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A questão indígena na educação
Quebrando estereótipos e preconceitos
Embora os indígenas tenham tido os primeiros contatos com os colonizadores portugueses há mais de 500 anos, na atualidade pouco se sabe sobre esses povos. O fato é que “o Brasil não conhece o Brasil, o Brasil nunca foi ao Brasil”, como bem ressaltam Aldir Blanc e Maurício Tapajós. Em geral, o conhecimento que a população brasileira tem sobre os primeiros habitantes deste país é superficial, homogeneizante e, muitas vezes, com base em visões preconceituosas e estereotipadas. Os indígenas e suas culturas são, na grande maioria dos casos, abordados na sala de aula de forma superficial, sem profundidade e a devida relevância que a questão exige.
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O folclore idealiza o “índio” a partir da ótica do imaginário popular, não guarda, portanto, qualquer relação com os indígenas reais, existentes no Brasil, que são povos diversificados, com línguas, culturas, histórias e saberes próprios. Promover uma educação que esclareça a existência das duas diferentes perspectivas: o “índio” inventado na imaginação popular e os povos indígenas, originários deste país, é fundamental para evitar eventuais equívocos.
A folclorização cria índio que não existe, senão no imaginário popular. O problema é que muitas pessoas acabam confundindo as diferentes versões, como se elas fossem iguais. No folclore, o índio é equiparado à mula sem cabeça, ao saci-pererê, à mãe-d’água etc. Os objetos de desejo e admiração popular são os cocares, colares, arcos e flechas, pinturas… Contudo, o ser humano indígena, pessoa real, é descartado.
Ainda que o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010, afirme que no Brasil existem 305 povos, com 274 línguas e uma população de mais de 800 mil pessoas, muitos brasileiros, erroneamente, ainda continuam a acreditar que os indígenas são uma porção homogênea e que, supostamente, seriam possuidores dos mesmos fenótipos e dotados dos mesmos atributos culturais. No entanto, esses povos são bastante diversos quanto aos modos de ser, viver e existir.
Ressignificando Curr Culos
Os indígenas estão presentes nas cinco regiões do Brasil, vivendo tanto na zona rural quanto na zona urbana. Essa população cresce acima da média nacional e vem se organizando a cada dia para reivindicar seus direitos. Deste modo, os indígenas não estão acabando ou em processo de desaparecimento, como alguns teóricos, equivocamente, chegaram a afirmar Assim, faz-se fundamental que os educadores, e as escolas em geral, ressignifiquem seus projetos pedagógicos no sentido da valorização da temática indígena, até porque a prevalência de currículos escolares colonizadores ajudou a estabelecer uma visão superficial e limitada sobre os indígenas e suas culturas. Sendo assim, por muito tempo, as escolas negligenciaram as culturas, as histó- rias e os aspectos sociais dos povos indígenas – o que deixa a impressão de que as contribuições desses povos seriam menos relevantes ou pouco significativas.
Povos Do Presente
Os indígenas têm lutado para ter espaço na sociedade e serem vistos como povos do presente, e não como parte do passado. Na maioria das escolas, a temática indígena só vem sendo lembrada, quase que exclusivamente, quando se estuda a “História do Brasil”, mais precisamente no chamado “Descobrimento” ou no “Dia do Índio”. Ou seja, a questão indígena é, por muitas vezes, tratada na sala de aula somente em momentos específicos, contribuindo para um ensino escolar cheio de lacunas e imprecisões.
Por fim, mesmo que nos últimos anos tenham surgido medidas normativas, a exemplo das leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que obrigam o ensino das culturas e histórias indígenas e afrodescendentes nas escolas brasileiras, do ponto de vista prático são ainda raros os casos de instituições educativas que têm avançado em relação a essa temática.
*As fotos que ilustram este artigo são do fotógrafo Pedro Nunes. Elas fizeram parte da mostra “Maká-Makaú: unir e reunir”, que ficou em cartaz, de julho a setembro de 2022, no Colégio Antônio Vieira. *Taquari Pataxó (Genilson dos Santos de Jesus) foi um dos convidados especiais do evento de abertura da exposição.
Aponte a câmera do seu smartphone para o QR-Code e veja o vídeo em que Pedro Nunes fala mais sobre a exposição.