

LONGA ESCRITO & DIRIGIDO POR ANDRÉ ANTÔNIO
PRODUZIDO POR DORA AMORIM










Salomé é uma jovem de gênero não-binário. Seu visual andrógino, com roupas que remetem aos universos sci-fi e BDSM, junto com seu cabelo curto pintado de um amarelo extremamente artificial e pop, são célebres no mundo digital. Saló organiza, com alguns amigos, raves ilegais em galpões abandonados. Sua experiência subjetiva é marcada pelas batidas graves e metálicas do techno, pelo uso de substâncias ilícitas e pela adrenalina de temer que a polícia invada a pista de dança a qualquer momento.
Esse estilo de vida hedonista tem seu preço. Sentindo-se sem perspectivas em um mundo em ruínas, Saló se vê atraída por um grupo de jovens violentos que têm enfrentado a polícia nas ruas do Recife para fazer saques frequentes a diversas lojas.
Saló acaba conhecendo, em uma festa, um desses jovens: Ian, que havia se tornado famoso por gravar um video fazendo um policial de refém. O encontro entre os dois é possibilitado pelo uso de uma nova substância que começou a circular no submundo

da cidade aumentando os graus de desinibição e empatia – a “droga do amor”. Saló tem, com Ian, uma experiência amorosa intensa, como ela nunca tinha tido acesso antes. Porém, a polícia descobre o local da rave e leva Ian preso.
Saló se vê envolvida numa tentativa de resgatar Ian, utilizandose de informações que apenas ela tem por ser a enteada do secretário de defesa do Estado. No entanto, ela vai descobrir que conectar suas fantasias com as contradições brutais da realidade é um desafio quase impossível. O destino dela está atrelado a essa equação delicada e perigosa.



SALOMÉ é uma ficção que apresenta a trajetória íntima e existencial de uma jovem de gênero não-binário em um mundo em ruínas. Trata-se do segundo longa-metragem escrito e dirigido por André Antônio.
Ao seguir os passos de uma protagonista que, junto a seus amigos, organiza raves ilegais em um futuro próximo marcado pela crise, SALOMÉ pretende ser permeado pela força política dos excessos da juventude. O hedonismo – a experimentação com a própria subjetividade a partir dos prazeres e dos desejos –não deve ser confundido com escapismo. É, antes, uma resposta a momentos de incerteza, quando as explicações legitimadas não conseguem mais dar conta do caos e do retrocesso político. É um “preferiria não” frente ao que parecia ser o único caminho a seguir. Em situações como a que a realidade brasileira vive agora, é imprescindível para o cinema contemporâneo sair da zona de conforto das categorias políticas didáticas, familiares e já estabelecidas. É preciso filmar outras formas de resistência, ainda invisíveis, ainda ausentes do nosso imaginário afetivo.
SALOMÉ inspira-se na efervescência de um submundo queer jovem que atualmente, no Recife, organiza eventos noturnos que não geram qualquer retorno financeiro, mas que criam brechas espaço-temporais onde é possível experimentar
formas de consciência e de corporeidade outras, dissonantes da normatividade e da higienização impostas pelas políticas de um governo conservador. Ao seguir de perto personagens desse universo, SALOMÉ remete à obra de fotógrafos como Nan Goldin ou Larry Clark, que causaram choque ao registrarem, de forma íntima, sujeitos “underground” que antes estavam invisíveis para o público.
O aprofundar-se no mundo íntimo de sua protagonista leva SALOMÉ a ser, também, a abordagem cinematográfica de uma experiência sexual queer. O cinema queer mostra formas de desejo e de sexualidade que não cabem no espectro limitado e no “bom gosto” da heteronormatividade. Daí sua importância política. O cinema queer é uma resistência à homogeneização visível em muitos filmes contemporâneos que “suavizam” a representação sexual. SALOMÉ se põe ao lado da diferença e da singularidade no que diz respeito aos sentimentos eróticos, optando por mostrar suas contradições e caminhos complexos.
Em termos de referências estilísticas, o projeto se inspira na encenação de realizadores que filmaram uma juventude experimentando limites existenciais, políticos e sexuais: nomes como Larry Clark, Gus Van Sant, Sofia Coppola, Anita Rocha da Silveira ou Julia Ducournau. Esses cineastas atingiram uma equação estética preciosa entre naturalismo e onirismo, alcançando algo como um tom “pop” sem abrir mão das questões mais “ásperas” e incômodas trazidas pelo universo retratado. Isso possibilitou uma ampla inserção no mercado distribuidor e nas bilheterias sem abrir mão do interesse crítico. SALOMÉ teria exatamente esse tipo de perfil. Uma narrativa naturalista, fluida – e ainda assim com uma atmosfera fabular e um universo visual único.











ANDRÉ ANTÔNIO nasceu em 1988, no Recife. Começou sua carreira em cinema trabalhando como montador em filmes pernambucanos. Ganhou o prêmio de melhor montagem pelo curta “Corpo Presente” (2011), de Marcelo Pedroso, na 13ª Mostra Londrina de Cinema. Em 2012 fundou, com os amigos realizadores Chico Lacerda, Fábio Ramalho e Rodrigo Almeida, o coletivo independente de cinema queer Surto & Deslumbramento. Foi de onde saíram seus dois curtasmetragens. O primeiro, “Mama” (2012), foi lançado diretamente online por ocasião da estréia do próprio coletivo, em http:// deslumbramento.com. O segundo, “Canto de Outono” (2014), conquistou o Troféu Marlene para melhor curta LGBT no 21º Vitória Cine Vídeo, além de ter circulado por festivais como a 18ª Mostra de Cinema de Tiradentes, o Curta Cinema 2014 no Rio de Janeiro e o 9º BrasilCine – Escandinávia, na Suécia.
No Surto & Deslumbramento, André trabalhou como fotógrafo, diretor de arte, figurinista e produtor em vários dos filmes do coletivo. Seu primeiro longa-metragem, “A Seita” (2015), foi financiado pelo Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (o Funcultura). Teve estreia no Festival do Rio e foi premiado no 23º Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade, no 19º Festival de Cinema de Santa Maria da Feira (Portugal) e na 15ª Mostra

do Filme Livre. Circulou por festivais LGBTQ internacionais importantes, como o NewFest - New York’s LGBT Film Festival 2016, o Queer Lisboa 20, o Outfest Los Angeles 2016 e o Melbourne Queer Film Festival 2017. André também pesquisou cinema e estética queer na UFRJ, onde doutorou-se em Comunicação e Cultura no primeiro semestre de 2017.
Atualmente, em Recife, divide seu tempo entre três atividades principais: escreve o seu segundo longa-metragem, SALOMÉ, cujo projeto foi, recentemente, contemplado na categoria de Desenvolvimento de Roteiro pela 10ª edição do Funcultura. Também é professor substituto do bacharelado em Cinema e Audiovisual da Universidade Federal de Pernambuco. Por fim, atua como produtor e DJ residente da rave queer independente Hypnos.

Dora Amorim é sócia da Ponte Produções e trabalha como produtora audiovisual desde 2010. Atualmente, é diretora de produção do Janela Internacional de Cinema do Recife, um dos festivais com mais prestígio do País. Também colabora com Emilie Lesclaux e Kleber Mendonça Filho na Cinemascópio Produções. Trabalhou como produtora executiva do filme AQUARIUS (Competição Oficial do Festival de Cannes - 2016), dirigido por Kleber Mendonça Filho e é produtora executiva de BACURAU, longa em processo de finalização dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles
FILMOGRAFIA
A SEITA (THE CULT) , ANDRÉ ANTÔNIO
Ficção, Brasil, 70’, Cor, DCP, 2015
CATIMBAU, LUCAS CAMINHA
Documentário, Brasil, 23’, Cor, DCP, 2015
ELOGIO AO TREMOR (PRAISE THE TREMOR) , ANDRÉ VALENÇA
Ficção, Brasil, 17’, Cor, DCP, 2016
O DELÍRIO É A REDENÇÃO DOS AFLITOS (DELUSION IS REDEMPTION TO THOSE IN DISTRESS) , FELLIPE FERNANDES
Ficção, Brasil, 21’, Cor, DCP, 2016
O PORTEIRO DO DIA (THE DAYTIME DOORMAN) , FÁBIO LEAL
Ficção, Brasil, 26’, Cor, DCP, 2017
DE TANTO OLHAR PARA O CÉU GASTEI MEUS OLHOS
(BURIED SKY) , NATHALIA TEREZA
Ficção, Brasil, 25’, Cor, DCP, 2017
CAMOCIM, QUENTIN DELAROCHE
Documentário, Brasil, 76’, Cor, DCP, 2017
Thaís Vidal é sócia da Ponte Produções e trabalha como produtora audiovisual desde 2010. Ela é produtora executiva e diretora artística do MOV - Festival Internacional de Cinema Universitário de Pernambuco, um importante festival de cinema universitário do Brasil, e também faz parte da equipe de produção do J anela Internacional de Cinema do Recife. Atualmente, além do trabalho como produtora, ela está acabando o seu mestrado em Urbanismo, no qual investiga a relação entre cinema e cidade e também está trabalhando no seu primeiro roteiro, “Macau”.
BLOQUEIO, VICTÓRIA ALVARES & QUENTIN DELAROCHE
Documentário, Brasil 75’, Cor, DCP, 2018
REFORMA, FÁBIO LEAL
Ficção, Brasil 15’’, Cor, DCP, 2018
TEMPESTADE, FELLIPE FERNANDES
Ficção, Brasil 20’, DCP, 2019
EM BREVE
O ÚLTIMO QUINTAL, de FELLIPE FERNANDES
HIV VHS, de FÁBIO LEAL & GUSTAVO VINAGRE

A PONTE PRODUÇÕES é uma produtora audiovisual criada por Dora Amorim e Thaís Vidal, no ano de 2015, no Recife (Brasil), com o propósito de produzir o trabalho de jovens realizadores como Nathalia Tereza, Milena Times, Fellipe Fernandes, Fábio Leal, André Antônio, Rodrigo Almeida e Quentin Delaroche. Os curtasmetragens da produtora já foram exibidos em importantes festivais internacionais como a Semana da Crítica (França), Festival Internacional de Cinema de Chicago (EUA), CinélatinoToulouse (França), Festival Internacional de Cinema de Cartagena das Indias - FICCI (Colombia), Festival Internacional de Cinema de Winterhur (Suíça), entre outros. O primeiro longa-metragem da empresa, A SEITA , foi dirigido por André Antônio e teve sua estreia mundial no Festival Internacional do Rio e a estreia europeia no Festival Internacional de Cinema de Goteborg
O filme será feito em parceria com o Surto & Deslumbramento, coletivo do qual André Antônio é fundador.
SURTO & DESLUMBRAMENTO é um coletivo formado por André Antônio, Chico Lacerda, Fabio Ramalho e Rodrigo Almeida, que surgiu em meados de 2012 para produzir filmes, fotos e intervenções que abraçam o queer, o lúdico, a paródia, o deboche, o pop e a cultura de massa.
Dentre sua diversificada produção, destacam-se até o momento um longa-metragem e sete curtas - dois dos quais produzidos em parceria com outros artistas - que foram exibidos em importantes mostras e festivais como o Recifest, Festcine, Festival de Cinema de Triunfo, Mostra de Cinema de Tiradentes, Curta Cinema - Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro, Mostra do Filme Livre, Fronteira - Festival Internacional do Filme Documentário e Experimental, Festival de Gramado, Janela Internacional de Cinema do Recife, Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo, BFI Flare: London LGBT Film Festival, New York Queer Experimental Film Festival, Santa Maria da Feira, dentre outros, recebendo diversos prêmios e menções honrosas.

PORTUGUÊS
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INGLÊS
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