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INTERGERACIONAL NA ESCOLA DEMOCRÁTICA: um caminho possível

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Inaciano

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Tornou-se recorrente nas escolas brasileiras e nos discursos que as constituem uma preocupação com a atividade dos estudantes, uma nova valorização dos seus desejos, escolhas e propósitos. Diferentes atores públicos e privados têm incentivado a retomada de um importante princípio da escola progressista: a centralidade dos estudantes

As novas políticas educacionais também têm convergido a esta intencionalidade, colocando em atuação as noções de direitos de aprendizagem, protagonismo, projetos de vida, itinerários formativos ou mesmo competências socioemocionais. A combinação dessas ideias tende a compor uma nova gramática curricular, centrada nas escolhas individuais daqueles que aprendem na escola.

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Preciso chamar a atenção que estas concepções são significativas e merecem um tratamento conceitual em nossas reflexões. Todavia, tenho insistido na condição paradoxal que perpassa a emergência das escolhas individuais como um imperativo curricular: a constituição de estudantes autorreferentes pode inviabilizar a construção de modos de vida democráticos e intensificar as desigualdades educacionais, especialmente em contexto de vulnerabilidade social.

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Tenho reposicionado minhas inquietações sobre esta questão a partir das leituras das obras de Michael Fielding, importante educador crítico. De acordo com sua perspectiva, a valorização da voz dos estudantes precisa ocorrer em um cenário de aprendizagem intergeracional , de modo que as crianças e jovens não sejam abandonados a suas condições existenciais (e ao cardápio de escolhas que lhes corresponde).

Os estudos sobre a voz dos estudantes congregam uma variedade de iniciativas voltadas para os processos de tomada de decisão na escola, seja numa perspectiva da gestão educativa, seja no âmbito das questões curriculares e didáticas. Na obra Radical Education and the Common School, em parceria com Peter Moss, Fielding detalha sua percepção de que as formas privilegiadas de protagonismo dos estudantes ocorrem em um contexto em que as decisões são compartilhadas – crianças, adolescentes e adultos –, criando condições para a emergência de uma efetiva cultura democrática.

Reconectando Valores

Para concluir, poderíamos interrogar: toda aprendizagem centrada nos estudantes é democrática? Todas as metodologias ativas promovem uma cultura de participação? Concordando com o autor mencionado, a resposta seria negativa. A atividade dos estu- dantes precisa estar inscrita em uma disposição pedagógica definida por três características importantes: a) ambiência horizontal para a aquisição de conhecimentos; b) responsabilidade compartilhada; c) possibilidades para construir novos futuros.

Certamente que estamos recom- pondo os processos de aprendizagem na escola, por meio de atividades que valorizem a voz do alunado. Nossa tarefa para o século XXI, talvez o próximo passo, está em reconectar os valores da escola democrática com os desafios da aprendizagem intergeracional. Eis a tarefa de uma escola humanista!

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