem a professores, estudantes, pais, levandoos a uma briga para que suspendessem a ordem dada.

surpreendente movimento nas escolas, principalmente no sul do estado, que tem como bandeira “não fechem minha escola”, que consistia em estudantes, pais, professores, funcionários públicos e pessoas que queriam ajudar e lutar pela educação decente a ficarem “acampados” nas escolas, protestando para que as aulas voltassem. Professores de diversas escolas, até de escolas particulares não afetadas pela ordem de fechar a escola, foram dar aulas nas escolas ocupadas, e, também, muitas vezes, não só nas escolas, como aconteceu quando o movimento levou cadeiras de salas de aula para a Avenida Paulista, lá os jovens assistiram a uma aula que tinha como propósito a defesa da escola pública, lá foi usado o direito à educação, como o artigo 205 da Constituição de 1988, que garante a educação como direito de todos, chamando a atenção do Estado. O movimento teve como fim a suspensão da ordem de fechamento das escolas.

Segundo Débora Mazza e Maria Helena Santos (texto publicado em 16/02/2016 no site Brasil Debate), a postura do governo teve como resultado um

Isso mostra que o jovem está interessado no que ele tem por direito e que não pode apenas tirar um direito de educação do jovem, pois isso é dever do governo, dar educação ao

Como educação é um direito do jovem, o Ministério da Educação criou a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, que tem como objetivo dar educação a todos os jovens de 15 anos ou mais que não completaram o Ensino Fundamental.

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jovem. Ao contrário, jovens não iriam ter futuro, não iriam conseguir fazer uma faculdade boa e crescer na vida, ninguém já nasce sabendo, e o jovem para ter um futuro, uma família, um emprego, precisa de uma boa educação, um jovem que não aprende vira um traficante, um bandido, um usuário de drogas. Se o governo não quer bandidos, traficantes, usuários de drogas, é preciso dar uma boa educação aos jovens que não têm condição de ter acesso a uma escola particular, para eles poderem ter acesso ao mercado de trabalho. Afinal, a educação é direito do jovem, e mesmo com as escolas de pé, muitas vezes não é possível ter aulas, devido à superlotação, greves, falta de materiais, mau estado, etc. E até alguns que conseguem finalizar o Ensino Fundamental com sucesso não conseguem entrar em uma faculdade pública boa. Então, o Ministério da Educação deve levar em conta que, com o país em uma constante inflação, uma crise sem data para acabar, uma boa educação deve ser o mínimo para conceder a aqueles que não têm condição de pagar uma escola particular, ao invés de fechar escolas públicas, deve-se abrir mais, para que os alunos tenham nada além do seus merecidos direitos.

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Os jovens também podem Por Isabela Cavalcanti

Pode ser difícil de acreditar que o jovem tem a capacidade de promover algum ato político, ou mesmo fazer algo sozinho. Em 2015 houve uma série de manifestações contra a reorganização das escolas públicas no estado de São Paulo. O governo de Geraldo Alckmin propôs um projeto onde 94 escolas seriam fechadas, 311 mil alunos teriam que ir para outras escolas e 74 mil professores mudariam de local de trabalho, a proposta era o seguinte, dividir as escolas por idade, ou seja, em uma escola só teriam alunos de 06 a 10 anos, em outra alunos de 11 a 14 e em outra alunos de 15 a 17 anos. Para o governo, essa maneira seria benéfica pois cada escola estaria mais preparada para cada faixa etária dos alunos e também evitaria conflitos entre alunos de idades diferentes. Os alunos que não eram a favor começaram a ir para as ruas protestar contra uma organização que afetaria a vida milhares de professores, pais, estudantes e comunidades. Eles fizeram mais do que só ir para a rua, também ocuparam suas escolas, mais de 200. Não podemos deixar de falar que tudo isso foi feito pacificamente.

Em todas as escolas era mantida uma rotina com grade de aulas, mas essas aulas não necessariamente eram dadas por professores, elas poderiam ser simplesmente discussões. Dentro das escolas, cada um tinha a sua tarefa, um limpava a cozinha, outro tirava o lixo e por assim vai. As ocupações duraram um pouco mais de dois meses. Além dos alunos, o protesto envolveu parte da classe artística. Uma espécie de Virada Cultural foi promovida e cantores de renome na música brasileira se apresentaram, como Maria Gadú, Criolo, Paulo Miklos e Chico César. Professores de outras escolas e até mesmo de faculdades deram aulas e propuseram discussões entre os alunos. Pessoas que se identificavam com o projeto levavam comida para os adolescentes que estavam nas escolas. Apesar das ocupações serem pacíficas, a PM não agia da mesma maneira, de acordo com o site da revista Fórum, alunos e professores foram espancados nas ocupações. Como resultado das manifestações, a reorganização das escolas foi adiada,

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comprovando o poder de mobilização política dos jovens. Outro exemplo de poder político dos jovens aconteceu no ano de 1992. Milhares de jovens estudantes foram às ruas protestar para que ocorresse o impeachment do presidente Fernando Collor, uma série de denúncias de corrupção foram feitas sobre ele, e quem o denunciou foi o próprio irmão. Os jovens que participaram desse movimento se chamavam de “Os Caras Pintadas”, pois o principal símbolo do movimento eram as cores verde e amarela pintadas nos rostos dos manifestantes. Essa foi a primeira vez, depois da ditadura, que jovens foram às ruas protestar sobre algo. Esses fatos demonstram que os jovens ao longo dos anos foram adquirindo espaço na política da sociedade. Na época em que somos jovens, desenvolvemos a capacidade analítica e a possibilidade de ação sobre algo, através da liberdade que é conquistada ao longo desse período. Não necessariamente é preciso ter uma grande passeata ou um grande número de pessoas para ser politicamente influente em algo. Como, por exemplo, no ano de 2015, no Colégio Oswald de Andrade, uma nova matéria foi inserida na escola,

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os alunos que participaram desse curso tinham o objetivo de mudar algum espaço ou política da escola, nesse grupo tinham alunos entre 12 e 15 anos, essa matéria se chamava “Descola”, nessa aula os alunos discutiam entre si, com o auxílio de um professor, o que os incomodava na escola ou o que poderiam mudar. A ideia principal que os alunos tiveram foi a de intervir em um espaço da escola que não estava sendo bem utilizado, o espaço escolhido foi o solário, eles construíram móveis para que o espaço fosse melhor utilizado. Jovens de todas as idades podem ser politicamente influentes, mas eles não são ouvidos da mesma maneira que adultos simplesmente por serem jovens. Enquanto os adolescentes estavam nas escolas protestando, várias pessoas falavam “mas eles nem sabem o que querem”, ou “só estão lá para causar”, e qual era a justificativa desse pensamento? Simplesmente por eles serem jovens. Mas a pergunta é: os adultos sabem o que querem?


Jovens na política Por João Tavano gabriel

Segundo a especialista em questões relacionadas à escola, a psicóloga Rosely Sayão, as crianças estão sendo criadas sobre o peso da superproteção, o que as desconecta da realidade Não é de hoje que os jovens têm uma participação na política com votos e manifestações (apesar de que eles tenham mais influências em manifestações do que nas eleições, sendo que “só’’ 1,5 milhões de jovens entre 17 e 16 anos votaram no ano de 2014, cerca de 1,5% do total (fonte G1)). Isso é bom, pois mostra que tem adolescente que se interessa com política e não tem medo de manifestar e expor o seu ponto de vista, mas eu gostaria de ver mais jovens participando e mais apoio dos pais, familiares ou políticos, incentivando eles a contribuírem com esses eventos. Como já citado no parágrafo acima, os jovens não são uma grande porcentagem nas eleições, mas nas manifestações eles já fazem parte de um volume maior e até já participam de organizações e divulgações dessas mobilizações, como nas passeatas de 2013 e de 2015, onde tinha uma grande quantidade de jovens. Em

2013 tiveram as passeatas que foram organizadas por um grupo chamado de Passe Livre (tinha vários integrantes desse grupo que eram alunos da USP ou até mesmo de escolas e tinham ajuda de professores e familiares), que tinha como objetivo abaixar as taxas de ônibus de São Paulo, mas após um tempo a situação se abrangeu e tiveram várias manifestações nos país todo com outros motivos, como a Copa do Mundo que aconteceu no ano seguinte, e cerca de 53% dos manifestantes tinham menos de 25 anos (fonte site Público), ou seja, mais da metade da pessoas que foram nas passeatas eram jovens, isso mostra como os adolescentes têm interesse na política e têm vontade de mostrar a sua opinião, até mais do que adultos que provavelmente já têm uma opinião formada, depois de várias passeatas o governo resolveu mudar algumas coisas, como a tarifa do ônibus que mudou de 3,20 para 3,00 reais, mas outras não mudaram, como o cancelamento da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, que algumas pessoas pediram. Já em 2015 tiveram as manifestações contra a nova organização das escolas públicas proposta pelo governo; se a mudança

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tivesse acontecido, cerca de 94 escolas seriam fechadas e isso afetaria cerca de 311 mil alunos e 74 mil professores, os jovens, alunos e professores ficaram insatisfeitos com essa proposta, então, fizeram mobilizações e ocupações, eles ocuparam cerca de 151 escolas em todo o estado de São Paulo, e após um tempo o governador Geraldo Alckmin cancelou a nova organização das escolas, mostrando novamente como os jovens têm poder na sociedade e influência na política. Apesar de não ter uma grande influência e porcentagem nas eleições, os jovens mostram que se eles se organizarem direito podem movimentar várias pessoas, levando-as paras as ruas para protestar em razão de algo, também mostra como eles podem manifestar a suas opiniões, isso é bom para mim, pois eles podem ter novos ideais e jeitos de olhar para a política, fazendo, assim, o país ter uma política e sociedade mais “saudáveis”.

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Os jovens se expressando Por Julia Januzelli Branco

Na sociedade atual,os jovens têm muito mais liberdade de expressão do que a algumas épocas atrás, podemos perceber essa maior liberdade não apenas em jornais e revistas, mas também pessoalmente. As diversas manifestações que jovens fizeram no final de 2015, ocupando suas escolas, é uma forma de se expressarem, mostrarem sua opinião sobre o momento de agora. Em um pronunciamento de estudante da Escola Estadual Fernão Dias, ele diz os motivos da ocupação, ele conta que foi para os alunos serem ouvidos e enxergados pelo governo: “Começamos a nos organizar após a proposta de reorganização estadual de ensino (...). Estamos realizando que buscam dialogar sobre a maneira como estava sendo feito o processo. Depois de não termos sido ouvidos por nenhuma instância, vimos na ideia da ocupação uma forma de potencializar a voz dos estudantes…”. Não houve apenas essa manifestação, tiveram outras à favor do aborto, contra a retirada da merenda das escolas, entre outras.

usam para se expressar. Podemos comparar essas duas épocas, tempos um pouco mais antigos e os modernos, ouvindo relatos de pessoas que agora são avôs e avós. Ouvi alguns desses relatos (não apenas de familiares) e praticamente todos eles chegam ao ponto de que era uma sociedade muito rígida, a parte política era mais ainda, os jovens eram muito reprimidos em suas opiniões e oposições. Há casos de universitários que foram presos após se oporem à ditadura militar. Portanto, considero até o momento que, nos dias de hoje, há uma liberdade de expressão maior. Mesmo assim, todos deveriam poder dar sua opinião sem serem reprimidos, porém, respeitando a todos.

E algo muito marcante que vemos por toda a cidade de São Paulo é o graffiti, que muitos jovens de elite e periferia

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Os jovens vão à luta Por Leonardo Bueno Volpe

No final de 2015, entre os dias 09 de novembro e 04 de dezembro, estudantes de 196 escolas protestaram contra a reestruturação na rede de ensino do Governo do Estado de São Paulo. Isso será lembrado para sempre como um exemplo da força dos jovens quando unidos. O projeto de reestruturação faria com que cada escola passasse a oferecer aulas para apenas um dos ciclos da educação (o primeiro ciclo ocorre do 1° ao 5° ano, o segundo do 6° ao 9° ano e o terceiro corresponde ao Ensino Médio). Os jovens lutaram contra essa medida, buscando também valorizar os professores e defendendo uma melhor infraestrutura para todos os colégios. Com a reestruturação, 94 escolas seriam fechadas, professores e outros trabalhadores perderiam seus empregos e cerca de 300 mil estudantes seriam afetados. Por outro lado, o governo alegava que, com essa medida, o ensino do estado iria melhorar. Os estudantes perceberam que, para serem ouvidos, precisariam fazer mais do que ocupar as escolas. Então, decidiram ir às ruas. Eles fizeram manifestações em vários pontos

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da cidade de São Paulo de maneira pacífica, mas mesmo assim a polícia militar usou bombas de efeito moral, spray de pimenta e cassetetes para “conter” os manifestantes. A luta dos jovens gerou uma enorme pressão sobre o Governador paulista, Geraldo Alckmin, que viu sua credibilidade e popularidade caírem. Além disso, os estudantes também entraram com uma ação na justiça contra o projeto de reestruturação. Eles conseguiram uma liminar suspendendo a medida e garantindo que os alunos permanecessem no mesmo colégio em 2016. Com tudo isso, no dia 04 de dezembro, o governo anunciou a suspensão do projeto de reestruturação e as escolas foram desocupadas pelos alunos. A suspensão do projeto no final de 2015 foi uma vitória dos estudantes brasileiros e mostrou que, quando mobilizados, eles também podem ter grande influência em importantes assuntos do nosso país.


Ocupa, São Paulo Por Luiza Moura Marconi Bicudo Pereira

Muito se ouve dizer que a juventude não se interessa por política. Que nossas opiniões não têm fundamentos e que nós somos rebeldes sem causa. Mas, e se um grupo de estudantes de escolas estaduais de São Paulo resolvesse provar o contrário mostrando que, sim, nós temos força? Nós temos voz. E nós somos capazes de mudar as coisas. O cantor e compositor Dani Black diz em sua música “Trono do Estudar”, escrita para as ocupações escolares, o seguinte: “Não venha agora fazer furo em meu futuro, me trancar num quarto escuro e fingir que me esqueceu. Vocês vão ter que acostumar porque ninguém tira o trono do estudar...” Eles entraram em ação em novembro e dezembro de 2015. Nos últimos dois meses do ano, a juventude paulistana mudou as coisas. Eles vieram de mansinho... Escola Estadual Diadema... Escola Estadual Fernão Dias Paes... Em duas semanas eram duzentas escolas ocupadas no estado de São Paulo. Foram às ruas, pediram ajuda, boicotaram o SARESP - uma prova super importante para o estado.

Apanharam da PM. Muito. Lutavam contra a medida de reorganização escolar proposta pelo Governo do Estado. 94 escolas seriam fechadas e 311.000 alunos seriam prejudicados. Queriam melhorias no ensino e nos espaços físicos da escola. Queriam o que é deles por direito. A proposta do governo era dividir as escolas por ciclos alegando que isso melhoraria o desempenho escolar dos alunos e “protegeria” os alunos mais novos dos mais velhos. Os alunos não aceitaram. Seriam muito prejudicados. Quem estudava a 15 minutos de casa, passaria a estudar a 40 minutos. Era uma medida econômica não pedagógica. Foram tratados como vândalos por ocuparem suas escolas. Em artigo publicado no dia 23/11 no site da revista Época o repórter especial e blogueiro José Fucs diz: “Não sou especialista na área de educação , nem advogado do governador Geraldo Alckmin, mas não precisa ser muito inteligente para perceber que há algo estranho, muito estranho, por trás das ocupações em série de escolas em São Paulo na última semanas”.

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O que é estranho? Jovens querendo uma educação de qualidade e sua escola aberta? Não acho isso estranho, acho isso louvável. No documentário recém-lançado “Acabou a paz, isso aqui vai virar o Chile” do diretor Carlos Pronzato, os estudantes contam que não houve diálogo com o estado e que esse queria manter a reorganização a qualquer custo. E eu visitei duas escolas ocupadas, a Fernão Dias Paes e a Fidelino Figueiredo. Lá vi jovens orgulhosos do que estavam fazendo, jovens que estavam transformando suas escolas. Jovens que queriam mudança. Portanto, não há mais desculpas para fingirem que nos esqueceram e não nos ouvir. Porque jovem é capaz de mudar o futuro. E nós acabamos de provar isso.

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Jovem mulher: conquistas e dificuldades Por Maria Julia Espírito Santo

Século XXI: é fundamental que exista a igualdade política, social, econômica e cultural entre homens e mulheres, e, para tanto é imprescindível a participação dos jovens no contexto do movimento feminista. Desde 1759, a mulher luta para ocupar um espaço igualitário na sociedade, com muitas conquistas alcançadas, porém, nem todas assimiladas. O conflito muitas vezes é desviado para o antagonismo “homem versus mulher”, que, a meu ver, é uma maneira equivocada de enfrentar a questão, por se basear na reação de um contra o outro e não em uma ação conjunta. Essa “ação conjunta” tornase importante no momento em que as jovens feministas trazem para o movimento uma questão polêmica: a participação dos homens nas reuniões. E esse ponto é, a meu ver, um grande avanço. Jovens, mulheres e homens, juntos, ocupando os legítimos espaços de discussão e (con)vivência. Esse “novo feminismo” iniciouse em 1960 como um espaço de representação legítimo também da juventude, em paralelo à luta dos negros norte-americanos pelos

direitos civis e aos movimentos contra a Guerra do Vietnã, liderados principalmente por jovens. Importante percebermos que o feminismo não é algo somente de senhoras que lutaram em um passado antigo. Muito pelo contrário, é uma luta que os jovens devem abraçar, pois o machismo não começa a agir somente quando as mulheres tornam-se adultas. Hoje, a participação dos jovens nos movimentos feministas acontece em um momento em que o tema juventude também ganha força no debate sobre políticas públicas, conquistando avanços e abrindo espaços de representação legítimos. Um exemplo concreto é o Centro de Cultura do Itaim Paulista, onde jovens se reúnem para, em grupos de teatro, dança, poesia e música, discutirem questões de gênero, entre outras. Pessoas de todas as idades são bem-vindas lá. Conheci Terê, uma mulher de 64 anos que fora analfabeta até seus 55 anos e hoje participa, ao lado de meninos e meninas de 15 a 20 anos, de saraus poéticos, onde o feminismo aparece como tema recorrente, além de outras questões importantes relacionadas à cidadania e à arte.

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As atividades e as ações propostas pelas jovens feministas de todos os continentes revelaram que as experiências dessa nova geração renovaram as questões fundamentais da organização dos movimentos feministas. Em minha opinião, o maior desafio do século XXI é trazer para nosso cotidiano as conquistas alcançadas por essas imprescindíveis jovens mulheres ao longo do tempo. Trazê-las para nossas relações mais simples, na família, na escola, no bairro, na economia, pois hoje em dia as diferenças ainda caminham nas ruas não só de São Paulo, mas nas ruas de todo o mundo.

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Preocupação Por Mariana Corrêa Giannella

Por acaso você já se perguntou como o jovem é visto pela sociedade? Como é representado? E como é visto pela sua família? Como podemos ver, há vários assuntos que podem ser abordados a respeito da juventude, porém, hoje irei discutir especificamente sobre o jovem visto pela sua família. Ouço o discurso das pessoas ao meu redor e percebo que estou entrando naquela fase em que estou prestes a começar a criar problemas: drogas, sexo, atitudes rebeldes, entre outras. Não só eu, mas quase todos os jovem que conheço vivenciam isso. Cada família tem seu jeito de educar, umas mais modernas, outras mais antiquadas, mas há maior preocupação nessa fase jovem. Já cheguei a ouvir uma pessoa falar: “Seria bom se pudéssemos congelá-los aos 14 e descongelá-los aos 24”. Como assim?! E perder talvez os momentos mais divertidos da minha vida?

A família tenta incutir na cabeça do jovem: valores, caráter, responsabilidade etc., para que nós consigamos viver independentemente deles no futuro, porém, convenhamos, é um desafio para ambos. Nós, jovens, para entendermos o que realmente há pela frente, e eles, família, para conseguirem conter seus medos e inquietações até chegarmos aos 24 anos.

Sempre há aquela preocupação (sim, preocupação de novo, parece que essa palavra vai ocupar esse texto) que a família tem a respeito do futuro do seu filho.

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Quem são os jovens na vida pública no Brasil Por Pedro Felerico Garrini

Às vezes eu escuto pessoas, principalmente os próprios jovens, dizendo que não têm espaço na vida pública, ou participação política, a esses eu só tenho a dizer: sim, realmente nós não vemos um “moleque” de 18 anos nos cargos mais altos, seja no Congresso Nacional, seja como diretor de um banco, chefe em uma empresa ou algo assim, eu tenho certeza que isso só acontece devido ao tempo de experiência dessas pessoas, muitas vezes um jovem que se manifesta na rua ainda nem formado é. Em geral, jovens (pelo menos os que eu conheço) têm o hábito de se sentir no poder de fazer o que quiserem, e, principalmente, de contestar tudo, devemos ser mais realistas: para que segregar a população entre nós e eles? Bom, mas agora vamos, sim, falar de nós, o que a juventude brasileira tem feito para honrar esse espaço que têm na sociedade. Durante a minha pesquisa, sem dúvida as ações que mais me “encantaram” e mais me ajudaram a chegar à minha conclusão foram movimentos da juventude cristã (a maioria filiada a igrejas evangélicas). Um exemplo é o “Desafio Radical” que, claro, não deixa o seu lado religioso, os movimentos

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são feitos para carregar a palavra de cristo e pregar a religião, mas não deixam de ser realizados por jovens, o “Desafio Radical” divulga os 3 pilares da religião, unidade, adoração e proclamação, com os objetivos de: • Compartilhar o amor de Deus aos moradores com palavras e atitudes. • Aconselhar a população em diversas áreas, como moral, social e espiritual. • Oferecer atendimentos sociais gratuitos à população. • Propor entretenimento aos cidadãos durante o projeto. • Dar incentivo cultural aos moradores através da apresentação de eventos. Esse projeto é realizado por jovens e é inegável seu impacto até sobre pessoas bem mais velhas. Outro exemplo que é bom de ser citado é a ala da juventude na “Primeira Igreja Baptista de Curitiba”, que tem objetivos parecidos, como de dar roupa e comida para moradores de rua, visitar hospitais ajudar pessoas em todas suas necessidades: corpo, alma e espírito. Ainda falando de projetos sociais, esse é um projeto criado por jovens; não só eles realizam, mas foi um grupo de jovens que criou. É um projeto que consiste em contar histórias de


moradores de rua, uma página (cujo nome não encontrei) na internet foi criada e já contou a história de cerca de 70 moradores de rua. Temos esses casos de projetos idealizados por jovens que, para mim, ilustram perfeitamente a minha ideia do poder do jovem e que o jovem é, sim, representado na vida pública, e ele tem bastante voz na vida pública. Não que esse seja algum movimento com essa intenção ou algo revolucionário, mas é muito comum nós vermos jovens tomando conta de ruas ouvindo música, alguns jogando bola e essas pequenas coisas do nosso cotidiano, para mim, ajudam a provar que hoje em dia jovens têm, sim, presença e de “igual para igual” a qualquer um, seja jovem ou não, isso é muito bom para todos, pode sim se dizer que a juventude já foi deixada em segundo plano, seja na sociedade, na arte ou até nos estudos, mas é bom que jovens tenham consciência que, mesmo com esse espaço ativo na política e na vida pública, devido à idade e por estarem em formação, carregam uma responsabilidade de ser o futuro do nosso país, este que nós sabemos não estar lá em seus melhores momentos, o cuidado deles se resume em uma frase “Com grandes poderes surgem grandes responsabilidades”.

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Liberdade De Expressão Por Pedro Nadaleto

Não temos liberdade? Por vários anos lutamos pela liberdade, com isso podemos equilibrar todos, como, por exemplo, a situação das mulheres, até 1932 elas não podiam sequer votar, sempre foram tratadas como objeto, hoje em dia as mulheres ainda não têm todos os direitos que mereciam ter, mas já é um grande avanço o que temos hoje em dia, graças à liberdade podemos ajudar e dar uma situação de vida melhor para as mulheres, que era algo necessário, hoje em dia temos manifestações todas semanas, seja pela política ou seja por direitos, as pessoas lutam por coisas que não precisam, que não é algo necessário para a convivência, as manifestações foram feitas para lutar por algo que a maioria acredita ser melhor para a sociedade, mas hoje em dia é usada para melhorar apenas direitos de alguns grupos, como se o objetivo da manifestação fosse apenas assunto do tal grupo, com isso gera desentendimento entre os demais grupos, que acabam criando rivalidade uns com os outros, o que pode dar uma clima ruim para a sociedade e piorar a sociedade por situações de desentendimentos. Hoje em dia, os jovens parecem querer estar no comando, querendo cada vez crescer mais rápido, querer fazer

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o trabalho do adulto, não que isso seja um ponto ruim, mas toda essa evolução acelerada causa rebeldia dos adolescentes, como desrespeito aos pais, amigos e adultos, como se fosse independente e não precisasse de ajuda para crescer, como se já soubesse de tudo, então acham que merecem lutar pelo seus direitos, organizam manifestações mesmo não importando a opinião dos outros, claro que existem manifestações muito boas, assim como as do final de 2015, com o fechamento das escolas públicas, que foi uma causa importante e que com a ajuda da liberdade pôde ter sido combatida, algo que deixaria mais de 300.000 alunos prejudicados foi impedido, pois todos se juntaram para combater algo que todos concordavam. Tudo isso mostra que podemos lutar pelo o que nós queremos e precisamos, pois, se é algo que todos precisam, todos se juntarão para que a causa de certo, se ajudando e melhorando a situação que estamos, se todos estiverem de acordo podemos nos ajudar, claro que sempre respeitando uns aos outros e incluindo todos os grupos na proposta.


O jovem na política Por Rafael Giannella

Eu acredito que o jovem tem que ser ouvido para mudar o futuro, pois nós, jovens, somos o futuro. Nesse artigo de opinião, vou abordar a participação do jovem na política. O jovem não participa diretamente da política, mas têm uma participação indireta, em manifestações e protestos. Um exemplo disso são as manifestações que têm ocorrido nos últimos anos, principalmente as de 2013, que eram contra o aumento de 20 centavos na tarifa de ônibus. Essa reivindicação foi atendida, o que mostra que, quando os jovens se mobilizam, eles têm capacidade de modificar as regras estabelecidas pelas pessoas mais experientes, que estão no poder. Esse tipo de participação já foi vista no passado no Brasil, como nos protestos contra a ditadura, nas manifestações a favor das “Diretas já” e do impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Melo, na qual os caras pintadas (estudantes cuja forma de expressão incluía as cores verde e amarelo pintadas no rosto) tiveram grande importância.

foi declarado em 1988, com o direito de voto de jovens a partir de 16 anos. Isso pode ter um impacto positivo para a sociedade, se esses jovens votarem de forma consciente, e não apenas adotando a postura de pessoas de sua convivência, como pais e familiares, que, com o aumento da corrupção, estão cada vez menos esperançosos com seus governantes e anulam seu voto ou escolhem qualquer candidato (voto de protesto), dando um tiro na democracia. Alguns acreditam que a juventude é muito influenciada pelos acontecimentos ao seu redor e é possível que a internet, com as redes sociais, torne isso ainda mais forte. Essa nova forma de comunicação, aliada à liberdade de expressão da democracia, pode ajudar a juventude a evoluir em aspectos como política e cidadania. Podemos perceber uma evolução no comportamento do jovem em relação às questões políticas a partir dos anos 1960 e 1970, porém, com o grande potencial da juventude para promover mudanças, sua participação na vida política poderia ser maior.

Ao longo dos anos, o jovem tem ganhado mais espaço oficial na política, e um dos principais avanços

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Ocupações nas escolas estaduais Por Rafaela Batista da Silva Marchetti Moraes

Em setembro de 2015, mais de 150 escolas estaduais foram ocupadas. Mas, por quê? O Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin resolveu fechar 94 escolas (cerca de 300 mil alunos). Segundo o que ele diz, estaria fazendo isso para “reestruturar” a rede de ensino do estado. Seu objetivo seria separar os estudantes por idade e, para isso, estaria desativando algumas escolas. Mas estaria fazendo isso sem ao menos consultar os estudantes, os professores, os pais e a comunidade em geral. Então, o que eles fizeram? Os alunos resolveram impedir o fechamento das escolas ocupando-as. Foram ocupadas 200 escolas no total, segundo a Secretaria da Estadual de Educação. Os alunos que estavam se manifestando de tal maneira contavam com doações de comidas, tintas (para pintar as escolas), colchões e materiais de higiene. As doações estavam vindo da UNE (União Nacional dos Estudantes), do sindicato dos professores estaduais, dos pais e de qualquer pessoa que estivesse disposta a ajudá-los.

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Apesar de tanto apoio, existem pessoas que são contra o movimento dos jovens paulistas. Ao mesmo tempo em que o Governo de São Paulo e a Secretaria Estadual de Educação articulam ações para retomar as escolas ocupadas por estudantes, um funcionário e militante do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) criou um grupo no Facebook que diz reunir pais e alunos, mas na verdade é composto, em sua maioria, por integrantes da juventude tucana (movimento interno político do partido PSDB), que incentiva nas redes sociais e nos próprios colégios os manifestantes a deixarem a mobilização. O grupo criado é chamado “Devolve Minha Escola”. Os participantes da página na internet garantem já ter visitado mais de 150 escolas por todo o estado para “explicar” aos estudantes a reorganização e convencê-los a deixar as ocupações. Uma das manifestantes de uma escola ocupada na capital, que recebeu a visita do grupo, afirmou que eles, inclusive, fazem ameaças aos alunos. A aluna de 16 anos disse ao site Democratize, e preferiu não se identificar: “eles chegaram aqui


dizendo entender a mobilização, quiseram entrar e convencer alguns alunos de que tudo não valia a pena, que a reorganização era uma coisa boa. Depois viram que não iriam conseguir nada e ainda disseram antes de irem embora que ‘tudo bem, se não vão sair por bem, vão sair por mal’”. Por que querer ir contra os estudantes se eles estão simplesmente defendendo o direito da educação? O governo decidiu que haveria uma mudança, mas nem consultou os alunos e professores das escolas. No mínimo, deveriam ter explicado a ideia e o projeto que estava para ser aplicado, pois afetaria 300 mil alunos. Quem morava a 15 minutos da escola, agora passaria a levar 40 minutos. Os estudantes queriam melhorias no espaço das escolas e no ensino, o que é direito deles. Mas, por contradizerem a ideia do governo (que era mais por uma questão financeira, do que pedagógica), foram tratados como vândalos e jovens rebeldes, por alguns, apenas por buscarem o próprio direito.

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A influência da violência na educação Por Sabrina Polak Baldo

É difícil ser jovem na família. A sensação é de que nossos pais, apesar de já terem passado por essa fase, esquecem como foi e muitas vezes não nos compreendem. Somos crianças ou jovens? Podemos nos responsabilizar por nossos própios atos? Tenho certeza que essa é uma dúvida presente na cabeça de várias pessoas. Para sair com os amigos e voltar tarde somos crianças, mas para ir bem na escola somos considerados pessoas que já têm responsabilidade para nos virar sozinhos. Segundo a tese de Elisangela Maria Machado Pratta, Mestre de Ciências, docente da Universidade Camilo Castelo Branco, a forma com que os jovens vêm sendo representados na família e na sociedade mudou muito de alguns anos pra cá, um exemplo dessa mudança são as ocupações das escolas do estado de São Paulo que ocorreram ano passado, 2015; essas manifestações foram em grande parte organizadas e realizadas por jovens, esses atos fizeram com que o governo retrocedesse. Além disso, ela afirma que a maneira com que os pais irão educar seus filhos parte da forma com que eles foram educados durante a sua formação. Meus pais foram criados de jeitos diferentes, um de forma mais liberal e o outro de forma mais autoritária, mas, independente disso, o modo como eles decidem me educar não deriva apenas de como eles foram educados, mas,

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também, do medo da maneira com que a sociedade se organiza hoje: uma sociedade em que o jovem está muito exposto a drogas, perigos da internet e afins, ou seja, está muito ligada ao medo da violência. Para mim, essa posição é compreensível, mesmo porque, sengundo a editora Abril e o Coordenador do Centro para Estudo da Violência, a porcentagem de homicídios passou de 11,7% em 1980 para 26,2% em 2010. Essa preocupação em relação à violência está presente em todo Brasil, um exemplo recente foi o caso do menino Ryan, que estava brincando na rua e morreu com uma bala perdida, seu avô se diz inconformado com tamanha violência. Segundo o site Zero Hora, “especialista em questões relacionadas à escola, a psicóloga Rosely Sayão, as crianças estão sendo criadas sob o peso da superproteção, o que as desconecta da realidade”. Em minha opinião, a violência tem crescido muito e vem sendo um dos principais fatores que levam os responsáveis a pensarem a forma com que irão educar seus filhos, porém, acho que muitas vezes esse receio e essa preocupação podem se tornar exagerados e causar uma superproteção, que pode levar a uma inocência de nós, jovens, na hora de tomar as decisões.


O jovem hoje Por Sofia de Araújo Banho Campos Figueiredo

Atualmente, os jovens têm tido um comportamento desrespeitador em relação aos familiares e os próprios amigos. Saem nas ruas para viverem acontecimentos que irão marcar a sua vida. Na época dos meus pais, os seus pais falavam e os filhos ouviam, e mesmo irritados, ou até não concordando, respeitavam eles. Parece que, hoje em dia, os próprios pais têm medo dos filhos e do que irão fazer. Hoje percebo que uma grande maioria dos pais saem para trabalhar e deixam seus filhos com babás, em escolas, ou em creches onde muitos (não vou dizer todos) se tornam rebeldes, pelo fato de não terem os pais por perto.

• O que fazer? • Onde está o erro? Realmente acho que seja muito difícil fazer alguma coisa depois que o adolescente está influenciado, mas às vezes é bom ter programas para fazer com a família, ou simplesmente sentar com o seu filho e ter uma conversa, tudo é possível, mas para que aconteça é preciso se unir e confiar um no outro.

Muitos amigos meus não chegam a conversar com os pais sobre a escola ou a vida em geral, simplesmente se trancam dentro de seus quartos. Aposto que muitos pais começam a se perguntar: “O que será que ele faz ali? O que meu filho faz quando está fora de casa? Será que não cumpri meu papel de pai?”. Já ouvi muitos pais dizerem isso, mas também sei que há pais que nem ligam para os seus filhos ou o que fazem com seus amigos. Aí que chegam as perguntas:

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Outros textos

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Drogas na escola: uma questão complexa Por André Alves Harb Bollos

O assunto “drogas na escola” está muito presente no cotidiano do jovem brasileiro, por isso acho que vale a pena refletir sobre ele. Na minha opinião, é um assunto complexo que envolve uma discussão do papel da escola, da família e do próprio jovem, para evitar o primeiro contato com essas substâncias ainda na adolecência, o que prejudica o desenvolvimento saudável dessa pessoa. O papel da escola deve ser o de prevenção primária, ou seja, evitar a experimentação no primeiro momento. Também acho que a escola deve promover uma reflexão mais ampla com os alunos sobre esse assunto, abordando os efeitos negativos a respeito do uso das drogas, que ao meu ver, deve ser feito uma palestra ou mesmo abordados em sala de aula. Isso porque, muitas vezes, o primeiro contato do jovem com as drogas acontece na escola. O professor é essencial para o enfrentamento desta questão em razão de sua proximidade com os alunos, ele quem deve dar o exemplo para os alunos dentro do ambiente escolar. Além disso, o professor tem uma grande influência sobre a turma,

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pois é ele que tem a função de ser um “formador de opinião”, porque os ensina e informa. Portanto, eu acho que o professor deve ser orientado e formado especialmente para abordar esse assunto com os alunos. Além do espaço educacional, o ambiente familiar é outro espaço onde o aluno torna suas opiniões. Se os país de um aluno fumam ou têm um alto volume de consumo de álcool, essa referência familiar pode resultar em uma futura experimentação do aluno. Porém, se o ambiente familiar tiver um objetivo de um processo “antidrogas”, com regras e punições caso aconteça, é muito provável que primeiro contato com as drogas seja mínimo. Os país devem sempre alertar os filhos sobre as consequências de um possível uso. Eu acho que primeiramente os pais devem deixar bem claro que não toleram esse tipo de atitude, deixando claro as consequências desse tal ato. Caso os país perceberem que o filho está usando drogas, devem manter a calma e ter uma conversa franca com o filho, pois esse primeiro contato pode estar ligado a muitos fatores. Os tals dos fatores citados acima ou mais conhecidos como fatores


de risco, podemos citar: Fatores pscicológicos ou personalidade. Os fatores pscicológicos são aqueles em que a pessoa já sofre de transtornos psiquiátricos, como: depressão, uma personalidade antissocial(esse é um dos mais comuns), a jovem bipolaridade, dentre outros. Já os de personalidade são fatores em que o participa, por exemplo: de brigas, vandalismo, pichações e pequenos roubos. Eu acho que esses tipos de comportamento, são em que exigem mais atenção dos pais e dos professores, pois podem originar problemas futuros, e se tiverem podem ser tratados durante a adolecência facilita a vida adulta para o filho. Como falei a princípio, o assunto é importante e amplo, vai além da escola, por isso acho que a familia e a escola, devem se unir para ajudar os jovens, informando-os das consequências futuras para a saúde e para o desenvolvimento pscicológico. Também é importante que haja uma compreensão das dificuldades do período da adolecência, havendo um acolhimento apropriado para esse jovem. O jovem por sua vez, deve contribuir contando a verdade para os pais e também não se expondo a riscos. A solução não é simples, mais se todos conscientizarem do seu papel, será possível reduzir as consequências.

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O que é beleza? Por Marina Perpetuo Cornacchioni

Os padrões de beleza impostos pela mídia têm cada vez mais atingido a população mundial. Os jovens, principalmente do gênero feminino, são as principais vítimas dessa pressão da mídia, pois muitos deles acham que têm que se encaixar nesse padrão, ou seja, ter o “ter o corpo e o rosto perfeito”. A mídia com isso se aproveita para induzi-los a comprar remédios, produtos de beleza, fazerem dietas e plásticas que os prometem o corpo e o rosto ideal. Com isso as empresas de beleza lucram cada vez mais. Em todos os lugares é possível perceber essa padronização que é feita do corpo, principalmente das jovens, nas revistas, nas propagandas, nos filmes, nas novelas e nas passarelas. Esse modelo, além de ditar como o corpo deve ser, também dita qual roupa devemos usar, qual o sapato e a cor do cabelo perfeito. Os jovens, que por sua vez não se enquadram nesse padrão, por serem acima do peso, muitas vezes são rejeitadas, ou sofrem bullying. De acordo com a Pesquisa Nacional da Saúde do Escolar de 2012, os estereótipos “muito gordo” e “gordo”, são os alvos preferidos dos praticantes de bullying.

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Essa obsessão pela beleza também faz os números de transtornos alimentares e de cirurgias estéticas aumentarem. Um levantamento realizado pela Secretaria de Estado da Saúde revela que 77% das jovens em São Paulo apresentam propensão a desenvolver algum tipo de distúrbio alimentar, como anorexia, bulimia e compulsão por comer. E a partir de uma pesquisa apontada pelo site índice de saúde, esses distúrbios alimentares geralmente se desenvolvem em meninas entre 12 e 25 anos. Além disse os médicos chegam a arriscar que as cirurgias plásticas tenham aumentado em 100% na última década, e falam que as cirurgias vem sendo procuradas por uma camada cada vez mais jovens de pacientes. Com isso posso concluir que independentemente da forma ou do tamanha do corpo, devemos nos amar do jeito que somos, afinal todos somos diferentes e cada um tem seu biótipo. Além disso, beleza é algo muito subjetivo, não deveria ser incluído em padrões que discriminam e eliminam.


O que a cidade tem pra falar Os manifestos no espaço urbano. Por Isabela Pimentel Seppelfeld

Intervenção urbana é tudo aquilo que interfere no espaço urbano, tendo como objetivo, em sua maioria, se manifestar sobre questões políticas e sociais, ou apenas “descontrair” o espaço em questão. No século em que vivemos, a juventude têm procurado cada vez mais um espaço para sua voz. Desde o ano de 1980, vários grupos têm optado pela arte como modo de ação social, sendo a rua o espaço ideal, onde todos têm acesso ao pensamento artístico (o que de certa forma aproxima a população urbana excluída dos movimentos), e onde o manifesto é diário. Uma intervenção pode aparecer em vários formatos, tais como grafite, lambe lambe, fotografia, esculturas, cartazes, etc. Sem contar as intervenções teatrais e musicais. Em julho deste ano, um mês antes das Olimpíadas do Rio 2016, o artista plástico francês JR veio ao Brasil, onde realizou a construção de uma lua no topo da Casa Amarela, na qual o mesmo é um cofundador. A Casa Amarela é uma organização que promove ações culturais, sociais e educacionais direcionadas às crianças e

adolescentes da comunidade do Morro da Providência, no Rio de Janeiro. Durante sua estadia, o artista também realizou algumas intervenções pela cidade. Com o projeto InsideOut (@ insideoutproject), que consiste em uma galeria ao ar livre com fotos de todos que passam pelo Photobooth truck, van onde as fotos são tiradas e instantaneamente imprimidas, o artista decorou a praça Mauá, em frente ao Museu do Amanhã, no centro da cidade, atraindo alguns olhares curiosos. O mesmo foi feito em escadarias do Morro da Providência, com fotos de moradores locais. Poucos dias antes da abertura das Olimpíadas (05/07/2016), JR terminou mais um de seus projetos, uma escultura de arame do esportista Mohamed Younes Idriss pulando sobre um prédio. Mohamed é recordista africano de salto em altura e não pôde comparecer às provas de classificação para os jogos pois se machucou dias antes. O atleta é Sudanês e tem 27 anos. Alguns artistas, diferente de JR, usam suas intervenções para apresentar pontos e opiniões mais críticas, como Banksy por exemplo. Banksy

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é um artista de rua britânico, que tem obras espalhadas por todo o mundo, infelizmente ninguém sabe qual a sua real identidade (por mais que hajam suspeitas), a polícia está constantemente à sua procura por conta de seus grafites provocativos e que questionam o governo britânico. O artista produziu um documentário chamado Exit Through the Gift Shop (no Brasil, “Saia pela loja de Souvenirs”), sobre como um excêntrico lojista francês tentou localizar e fazer amizade com o próprio, o documentário conta com participações de vários outros infames artistas de rua. Além dos grafites, Banksy também é bem conhecido por fazer esculturas provocantes, principalmente sobre o modo como tratamos os animais. Em um de seus trabalhos mais marcantes, o artista pediu para um amigo (para manter sua identidade em sigilo) dirigir um caminhão típico de matadouro com animais de pelúcia dentro pela cidade de Nova Iorque, enquanto os tais animais gritavam. Este tipo de intervenção que Banksy faz costuma acontecer sem aviso prévio, em qualquer cidade, e muitas vezes da noite para o dia, como, por exemplo, o carrossel, onde um dos cavalos está preso de cabeça para baixo, logo atrás de um açougueiro

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sentado em caixas de Lasanha. Quem vê de fora apenas enxerga belos cavalos, mas para os curiosos que se aproximam é possível ver os cavalos intencionalmente depredados e apodrecidos pelo lado de dentro. Outra escultura que fez sucesso foi a referente aos parques aquáticos que fazem shows com animais. Na escultura, uma orca saindo do vaso sanitário, fazendo seu caminho para passar por um bambolê e cair numa piscina de plástico. Além desse casos, uma intervenção pode se dar de maneira mais simples ainda, como por exemplo as hortas comunitárias em cuba, ou até a construção de um playground feita por moradores com materiais doados pelos próprios, e basicamente toda maneira de recuperar um espaço urbano ‘apagado’ sem investimentos econômicos significativos. Em São Paulo, o bairro da Vila Madalena é point de intervenções, onde vemos, por exemplo, a decoração de postes de luz com vasinhos feitos de sucata e flores, uma intervenção onde o único objetivo é embelezar o espaço. A intervenção vai desde uma frase num muro, até uma escultura no topo de um prédio, todos podem intervir e manifestar, nas ruas todos tem voz.


Você pode morrer apenas por ser mulher Por Raissa Ré Guimarães Marques

Generocídio na Índia e na China Generocídio é um tipo específico de genocídio ligado ao gênero feminino, mais presente em culturas orientais. Está fortemente relacionado a tradições culturais. A ONU considera que, por conta disso, se perderam cerca de 200 milhões de meninas, a maioria da Índia e da China. No caso da Índia, o generocídio faz parte da estrutura de uma sociedade patriarcal, em que o homem controla a estrutura familiar, a riqueza e as leis, as mulheres têm que se submeter e não têm direito de escolha. Na China, a política de controle populacional levou o governo a criar a lei do Filho Único, com punições severas para os casais que desrespeitam a regra. Essa política, aliada à tradição cultural da valorização do filho homem, provocam um alto nível de violência contra mulheres e meninas. Atualmente, apesar de todas as campanhas e lutas vindas de todo o mundo, esse tipo de crime continua acontecendo com o consentimento do governo e da justiça. Nos dois países mais populosos do mundo, as culturas e tradições valorizam os meninos, o que leva as

famílias a preferirem um filho ao invés de uma filha. Os rapazes trazem a riqueza, força e bênção, enquanto as meninas são consideradas fardos. Na Índia, a família da menina, quando os filhos se casam, deve pagar um dote para a do homem. Esta tradição tem levado as famílias a se livrarem de seus bebês. Mulheres matam suas filhas logo após o nascimento, provocam abortos durante a gravidez ou as abandonam. As meninas que sobrevivem são vítimas de negligências e abusos. Nesse contexto, as famílias mais pobres são as que sofrem consequências mais graves da tradição cultural. “Criar uma filha é como regar a árvore do vizinho” - ditado indiano Muitas das mulheres indianas, principalmente as mais pobres, aceitam a tradição cultural que desvaloriza as meninas. Como não têm boas condições de vida, preferem ter um filho menino, e, quando nasce uma menina, elas não podem arcar com as despesas e preferem matá-la. O documentário “It’s a Girl: The Three Deadliest Words in the World” do ativista Evan Grae Davis, apresenta a história de uma mulher que matou oito filhas recém-nascidas na esperança de

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ter um menino. “Estrangulei logo que nasceram, por que manter quando é tão difícil criá-las? As mulheres têm o poder de dar a vida, mas também de tirá-la”, diz ela. As mulheres mais pobres matam ou abandonam suas filhas após o nascimento. Já as vindas de famílias ricas usam exames para saber o sexo do bebê para, se necessário, fazer um aborto. “Ultrassons servem para detectar anomalias. Ser mulher não é uma anomalia. Na Índia, esses abortos se tornam uma indústria milionária”, afirma Mitu Khurana, ativista que sofreu abuso da família do marido. Quando descobriram que ela estava grávida de gêmeos, exigiram que fizesse um teste ilegal para determinar o sexo do bebê pois não queriam que nascessem meninas. Como ela se recusou, eles a trancaram em seu quarto sem nada para comer ou beber por 3 dias. Mas Mitu acabou sendo levada ao hospital onde descobriram que ela estava grávida de duas meninas. Assim, seu marido a empurrou da escada e a mulher voltou a ser trancada em seu quarto para sangrar até o aborto. Mitu fugiu para casa de seus pais, onde teve duas meninas. Por muito tempo, recorreu à justiça para prestar queixas contra o esposo. Chegou a ser ameaçada, mas continuou lutando sozinha contra a família do marido e o governo. Passou

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de vítima a sobrevivente e tornouse o rosto de uma campanha sobre meninas desaparecidas. Hoje ela é exemplo de luta para as mulheres. A Índia é considerada pela ONU como o pior país para uma mulher viver, no grupo das vinte nações mais ricas do mundo. Em 2012, foram 244.270 casos de violência contra a mulher – tentativas de abuso, agressões e assassinatos. Cálculos feitos para a rede BBC indicam que mais de dois milhões de indianas morrem a cada ano: cerca de 12% ao nascer, 25% na infância, 18% em idade reprodutiva e 45% já adultas. Segundo a ONU, o país tem uma das maiores taxas de infanticídio do mundo e a maioria dos bebês assassinados após o parto são meninas. Uma em cada quatro não sobrevive à puberdade. A taxa de mortalidade para meninas de 01 a 05 anos é 40% superior à de meninos. Outro dado chocante levantado pelos economistas é que cerca de 100.000 mulheres são mortas por queimaduras a cada ano. De acordo com o levantamento, boa parte delas é de famílias que não conseguiram pagar os dotes matrimoniais prometidos. Em represália, a família do noivo queima a mulher. O governo indiano tentou proibir o dote através de lei, em 1961, para evitar crimes, mas o costume vigora até hoje. A maioria dos casos segue sem investigação e punição


da justiça. De acordo com o Dr. Sabu George, médico indiano que vive nos Estados Unidos, morrem mais meninas na Índia e na China do que nascem anualmente na América. Tal como na Índia, a China é uma nação patriarcal com uma cultura que valoriza os filhos homens. Mas o governo chinês criou uma política que acabou agravando o generocídio contra as meninas. Diante da preocupação do crescimento populacional, a China introduziu a Política do Filho Único em 1979. A lei restringe as famílias a um filho por casal. As famílias rurais poderiam ter dois filhos apenas se o primeiro fosse uma menina. As mulheres que violam as leis estão sujeitas a abortos e esterilização forçados. Além disso, o governo dá recompensas para denúncias de casos de gravidez ilegal. “Uma filha é um ladrão” – ditado chinês A jovem Li e seu marido resolveram ir contra a lei do governo e sofreram perseguição. Após terem uma menina, resolveram seguir adiante com uma segunda gravidez, permitida pela lei. Mas eles tiveram uma segunda menina. Para a preocupação da família, Li engravidou novamente na esperança de ter um filho menino e descobriu que teria mais uma filha. Ela foi denunciada e teve que se esconder

até dar à luz e depois fugir. O casal deixou as três filhas com a avó e foi trabalhar em outra região, ganhando o que podiam para enviar o dinheiro do sustento seus bebês. Sabiam que se voltassem para casa seriam presos e teriam que pagar uma multa absurda. A Política do Filho Único é aplicada pela Polícia do Planejamento Familiar, uma ordem militante que vigia e prende as famílias que violam a lei. O foco do governo não foi apenas o crescimento populacional, mas também o interesse financeiro. A política chinesa foi imposta através de multa aos pais. Na década de 1980, muitos casais tinham que escolher entre não ter filho ou pagar multas de até 10% de seu salário para o estado até a criança completar 15 anos. A taxa de famílias que vivem na clandestinidade com filhos ilegais tem crescido, com crianças que não podem ter plena cidadania. O governo comunista chinês declarou, em 2012, que a Lei do Filho Único impediu o nascimento de mais de 400 milhões de pessoas e realizou 13 milhões de abortos por ano, o que representa cerca de 35 mil por dia e quase 1.500 por hora. Muitos são abortos forçados, que podem ocorrer até o nono mês de gestação. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, 500 mulheres se suicidam por dia, geralmente por causas relacionadas

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à gravidez e crimes contra mulher. A China tem a maior taxa de suicídio feminino do mundo. A medida, que tinha como objetivo o controle populacional e vigorou por mais de três décadas, provocou um forte desequilíbrio demográfico, então a política foi revogada em 2015, permitindo casais terem dois filhos. O envelhecimento rápido da população está entre os efeitos secundários mais prejudiciais, o que faz com que o país envelheça antes de enriquecer. A China também sofre com o descompasso entre o número de homens e mulheres, há cerca de mais de 37 milhões de homens do que mulheres. Esse feminicídio deu origem ao tráfico de mulheres e rapto de meninas para serem casadas. Muitas famílias querem noivas para seus filhos, mas poucas querem ter filhas. “Rende mais criar gansos do que filhas” – provérbio chinês A preferência por filhos homens está na base dessas culturas patriarcais, que até hoje desvalorizam meninas e mulheres. A luta contra esse generocídio é, hoje, uma luta pelos direitos humanos. Os que defendem essa ideia acreditam que o direito à vida é o que nos define e é incondicional, não dependendo de gênero. “Há pessoas que dizem: se matarem as mulheres, quem terá os bebês? Isso significa que se deve

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matar as mulheres que não querem ter filhos? O fato de que devemos justificar o motivo por que mulheres não devem ser mortas já é um argumento desumanizador”, diz Rita Banerji, fundadora da campanha “50 million missing” (50 milhões desaparecidas), que denuncia o generocídio feminino. Atualmente, o tema é mundialmente conhecido e diversas campanhas estão sendo criadas, não só para denunciar o crime como também para ajudar vítimas de abusos. “Que venham todos me estuprar se tiverem coragem”, desafia Archina Kumari, de 16 anos. Ela faz parte das Brigadas Vermelhas, grupo de adolescentes vítimas de abuso sexual na Índia que já treinaram 34 mil meninas em técnicas de defesa pessoal. “As vítimas devem ser incentivadas a reportar os crimes com a expectativa de que serão tratadas com cuidado”, escreveu a jornalista Gayatri Rangachari Shah em artigo publicado pela CNN. “A ideia da mulher como uma propriedade pessoal, que leva a um sentimento masculino de direito de posse, precisa ser erradicada”.


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